quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

UM GOVERNO SÉRIO EM 2010 - ECONOMIA

Agora, diretamente da FOLHA DE S.PAULO, um artigo SÉRIO sobre 2010, do nosso colega PAULO RABELLO DE CASTRO, doutor em economia pela Universidade de Chicago, vice-presidente do Instituto Atlântico e chairman da SR Rating, classificadora de riscos. Preside a RC Consultores, consultoria econômica e o Conselho de Planejamento Estratégico da Fecomercio SP.

Encerro nossas conversas deste ano reproduzindo o apelo da Kamila Umbelino Paiva, estudante do 2º ano do Colégio QI, no Rio de Janeiro, ao concluir sua redação sobre "Uma nova forma de governo", dedicada ao futuro presidente (ele ou ela), e publicada no jornalzinho do Instituto Rogério Steinberg, entidade beneficente: "A verdade é esta", diz Kamila, "o Brasil precisa de um governo que funcione". Mais direto, impossível.

Kamila é muito nova para lembrar que padecemos de males detectados há mais tempo do que ela tem de vida. Mas a garota intui, como milhões de outros jovens, quanto será difícil competir e vencer no mundo. Percebe que suas chances não dependem só dela, mas do conjunto chamado Brasil. Seria bom se o recente surto de crescimento acelerado virasse realidade sustentada. Bom para Kamila e melhor para todos. Mas como podemos almejar 6% de crescimento e dobrar a renda das pessoas nesta década se o país onde Kamila nasceu ainda não conseguiu:

- elevar o investimento, como proporção do PIB, para 24%, na média, de modo a garantir as infraestruturas do progresso almejado;

- "choque de eficiência" na gestão pública de modo a assegurar serviços públicos eficazes sem onerar o cidadão (meta de 5% ao ano de ganho de produtividade no governo);

- reduzir a carga tributária dos quase 40% do PIB que, afinal, vão direto para o custo dos produtos, onerando o trabalhador e eliminando a margem competitiva dos empresários ante os importados (meta seria rebaixar para 30% do PIB até 2020);

- rebaixar os atuais 5% do PIB pagos em juros sobre a dívida pública, que sobe a 70% do PIB em termos brutos, verdadeiro tendão de aquiles da estabilidade;

- controlar melhor os 12% do PIB gastos na rubrica previdenciária pública e do INSS, o dobro da média de países em estágio de renda e idade semelhantes ao nosso (meta seria conter em 10% do PIB, até 2020);

- por último, sair do topo da lista das nações mais burocratizadas do mundo (dados do Banco Mundial), o que duplica o custo de tarefas como pagar impostos e se livrar de multas, notificações e intimações.

Kamila provavelmente nunca ouviu falar de taxa de investimento nem de carga tributária nem de gestão pública nem de impasses burocráticos. Mas provavelmente conhece bem alguns dos efeitos dessa imensa e surda ineficiência, na qualidade da educação, na prestação da saúde, na segurança ausente, na justiça lenta. A próxima geração estará mais atenta do que antes à relação entre promessa de político e resultado de governo. E cobrará mais desenvolvimento efetivo, e não a continuação da prosa solta que disfarça a ineficácia da gestão pública.

Entramos no último ano da era Lula, que melhor se chamaria de "duplo ciclo de estabilização (FHC) e inclusão (Lula)". Foram 16 anos, a provável idade de Kamila. Entramos numa década que pede desenvolvimento mais acelerado, num regime de mais criatividade e menos desperdício, incluídos menos roubos e corrupção. Embora não mentalize, Kamila será capaz de vasculhar, nas promessas de candidatos, quem terá mais capacidade de virar o disco da estabilidade com juro alto e o da inclusão social com ênfase no assistencialismo, para começar a tocar a música do "desenvolvimentismo", termo hoje quase profano que o ministro Mantega teve a coragem de resgatar em recente entrevista. Kamila não sabe, mas é desenvolvimentista, como o resto do país, à procura de uma agenda para crescer. Pede só que o governo funcione.

EM 2009 SOMENTE DEU LULA

Nunca antes neste blog postei um texto do culto RUY CASTRO, sempre na FOLHA DE S. PAULO. Porém, final de ano, nada melhor do que ler com humor algo que nos faça sorrir para o que vem em 2010. Com vocês, SÓ FALTA O MOTO RÁDIO...

Grande ano, 2009, para o presidente Lula. Só não se pode dizer que melhor, impossível, porque, quando se trata de Lula, nada é impossível. Com seus poderes e uma estrela que vou te contar, ele deverá prolongar 2009 até a Copa do Mundo ou tornar 2010 ainda melhor para ele.

