“A universidade
latino-americana” é tema de editorial do ESTADÃO nesta data.
As universidades brasileiras -
principalmente as públicas e as confessionais - estão entre as melhores
instituições de ensino superior da América Latina. A primeira edição do ranking
latino-americano foi elaborada por uma empresa britânica de consultoria
educacional, a Quacquarelli Symonds (QS), e divulgado pelo site Top
Universities.
Realizado com base numa metodologia
semelhante à que tem sido utilizada nas avaliações das melhores universidades
do mundo, o estudo comparou o desempenho de 200 instituições da região e
incluiu 8 universidades brasileiras entre as 20 melhores. A campeã foi a USP,
que se destaca em todos os indicadores, tais como proporção de professores com
doutorado, produtividade de pesquisa do corpo docente, número de matrículas,
reputação acadêmica, reputação entre empregadores, número de publicações por
professor, citações em estudos científicos e impacto das pesquisas na internet
e investimento em tecnologia.
Além da USP em 1.º lugar, estão na
lista das 20 melhores a Unicamp, em 3.º lugar; a Universidade Federal de Minas
Gerais, em 10.º lugar; a Universidade de Brasília, em 11.º; a Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, em 14.º; a Pontifícia Universidade Católica do
Rio de Janeiro, em 15.º; a Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho, em
16.º; e a Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 19.º.
Por causa dos investimentos que o
Chile tem feito nas últimas décadas em educação, não causou surpresa o
desempenho das instituições chilenas - 3 delas estão entre as 20 melhores do
ranking da QS e uma - a Pontifícia Universidad Católica - ficou em segundo
lugar, com uma diferença muito pequena da primeira. A USP obteve 100 pontos e a
instituição chilena, 99,6. Entre as demais instituições que integram a lista
das 20 melhores, destacam-se a Universidad Nacional Autónoma de México, uma das
mais antigas da América Latina, a Universidad Nacional de Colombia e cinco
universidades argentinas, das quais a mais importante é a Universidade de
Buenos Aires, que ficou em 8.º lugar.
Na lista das cem melhores
universidades, 31 são brasileiras. No critério de número de trabalhos
publicados por professor, as universidades brasileiras ocupam 15 das primeiras
20 colocações. As líderes são a USP, a Unicamp e a Unifesp, as três situadas no
Estado de São Paulo, cujo governo mantém - com recursos do ICMs - uma das
principais agências de fomento do país, a Fapesp. Esse é um dos fatores que
levaram a Unicamp a ser a universidade que tem registrado maior número de
patentes de inovação tecnológica, perdendo apenas para a Petrobrás. "A
fórmula do sucesso é o equilíbrio entre ensino e pesquisa. Temos o mesmo número
de alunos de graduação e de pós-graduação, num total de 30 mil", diz o
coordenador-geral da instituição, Edgar De Decca.
Para o editor do site Top
Universities, Danny Birne, o excelente desempenho das universidades brasileiras
no ranking das 200 instituições latino-americanas de ensino superior se deve à
prioridade que foi dada à pesquisa acadêmica e científica nos últimos anos, por
meio do aumento do número de bolsas de estudo e financiamento de projetos, por
parte das agências públicas de fomento e das que são mantidas pela iniciativa
privada. Ele também destaca o alto número de docentes com doutorado e o aumento
do número de matrículas nas universidades brasileiras, que pulou de 2 milhões
para 6 milhões, na última década. Para o editor do Top Universities e para o
coordenador de pesquisas da QS, Ben Sowter, os investimentos feitos pelas
universidades públicas e confessionais brasileiras ainda estão em fase de
maturação e, quando começarem a produzir dividendos, serão "o motor que
ajudará o País a alcançar seu potencial de crescimento econômico".
Comparadas com as principais
universidades europeias e americanas, as universidades latino-americanas ainda
se encontram muito atrás - a USP, a mais bem classificada, ocupa o 169.º lugar,
na pesquisa da QS. As universidades brasileiras estão melhorando, mas ainda têm
de percorrer um longo caminho para ascenderem ao topo do ranking mundial.
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