terça-feira, 29 de junho de 2010

O BRASIL REAL DE MARTIN WOLF.

De excepcional qualidade, como normalmente ocorre, o texto de MARTIN WOLF, no FINANCIAL TIMES, aqui disponibilizado pela FOLHA DE S. PAULO, com o sugestivo título: “BRASIL PRECISA SE ESFORÇAR MAIS PARA ACOMPANHAR OUTROS BRICS”.

Espero que o texto tenha sido lido pelos nossos candidatos a Presidência da República. A realidade do conteúdo contrasta com este Brasil que "alguns" acreditam que chegou ao 1º mundo. Lamento informar, mas ainda não chegamos lá. E, se nada mudar, continuaremos neste 3º mundo mesmo.

O Brasil é o país do futuro e sempre será - assim diz a velha piada. Será que enfim os brasileiros rirão por último?

Será que o Brasil se tornou o país do presente? A resposta é afirmativa, mas só até certo ponto. O país continua longe de se equiparar ao desempenho de Índia e China. Deveria se sair muito melhor. As grandes realizações do Brasil nos últimos 15 anos se referem à estabilidade - política e econômica. Sob as presidências de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e Lula, o país conquistou a estabilidade democrática.

A era do governo militar, encerrada em 1985, parece distante. Sob o Plano Real, a inflação foi por fim controlada. Depois de reduzir a inflação por meio de uma taxa de câmbio quase fixa, o Banco Central reduziu a taxa de juros de referência de 45% a apenas 8,75% em 2009.

A estabilidade se escorou no acúmulo de reservas cambiais, que chegaram a US$ 235 bilhões em fevereiro de 2010, ante US$ 33 bilhões em janeiro de 1999. Mas estabilidade não quer dizer dinamismo. O crescimento médio foi de apenas 2,9% ao ano entre 1995 e 2009.

As projeções do FMI para o crescimento no período 2010-2013 apontam uma média anual de 4,5%, bem abaixo daquela de China e Índia.

O fracasso do Brasil na redução da desigualdade de renda é igualmente importante. Na China, em 1980, a renda per capita (com base em paridade de poder de compra) equivalia a apenas 7% da brasileira, enquanto a indiana equivalia a 11%. Entre 1995 e 2009, a elevação na renda brasileira foi de apenas 22%, ante 100% na Índia e 226% na China.

Como resultado, a parcela brasileira na produção mundial caiu de 3,1% em 1995 para 2,9% em 2009. A China saltou de 5,7% para 12,5%, e a Índia, de 3,2% para 5,1%.

O que vemos, assim, é a ascensão dos países IC, não dos Brics. Será que o Brasil conseguirá se sair melhor? Para isso, tem de superar imensas desvantagens estruturais.

A mais importante é o nível extremamente baixo de poupança. Em 2008, de acordo com o Banco Mundial, a poupança bruta do país equivalia a apenas 17% do PIB, ante os 38% da China e os incríveis 54% da Índia.

Além disso, 45% das exportações de mercadorias brasileiras em 2008 envolviam produtos industrializados, ante 63% na Índia e 93% na China: será difícil conquistar industrialização via comércio interno.

O desafio, assim, parece claro e difícil: passar da estabilidade para o crescimento.

O Brasil não tem condições de assumir papel mundial tão grande quanto o dos dois gigantes asiáticos, mas poderia conseguir algo mais importante que poder e influência no mundo: uma sociedade próspera no país. Muita coisa ainda precisa mudar para que esse sonho possa se tornar realidade.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

AGENDA: BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO

Estou agendando visita a 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, entre os dias 12 e 22 de agosto próximo. Maiores informações na página http://www.bienaldolivrosp.com.br/. Evento imperdível!!!

sábado, 26 de junho de 2010

OBAMA É O CARA QUE BATE FORTE?

Direto da TIME, uma pausa para descanso e risadas!

DÁ PARA CONFIAR NA CHINA?

O Nobel PAUL KRUGMAN, publicado nesta data na FOLHA DE S. PAULO, avisa que com a flexibilização do Yuan, A CHINA ESTÁ SÓ ENROLANDO O RESTO DO MUNDO.

No último fim de semana, a China anunciou uma mudança em sua política monetária, uma medida visando claramente evitar a pressão dos Estados Unidos e de outros países no encontro de cúpula do G20 neste fim de semana. Infelizmente, a nova política não trata da questão real, que é o fato da China estar promovendo suas exportações em detrimento do restante do mundo.

Na verdade, longe de representar um passo na direção certa, o anúncio chinês foi um exercício de má fé –uma tentativa de explorar o comedimento americano. Para manter a temperatura retórica baixa, o governo Obama tem usado linguagem diplomática em seus esforços para persuadir o governo chinês a por um fim ao seu mau comportamento. Agora os chineses responderam fazendo uso da mesma forma de linguagem americana para evitar lidar com a essência das queixas americanas. Resumindo, eles estão jogando.

Para entender o que está acontecendo, nós precisamos voltar aos elementos básicos da situação.

A política cambial da China não é nem complicada e nem sem precedente, exceto em sua escala. É um exemplo clássico de um governo desvalorizando artificialmente sua moeda frente às moedas estrangeiras, vendendo sua própria moeda e comprando moeda estrangeira. Esta política é especialmente eficaz no caso da China, porque há restrições legais à entrada e saída de fundos do país, permitindo que a intervenção do governo domine o mercado de moeda.