O jornal francês "Le Monde" elegeu-o "o homem do ano". O espanhol "El País", "a personalidade" idem. O inglês "Financial Times", um dos 50 da década. Antes disso, Barack Obama disse que ele era "o seu cara", o que o Brasil entendeu como se ele fosse "o cara". E o que dizer dos 72% de aprovação popular no sétimo ano de governo? Quando, normalmente, os mandatos presidenciais já começam a azedar, o de Lula está mais fresco e perfumado do que nunca.

Por estes dias estreia "Lula, O Filho do Brasil", o primeiro documentário de ficção do cinema nacional. É um blockbuster nato - milhões já gostaram antes até de vê-lo. Por sua causa, cidades brasileiras que há décadas não tinham um cinema, nem mesmo para fins pornô, voltarão a contar com eles, instalados pelo Ministério da Cultura - espera-se que continuem abertos depois que "Lula, O Filho do Brasil" seguir viagem rumo a outras telas. E, para não haver dúvida, promete-se para 2010 uma minissérie da Globo com o mesmo herói e o mesmo título.

Já se disse que "Lula, O Filho do Brasil" é a estátua equestre de Lula. Pode ser. Mas o que o impede de querer uma estátua equestre de verdade? E, a exemplo daquele outro cultor da própria personalidade, Getulio Vargas, não será surpresa se Lula cunhar sua efígie no verso da moeda de 10 centavos (como nos "getulinhos") ou imprimi-la na nota de R$ 10, como Getulio fez na de dez cruzeiros.

Neste momento, para fechar um ano perfeito, só falta a Lula ganhar o Moto Rádio.

ENFIM, UM ARTIGO SEM PREVISÕES PARA 2010

Neste último dia de 2009, final de uma década, o colega PAULO NOGUEIRA BATISTA JR. brinda seus leitores na FOLHA DE S. PAULO com um interessante artigo sobre nomes. Boa leitura para vocês.

LEITOR, LEITORA, esta época do ano é verdadeiramente tenebrosa para os colunistas de jornal. Não há assunto que se apresente. É um deserto de temas e ideias. O jeito é apelar. Abundam balanços de fim de ano e perspectivas para o ano novo. Cada um aproveita para reciclar, sem muita convicção, as suas teses e bordões favoritos.

Se eu fizesse um artigo desse tipo, poderia falar do câmbio valorizado em 2009 e dos riscos do desequilíbrio externo em 2010. Ou, ainda, dos juros elevados. Ou, melhor ainda, poderia dar mais um teco na turma da bufunfa. Os bufunfeiros -mais os internacionais do que os locais- bem que andam merecendo algumas descomposturas adicionais.

Mas, não. Vou tentar inovar um pouco. Acontece que tenho um tema guardado há muito tempo na algibeira. É o seguinte. Há mais de dez anos, visitei o ateliê de um artista plástico mineiro, em Belo Horizonte. Já não me recordo o seu nome, sei apenas que era amigo do meu primo Roberto Senna (grande figura, aliás), que foi quem lá me levou. Um dos seus quadros trazia uma inscrição em latim: Nomen est omen. "O nome é um presságio”, traduziu o artista.

Aquilo ficou. O tempo foi passando e fui percebendo, aos poucos, o quanto o provérbio romano podia ser verdadeiro. Por exemplo, em 2001, El Salvador adotou o dólar como moeda, tornando-se "ipso facto" colônia monetária dos Estados Unidos. Nome do ministro da Economia salvadorenho: Miguel Lacayo. Em 2003, Walfrido dos Mares Guia foi nomeado ministro do Turismo pelo presidente Lula -convenhamos, é um nome arejado, paisagístico, perfeitamente adaptado ao cargo. Outro exemplo: o diplomata Antônio Patriota era até recentemente embaixador brasileiro em Washington -em nenhum out ro posto o patriotismo é tão indispensável. Um diplomata de nome Patriota estava como que fadado a servir na capital dos Estados Unidos.

Tivemos também o tesoureiro nacional do Partido Liberal na época do "mensalão": Jacinto Lamas -esse parece saído diretamente da coluna do Macaco Simão. E ainda: David Dollar é o atual attaché do Tesouro dos Estados Unidos em Pequim - uma provocação mandar o sr. Dollar logo para a China, país tão preocupado com a solidez das suas imensas reservas aplicadas na moeda americana. Outro caso notável é Bernard Madoff, responsável por uma das maiores, senão a maior fraude financeira da história de Wall Street. "Madoff Madness" virou um chavão na cobertura jornalística americana da crise financeira de 2008-2009. E as iniciais do meu próprio nome? PNB -Produto Nacional Bruto, sigla que predestina à macroeconomia.

