segunda-feira, 14 de dezembro de 2015
A lucidez de Armínio Fraga no meio do caos brasileiro.
sábado, 18 de outubro de 2014
Armínio Fraga: para que o Brasil cresça 4% ao ano.
O principal ponto forte da economia brasileira é ser grande e diversificada. Tem tudo aqui. Não dá para dizer ao Brasil para exportar só matérias-primas. O país tem de ter peso no agronegócio, na indústria, nos serviços. O potencial que temos é desperdiçado neste momento. Hoje, há países crescendo 7% ao ano e países crescendo zero. Por que o Brasil tem de ser o zero? O Brasil tem uma agenda paralela de desmontar o que está errado. Só isso já é uma oportunidade. É como no futebol. Você pensa em fazer gol, mas é importante não levar gol. O Brasil vem levando gol em algumas áreas econômicas. Vamos parar de levar gol e começar a atacar na outra ponta. A agenda macroeconômica e de infraestrutura deve ser apresentada o mais rapidamente possível. Não há razão para esperar. A agenda microeconômica segue em paralelo. Essas agendas têm princípio, meio e fim. Com elas, teríamos todas as condições de levar o Brasil a uma taxa de crescimento do PIB de 4%, 4,5% ao ano. A meta não é fácil, mas a considero possível ao longo de alguns anos.
sexta-feira, 13 de setembro de 2013
Livros para gestores: de Keynes a Sun Tzu.
domingo, 25 de agosto de 2013
É possível Guido Mantega ouvir Armínio Fraga?
domingo, 30 de junho de 2013
A política econômica de Armínio Fraga para os dias de hoje.
domingo, 9 de junho de 2013
Dilma ensaia retorno à receita de FHC.
sexta-feira, 10 de agosto de 2012
Fala Armínio Fraga.
domingo, 16 de outubro de 2011
Armínio Fraga na VEJA.
quinta-feira, 19 de maio de 2011
Qual o tamanho do Estado ideal?
domingo, 3 de abril de 2011
Armínio Fraga na Folha de S. Paulo
Folha - Está emergindo um novo pensamento econômico pós-crise financeira?
Arminio Fraga - Acho cedo para dizer que temos um novo paradigma, provavelmente não. A economia vive se reinventando, se redescobrindo. A importância do crédito por si só não constitui aventura intelectual ou novidade. Vale salientar apenas que o uso de medidas nesta área deve ser claro no seu propósito e justificativa (genuinamente prudencial, ou seja, voltada para reduzir risco sistêmico).
O mesmo vale para regulamentações da conta de capital. Por exemplo, medidas prudenciais temporárias podem ser úteis para limitar a acumulação capitais de curto prazo, enquanto não são postas em prática políticas mais fundamentais que levem a queda relevante dos juros.
Olivier Blanchard diz que há muitos instrumentos de política econômica, mas que não se tem muita certeza sobre como utilizá-los. Isso não cria muita incerteza? Não creio que tenhamos tantos instrumentos assim, é preciso um certo cuidado. Os instrumentos prudenciais no fundo são apenas um e devem preferencialmente cuidar de questões de risco, enquanto a taxa de juros deve cuidar da inflação.
O ponto do Blanchard é que em certos momentos as combinações desses instrumentos podem variar, podem ser otimizadas. Quando os objetivos prudenciais e macro estão alinhados, não há grandes problemas, e a calibragem pode ser feita.
Na prática os governos em geral erram e se iludem quando trocam uma solução aparentemente mais cômoda no curto prazo pela introdução de distorções cujos custos não são óbvios, mas existem. Má alocação do crédito, por exemplo.
No Brasil há um ceticismo do mercado em relação à política econômica vigente. Quais os riscos desse cenário?