E a prova de que a China está de fato mantendo o valor de sua moeda, o yuan, artificialmente baixo é precisamente o fato do banco central estar acumulando tantos dólares, euros e outros ativos estrangeiros –no valor de mais de US$ 2 trilhões até o momento. Há todo tipo de cálculos visando mostrar que o yuan não está realmente desvalorizado, ou pelo menos não tanto. Mas se o yuan não está profundamente desvalorizado, por que a China precisa comprar cerca de US$ 1 bilhão por dia de moeda estrangeira para impedi-lo de valorizar?

O efeito dessa desvalorização da moeda é duplo: ele torna os produtos chineses artificialmente baratos para os estrangeiros, enquanto torna os produtos estrangeiros artificialmente caros para os chineses. Isto é, é como se a China estivesse simultaneamente subsidiando suas exportações e impondo sobretaxas protetoras aos importados.

Essa política é muito danosa em um momento em que a economia mundial permanece profundamente deprimida. Em tempos normais, seria possível que as compras pelos chineses de títulos americanos, apesar de distorcerem o comércio, ao menos nos forneciam um crédito barato –e era possível argumentar que não era culpa da China nós termos utilizado esse crédito para inflar uma vasta e destrutiva bolha imobiliária. Mas no momento nós estamos repletos de crédito barato; o que falta é demanda suficiente dos bens e serviços capazes de gerar os empregos que precisamos. E a China, ao manter um superávit comercial artificial, está agravando esse problema.

A propósito, isso não significa que a China ganha com sua política monetária. O yuan desvalorizado é bom para empresas exportadoras politicamente influentes. Mas essas empresas acumulam dinheiro em vez de repassarem os benefícios para seus funcionários, daí a recente onda de greves. Enquanto isso, o yuan fraco cria pressões inflacionárias e desvia uma parte imensa da renda nacional da China para a compra de ativos estrangeiros com uma taxa de rendimento muito baixa.

Então, onde o anúncio de política da semana passada se encaixa nisso tudo? Bem, a China permitiu a valorização do yuan –mas apenas um pouco. Até quinta-feira, a moeda estava aproximadamente apenas meio ponto percentual mais alta do que o nível anterior ao anúncio. E todos os indícios são de que observar a futura movimentação do yuan será como assistir pintura secar: as autoridades chinesas ainda estão fazendo declarações negando que um aumento de sua moeda fará algo para reduzir os desequilíbrios comerciais, e os preços no mercado futuro, no qual os corretores negociam os valores das moedas em vários pontos no futuro, sugerem um aumento de apenas aproximadamente 2% no yuan no final deste ano. Isso é basicamente uma piada.

O que os chineses fizeram, eles alegam, foi aumentar a “flexibilidade” de sua taxa de câmbio: ela está se deslocando mais diariamente do que no passado, às vezes para cima, às vezes para baixo.

É claro, os autores de políticas chineses sabem muito bem que apesar das autoridades americanas terem de fato pedido por uma maior flexibilidade cambial, isso foi apenas um eufemismo diplomático para o que os Estados Unidos, e o mundo, desejam (e têm o direito de exigir): um yuan muito mais forte. Permitir que a moeda valorize ou desvalorize ligeiramente não faz nenhuma diferença para os fundamentos.

E o que acontecerá a seguir? O governo da China está claramente tentando nos enrolar, adiando uma ação até que algo –é difícil dizer o quê– aconteça.

Isso não é aceitável. A China precisa parar de nos enganar e promover uma mudança real. E caso ela se recuse, então é hora de falarmos sobre sanções comerciais.

COPA 2010!!!

Em época de COPA 2010, nada como ler JOSÉ SIMÃO, na FOLHA DE S. PAULO, direto da ÁFRICA DO SUL. Ele é demais!

E o Galvão? O Hexagerado! Adoro a matemática maluca do Galvão: "Se a Inglaterra empatar com os pigmeus de Botsuana, a Eslováquia fizer um gol, o vento bater a favor e o cara conseguir vender todo o engradado de cerveja dele, o Brasil faz dez pontos".

O FUTURO DO REAL.

Um colega tem uma boa reserva em reais e como gostaria de transformar esse valor em dólares pergunta qual o momento certo. Sua preocupação é que a política econômica de JOSÉ SERRA seja diferente da atual, principalmente com relação à queda da taxa de juros.
Respondo-lhe que o momento é agora. Estamos num ano eleitoral, sendo comum a existência de notícias que causam verdadeiro ataque “terrorista” ao mercado. Acredito que se ele conseguir comprar entre R$ 1,75 e R$ 1,85 por US$ 1.00 estará fazendo um bom negócio.
Mesmo com a última pesquisa da FEBRABAN – Federação Brasileira de Bancos prevendo que o dólar fechará dezembro/10 valendo R$ 1,81 e para dezembro/11 valendo R$ 1,88, não sabemos até que momento a entrada de dólares no país continue valorizando o real, considerando a atração da taxa de juros brasileira pelos investidores estrangeiros. A economia mundial ainda não está recuperada e de um momento para outro capitais aqui mantidos, poderão retornar aos seus países de origem, desvalorizando a nossa moeda.

EXTERNALIDADES PESSOAIS!!!