Tudo isso, reconheço, pode parecer inteiramente arbitrário, gratuito etc. Mas nem tanto. Consta que os grandes escritores escolhem com cuidado o nome dos seus personagens. O historiador Golo Mann relata que seu pai, Thomas Mann, acreditava na existência de uma ligação íntima entre pessoa e nome. E, no entanto, o seu próprio nome pode ser visto como um contraexemplo irônico ao provérbio romano. Mann (homem, em alemão) tinha tendências homoeróticas, que transparecem claramente em sua obra, em "Morte em Veneza" e "Tonio Kröger", por exemplo.

Leitor, leitora, todos os exemplos mencionados são rigorosamente verdadeiros, até mesmo o Jacinto Lamas. Não inventei nada. Deu certo o artigo? Acho que não. Paciência.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

IMPORTANTE ARTIGO PARA REFLEXÃO

Este artigo foi publicado na revista EXAME, com o título ECONOMIA SOCIAL - Os economistas podem melhorar a condição humana?
Seu autor é o economista britânico Paul Ormerod, autor do livro A MORTE DA ECONOMIA. Inicialmente eu pensei em divulgar apenas alguns trechos. No entanto, avaliando melhor, entendo que o mesmo deva ser lido por todos os colegas ou admiradores/críticos da nossa ECONOMIA. Portanto, uma boa leitura. Afinal, ler é um ótimo remédio, principalmente no recesso de final de ano.
A matemática está se tornando cada vez mais difundida na economia. Para que fique registrado: na hora certa, entre adultos e de comum acordo, eu também uso matemática. Há boas e más razões para empregá-la a serviço da economia. Só que até agora as más prevaleceram. Isso não teria muita importância se os formuladores de políticas não levassem a economia tão a sério. Quase nenhum deles liga para loucuras da teoria literária, por exemplo. Mas a economia tem importância e, nas fronteiras da disciplina, uma mudança sutil mas profunda está ocorrendo. A economia está começando a se tornar mais realista, enraizada em instituições, em história, no mundo real, e, por conseguinte, mais útil. Foi assim, aliás, que a economia começou. Na época ela não era chamada de "economia", mas de "economia política", simbolizando o fato de que economias não existem independentemente de sistemas e instituições políticos.
Adam Smith fundou, sozinho, a disciplina de economia há cerca de 200 anos, e sua influência é grande até os dias de hoje. Mas seu livro seminal, A Riqueza das Nações, não contém nenhuma equação. Em vez disso, Smith emprega argumentos cuidadosamente construídos, apoiados numa profusão de evidências históricas. O corretor de ações inglês David Ricardo, autor de Princípios da Economia Política e Tributação (1817), é menos conhecido, mas a teoria econômica- padrão de comércio ainda se baseia em sua obra. Mais de um século depois, duas figuras de extremos opostos do espectro político fizeram contribuições de largo alcance à economia. John Maynard Keynes estudou matemática em Cambridge e depois passou para a economia. Friedrick Hayek, a inspiração intelectual para o thatcherismo, tinha insights profundos em psicologia e também em economia. Ricardo, Keynes, Hayek e uma série de outras figuras-chave evitaram deliberadamente a matemática. Eles preferiram usar argumentos ponderados respaldados em evidências.
Como foi, então, que a matemática se tornou tão presente na economia, quando tanta coisa foi alcançada sem ela? A pior razão é que o emprego da matemática faz com que os economistas se sintam como verdadeiros cientistas. Eles têm "inveja da física". Os físicos usam a matemática (tente fazer física quântica só com palavras), e são cientistas de verdade, que realmente explicaram como uma porção de coisas funciona. Portanto, se usarmos a matemática, isso nos fará verdadeiros cientistas, não é? Bem, o erro lógico desta última frase é bastante óbvio. Mas ele não impede a satisfação íntima que a maioria dos economistas sente quando cobre a página de símbolos matemáticos.
Há uma razão mais séria e mais danosa para a matemática, ao menos um tipo particular de matemática, ser usada em economia. Ela está inextricavelmente ligada ao conceito de "homem econômico". A economia é basicamente uma teoria sobre o comportamento dos indivíduos. E a história- padrão não só supõe que os indivíduos são movidos pelo interesse próprio, mas que eles se comportam como algum tipo de supercomputador -- sempre recolhendo cada pedaço de informação relevante para uma decisão. Esses indivíduos tomam então a melhor decisão possível com base nas opções disponíveis. Não apenas uma boa decisão, mas a melhor. Ou, como economistas gostam de dizer, ótima.
Essa ainda é a base para o ensino de economia na universidade. Mas, paradoxalmente, foi precisamente o emprego da matemática na economia que solapou essa visão do mundo. É também uma razão por que a disciplina está avançando dramaticamente. A matemática pode ser muito útil em economia desde que a pensemos como uma simples ferramenta entre muitas. Ela é uma ferramenta que pode nos ajudar no pensamento lógico. É como outra linguagem -- ela pode nos ajudar a encontrar nosso rumo.
Mas pioneiros como os vencedores do Nobel de 2001 George Akerlof e Joseph Stiglitz avançaram o tema nos anos 70. Eles perceberam que algo mais era necessário, por isso abandonaram a ideia de que as pessoas têm uma informação perfeita quando tomam decisões. Eles desenvolveram o conceito de "racionalidade limitada": embora possamos tentar tomar a melhor decisão, podemos não conseguir em razão da falta de informações vitais. Assim, num mundo de racionalidade limitada, as pessoas que se comprazem em comida vagabunda ou fumam pesadamente não são vistas necessariamente como tomando a melhor decisão possível para elas. O trabalho de Akerlof e Stiglitz representou um passo adiante enorme para tornar a economia mais realista.
Daniel Kahneman e Vernon Smith, vencedores do Nobel de 2002, deram passos ainda mais largos. Eles entraram efetivamente no mundo e conduziram experimentos para ver como as pessoas de fato se comportam. Observando e deduzindo, como cientistas de verdade! Descobriram que, na maior parte do tempo, as pessoas não se comportam como o homem econômico. Em sua palestra na cerimônia do Nobel, Kahneman afirmou: "A característica central de agentes (pessoas) não é que eles raciocinam mal, mas agem intuitivamente com frequência. E o comportamento desses agentes não é guiado pelo que eles são capazes de computar, mas pelo que enxergam em dado momento".
Em outras palavras, o conceito de um homem econômico racional, calculador, está sendo abandonado. A teoria do homem econômico postula que as pessoas têm todas as informações relevantes para tomar a melhor decisão. Nessa nova abordagem, as pessoas têm -- na melhor hipótese -- uma informação imperfeita. Elas seguem aos trambolhões, tentando tomar decisões racionais, às vezes conseguindo -- mas, com frequência, falhando. As novas abordagens que se desenvolveram para substituir o homem econômico, talvez surpreendentemente, tornaram a economia muito mais dura. Em vez de apenas manipular algumas equações, nós precisamos pensar nas regras de comportamento relevantes. E precisamos recuperar a importância de instituições e da história. Em suma, temos de recuperar a ideia de economia política numa roupagem completamente moderna. Friederick Hayek sofre a desconfiança de muitos, mas há uma verdade profunda em sua observação: "Um economista que é apenas um economista não pode ser um bom economista".
Tudo isso deixa a economia mais humilde. Em vez de pretender passar por uma teoria de comportamento completamente geral -- aplicável a todas as pessoas em todos os tempos e lugares --, a economia é agora muito menos pomposa. Mas, em última instância, essas mudanças servirão para tornar a disciplina mais realista. E potencialmente mais poderosa como uma força para ajudar a compreender e melhorar a condição humana.

