domingo, 26 de junho de 2016

Barry Eichengreen: o Brasil sempre foi o país do futuro. E continua a ser!

No ESTADÃO deste domingo de inverno brasileiro, o economista Barry Eichengreen, professor da Universidade da Califórnia em Berkeley, avalia questões relevantes da nossa economia e confirma a velha máxima que o Brasil é o eterno país do futuro. Até quando? 

O Brasil tem um problema de mercados excessivamente regulados, empresas estatais ineficientes e competição inadequada entre diferentes setores. Abrir a economia ao comércio internacional e a cadeias globais de produção é um dos caminhos para enfrentar esses problemas. O melhor seria que as autoridades brasileiras lidassem com essas questões de maneira direta, por meio de reformas estruturais em casa. Depender do comércio para obter esses resultados pode ser menos eficiente agora do que no passado, se de fato o crescimento do comércio global estiver diminuindo.

A nova equipe econômica propôs a adoção de limites ao crescimento dos gastos públicos. Esse é um caminho adequado? Quão dolorosa será a saída da crise?
Será dolorosa, mas o Brasil não tem escolha. O que complica a situação é o fato de a inflação continuar razoavelmente alta. Em tese, o Banco Central poderia compensar ao menos em parte o corte em gastos público com o corte na taxa de juros, mas não há espaço para isso no caso brasileiro. Isso significa que é difícil ser otimista em relação ao Brasil no curto prazo. No longo prazo, tudo depende de reformas estruturais. O novo governo tem uma boa retórica, mas ainda temos de ver se será capaz de implementá-la. A fragmentação do sistema político brasileiro torna difícil ser otimista. Mas o Brasil sempre foi o país do futuro. E continua a ser.


Trópicos Utópicos - Eduardo Giannetti da Fonseca.


Trópicos Utópicos, o novo livro do  economista Eduardo Giannetti da Fonseca, é uma luz para o atual momento econômico e político brasileiro.  

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Brasil: 1.781.906 desempregados nos últimos 12 meses.


O emprego formal apresentou recuo, em maio, na trajetória de perda de postos de trabalho que vem ocorrendo desde o início do ano passado. No mês, a retração na geração de postos de trabalho foi de 0,18%, na comparação com o mês anterior, com saldo negativo de 72.615 vagas. A perda, porém, foi muito menor que em maio de 2015, quando foi registrado o fechamento de 115.559 vagas formais.

Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados nesta sexta-feira (24) pelo Ministério do Trabalho. O saldo de maio foi oriundo de 1.209.991 admissões contra 1.282.606 desligamentos. No acumulado do ano, o nível de emprego formal apresentou declínio de 1,13%, correspondendo à perda de 448.011 postos de trabalho. Nos últimos 12 meses, o recuo foi de 1.781.906 empregos, retração de 4,34%. Com o resultado, o estoque de emprego para o mês alcançou 39.244.949 trabalhadores com carteira de trabalho assinada no país.

Segundo o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, os dados demonstram que, apesar das perspectivas de maiores perdas previstas nas análises econômicas, o mercado está começando a reverter o quadro de supressão de postos formais. “Acredito estarmos iniciando um processo de recuperação gradativa. Começamos a reverter essa curva e, podemos, no segundo semestre, ter resultados bem melhores”, avaliou.

Segundo o levantamento, a Agricultura gerou 43.117 postos de trabalho em maio, comportamento mais favorável que em abril, quando foram criados 8.051 postos. O dado ainda é superior na relação com o mesmo mês de 2015, quando foi registrada a criação de 28.362 postos. O crescimento, segundo o Ministério do Trabalho, se deve à sazonalidade ligada ao cultivo do café, principalmente nos estados de Minas Gerais, responsável por 20.308 postos, e São Paulo, com saldo positivo de 4.273 vagas.

Além da Agricultura, a Administração Pública também apresentou saldo positivo, com geração de 1.391 postos. Já o setor do Comércio teve perda de 28.885 vagas em maio, o que representa um arrefecimento na comparação com abril, quando foram suprimidos 30.507 postos. Também a Indústria de Transformação registrou recuo no ritmo de queda do nível de emprego, com a perda de 21.162 postos contra 60.989 em abril (-0,28%). No setor dos Serviços foi verificada a maior queda no mês, de 36.960 postos.

Dados estaduais - O emprego formal apresentou resultado positivo em Minas Gerais (9.304), Espírito Santo (1.226), Mato Grosso do Sul (562), Goiás (153) e Acre (147). Nos demais estados houve perda de postos de trabalho. No Rio Grande do Sul foi registrada a maior queda (-15.829), influenciado pelo fator sazonal da Agricultura (-3.723 postos). Houve também perda de vagas em São Paulo (-12.177 postos) e no Rio de Janeiro (-15.688).

Fonte: Ministério do Trabalho. 

23/06/2016: um triste dia por uma Europa em paz, unida e próspera.