É comum a existência de problemas na economia, alguns já aguardados, outros totalmente surpresos. No microcosmo da vida pessoal isso também ocorre. Por essa razão, este blogueiro encontrava-se, digamos, mais distante deste espaço, porém agora, com a “estabilidade” em forma, acreditamos que iremos manter a assiduidade de nossas atividades, novos aprendizados e visitas aos blogs dos colegas.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

A ECONOMIA DAS CRISES.

Na semana que estive em São Paulo comprei A ECONOMIA DAS CRISES, do NOURIEL ROUBINI e do STEPHEN MIHM, um curso-relâmpago sobre o future do sistema financeiro internacional. Quando do retorno, recebi o e-mail abaixo, o qual divulgo agora para outros colegas também interessados no assunto.

We have received overwhelming interest from people about Dr. Nouriel Roubini’s new book, “Crisis Economics: A Crash Course in the Future of Finance.”

As you may know, the book, co-authored by Stephen Mimh, was released last week in the United States and has been very favorably reviewed by the world’s leading financial and news sources, including The New York Times and the Financial Times.

“Instead of imposing a doctrinaire theory upon the facts, Mr. Roubini employs an eclectic, common-sense approach to history, picking à la carte from the thinking of such disparate economists as John Maynard Keynes and Joseph Schumpeter.” (The New York Times).

“... what Roubini and Mihm offer is a sober and sensible analysis of what has gone so badly wrong in finance in the past few years, coupled with a list of proposals about what could now be done to fix these woes. During a crisis, Roubini and Mihm argue, governments need to be “Keynesian” and spend plenty of taxpayers’ money to ward off disaster and prop up the financial system; after the crisis, however, non-Keynesian policies are needed, to apply free-market principles, and cut government debt.” (The Financial Times).

Because you have been a supporter of Roubini Global Economics in the past, we would like to give you access to the research team built by Dr. Roubini. If you are planning on purchasing Crisis Economics, we would like to offer you a 30 day license to roubini.com. You will be able to access the daily work prepared by Roubini’s team of analysts and strategists. Especially during this time of economic and financial disruption.

All you have to do is send us an email with a scanned or electric receipt showing that you have bought your copy of “Crisis Economics: A Crash Course in the Future of Finance.” Please send your receipt, name, email, and phone to info@roubini.com for your 30 day license.

Sincerely, Michael Moran

VP, Executive Editor

quinta-feira, 17 de junho de 2010

INDICAÇÃO DE LEITURA - ECONOMIA

No excelente blog http://colunas.epoca.globo.com/sobalupadoeconomista/ um post com boas indicações de livros de ECONOMIA. Tenham certeza, meus quase dois leitores, que vocês gostarão das indicações abaixo.

Hoje participamos de um evento bastante interessante no Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), aqui em São Paulo. Ao fim da palestra, algumas pessoas pediram que indicássemos outros livros de divulgação de Economia para o público geral.

O mais famoso deles é “Freakonomics, escrito pelo economista Steven Levitt (da University of Chicago) e pelo jornalista Stephen Dubner. O livro é bastante divertido, tocando em temas inusitados, típicos da pesquisa de Levitt, como trapaças em lutas de sumô e porque traficantes moram com suas mães. O estrondoso sucesso deu impulso à sequência “Super Freakonomics“, lançada recentemente. Apesar da queda de qualidade em relação original, continua sendo uma leitura agradável e divertida.

Os livros de Levitt e Dubner, entretanto, esforçam-se em mostrar aplicações não tradicionais da ciência econômica, mas não se preocupam muito em ensinar Economia para o público geral. Três excelentes livros, disponíveis em português, oferecem alternativas nesse sentido: “Economia sem Truques” (escrito por meu co-autor, Carlos Eduardo Gonçalves, em parceria com Bernardo Guimarães, da LSE), “Economista Clandestino” (de Tim Hartford, do Financial Times) e “O Naturalista da Economia (de Robert H. Frank, da Cornell University).

MARTIN WOLF E A ECONOMIA HOJE.

Por problemas operacionais da física humana estamos mais ausentes deste democrático espaço. Porém, espero que a situação retorne ao padrão habitual e possamos manter a atualização e a divulgação do que ocorre no mundo da economia.
Para não esquecer, vide abaixo Martin Wolf no VALOR ECONÔMICO de 16/06/2010:

SEMINÁRIO EM SP - FGV

Final de semana passada participei na FGV SP de um seminário sobre economia conduzido pelo competente professor MÁRIO RUBENS DE MELLO NETO.
Como ele é um defensor ilimitado da indústria brasileira, acredito que tenha lido com prazer o artigo de DELFIM NETTO publicado na FOLHA e disponibilizado abaixo para os meus e-leitores.

É HORA DA INDÚSTRIA!

ANTONIO DELFIM NETTO, em sua coluna desta semana na FOLHA DE S. PAULO, escreveu que “É hora da indústria”.

A partir dos anos 50, construímos uma estrutura industrial muito sofisticada para o nosso padrão de desenvolvimento.

A indústria de bens de capital foi fundamental para o rápido crescimento dos anos 50/80. Sem ela, teríamos tido muita dificuldade para expandir a matriz energética e construir Itaipu e Tucuruí.