domingo, 27 de dezembro de 2009

2010 SEGUNDO NAKANO

Com o título “2010”, YOSHIAKI NAKANO, diretor da nossa Escola de Economia de São Paulo, da FGV, escreve hoje na FOLHA DE S. PAULO. Conforme já postei anteriormente, tenho prazer em divulgar aos meus quase dois (milhões de) leitores, o texto inteiro, ao invés de fazer o link, apesar das reclamações de alguns que somente gostam de ler o título do texto...

O ano de 2010 deverá ficar na história econômica mundial como início de uma nova era ou do verdadeiro início do século 21.

A grande crise do sistema financeiro norte-americano de 2007-2009 marcará o fim de um longo ciclo de expansão econômica mundial marcada pela hegemonia absoluta dos EUA e pela globalização financeira.

Essa crise já trouxe mudanças profundas tanto na configuração política como na economia global. É verdade que mudanças estão ainda em gestação, mas algumas tendências são visíveis, de forma que podemos fazer pelo menos duas conjecturas do quadro global a partir de 2010.

Em primeiro lugar, a mudança na governança global é visível com a constituição do G20, em substituição ao G7. É importante lembrar que o G20 era um fórum de ministros de Fazenda.

Com a crise financeira, a reunião do G20, em outubro passado, transformou-se em fórum maior de chefes de Estado das 20 nações mais importantes do planeta. A participação do presidente dos Estados Unidos nessa reunião representou simbolicamente o fim do unilateralismo e da hegemonia absoluta norte-americana e o reconhecimento da "cidadania política mundial" de países emergentes como a Índia, o Brasil e a África do Sul.

