Na FOLHA DE S. PAULO a análise de Delfim Netto sobre o resultado do PIB 2012.
Finalmente, baixou o pano da tragédia
penosamente esperada. A taxa de crescimento
do PIB em 2012 foi de apenas 0,9%. Todos
erramos feio.
A única honrosa exceção foi a competente e
corajosa convicção da equipe de análise econômica do Credit Suisse Brasil, que
foi duramente criticada na ocasião. Para provar isso, basta lembrar as
previsões do setor financeiro expressas no boletim "Focus" da
primeira semana de 2012: previsão do PIB: 3,3%; previsão da inflação: 5,31%.
Mesmo depois do desastre anunciado pelo
crescimento com ajuste sazonal do PIB de 0,1% entre o primeiro trimestre de
2012 e o último de 2011 e de 0,3% entre o segundo e o primeiro trimestres de
2012, o mercado ainda projetava o seguinte (na primeira semana de julho,
segundo o boletim "Focus"): previsão do PIB: 2,01%; previsão da
inflação: 4,85%.
É hora de virar a página e aceitar que o
acréscimo de 0,9% (estagnação do PIB per
capita), com uma taxa de inflação de 5,8%, revelou velhos problemas
estruturais e institucionais - alguns dos quais começam a ser atacados pelo
governo.
Há, entretanto, um excesso de pessimismo no
ar, agora mais estimulado pela lamentável antecipação da campanha eleitoral.
Ela introduz um viés político na análise que dificulta o acordo sobre o que se
deve fazer para recuperar um crescimento mais robusto sem pressionar a taxa de
inflação.
Mas há esperança. Os números sugerem, pela primeira vez nos últimos trimestres, o início
de uma recuperação na formação bruta de capital fixo e o fim do ciclo dos
estoques acumulados em 2010, o que pode ser uma mudança significativa.
Eles também revelam um crescimento lento, firme e consistente do PIB de cada
trimestre sobre o anterior (com ajuste sazonal): 4º trimestre 2011: 0,1%; 1º
trimestre 2012: 0,1%; 2º trimestre 2012: 0,3%; 3º trimestre 2012: 0,4%; 4º
trimestre 2012: 0,6%.
O PIB já está rodando em
torno de 2,4% ao ano.
Pois bem, se, nos quatro trimestres de 2013, a taxa do trimestre contra o
anterior permanecer no intervalo de 0,65% a 1%, o que parece factível diante da
orientação mais amigável do governo em relação ao setor privado e recentes
medidas facilitadoras do crédito, o crescimento do PIB poderá ficar entre 3% e
4% A nossa saída da crise de 2008, que parecia um V, está mais para um W.
O que surpreende não é essa possibilidade. É o aparente conformismo da sociedade brasileira com
o baixo crescimento que vimos registrando desde o Plano Real (1996-2012) o que
se vê: crescimento do PIB: 2,95%; taxa de inflação: 6,48%.
Já consumimos quase 1/4 do ano de 2013, mas
ele ainda não está escrito nas estrelas: será o que, em cooperação, governo e
setor privado souberem e fizerem dele!
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