Nosso desenvolvimento foi feito por empresas (nacionais e estrangeiras) que tomaram o risco de aqui se instalar na esperança de que o rápido crescimento de 1950/80 (7,4% ao ano) prosseguiria. Mas não foi assim. Um fenomenal aumento do petróleo levou à falência todas (sem exceção) as economias emergentes que dependiam de sua importação.

Quando a elevação da inflação nos EUA levou ao ajuste Volker, em 1979, as taxas de juros reais atingiram níveis impensáveis, o que ajudou a desintegrar as finanças públicas daqueles países.

O caso brasileiro é exemplar: em 1980, nossa produção de petróleo atendia 20% do consumo. A situação ficou tão desesperadora que se chegou a imprimir na Casa da Moeda um "cartão de racionamento" de combustíveis. Felizmente, um ataque de lucidez de última hora impediu o seu uso.

Pois bem. Após a tragédia, aquelas indústrias amargaram 30 anos de vacas magras, com um crescimento médio do PIB de 2,4% de 1981 a 2009. Algumas sucumbiram. Outras resistiram e continuaram a produzir no "estado da arte", mas prejudicadas pela falta de demanda.

No período, a carga tributária passou de 24% para 36% do PIB, e o investimento público caiu de 4% para 1,5%. O setor privado ajustou-se aos programas de equilíbrio monetário e fiscal, suportando uma taxa de juro real estratosférica e uma taxa de câmbio real sobrevalorizada.

A partir do segundo mandato de Lula, abriu-se uma janela: o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) recuperou o papel do "Estado indutor" e reacendeu o "espírito animal" do nosso empresariado. Se soubermos usar o "bônus" do pré-sal, poderemos rodar a uma taxa de 5% a 6% nos próximos anos sem desequilíbrio interno ou externo.

Agora é hora de voltar a usar a capacidade produtiva da indústria de bens de capital instalada no Brasil e não se deixar iludir por mirabolantes financiamentos chineses.

Não se deve, por exemplo, levar em conta apenas o preço na compra de uma turbina. Produzida no Brasil, ela gera substanciais externalidades que não podem ser apropriadas privadamente.

Se não entendermos isso, as indústrias que têm fábricas no Brasil e na China e, logo, a mesma tecnologia, por que permanecerão aqui? E como sobreviverá a indústria nacional?

quarta-feira, 9 de junho de 2010

DIA DE SELIC!!!

DIRETAMENTE DA FOLHA DE S. PAULO - O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) anunciou o segundo aumento consecutivo da taxa básica de juros, que passou de 9,50% para 10,25% ao ano. A decisão foi unânime.

"Dando seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias ao cenário prospectivo da economia, para assegurar a convergência da inflação à trajetória de metas, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 10,25% a.a., sem viés", afirma nota divulgada após a reunião.

A alta de 0,75 ponto percentual era uma aposta praticamente unânime no mercado financeiro. Em abril, o BC já havia elevado a Selic de 8,75% para 9,50% a.a., dando início a um novo ciclo de alta dos juros, o primeiro desde 2008.

O BC volta a se reunir agora nos dias 20 e 21 de julho, para quando é esperada uma nova alta de 0,75 ponto, de acordo com as apostas da maioria dos economistas.

NOTÍCIAS DA FLORESTA!!!

Por questões x, y, e z, estou devendo aos meus quase dois fiéis e dedicados leitores (que espero não tenham abandonado esta página), a devida atualização deste blog. Mesmo ciente que colegas como Reinaldo Azevedo, de tempos em tempos dão uma parada nos posts, realmente trata-se de um espaço totalmente democrático e que somente por questões inadiáveis, tenho que manter ausência deste local.
De qualquer maneira, continuamos aqui pela floresta amazônica, agora com Copa do Mundo e Eleições 2010 dominando os noticiários, mas sempre que possível, com uma passagem por aqui. Também sinto falta da leitura dos blogs de excepcionais colegas, o que pretendo fazer o mais breve possível.
Neste final de semana estarei em São Paulo - que espero não ver sol, apenas frio, e para iniciar bem os próximos dias, nada como rir com SINFRÔNIO, lá da nossa Fortaleza, nas páginas do DIÁRIO DO NORDESTE.

A ANÁLISE DO PIB 2010.1

ALEXANDRE SCHWARTSMAN, 47, economista-chefe do Grupo Santander Brasil, doutor em economia pela Universidade da Califórnia (Berkeley) e ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, também escreveu na FOLHA sobre o PIB brasileiro. Para quem deseja a leitura completa vide abaixo. Outros textos do autor estão no excelente www.maovisivel.blogspot.com.

Os números do PIB divulgados ontem são impressionantes sob qualquer ótica. Descontada a sazonalidade do período, o crescimento anualizado sobre o trimestre anterior atingiu quase 11,5%. Mesmo se usarmos a média dos últimos dois trimestres (10,4% ao ano) ou dos últimos três trimestres (10% ao ano), é inevitável concluir que o país cresce a um ritmo fortíssimo. E, note-se, nesse critério de avaliação, a velocidade de crescimento não resulta da fraca base de comparação do começo de 2009; é mesmo extraordinário.

Obviamente, ninguém com mais de cinco neurônios acha ruim que a economia cresça vigorosamente. A questão é saber se esse ritmo de expansão é sustentável, isto é, se pode ser mantido por longo período, ou se, pelo contrário, ocasionará desequilíbrios graves que, mais à frente, cobrarão preço elevado em termo de redução do crescimento futuro. A alternativa correta é a segunda.