Essa mudança na governança global terá consequências mais profundas na América Latina e no Brasil do que na Ásia. Está surgindo o novo desenvolvimentismo nacional, em que alguns emergentes terão espaço para traçar autonomamente o seu destino, ainda que num mundo cada vez mais integrado e globalizado. De fato, o Brasil nesse novo quadro do G20 está tendo que descobrir e definir pragmaticamente os seus interesses nacionais, na medida em que tem de negociar de igual para igual com nações desenvolvidas que sabem muito bem defender os seus.

A segunda grande mudança está ocorrendo na dinâmica da economia global. O superendividamento do consumidor norte-americano, que se traduzia num enorme deficit em transações correntes e num desequilíbrio global, está na raiz da atual crise. Isso está provocando grandes ajustes, com aumento da taxa de poupança e redução do deficit.

O colossal socorro do governo norte-americano aos bancos está se convertendo num crescimento explosivo da sua dívida pública, enfraquecendo o dólar como moeda de reserva. Tudo isso deverá romper com a estrutura dinâmica da economia mundial, em que os EUA estão deixando de ser o centro dinâmico global como consumidores e importadores em última instância. Além disso, como a única saída sustentável para a recuperação do emprego está no aumento das exportações, os EUA estão depreciando o dólar e promovendo uma "guerra cambial" contra o resto do mundo.

Por outro lado, em 2010 a China ultrapassará o Japão, constituindo-se na segunda maior e mais dinâmica economia mundial. Mas, ao atrelar o yuan ao dólar, a China também promove a "guerra cambial". Nesse quadro, o dinamismo para os demais países emergentes como o Brasil terá de se localizar na expansão do mercado doméstico e nas exportações de commodities para a China, que está configurando uma nova divisão internacional do trabalho.

2009 - MEMÓRIA PAUL SAMUELSON

Está em todas as revistas, sites e jornais que relembram 2009, como não deveria deixar de ser, o registro da morte de PAUL SAMUELSON, 94 anos. Sobre ele, escreveu LAWRENCE SUMMERS, diretor do Conselho Nacional de Economia da Casa Branca:
"ELE TEVE MAIS IMPACTO NA VIDA ECONÔMICA DOS ESTADOS UNIDOS, E DO MUNDO, DO QUE MUITOS PRESIDENTES."

ESTAMOS CHEGANDO AO FINAL DO ANO!

Nestes últimos dias de 2009, na verdade estamos deixando para o passado a primeira década do século XXI e não apenas mais UM ANO. E que década... Como esquecer de 11/09/2001? E da crise econômica de 2008? O importante é saber chegar ao fim de uma década, ao final de um ano, relembrando que fomos parte consciente dela.

Acabo de receber as últimas edições da VEJA, ÉPOCA e EXAME. Com todo o respeito à revista ÉPOCA, a VEJA desta semana está excepcional. Quanto à EXAME, de um excelente artigo do colega britânico PAUL ORMEROD, destaco a frase de FREDERICK AUGUST VON HAYEK:

UM ECONOMISTA QUE É APENAS UM ECONOMISTA NÃO PODE SER UM BOM ECONOMISTA”.

Depois, com calma, voltarei a falar desse artigo que citei.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

SALÁRIO MÍNIMO EM 2010

Em época de novo salário mínimo, fiquemos com a imagem do Papai Noel cearense, direto do jornal O POVO. Que em 2010 todo brasileiro possa ter pelo menos o mínimo...

2009 - O ANO DE LULA

Depois do jornal espanhol EL PAÍS, o francês LE MONDE: Pela primeira vez na história, o "Le Monde" decidiu eleger a personalidade do ano. A "sua" personalidade do ano. O exercício poderia parecer arriscado ou desonroso. Quem escolher? Segundo quais critérios? Em nome de que valores? Como se diferenciar dos grandes e prestigiosos colegas estrangeiros, como a revista americana "Time", que há muito tempo nos antecedeu nesse caminho ao eleger sua "pessoa do ano"?

Nossas discussões trouxeram à luz aquilo que nos reúne sob a bandeira do "Monde". Uma vez que, há 65 anos, o título do nosso jornal é um convite ao olhar planetário, escolhemos uma personalidade cuja ação e a notoriedade tomaram uma dimensão internacional. Preocupados em evitar as escolhas obrigatórias que poderiam ter nos levado ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama (mais o homem de 2008 do que o de 2009), nós também descartamos personalidades "negativas", muito embora sua ação seja determinante na nova configuração mundial: Vladimir Putin e sua tentativa-tentação de reconstituir o império soviético; Mahmoud Ahmadinejad, cujas palavras e ações são sempre um desafio ao Ocidente.

