Hoje no VALOR ECONÔMICO, o artigo de Delfim Netto cita excelente trabalho de três economistas do IPEA, dentre eles, o Sachida. Parabéns!
O furo é, certamente, mais embaixo. A revista "Economia
Aplicada" (16 (3) 2012:475-500) que acaba de ser publicada, traz um
competente artigo de três economistas do Ipea (Mario Mendonça, Adolfo Sachsida
e Luis Medrano), "Inflação versus Desemprego: Novas Evidências para o
Brasil" onde se procura estimar a Curva de Phillips Novo-Keynesiana para o
Brasil. Trata-se de trabalho cuidadoso que utiliza dados mensais de
janeiro de 2002 a março de 2012 submetidos a um hábil tratamento econométrico.
Analisam, também, um subperíodo de janeiro de 1995 a março de 2012. A curva
construída inclui como variável dependente a taxa de inflação do ano e como
variáveis "explicativas" a inflação do ano anterior, a estimativa de
inflação para o ano seguinte, uma variável que represente o "custo
marginal" (de fato a taxa de desemprego) e outra que represente um choque
de oferta (de fato, a taxa de câmbio).
As
principais conclusões do excelente trabalho são as seguintes:
1)
um único resultado permaneceu robusto aos diversos experimentos: a expectativa de inflação e a inflação passada têm
relevância na dinâmica do processo inflacionário. O papel das
expectativas parece aumentar no período mais recente;
2)
com relação ao desemprego, seu impacto de curto prazo sobre a inflação depende
do conjunto de variáveis representativas ("próxies") adotadas. Na
maior parte dos casos essa relação foi negativa, como era esperado. Já no longo
prazo esse efeito torna-se difícil de ser captado, dando a impressão de ser
nulo ou pouco relevante na formação do processo inflacionário. De qualquer forma e em qualquer dos casos, o efeito
real da taxa de desemprego sobre a inflação foi próximo de zero;
3)
o processo inflacionário brasileiro parece não
guardar relação próxima com a Curva de Phillips Novo-Keynesiana. Isso é
de especial relevância porque a grande maioria dos "macromodelos" da
economia brasileira assume formatos parecidos com ela ao descrever a inflação.
É por isso e muito mais que, quando sugere cautela antes de
apressar-se a aumentar a taxa de juro real, mas demonstra disposição de fazê-lo
se necessário, a autoridade monetária brasileira está mais afinada com o mundo
real do que os seus críticos.
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