Pudemos manter essa taxa de crescimento por algum tempo, da mesma forma que uma caixa de água pode receber mais líquido que sua capacidade de vazão desde que esteja suficiente vazia no começo. Contudo, assim como a caixa se encherá, levando ao fatal transbordamento à medida que o espaço vago for preenchido, também os desequilíbrios surgirão quando a capacidade ociosa se esgotar. O desafio é elevar o crescimento sustentável, ou, nos termos do nosso exemplo, a capacidade de vazão.

Embora não falte quem sugira que basta um ato de vontade, tanto a teoria econômica como a experiência de inúmeros países indicam que o crescimento de longo prazo depende essencialmente de quatro fatores.

Em primeiro lugar, a demografia, por exemplo, o tamanho da força de trabalho relativamente à população total. Quanto maior essa relação, tanto mais rápido deverá ser o crescimento.

Em segundo lugar, a qualificação dessa força de trabalho, tipicamente medida pelos anos de educação, devidamente ponderados pela qualidade dessa educação, como aferida em exames internacionais. Provavelmente relacionado à educação, mas afetado também por outras variáveis, há também o crescimento da produtividade da economia, geralmente associada ao ambiente de negócios, a arranjos institucionais (como direitos de propriedade bem definidos) e à abertura comercial, entre outros.

Esses três fatores têm em comum o fato de serem pouco passíveis de alteração por políticas governamentais, exceto em prazos muito longos (basta pensar que é necessária uma geração para alterar substancialmente a qualificação da força de trabalho). O que pode ser afetado num prazo mais curto é apenas o quarto fator: o volume de investimento.

Há desenvolvimentos positivos: o ritmo de expansão do investimento tem se acelerado, atingindo mais de 30% ao ano na média dos três últimos trimestres. No entanto, mesmo depois desse crescimento vertiginoso, a formação de capital representava apenas 18% do PIB no primeiro trimestre de 2010, insuficiente para fazer o estoque de capital aumentar o bastante para acomodar uma expansão do produto superior a 4%, 4,5% ao ano.

Estimamos que, para manter o crescimento na faixa de 5% a 5,5% ao ano, o investimento deveria atingir valor em torno de 22% do PIB, ainda bem superior ao observado.

Note-se, ademais, que a poupança bruta tem girado ao redor de 15% do PIB, apesar da crença de alguns de que o investimento geraria sua própria poupança. Isso reflete em larga medida o nível elevado do gasto público, ainda na casa de 20% do PIB (ante, por exemplo, 13% do PIB em nossos pares latino-americanos).

Vale dizer, não basta querer aumentar a taxa de investimento; é imperativo que o país eleve também sua poupança, de preferência por meio da redução do consumo público. Na ausência desse ajuste, será a poupança externa, mais uma vez, que financiará o crescimento, gostem disso ou não nossos keynesianos de quermesse.

CONTROVÉRSIA.

Em dia de divulgação de PIB, vale o prazer da leitura do texto sempre inteligente de ANTONIO DELFIM NETTO, publicado na FOLHA DE S. PAULO.

Levantamento feito pelas competentes jornalistas Ângela Bittencourt e Lucinda Pinto ("Valor Econômico", 4/6) com 31 importantes analistas do sistema financeiro revelou que, para o Copom de hoje, 9 entre cada 10 estimavam um aumento de 0,75% da taxa Selic. O outro esperava 1%!

Tal unanimidade se devia provavelmente à estimativa do crescimento entre 2,5% e 3% do PIB do primeiro trimestre de 2010 contra o último de 2009, que afinal se confirmou em 2,7%.

É verdade que teremos uma safra 2009/10 melhor que a anterior e com aumento da produtividade, que a produção industrial está chegando ao "pico" alcançado antes da crise, que foram feitos investimentos que estão maturando e que existe uma escassez de mão de obra especializada, mas sem resultar em aumento dos salários reais acima da produtividade.

Apesar dos gargalos da infraestrutura, parece claro que podemos crescer entre 5% e 6% sem maiores pressões inflacionárias.

A dificuldade do Banco Central é que as pressões inflacionárias são sorrateiras e a credibilidade da política de metas depende do seu sucesso. No último quinquênio, a "meta" foi de 4,5% ao ano, e a inflação realizada, de 4,7%, o que certamente é um sucesso.

Os Bancos Centrais são normalmente conservadores. Tendem a subestimar o famoso "PIB potencial" e a superestimar a taxa neutra de desemprego e a taxa de juro real de equilíbrio para garantir sua credibilidade.

No Brasil, o caso é grave: depois de longas lutas e derrotas, o Banco Central concede que o tal PIB potencial talvez esteja entre 4,5% e 5%, mas garante que a taxa de juro real de equilíbrio está entre 7% e 8%, tão teratológica quanto sua estimativa de que a taxa de desemprego mínima para domesticar o mercado de trabalho deva ser de 7% a 8%.

O último "Boletim Focus" (4/6) mostra que o mercado financeiro espera uma taxa de inflação de 4,8% e uma taxa de crescimento de 4,5% para 2011, depois da elevação do juro esperada para 2010.

Qual é a taxa de juro real esperada pelos analistas acima?