Diversos líderes visionários inspiraram a criação da União Europeia. Sem a sua energia e motivação, não estaríamos a viver na esfera de paz e estabilidade que tomamos como garantidas. De combatentes da resistência a advogados, os fundadores foram um grupo diverso de pessoas que acreditavam nos mesmos ideais: uma Europa em paz, unida e próspera

Nossa homenagem a um dos maiores e que tanta falta faz hoje:  Konrad Adenauer: um democrata pragmático e um unificador incansável.

O primeiro Chanceler da República Federal da Alemanha, que se manteve à frente do novo Estado alemão entre 1949 e 1963, contribuiu, mais do que qualquer outra pessoa, para alterar a história da Alemanha e da Europa do pós-guerra.


A reconciliação com a França foi um pilar fundamental da política externa de Adenauer. Em 1963, sob os auspícios de Adenauer e do Presidente francês Charles de Gaulle, é assinado um Tratado de amizade entre a Alemanha e a França, outrora acérrimos inimigos, que assinala um ponto de viragem histórico e constitui um dos marcos do processo de integração europeia.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Em 20/06/2016 o inverno chega ao Brasil ou o Brasil chega ao inferno?

Que a situação brasileira é dramática e reconhecida por quase todos, é fato. Os que ainda sonham que somos o país do futuro, realmente é porque continuam no passado, pois o presente já foi negociado em tenebrosas transações.  

Neste início de inverno brasileiro, apenas três notícias conseguem evidenciar a borda do buraco que está a economia brasileira e a ausência de bom senso por parte de gestores públicos e privados.

Senão, vejamos:

1 - A operadora de telefonia OI pediu recuperação judicial de R$ 65 bilhões. Como chegou à essa situação?

2 - A renegociação da dívida dos estados com a união terá um impacto nas contas fiscais até 2018 de R$ 50 bilhões. Até quando os gestores públicos não farão controle de suas contas? 

3 - O governo do estado do Rio de Janeiro, oficialmente em estado de calamidade pública,  realizou licitação de mais de R$ 378 mil para compra de alimentos tipo framboesa, cereja chilena, picanha, salmão, robalo etc etc. A compra foi cancelada após a divulgação do fato pela rádio CBN Rio. É por fatos como esse e outros mais que os estados estão na condição 2 acima citada. Afinal, quem paga esta conta?    

Na tentativa de unir os três assuntos, recordo de uma frase do sempre atual economista Roberto Campos:

"No Brasil, a empresa privada é controlada pelo governo.
A empresa estatal não é controlada por ninguém." 

E apenas para complementar, um país que consegue em apenas dois anos (2015 - 2016) registrar uma queda estimada de quase 7% no seu PIB, tem algo muito errado por aqui.   

Sinfrônio: Rio de Janeiro falido!


O genial Sinfrônio, no cearense Diário do Nordeste, sempre consegue nos fazer rir mesmo no meio da diária tragédia econômica e política brasileira. 

Boletim Focus: base 17/06 e o PIB em queda de 3,44%.

No Boletim Focus, divulgado hoje pelo Banco Central, o mercado fez alguns ajustes em suas projeções, com destaque para o aumento do IPCA, queda do dólar e melhora no PIB.   

Em síntese: 
PIB: melhorou de -3,60% para -3,44%;
Inflação: subiu de 7,19% para 7,25%;
Dólar: caiu de R$ 3,65 para R$ 3,60;
Taxa básica de juros (Selic): mantida em 13,00%.

2015: o pior ano da história da economia empresarial brasileira.

Segundo dados do anuário MELHORES E MAIORES da revista EXAME, 2015 foi o pior ano da história para o o grupo das 500 maiores empresas instaladas no Brasil

Para estas 500 empresas avaliadas neste conhecido levantamento anual:

- O faturamento caiu 4,6%.

- Prejuízo somado de US$ 19 bilhões.

- A rentabilidade sobre o patrimônio teve queda de 4,9%.

- O faturamento de R$ 1,6 trilhão para 316 empresas de capital aberto teve uma queda de 5,4% em relação a 2014.   

Sem empresas sustentáveis financeiramente, a recuperação econômica brasileira caminha a passos de tartaruga. 

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Ata da 199ª Reunião do Copom - 7 e 8 de junho de 2016 - 14,25% a.a.

30. O Copom considera que o ainda elevado patamar da inflação em doze meses é reflexo dos processos de ajustes de preços relativos ocorridos em 2015, bem como do processo de recomposição de receitas tributárias observado nos níveis federal e estadual, no início deste ano, além dos choques temporários de oferta no segmento de alimentação, e que fazem com que a inflação mostre resistência. Ao tempo em que reconhece que esses processos têm impactos diretos sobre a inflação, o Comitê reafirma sua visão de que a política monetária pode, deve e está contendo os efeitos de segunda ordem deles decorrentes.