O mercado tem medo de que se utilizem medidas prudenciais para não ter que aumentar os juros. É um bom debate. Ou de que se entorte o crédito sem ser por razões prudenciais. Outro bom debate. Minha visão, que não é de hoje, sugere que o governo tem de reverter a expansão fiscal do ano passado e tomar cuidado com o crédito, especialmente com os bancos públicos. Portanto sou a favor do esforço fiscal e de medidas prudenciais.
Além disso, claro, a taxa de juros tem de ser a necessária para trazer a inflação de volta para a meta ano que vem. De qualquer forma, não vejo grandes mundos novos aqui, inclusive nada disso é necessariamente heterodoxo, no mau sentido. Os riscos são tentar atingir metas que são impossíveis no curto prazo, e tem a ver com pedir demais do Banco Central.
domingo, 23 de maio de 2010
A MENSAGEM DE ARMÍNIO FRAGA
Hoje na FOLHA DE S. PAULO, o presidente do Banco Central entre 1999 e 2002, sócio da Gávea Investimentos, economista Armínio Fraga, 52, afirma que, se o próximo governo não enfrentar uma reforma na Previdência, permitirá criar a base para uma nova crise no futuro. Fraga defende a imposição de limite ao endividamento do governo e diz que o Brasil, hoje, é obrigado a desacelerar o crescimento porque, além de investir pouco, deixou de cuidar da educação. Leia os principais trechos da entrevista.
domingo, 14 de março de 2010
A REAL ANÁLISE DE FRAGA!
Para reflexão e conhecimento do atual momento econômico/político, é imprescindível e necessária a leitura da entrevista no ESTADÃO de hoje com Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central (BC) e uma das figuras mais destacadas do segundo governo de Fernando Henrique Cardoso. Inteligente, lúcido, realista, experiente, conhecedor dos DOIS LADOS DA MOEDA ECONÔMICA etc etc etc, ele está preocupado com a "mexicanização" do Brasil - controle pelo Estado de diversos setores da economia, reforçado por laços com empresas monopolistas e oligopolistas. A seguir, a entrevista com Fraga, que hoje dirige a Gávea Investimentos, empresa de gestão de recursos.
Como o sr. vê a atual discussão sobre o papel do Estado?
Não acho que se deva dispensar o Estado. Acredito num Estado presente, ativo, cumprindo seu papel. Mas há uma certa expectativa de que o Estado resolva tudo. Meu receio, no campo político, são alguns traços de doenças do Estado, de ocupação do aparelho de Estado, que me incomodam. Não é questão de Estado mínimo ou máximo, mas de Estado ocupado. É o medo de uma mexicanização.
O sr. poderia explicar melhor?
No México, os governos do PRI (Partido Revolucionário Institucional) tiveram, durante décadas, o controle do aparelho de Estado, nomeando juízes, controlando vários setores da economia. É algo que deixou consequências até hoje. E, nessa situação, quando o governo não controla diretamente, ele cria ou facilita o surgimento de monopólios, que ficam próximos do governo. É um modelo que também inclui um certo pacto com os sindicatos que, no caso do México, no campo da educação, tem sido um desastre. Um modelo meio nacionalista, no mau sentido. Claro que tem um modelo muito mais radical, muito pior, que é o da Venezuela, que está em péssima situação.
Quais os sintomas daquelas "doenças do Estado"?
Há uma tendência de excessiva concentração em vários setores, com a criação de monopólios e oligopólios. Se há setores que competem no mundo, cada país tem o direito de ter a sua política de apoio e avaliá-la. Mas, quando são criadas situações de monopólio doméstico, protegido da concorrência externa, acho que é questionável. É o caso do México, em áreas como telefonia e cimento. Vejo o nosso governo muito entusiasmado com essas ideias. Mas, para mim, não casa com um governo de esquerda moderno, social-democrata.
Como assim?
