segunda-feira, 9 de abril de 2012

FGV na Folha: parabéns.


Uma ótima notícia hoje na Folha de S. Paulo: FGV entra para lista dos 'núcleos globais do pensamento'.

Dias antes da cúpula dos Brics, os núcleos de reflexão ("think tanks") de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul se reuniram em Nova Déli, na Índia, para tratar de temas que os líderes discutiriam depois.

Entre os tópicos estavam o banco de desenvolvimento conjunto, o comércio em moedas locais, a coordenação em política externa e a inovação tecnológica.

Pelo Brasil, estava lá a FGV (Fundação Getúlio Vargas). O conceito é novo tanto aqui como nos outros Brics, mas os "thinks tanks" dos emergentes começam a ombrear seus modelos centenários dos Estados Unidos e da Europa.

Na nova edição do ranking dos 30 principais no mundo, feito pela Universidade da Pensilvânia (UPenn), a FGV surgiu em 27º. A Rússia emplacou dois centros, a China um -a Academia Chinesa de Ciências Sociais.

O ranking é levantado ao longo de oito meses, das indicações ao resultado, num processo que envolve 1.500 especialistas do mundo todo.

James McGann, diretor do Programa de Think Tanks e Sociedades Civis da UPenn, afirma que a presença do Brasil "está diretamente relacionada à sua ascensão no mundo". A comunidade internacional está mais atenta aos emergentes "por causa das mudanças no poder global".

Carlos Ivan Simonsen Leal, presidente da FGV, diz que "o mundo resolveu olhar para outros países e, em especial, para o Brasil". Para Oliver Stuenkel, professor de relações internacionais que representou a fundação na Índia, "a capacidade de determinar a agenda da conversa global já não fica só com as instituições americanas".

Stuenkel diz que "hoje um debate sobre qualquer desafio global precisa de alguém de instituição brasileira, porque o país já é um ator importante em todas as áreas".

No ranking, outros centros do país são lembrados, como Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais) e Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

Para além da maior visibilidade dos emergentes, McGann vê em seus governos e nas próprias sociedades "maior apoio a essas organizações de política pública, como forma de incrementar a projeção de sua influência, regional e global". Lideram a lista Brookings (EUA), Chatham House (Reino Unido), Carnegie (EUA) e Council on Foreign Relations (EUA).

Marcelo Neri, economista-chefe do Centro de Políticas Sociais da FGV, acredita que "a fundação funciona como uma janela do mundo para o país", que "as pessoas que querem conhecê-lo usam a fundação para conversar com o país".

Na avaliação de Simonsen Leal, uma das mudanças que levaram à classificação surpreendente foi que a instituição "resolveu colocar sua mensagem como os demais 'think tanks': não tem só a linguagem acadêmica, mas traduz essa linguagem para as pessoas".

A maior diversidade ocorreu sobretudo na última década, diz Neri. "A fundação sempre foi muito ligada à visão empresarial, mais 'business', que ainda é o lado preponderante, mas tem participado do desenho de políticas educacionais, sociais."

E se internacionalizou, por exemplo, abrindo cátedras para um chinês e um indiano, por ano.

Stuenkel diz que no ambiente acadêmico brasileiro, em que os pesquisadores ainda "se isolam bastante", a FGV se diferencia por "não se ver apenas como universidade, mas também como 'think tank', tomando como parte de sua missão ser um ator visível no debate público".

Além de políticas sociais e relações internacionais, outra área que cresceu foi a de tecnologia da informação.

"É a inserção da fundação na economia do século 21", diz Cláudio Vilar Furtado, coordenador do GVCepe (Centro de Estudos em Private Equity e Venture Capital).

Diz que em toda a instituição aumentou a produção de "bens públicos, bens de conhecimento". E que "no GVCepe as nossas publicações correm mundo, somos sempre procurados aqui e referidos por quem quer informação a respeito das start-ups de base tecnológica no Brasil, a respeito da indústria de venture capital".

Para McGann, "em termos de evolução" a FGV se compara à líder Brooking e à Rand, sexta na lista. Os dois think tanks também surgiram com escolas de graduação, ligadas à pesquisa e à análise que realizavam, algo que a Rand mantém até hoje "e é de primeira". 

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