Desde sua criação, "Le Monde", marcado pelo espírito da análise de seu fundador, Hubert Beuve-Méry, pretende ser um jornal de (re)construção, até mesmo de esperança; ele veicula à sua maneira uma parte do positivismo de Auguste Comte, defendendo os homens de boa vontade. É por isso que, para esta primeira nomeação, que nós esperamos renovar a cada ano, nossa escolha feita com a razão e o coração foi pelo presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, mais conhecido pelo simples nome de Lula.

Pareceu-nos que, pelo seu percurso singular de antigo sindicalista, pelo seu sucesso à frente de um país tão complexo quanto o Brasil, por sua preocupação com o desenvolvimento econômico, a luta contra as desigualdades e a defesa do meio ambiente, Lula é bastante merecedor... do mundo.
Este blog embora não concorde com determinadas políticas de Lula, nele reconhece a sua competência e fica feliz com a escolha.

domingo, 20 de dezembro de 2009

ATA DO COPOM

Recebi do Professor Carlos Pio, o editorial do Estadão sobre “o viés político das Ata do COPOM."

A interpretação mais audaciosa sobre a Ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) foi do diretor da Global Financial Advisor, Miguel Daoud, que, ao ler o documento, concluiu que o Banco Central (BC) introduziu nele um viés político.

Na sua opinião, o BC fotografou o cenário atual e passou a foto por meio da Ata. Na realidade, isso já se vinha percebendo em atas anteriores, chegando à máxima clareza no presente documento, especialmente no que diz respeito à expansão monetária e, mais ainda, ao déficit das contas públicas. A impressão foi reforçada pela declaração do presidente do BC, Henrique Meirelles, quando transformou o que o Copom considera uma hipótese de trabalho em certeza: de cumprimento das metas fiscais e de inflação em 2010.
A Ata considera que existem apenas dois riscos: o comportamento dos preços dos serviços e a elevação dos das commodities. Não vê nenhum problema no que se refere ao crédito, que aumenta para as pessoas físicas e conta com a atuação dos bancos públicos para que não haja risco de redução. O risco do impulso fiscal sobre a trajetória da inflação, embora assinalado, não preocupa as autoridades monetárias, que consideram que os investimentos da indústria, que atualmente dispõe de margem de ociosidade, darão condições de responder a um forte aumento da demanda doméstica.
Certamente, o Copom se mostra tranquilo com a possibilidade de recorrer à importação para completar a oferta interna, embora não manifeste preocupação com a excessiva deterioração das transações correntes do balanço de pagamentos. Isso pode até afetar a taxa cambial, mas o Copom acredita que manterá estabilidade em torno de R$ 1,70. No entanto, uma desvalorização do real ante o dólar teria um efeito devastador sobre os preços de produtos brasileiros nos quais cresce a participação de componentes importados.
Não se pode menosprezar, hoje, a dependência das entradas de capitais estrangeiros na economia brasileira, tanto na sustentação dos investimentos quanto na dinâmica do mercado bolsista. Ora, uma deterioração das contas públicas, ainda mais acompanhada de déficit crescente das transações correntes, que poderá não ser facilmente coberto pela entrada de recursos externos, representará a médio prazo um sério problema. Não em 2010, mas o Copom, que atua essencialmente sobre o futuro, parece-nos que deveria advertir-se desse risco.

sábado, 19 de dezembro de 2009

SECOND BRAZILIAN WORKSHOP OF THE GAME THEORY SOCIETY

Em 2010 um evento em SÃO PAULO reúne a excelência da Economia de quatro Prêmios Nobel. Vamos agendar?

It is a great pleasure to invite you to participate in the SECOND BRAZILIAN WORKSHOP OF THE GAME THEORY SOCIETY. It will be held at the University of São Paulo, from July 29 to August 4, 2010. The event will honor JOHN NASH, on the occasion of the 60th anniversary of Nash equilibrium.

INVITED SPEAKERS:

John Nash (Nobel Prize in Economics of 1994);

Robert Aumann (Nobel Prize in Economics of 2005);

Roger Myerson (Nobel Prize in Economics of 2007);

Eric Maskin (Nobel Prize in Economics of 2007).

BLOG DO RODRIGO CONSTANTINO

O blog do colega RODRIGO CONSTANTINO http://rodrigoconstantino.blogspot.com/ está agora numa fase “política” de excepcional qualidade. Recomendo a leitura do post, que é um verdadeiro artigo, SERRA OU DILMA? A ESCOLHA DE SOFIA. E, depois de uma saborosa reflexão, faça a sua escolha para não se arrepender em 2011...