Acho que o País voltou a sonhar com um modelo da década de 50 ou de 70. E as pessoas se esquecem que esse modelo, mesmo sendo importante na fase de industrialização e de construção de infraestrutura, também gerou um megaendividamento público, esqueletos e abriu espaço para a corrupção. Isso tem um preço. Não foi um modelo que nos colocou numa trajetória de convergência para os melhores padrões de vida do mundo. Nos fez crescer durante um certo período, mas depois se esgotou. Outra questão preocupante é que há no ar uma sensação de que o indivíduo não é importante - falta preocupação com educação, com empreendedorismo.
Quando isso começou?
Houve uma inflexão clara com a saída do Palocci (Antônio Palocci, ex-ministro da Fazenda). Não estou dizendo que está tudo ruim com o País, porque estamos indo razoavelmente bem. Histórias de sucesso empresarial têm surgido, muitas delas espontâneas, sem apoio ou subsídio do governo, pela via do mercado de capitais.
Na campanha, a candidata governista, Dilma Rousseff, deverá criticar os tucanos pelo excesso de liberalismo, e pregar a recuperação do papel do Estado.
O liberalismo no Brasil nunca aconteceu. É uma mentira de campanha essa história de Estado mínimo. O Brasil não caiu nas armadilhas em que outros países caíram ao adotar, por exemplo, um modelo hiperliberal de regulação e supervisão do setor financeiro, que está na raiz da crise global. O Brasil seguiu o caminho contrário. Quanto à ministra Dilma, os sinais que existem não são suficientes para que tenhamos uma opinião mais completa sobre aquilo em que ela acredita. Isso deve surgir nos debates da campanha. Mas não gosto do cheirinho de ocupação do Estado dos anos mais recentes do atual governo. Sem demérito de muita coisa boa que se fez e que se continua a fazer.
O sr. se preocupa com a possibilidade de o candidato José Serra, do PSDB, mexer no câmbio e na política monetária?
O Serra ainda não se colocou com clareza em relação a isso. No passado, ele defendeu sempre uma posição conservadora do lado fiscal, mas foi crítico da âncora cambial no plano Real. Ele já demonstrou desconforto com as altas taxas de juros, como qualquer um, mas a questão é o que fazer para reduzi-las. Mas, enfim, cabe a ele dizer o que pensa. Eu, pessoalmente, acho que o modelo atual tem funcionado bem, mas pode ser administrado de forma diferente, mais conservadora do lado fiscal e creditício, o que criaria mais espaço para o juro cair.
Parece, porém, que os juros vão aumentar agora.
Essa é a dimensão cíclica da política monetária, num momento de economia aquecida, e é absolutamente normal. Mas existe também uma trajetória gradual, lenta, de longo prazo, de queda dos juros, que começou lá atrás, e em relação à qual um governo vai tentando construir em cima do que o outro deixou. Há várias dimensões da política atual que atrapalham a trajetória gradual de queda dos juros. Se você tem um modelo que, mesmo em momentos que não são de crise, mantém um padrão acelerado de crescimento do gasto e do crédito públicos, não é surpresa que o Banco Central agora se veja mais pressionado. Mas ainda acho que, se fizermos um pouco de esforço e calibrarmos um pouco a política econômica, a tendência de queda pode voltar a se acelerar.
Como vê o papel do BNDES atualmente?
Vejo com a mesma ambiguidade que já via antes dessa fase de expansão, com coisas boas e questionáveis. Eu gostaria de ressalvar que acho o Luciano Coutinho (presidente do BNDES) competente, e considero que o BNDES sempre foi, entre os bancos públicos, talvez o mais bem administrado. Entendo algum gigantismo num momento de crise, mas, a longo prazo, é preciso um certo equilíbrio, para não inibir o desenvolvimento do mercado de capitais e para não cair também nas armadilhas que praticamente todos os bancos públicos na história dos povos acabaram enfrentando. É preciso frisar que o próprio presidente do BNDES tem dito que esse modo de emergência não cabe mais.
Qual a sua visão sobre a política externa de Lula? Como viu o episódio recente do apoio a Cuba na ocasião da morte de um dissidente em greve de fome?
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