31. O Comitê reconhece os avanços na política de combate à inflação, em especial a contenção dos efeitos de segunda ordem dos ajustes de preços relativos. No entanto, considera que o nível elevado da inflação em doze meses e as expectativas de inflação distantes dos objetivos do regime de metas não oferecem espaço para flexibilização da política monetária.

32. Dessa forma, o Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 14,25% a.a., sem viés. Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Alexandre Antonio Tombini (Presidente), Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Luiz Edson Feltrim, Otávio Ribeiro Damaso, Sidnei Corrêa Marques e Tony Volpon.

terça-feira, 14 de junho de 2016

Roberto Campos: profético em 1964 para o Brasil de 2016.

Em 23 de abril de 1964, Roberto Campos expôs ao presidente Castello Branco sua avaliação sobre “a crise brasileira e diretrizes de recuperação econômica”.

Na época, eram quatro as características pelas quais o Brasil estava em crise:

1 - Inflação acelerada

2 - Paralisação do crescimento

3 - Crise cambial

4 - Crise de motivação

Decorridos 52 anos do diagnóstico e observadas as devidas proporções econômicas e políticas, nota-se que o país continua com 75% dos mesmos problemas.

Brasil 2016, um país em busca de solução!   

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Ilan Goldfajn: discurso de posse no Banco Central.

Trechos do discurso de posse de Ilan Goldfajn no Banco Central do Brasil, em 13 de junho de 2016:

"Não há crescimento sustentável e bem-estar social duradouro sem inflação baixa e estável. Pelo contrário, a literatura econômica já refutou por diversas vezes o falacioso dilema entre a manutenção de inflação baixa e crescimento econômico. Nossa história recente bem demonstra que níveis mais altos de inflação não fomentam o crescimento econômico, pelo contrário, desorganizam a economia, inibem o investimento, a produção e o consumo e impactam negativamente a renda, o nível de emprego e, por fim, o bem-estar social. A manutenção de um nível baixo e estável de inflação reduz incertezas, eleva a capacidade de crescimento da economia e torna a sociedade mais justa, por meio de um menor imposto inflacionário, um dos mais regressivos. O regime de metas para a inflação é um robusto arcabouço de política monetária que já provou sua confiabilidade e eficácia nos mais diferentes cenários, mesmo em situações de estresse, no Brasil e no resto do mundo".

Boletim Focus: base 10/06 e o PIB em queda de 3,60%.

No Boletim Focus, divulgado hoje pelo Banco Central, o mercado fez alguns ajustes em suas projeções, com destaque para o IPCA e a Selic.  

Em síntese: 
PIB: melhorou de -3,71% para -3,60%;
Inflação: subiu de 7,12% para 7,19%;
Dólar: caiu de R$ 3,68 para R$ 3,65;
Taxa básica de juros (Selic): subiu de 12,88% para 13,00%.

Fonte:

domingo, 12 de junho de 2016

Thomas Elliot Skidmore: 1932 - 2016.


Um triste dia com o morte de Thomas Elliot Skidmore, um dos maiores brasilianistas, autor de diversos livros sobre o Brasil e intelectual referência para quem gosta de ler sobre a história brasileira. "Uma história do Brasil" é um dos meus favoritos.   

É possível localizar no Brasil de 2016 um novo Celso Furtado?

Lendo o excelente ELIO GASPARI na FOLHA DE S. PAULO, num trecho onde é citado o nome de Celso Furtado, volto a perguntar: é possível ainda existir no Brasil de hoje um nome com a honestidade de Celso Furtado, independentemente da visão econômica e política? 

Celso Furtado viveu 84 anos, foi superintendente da Sudene, ministro do Planejamento e da Cultura e nunca teve seu nome envolvido no sumiço de um só alfinete. Em 2011, o comissariado petista lançou ao mar o petroleiro que leva seu nome, e Dilma Rousseff discursou festejando a obra da Transpetro: "No Brasil, muita gente dizia que dava para crescer, mas que poucos ficariam ricos. Celso Furtado disse que crescimento era uma coisa e desenvolvimento era outra, que país só se desenvolvia se o povo crescesse junto".

Em 2015, o estaleiro de onde saiu o "Celso Furtado" fechou, desempregando 2.000 trabalhadores, mas uns poucos maganos ficaram ricos. A memória do presidente da Transpetro, Sérgio Machado, mostrou a distância que há entre as teorias de Celso Furtado e a prática da criação de polos navais no Brasil. Desde 1955, os contribuintes financiaram três, e todos quebraram.

Machado contou que a construção do "Celso Furtado" atrasou e que ele embolsou um capilé para aliviar o valor da multa. Em 2011, a Transpetro contratou a construção de oito navios, metendo Sérgio Buarque de Holanda e o economista Rômulo de Almeida na fantasia. O contrato ficou em US$ 536 milhões. A lasca de Machado foi de US$ 1,5 milhão. 

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...