DEZEMBRO E O CAEN

Dezembro é um mês muito complicado, porém fascinante. Tenho a experiência de vários dezembros na minha vida, mas este de 2009 está realmente diferente. É como se todo o ano tivesse que ser solucionado em um único mês. Estou realmente precisando que o dia tenha 36 horas, no mínimo.

Por isso não estarei presente em FORTALEZA na solenidade de entrega do PRÊMIO SEFIN DE FINANÇAS MUNICIPAIS - 3ª Edição, para a aluna do Curso de Mestrado Profissional em Economia do Setor Público do CAEN/UFC, HELOÍSA HELENA MAIA DE MENDONÇA, que obteve o 3º lugar na categoria Monografia - Profissional, com o trabalho intitulado: "A Lei de Responsabilidade Fiscal e os Deteminantes que Influenciam seu Cumprimento: Uma Investigação à Partir dos Municípios Cearenses", sob a orientação do Prof. Dr. Flávio Ataliba Flexa Daltro Barreto.

O PIB BRASILEIRO 2008/2009/2010

Na FOLHA DE S. PAULO, o colega LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS esclarece como entender os números do PIB.

O IBGE divulgou na semana passada os números do PIB (Produto Interno Bruto) no terceiro trimestre deste ano. Houve certa frustração na medida em que o crescimento ficou bem abaixo das projeções. Mas é preciso entender a razão pela qual isso ocorreu.

Usualmente o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulga em dezembro uma reavaliação do PIB do ano anterior. Com informações mais precisas sobre a atividade econômica, ele pode melhorar a qualidade dos números divulgados um ano antes. E essa revisão dos números de 2008 mostra que o tamanho de nossa economia era -antes do colapso do banco Lehman Brothers- maior do que o divulgado anteriormente. Mas o valor monetário da atividade econômica no período julho a setembro deste ano -e estimado agora pelo IBGE- não foi menor do que esperavam os analistas.

Ou seja, a parcela do PIB que cabe a cada brasileiro -respeitada a matriz de distribuição de renda- não foi inferior ao previsto, como pode ter transparecido no noticiário.

Apenas sua taxa de variação foi afetada em razão da revisão - para cima - do PIB em 2008. E, como a vida do cidadão depende do valor monetário do PIB- e não da sua variação entre um ano e outro-, nada de importante mudou realmente. A recuperação continua sólida, embora, no ano-calendário de 2009, a variação do PIB em relação aos números do ano passado possa ser ligeiramente negativa.

Os novos dados do IBGE nos permitem uma análise mais detalhada do comportamento da economia em 2008 e na primeira metade deste ano. Em primeiro lugar, fica ainda mais claro que foi o comportamento do consumidor brasileiro que permitiu ao Brasil passar de maneira diferenciada pela crise financeira mundial. No terceiro trimestre de 2008, momento em que ocorreu o agravamento da crise, o consumo no Brasil crescia a uma taxa média na casa dos 7% ao ano. No quarto trimestre, houve queda de 1% ante o terceiro, mas, ainda assim, alta de 4% diante do mesmo período de 2007.

A recuperação aconteceu rapidamente a partir do inicio de 2009, com crescimento médio do consumo em torno de 6,5% ao ano entre janeiro e setembro. Se incorporarmos à nossa análise os dados do comércio para o mês de outubro deste ano, podemos inferir que vamos entrar em 2010 com um aumento do consumo das famílias próximo a 7% ao ano.

Do lado dos investimentos, a variação na taxa de crescimento anual entre o período anterior à crise e os três trimestres seguintes foi brutal.

De um crescimento anual próximo a 20% ao ano, passamos a uma queda de 15% no inicio de 2009. Mas já há forte retomada. Para 2010, a equipe de economistas da Quest trabalha com uma taxa positiva de 14%, o que deve garantir um crescimento de 6% para o PIB.

A aceleração da economia é claríssima. A criação de 246 mil empregos formais em novembro, ritmo bem superior ao pico anterior à crise, mostra que os riscos já são de aquecimento excessivo. Na ata do Copom divulgada ontem, o Banco Central ainda não deu sinais claros de que elevará os juros, mas muito em breve será obrigado a endurecer o discurso. Se não o fizer, a autoridade monetária correrá o risco de desancorar as expectativas de inflação e complicar ainda mais o duro trabalho que tem pela frente.

PAUL SAMUELSON E OS MAIORES.

Em entrevista na The New Yorker, PAUL SAMUELSON registra a sua opinião sobre os maiores economistas de todos os tempos:

Q: At this stage, how would you rank Keynes?

A: “I still think he was the greatest economist of the twentieth century and one of the three greatest of all time.”

Q: “Who are number one and number two?”

A: “Adam Smith and Leon Walras.”