Os mais comedidos (16% deles) esperam a Selic de 11,50% no final de 2010 e, portanto, uma taxa de juro real de 6,4%; os que esperam a Selic entre 11,51% e 12% (39% dos informantes), 6,6%; de 12,01% a 12,50% (32% dos informantes), 7,10%; e de 12,51% a 13,00% (13% dos informantes), 7,6%. Estão todos bem domesticados pela credibilidade dos modelitos do Banco Central!

Mas há controvérsia. O setor privado brasileiro há de ser muito produtivo para gestar um robusto crescimento pagando a maior taxa real de juros do universo e suportar a supervalorização do real dela decorrente.

domingo, 30 de maio de 2010

CARTA AOS PRESIDENCIÁVEIS - TROSTER

Conheci Roberto Luis Troster em São Paulo, quando o mesmo era o economista-chefe da FEBRABAN. Trata-se de profissional de extrema competência e que publicou no VALOR de 25/05/10, que recebi através do professor Carlos Pio, carta aberta aos atuais candidatos à Presidência. Pela inteligência, questionamentos, inquietações e didática da mesma, tenho que publicá-lo no meu blog. Além do que, como estive ausente deste espaço por alguns dias, o texto resume também o que pensamos neste ano tão importante para o BRASIL.

Prezados Dilma, Marina e José. Saudações!

É oportuno que se conheça o perfil das pessoas que ajudarão a fazer com que o Brasil ocupe o destino que ambiciona.

Os três têm credenciais para ocupar o cargo que postulam, vontade de fazer acontecer e aparentam consenso sobre as linhas mestras da condução econômica: câmbio flexível, responsabilidade fiscal e o regime de metas de inflação. Entretanto, os pormenores de suas propostas são desconhecidos, gerando incertezas desnecessárias.

Escrevo para pedir-lhes que atenuem as inseguranças que pairam sobre o que esperar. Com mais clareza, o sistema financeiro nacional poderá canalizar mais recursos para o desenvolvimento a que se propõe. Apesar de ser sólido, ter abrangência nacional e competitividade internacional, ele depende de alguns quesitos para funcionar bem e tem alguns entraves que deverão ser removidos na próxima presidência. Nesse sentido, é oportuno o detalhamento solicitado. Dez pontos precisam ser esclarecidos: a) o regime de metas, b) a margem financeira, c) a inclusão bancária, d) o crédito estatal, e) o quadro institucional, f) o câmbio, g) o tratamento ao capital estrangeiro, h) a tributação no mercado financeiro, i) a gestão fiscal e a j) a equipe econômica.

O regime de metas de inflação cumpre um papel importante estabilizando preços e coordenando expectativas. Apesar de alguns senões sobre a sintonia fina, é uma unanimidade que tem sido bem aplicado no Brasil. Será mantido como está ou haverá mudanças? Em caso afirmativo, quais? A composição do Copom continuará sendo apenas a diretoria do Banco Central (BC)? A meta de 4,5% será mantida, aumentada ou diminuída? Será fixada uma meta de longo prazo? Enfim, qual é a proposta?

A margem financeira (spread) do Brasil é uma das mais altas do mundo com consequências perversas no desenvolvimento do país. Apesar dos discursos, neste governo, ela aumentou para a pessoa jurídica e para a pessoa física só diminuiu nas modalidades de aquisição de bens e crédito pessoal. Há distorções que podem e devem ser corrigidas. Algo tem que ser feito, pois margens tão elevadas tornam inviável uma expansão sustentável do crédito. O endividamento das pessoas e empresas não pode crescer indefinidamente a taxas superiores a sua capacidade de pagamento. Serão adotadas medidas para reduzir a margem? Em caso afirmativo, quais?

A inclusão financeira promove a inserção econômica e social, a formalidade e a cidadania. Duas condições são necessárias para isso: o acesso e a utilização de produtos e serviços bancários. Enquanto o acesso é abrangente, sua utilização é baixa e incompatível com a sofisticação do sistema. Há propostas para aumentar a inclusão das classes de rendas mais baixas? Quais são?

O crédito estatal cumpriu um papel na superação da crise, todavia, a experiência mostra que é um bom remédio a curto prazo mas, em doses exageradas e quando aplicado por muito tempo, traz mais malefícios que benefícios. Qual será o papel dos bancos públicos em seu governo? Fala-se numa fusão da Caixa com o Banco do Brasil? Ou dos bancos de desenvolvimento, BNDES, BASA e BNB? A participação do crédito estatal no total do crédito deve manter-se no atual patamar? Subirá? Será reduzida? Qual será a orientação a ser dada aos bancos públicos?

O quadro institucional do mercado financeiro tem quase meio século e é obsoleto, com superposição de atribuições entre órgãos reguladores e supervisores. Há intenção de modernizá-lo? Será dada independência formal ao Banco Central? À semelhança de outros países, será criada uma agência para a proteção do pequeno tomador? Haverá uma fusão de instituições reguladoras? Haverá um novo desenho funcional para o setor?

O tratamento dado ao câmbio é fundamental para uma economia sólida, mesmo com o compromisso de flutuação livre, há algumas definições em aberto. Haverá alguma política para amortizar a volatilidade? Permitir-se-á uma convertibilidade maior? Contas em divisas dentro do país serão autorizadas?

