terça-feira, 26 de março de 2013

Inflação versus Desemprego by Sachida.


Hoje no VALOR ECONÔMICO, o artigo de Delfim Netto cita excelente trabalho de três economistas do IPEA, dentre eles, o Sachida. Parabéns!     
O furo é, certamente, mais embaixo. A revista "Economia Aplicada" (16 (3) 2012:475-500) que acaba de ser publicada, traz um competente artigo de três economistas do Ipea (Mario Mendonça, Adolfo Sachsida e Luis Medrano), "Inflação versus Desemprego: Novas Evidências para o Brasil" onde se procura estimar a Curva de Phillips Novo-Keynesiana para o Brasil. Trata-se de trabalho cuidadoso que utiliza dados mensais de janeiro de 2002 a março de 2012 submetidos a um hábil tratamento econométrico. Analisam, também, um subperíodo de janeiro de 1995 a março de 2012. A curva construída inclui como variável dependente a taxa de inflação do ano e como variáveis "explicativas" a inflação do ano anterior, a estimativa de inflação para o ano seguinte, uma variável que represente o "custo marginal" (de fato a taxa de desemprego) e outra que represente um choque de oferta (de fato, a taxa de câmbio).
As principais conclusões do excelente trabalho são as seguintes:
1) um único resultado permaneceu robusto aos diversos experimentos: a expectativa de inflação e a inflação passada têm relevância na dinâmica do processo inflacionário. O papel das expectativas parece aumentar no período mais recente;
2) com relação ao desemprego, seu impacto de curto prazo sobre a inflação depende do conjunto de variáveis representativas ("próxies") adotadas. Na maior parte dos casos essa relação foi negativa, como era esperado. Já no longo prazo esse efeito torna-se difícil de ser captado, dando a impressão de ser nulo ou pouco relevante na formação do processo inflacionário. De qualquer forma e em qualquer dos casos, o efeito real da taxa de desemprego sobre a inflação foi próximo de zero;
3) o processo inflacionário brasileiro parece não guardar relação próxima com a Curva de Phillips Novo-Keynesiana. Isso é de especial relevância porque a grande maioria dos "macromodelos" da economia brasileira assume formatos parecidos com ela ao descrever a inflação.
É por isso e muito mais que, quando sugere cautela antes de apressar-se a aumentar a taxa de juro real, mas demonstra disposição de fazê-lo se necessário, a autoridade monetária brasileira está mais afinada com o mundo real do que os seus críticos.

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