Pessimista editorial do ESTADÃO de hoje sobre a economia brasileira neste 2013. Vamos aguardar os próximos sinais do governo e a reação do mercado.
A economia
brasileira continuará travada em 2013, crescerá pouco mais que 3% no ano e
menos que 7% no primeiro triênio da presidente Dilma Rousseff, segundo
projeções captadas na semana passada pela pesquisa Focus, do Banco Central
(BC). Se as estimativas estiverem certas, o Brasil se manterá como o menos
dinâmico dos Brics e um dos menos ágeis entre os países em desenvolvimento. As
previsões talvez melhorem nos próximos meses, mas os dados conhecidos até
agora confirmam o desempenho muito fraco em 2012 e são pouco animadores em
relação às perspectivas de curto prazo.
A informação mais
recente é o índice de Atividade Econômica do BC (IBC-BR), publicado
mensalmente. Para os analistas, esse dado serve como antecipação, embora
imperfeita, do PIB calculado a cada trimestre pelo IBGE. Aquele indicador
cresceu 0,26% de novembro para dezembro, descontados os fatores sazonais, e
acumulou no ano uma expansão de 1,35%.
Este número é maior
que as estimativas de aumento do PIB, quase todas em tomo de 1%, mas, apesar
disso, também é muito ruim. Informações mais detalhadas e mais completas sobre
a economia brasileira só serão publicadas dentro de algum tempo pelo IBGE, mas
dificilmente surgirá um quadro muito diferente daquele conhecido até agora e
confirmado, de modo geral, pelo índice mais recente do BC. O IBGE divulga todo
mês levantamentos nacionais da produção industrial e das vendas do comércio
varejista, além de informações sobre o emprego.
Os últimos dados,
referentes a dezembro, confirmaram, de modo geral, o cenário observado ao longo
do ano. O emprego se manteve elevado e a massa de rendimentos à disposição das
famílias continuou maior que a de um ano antes. Essa condição, somada à
expansão do crédito e aos estímulos fiscais ao consumo, permitiu a expansão do
comércio. O volume dás vendas do varejo restrito (sem veículos, peças e
materiais de construção) diminuiu 0,5% de novembro para dezembro, mas acumulou
no ano um crescimento de 8,4%. No caso do varejo ampliado, as vendas de 2012
foram 8% maiores que as do ano anterior. Os resultados do emprego e do consumo
privado contrastaram fortemente, no entanto, cóm os da produção industrial.
Segundo o IBGE, a
indústria ficou estável de novembro para dezembro e acumulou em 12 meses uma
redução de 2,7% em relação ao período anterior. No resultado global de 2012
houve queda em todas as grandes categorias de bens industriais até porque uma
parte relevante do consumo foi suprida por mercadorias importadas. Mas o dado
mais preocupante quando se tenta avaliar a perspectiva de expansão econômica é
o recuo da fabricação de bens de capital, isto é, de máquinas e equipamentos
destinados à reposição e à ampliação da capacidade produtiva e, em geral, à
modernização tecnológica.
Em dezembro, a produção desses bens foi 0,8% menor
que no mês anterior e 14,7% inferior à de igual mês de 2011. A redução
acumulada no ano chegou a 11,8%. A importação de máquinas e equipamentos foi
obviamente insuficiente para compensar a retração das compras de bens de
capital nacionais.
A queda do
investimento limita fortemente a capacidade de crescimento do País. A expansão
do PIB poderá ser um pouco maior a curto prazo, mas o impulso logo se esgotará,
por falta de capacidade produtiva. Se o consumo privado e o custeio do governo
continuarem aümentando, haverá um aumento das pressões inflacionárias,
combinado, provavelmente, com uma piora das contas externas.
Uma sondagem do
clima econômico da América Latina, realizada em janeiro, mostrou melhora na
avaliação das condições imediatas em 5 dos 11 países cobertos. Em relação às
perspectivas, a avaliação melhorou em 7. Nas duas listas, o Brasil aparece do
lado da piora. Apesar disso, o índice de expectativas dos especialistas
brasileiros entrevistados ficou em 7,2, acima da média de 10 anos (6). Esse
otimismo pode ajudar. Difícil mesmo é explicá-lo, diante dos dados -
especialmente dos investimentos - conhecidos até agora.