O capital estrangeiro é importante para financiar o déficit em contas correntes, aumentar o investimento interno, trazer novas tecnologias e abrir novos mercados no exterior. Tem também um componente com distorções nos movimentos especulativos. Pode-se esperar continuidade no tratamento? Ou haverá mudanças? Em caso afirmativo, quais?

A tributação no mercado financeiro é uma colcha de retalhos, fruto de medidas emergenciais ao longo de décadas. Apresenta defeitos como incidir mais no pequeno tomador de crédito que no grande e distorcer preços de ativos. Haverá alguma correção? Uma nova estrutura de impostos para o setor está sendo elaborada?

O comprometimento com a responsabilidade fiscal é consenso entre os três, entretanto, como cada um dos candidatos pretende definir responsabilidade fiscal é a questão. Qual será a meta de superávit primário? Será criada a meta de déficit nominal zero? Pode-se esperar uma redução de gastos do governo? De quanto e aonde? O uso de outras fontes de financiamento, como as PPP, para investimentos em infra-estrutura será utilizado? Haverá mais transparência fiscal?

A última interrogação é a composição da equipe econômica que cada candidato a presidente coordenará. É oportuno conhecer o perfil das pessoas que ajudarão a fazer com que o Brasil ocupe o destino que ambiciona. Há alguns nomes já?

É fato, há questões mais importantes num programa de governo, tais como educação, a saúde e a qualidade de vida. Todavia, as solicitações acima são mais urgentes. O sistema financeiro é uma ponte entre o presente e o futuro, e quanto mais transparentes forem os horizontes, mais incentivos terá para direcionar investimentos. O novo governo começa só no ano que vem, entretanto, sua construção já está em andamento.

Finalizando, espero que o (a) melhor para o Brasil vença as eleições e faça acontecer. Agradeço seus posicionamentos e desejo um bom dia aos três.

A THE ECONOMIST DESTA SEMANA!

Mais uma vez a THE ECONOMIST vem com uma capa que representa muito bem a situação da ECONOMIA no mundo de hoje.

domingo, 23 de maio de 2010

A MENSAGEM DE ARMÍNIO FRAGA

Hoje na FOLHA DE S. PAULO, o presidente do Banco Central entre 1999 e 2002, sócio da Gávea Investimentos, economista Armínio Fraga, 52, afirma que, se o próximo governo não enfrentar uma reforma na Previdência, permitirá criar a base para uma nova crise no futuro. Fraga defende a imposição de limite ao endividamento do governo e diz que o Brasil, hoje, é obrigado a desacelerar o crescimento porque, além de investir pouco, deixou de cuidar da educação. Leia os principais trechos da entrevista.

Folha - O Brasil levou 40 anos para voltar a crescer ao ritmo do Milagre Econômico [de 1968 a 1973]. Agora, temos que desacelerar para não gerar inflação. O que faltou?
Armínio Fraga - Investir mais e educar melhor. Não há país bem-sucedido que não tenha feito esforço importante na educação ou que tenha se desenvolvido só com recursos naturais.
Está claro onde temos que trabalhar para que a economia sustente um ritmo maior de expansão, principalmente em infraestrutura.

Há investimentos estrangeiros previstos no Brasil em energia, mineração, recursos naturais. A tendência é duradoura ou apenas moda?
Os estrangeiros estão entusiasmados porque temos passado pelas crises melhor do que o nosso histórico. Tem oportunidade na China, na Índia, no Leste Europeu. Mas somos o mais ocidental dos emergentes, é mais fácil. Às vezes o entusiasmo é excessivo. Não sou pessimista, mas não podemos relaxar. Caminhamos para um deficit em conta-corrente maior, os juros são altos.

Quando fala de juros, o sr. vê como resultado da estrutura de dívida e gasto público, e não da atuação do BC, não é?
Exatamente, o juro que o BC controla sobe por questões estruturais. No longo prazo, o trabalho do BC tem ajudado a reduzir a taxa porque reduz a incerteza sobre o país. Temos uma história ruim, pressões fiscais. Isso vai exigir um esforço de natureza estrutural.

Os dois candidatos à presidência mais bem colocados nas pesquisas criticam ou já criticaram a política monetária. O que podemos esperar?
Não vejo nenhum político conectado com a realidade disposto a se arriscar deixando a inflação subir. As pessoas sabem que inflação corrói o dinheiro, e os pobres perdem mais.

O sr. vê ameaça à atuação do BC no futuro?
Fala-se em aventura nessa área, em função de declarações dos candidatos. Mas se referem a circunstâncias extremas, e não ao dia a dia do BC. O BC não tem independência formal, mas temos autonomia operacional. Eu aposto que isso continuará.

Que pergunta o sr. faria ao futuro presidente?
É uma pergunta antipática, que cabe a todas as lideranças do mundo: "Qual é sua visão de um futuro fiscal tranquilo para o país?".

Qual é o problema mais urgente a ser resolvido, na área macroeconômica?
O crescimento do gasto público.

E qual reforma institucional relativa à área econômica deve ser tocada no início do próximo governo?
Reforçar a Lei de Responsabilidade Fiscal, impondo limite à dívida pública federal, e incorporar a discussão da previdência.

No caso da previdência, o sr. acha que algo mudou?
Não, com tendência de piorar, se o fim do fator previdenciário não for vetado. É um tema difícil para um político, e não só no Brasil. O presidente Fernando Henrique avançou, mas pouco porque a oposição fez críticas agressivas. O envelhecimento da população dos principais países é uma questão gravíssima e não vem sendo discutida de forma razoável.