PROJEÇÕES 2009/2010 BRASIL

Mais previsões para 2010, agora do pessoal do VALOR ECONÔMICO:

O crescimento econômico previsto, de 5%, será pautado principalmente pela expansão do consumo. O superávit da balança comercial deve cair dos US$ 27 bilhões deste ano para US$ 19 bilhões, segundo previsão do Banco Central - o mercado trabalha com apenas US$ 11 bilhões. E a dívida pública líquida deverá ficar entre 39% e 41% do PIB, em comparação com 38,8% em 2008. O déficit em transações correntes subirá de US$ 18 bilhões neste ano para US$ 40 bilhões em 2010, segundo projeções do mercado.

A conferir em 2010, of course.

REUNIÃO DE COPENHAGUE 2009.

SINFRÔNIO, lá da nossa FORTALEZA-CE, do nosso DIÁRIO DO NORDESTE, demonstra de maneira genial, o que restou de Copenhague.

O HOMEM DO ANO 2009

BEN BERNANKE – PERSON OF THE YEAR 2009

He just happens to be the most powerful nerd on the planet.

Bernanke is the 56-year-old chairman of the Federal Reserve, the central bank of the U.S., the most important and least understood force shaping the American — and global — economy. Those green bills featuring dead Presidents are labeled "Federal Reserve Note" for a reason: the Fed controls the money supply. It is an independent government agency that conducts monetary policy, which means it sets short-term interest rates — which means it has immense influence over inflation, unemployment, the strength of the dollar and the strength of your wallet. And ever since global credit markets began imploding, its mild-mannered chairman has dramatically expanded those powers and reinvented the Fed.

LER NA VEJA

Li na VEJA e aprovei com louvor. Ler ainda é o melhor remédio. PARABÉNS VEJA.

Há cerca de um ano e meio, surgiu na redação de VEJA a ideia de patrocinar, na internet, uma rede social que girasse em torno dos livros. Fomentar a leitura entre os brasileiros sempre foi uma missão para a revista. Fazer isso no ambiente digital representava um desafio. Era preciso desenvolver a ferramenta certa para cativar os usuários dos sites de relacionamento. Essa ferramenta é o VEJA Meus Livros, que faz sua estreia oficial neste sábado, depois de um mês em versão de teste.

Quando o projeto do VEJA Meus Livros começou a ser debatido, sites americanos como LibraryThing e Goodreads já estavam no ar. Eles são redes sociais inteiramente centradas na literatura. Em meados deste ano, foi lançada no Brasil uma iniciativa semelhante: o site O Livreiro, ligado ao jornal O Globo. A essa altura, o VEJA Meus Livros já caminhava numa outra direção. Por que levar as pessoas a construir, do zero, uma nova teia de amizades virtuais, se elas já dedicaram tanto tempo e energia a fazer isso no Orkut ou no Facebook? Em vez de um site independente, optou-se por fazer do VEJA Meus Livros um aplicativo que pode ser utilizado por qualquer um que tenha um perfil nessas grandes redes. Hoje, a ferramenta está disponível para quem usa o Orkut. Em poucas semanas, a versão para o Facebook deverá ser lançada.

No VEJA Meus Livros, é possível organizar uma biblioteca virtual em várias categorias: os volumes que você está lendo ou já leu, aqueles que são seus favoritos, e até aqueles que você gostaria de ganhar de presente. É possível convidar os amigos a compartilhar de suas leituras, postando longas resenhas ou comentários breves - basta um clique para publicar esses últimos no Twitter. Uma parceria com o site da Livraria Cultura também permite que você realize compras on-line.

Como os livros são matéria-prima fundamental para as reportagens de VEJA, reservou-se uma área do aplicativo às contribuições da redação. Lá você vai encontrar, sempre atualizada, nossa lista de mais vendidos, as bibliotecas e resenhas de jornalistas e colaboradores, e um acesso a este novo blog sob o mundo da literatura.

VEJA Meus Livros foi feito para quem ama a leitura e a internet. Esperamos que você goste do presente.

ENTRE A SELVA E A NEVE

Para não comentarem que estou na floresta, MAS não escrevi sobre a fracassada reunião de Copenhague, fico com a bela imagem da neve que cobre o jardim norte da Casa Branca, em Washington, pouco depois do retorno do presidente Barack Obama, que chegou aos EUA de viagem a Copenhague na madrugada deste sábado. A cúpula do clima na capital dinamarquesa, que durou 12 dias, foi um "fracasso histórico", afirmaram ONGs.

Enquanto brasileiros e brasileiras esticavam pernas na Dinamarca, a floresta amazônica aqui continua com sua eterna devastação.

Afinal, entre o calor e o frio, minha alma congela.

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...