Neste período no qual o nome de Joaquim Levy está em todas as manchetes, localizei no site http://gama-ca.com.br/noticias/joaquim-levy-concedeu-entrevista-exclusiva-poucos-dias-antes-de-ser-cotado-para-fazenda uma excelente matéria na qual podemos previamente identificar o que esperar nesta nova fase da economia brasileira.
Dias antes de cogitarem o nome de Joaquim Levy como
Ministro da Fazenda do segundo mandato de Dilma Rousseff, o editor-chefe
da Investidor Institucional, Luís Leonel, realizou uma entrevista exclusiva com o executivo da Bram –
Bradesco Asset Management, que foi publicada na edição 265, de novembro. É uma
entrevista longa em formato ping pong, que começou a circular na semana passada
(a partir de 12 de novembro), em que Levy explica os desafios para recolocar
nos eixos a economia do país.
Ainda não houve o anúncio oficial, mas fontes do mercado
de assets já confirmam que Levy será o novo Ministro da Fazenda, no lugar de
Guido Mantega. A necessidade de retomar o equilíbrio fiscal foi um dos pontos ressaltados por
ele na entrevista ao citar o exemplo da economia australiana. “O novo governo
[da Austrália] está começando um aperto fiscal importante e os juros, ainda que
observando as dilações do aperto nos EUA, têm sido pró-ativos”, disse na
entrevista. Ainda em relação à condução da política econômica australiana, Levy
destaca o nível da taxa de investimento, mais alta que a do Brasil.
Levy apontou ainda que a Austrália enfrentou desafios
parecidos com os do Brasil, com a queda dos preços das commodities no mercado
mundial, em função da desaceleração da economia chinesa. Ao contrário do
Brasil, o governo australiano tomou medidas que agora estão dando resultados
com o maior crescimento do PIB do país. Para ele, um dos grandes entraves para
a volta do crescimento da economia brasileira é o baixo nível de investimentos
no setor produtivo, principalmente, na infraestrutura.
“O menor crescimento da China deve exigir mais de nós.
Além disso, a urgência para destravarmos a infraestrutura aumentou, até pelo
cenário global em que a produtividade será ainda mais importante”, disse na
entrevista. E a falta de investimentos é reflexo do baixo nível da poupança
doméstica, o que Levy aponta como outro desafio importante: o de incentivar o
crescimento da poupança interna, da qual os fundos de pensão são importantes
agentes.
Leia a seguir os principais destaques da entrevista:
Poupança interna
“O desafio para o Brasil é o nosso baixo nível de poupança
que acaba demandando tanto dos fundos de pensão”.
Relação com Congresso
“O congresso brasileiro já mostrou inúmeras vezes que é
capaz de responder aos desafios da nação, especialmente quando o Executivo
enuncia uma estratégia com prioridades definidas”.
Lula
“O importante é definir uma estratégia que o mercado
entenda. Quando o presidente Lula começou a governar, estabeleceu-se que não
haveria ‘pacotes’ e que os objetivos seriam definidos, anunciados e
implementados de forma muito clara. Acho que isso foi um dos fatores do sucesso
do seu mandato…”
Meirelles
“…o presidente do Banco Central Henrique Meirelles sempre
lembrava que menos incerteza, também em relação à inflação, tendia a aumentar o
investimento privado. Acho que funcionou bem”.
Aperto fiscal
“Vou fazer um paralelo com uma expressão comum nos EUA: o
valor de uma casa é definido por três fatores, que são localização,
localização, e localização. Pois bem, o equilíbrio aqui tem três ingredientes:
fiscal, fiscal, e fiscal”.
Grau de investimento
“…não vejo, especialmente na comparação internacional e
com a reputação que se construiu nos últimos 20 anos, motivos para o Brasil
perder o ‘investment grade’”.
Papel do BNDES
“Tornar as debêntures de infraestrutura uma ‘asset class’
global é o desafio número um, e pode trazer vantagens grandes também para as
entidades fechadas, mesmo que elas não tenham um diferencial tributário
específico”.
Selic
“A subida da Selic é positiva na medida em que sinaliza o
compromisso com a estabilidade de preços”.
Bancos públicos
“O importante é que haja planejamento de longo prazo e
adequado nível de provisões. A grande recapitalização que o governo FHC fez na
CEF e no BB, em um momento de stress fiscal enorme para todo o país, foi
fundamental para saneá-los dos equívocos dos 20 anos anteriores…”
Inovação
“Quando olhamos para horizontes mais longos, o país
precisa sinalizar o que quer. Como observei, o investidor vê várias coisas boas
no Brasil, mas nossa capacidade de inovação vai ser cada vez mais desafiada”.
Perfil – Joaquim Vieira Ferreira Levy
Nascido em 1961 no Rio de Janeiro e formado em Engenharia
Naval, obteve o doutorado em economia pela Universidade de Chicago em 1992 e o
mestrado em economia pela Fundação Getúlio Vargas em 1987. Iniciou sua carreira
em 1984, no departamento de engenharia e na diretoria de operações da Flumar
Navegação. Foi professor do curso de mestrado da FGV em 1990, antes de integrar
os quadros do Fundo Monetário Internacional, onde, de 1992 a 1999, ocupou
cargos nos departamentos do hemisfério ocidental, europeu e de pesquisa, em
particular nas divisões de mercado de capitais e da União Europeia. No período
de 1999 a 2000 exerceu, como economista visitante no Banco Central Europeu,
atividades nas divisões de mercado de capitais e de estratégia monetária. No
ano de 2000 foi nomeado secretário-adjunto de política econômica do Ministério
da Fazenda, e em 2001, economista-chefe do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão. Em janeiro de 2003, foi designado secretário do Tesouro
Nacional. Em 2006 foi nomeado secretário da Fazenda do estado do Rio de
Janeiro. Entre 2007 e 2010 foi vice-presidente da área de finanças e
administração do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), em Washington.
Em 2010 retorna ao Brasil para assumir o comando da asset do Bradesco (Bram).
Fonte: Investidor Institucional. A matérias publicadas
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