A previdência pode gerar crises no futuro?
Pode, sim. Lá fora já se vê reação. Os governos da Alemanha e da França já discutem isso. A Europa levou uma sacudida de confiança nunca imaginada, mas vai reagir positivamente.

A crise da zona do euro pode ser debelada antes que extrapole para outras regiões?
Há riscos para nossa economia porque a Europa é o maior mercado de nossas exportações. Temos deficit em conta-corrente, e isso pode dificultar o financiamento.

Com gastos do governo em alta, o BC está sobrecarregado no controle da inflação?
O acompanhamento do BC é um trabalho minucioso. Chegou a hora de dar uma segurada, e por isso subiram os juros para 9,5%. O anúncio do corte de gastos pelo governo é positivo porque alivia a inflação.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

O BRASIL MERECE MUITO MAIS!!!

Em tempos de eleição presidencial, uma reflexão com PAULO RABELLO DE CASTRO, com o sugestivo nome: “O BRASIL MERECE MUITO MAIS”, na FOLHA DE S. PAULO de 19/05/10. E nós, que andamos nas ruas e estradas deste Brasil, lugares onde nossos governantes desconhecem (afinal, para que querem aviões...), sabemos quanto falta para que o BRASIL seja realmente um país desenvolvido. E a educação onde fica? E a saúde? E o saneamento básico? E a ausência de respeito ao cidadão como sustentáculo desse ESTADO que aí está para SERVIR e não para ser utilizado como instrumento patrimonial de quem está na cadeira principal? Espero que nesta eleição de 2010 vença o ou a melhor candidato (a), contanto que realmente possamos dizer que o país do futuro é HOJE e que ele pode ser MAIS.
Tenho sido questionado por muita gente sobre qual o candidato ou candidata "mais adequado" a suceder o presidente Lula. Com quem converso, simpatias à parte, dúvidas persistem sobre o perfil das propostas de cada um. Afinal, ainda falam como pré-candidatos, embora com importante currículo de bons serviços prestados ao país. A dúvida dos eleitores reflete bem mais do que desconhecer a plataforma dos candidatos. O eleitor desconfia de que coisas importantes estão por acontecer. Saímos da "era Lula" para algo novo, com equipe que trará sua marca própria ao governo. Que marca será essa? O Brasil cresceu na foto internacional e suas oportunidades econômicas se multiplicaram. E se o candidato vitorioso puser todo esse imenso potencial a perder, por excesso de voluntarismo ou falta de criatividade? O risco é enorme e os custos aumentaram porque agora "temos mais a ganhar ou perder...". Em magnífico artigo ("O Brasil merece mais"), publicado anteontem nesta Folha, Abram Szajman, presidente da Fecomercio SP, coloca os pingos nos is, com coragem e lucidez. "O voto - lembra ele - não deve ser um prêmio, mas uma tarefa... pois o regime democrático não oferece, com a vitória eleitoral, um cheque em branco para o ganhador, de quem se espera o cumprimento de compromissos assumidos com o eleitorado". Perfeito. Mas Szajman nos alerta para o fato de que o debate amplo dos programas de governo acaba ficando em segundo plano, e o eleitorado, embrulhado por mensagens vazias e jingles eleitorais. Desta vez, o risco é maior por causa do que está em jogo nesta década 2011-2020. A Fecomercio SP vem colaborando para mapear esses riscos da transformação do Brasil, que envelhece rapidamente, que ficou mais alfabetizado, porém não mais escolarizado diante dos países emergentes (que dirá frente aos desenvolvidos!) e que tem como desafio maior mudar o modelo de "alto consumo e endividamento" para um de crescimento com "alto investimento e sustentabilidade". Como? A sociedade civil não quer mais esperar pelos candidatos. Passamos, nós mesmos, a desenhar esse futuro, a muitas mãos, num movimento espontâneo que surge com o nome de "Brasil Eficiente" e vem recebendo adesões de federações de comércio, indústria e de trabalhadores, do terceiro setor e de associações profissionais. A mensagem é simples: o país quer buscar máxima eficiência em todos os campos, inclusive dos governos, por que não? Os candidatos serão convidados a debater uma espécie de decálogo do Brasil Eficiente. Os compromissos: 1) exigir dos governos o equilíbrio fiscal e eficiência nos gastos que a lei dos mercados impõe às empresas e aos cidadãos. 2) aumentar o investimento de 18% para 25% do PIB, dobrando a renda pessoal em dez anos. 3) trazer a carga tributária para 30% do PIB até 2020, com simplificação radical dos impostos e da burocracia. 4) manter o gasto corrente sob estrita vigilância, com mais recursos para a infraestrutura, inovação e investimentos sociais. 5) mais poupança de longo prazo e reinversão dos lucros, democratizando o capital acionário e imobiliário. 6) estimular a formalização do emprego. 7) unificar a regras previdenciárias e equilibrar os benefícios sociais com a renda tributada aos que trabalham. 8) concentrar a ênfase educacional no ensino fundamental de qualidade. 9) limitar a dívida pública, melhorar sua composição e, com isso, baixar os juros na corrente produtiva. 10) colocar o longo prazo na política, seja pelo ambiente, por uma Previdência com lastro e pelas alianças continentais do país.

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...