quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Cenário de estagnação.


Pessimista editorial do ESTADÃO de hoje sobre a economia brasileira neste 2013. Vamos aguardar os próximos sinais do governo e a reação do mercado.   

A economia brasileira continuará travada em 2013, crescerá pouco mais que 3% no ano e menos que 7% no primeiro triênio da presidente Dilma Rousseff, segundo projeções captadas na semana passada pela pesquisa Focus, do Banco Central (BC). Se as estimativas estiverem certas, o Brasil se manterá como o menos dinâmico dos Brics e um dos menos ágeis entre os países em desenvolvimento. As previsões talvez melhorem nos próximos meses, mas os dados conhecidos até agora confirmam o desempenho muito fraco em 2012 e são pouco animadores em relação às perspectivas de curto prazo.

A informação mais recente é o índice de Atividade Econômica do BC (IBC-BR), publicado mensalmente. Para os analistas, esse dado serve como antecipação, embora imperfeita, do PIB calculado a cada trimestre pelo IBGE. Aquele indicador cresceu 0,26% de novembro para dezembro, descontados os fatores sazonais, e acumulou no ano uma expansão de 1,35%.

Este número é maior que as estimativas de aumento do PIB, quase todas em tomo de 1%, mas, apesar disso, também é muito ruim. Informações mais detalhadas e mais completas sobre a economia brasileira só serão publicadas dentro de algum tempo pelo IBGE, mas dificilmente surgirá um quadro muito diferente daquele conhecido até agora e confirmado, de modo geral, pelo índice mais recente do BC. O IBGE divulga todo mês levantamentos nacionais da produção industrial e das vendas do comércio varejista, além de informações sobre o emprego.

Os últimos dados, referentes a dezembro, confirmaram, de modo geral, o cenário observado ao longo do ano. O emprego se manteve elevado e a massa de rendimentos à disposição das famílias continuou maior que a de um ano antes. Essa condição, somada à expansão do crédito e aos estímulos fiscais ao consumo, permitiu a expansão do comércio. O volume dás vendas do varejo restrito (sem veículos, peças e materiais de construção) diminuiu 0,5% de novembro para dezembro, mas acumulou no ano um crescimento de 8,4%. No caso do varejo ampliado, as vendas de 2012 foram 8% maiores que as do ano anterior. Os resultados do emprego e do consumo privado contrastaram fortemente, no entanto, cóm os da produção industrial.

Segundo o IBGE, a indústria ficou estável de novembro para dezembro e acumulou em 12 meses uma redução de 2,7% em relação ao período anterior. No resultado global de 2012 houve queda em todas as grandes categorias de bens industriais até porque uma parte relevante do consumo foi suprida por mercadorias importadas. Mas o dado mais preocupante quando se tenta avaliar a perspectiva de expansão econômica é o recuo da fabricação de bens de capital, isto é, de máquinas e equipamentos destinados à reposição e à ampliação da capacidade produtiva e, em geral, à modernização tecnológica. 

Em dezembro, a produção desses bens foi 0,8% menor que no mês anterior e 14,7% inferior à de igual mês de 2011. A redução acumulada no ano chegou a 11,8%. A importação de máquinas e equipamentos foi obviamente insuficiente para compensar a retração das compras de bens de capital nacionais.

A queda do investimento limita fortemente a capacidade de crescimento do País. A expansão do PIB poderá ser um pouco maior a curto prazo, mas o impulso logo se esgotará, por falta de capacidade produtiva. Se o consumo privado e o custeio do governo continuarem aümentando, haverá um aumento das pressões inflacionárias, combinado, provavelmente, com uma piora das contas externas.

Uma sondagem do clima econômico da América Latina, realizada em janeiro, mostrou melhora na avaliação das condições imediatas em 5 dos 11 países cobertos. Em relação às perspectivas, a avaliação melhorou em 7. Nas duas listas, o Brasil aparece do lado da piora. Apesar disso, o índice de expectativas dos especialistas brasileiros entrevistados ficou em 7,2, acima da média de 10 anos (6). Esse otimismo pode ajudar. Difícil mesmo é explicá-lo, diante dos dados - especialmente dos investimentos - conhecidos até agora.    
 

PIB 2012: 1,6%?

Leio na FOLHA que o Banco Central estima crescimento do PIB de 1,6% em 2012, o menor resultado desde 2009.

O fraco desempenho da produção industrial e a desaceleração das vendas no varejo fizeram com que a economia crescesse pouco em dezembro e fechasse o ano com o pior resultado desde 2009, ano em que o país sofria os efeitos da crise financeira internacional.

É o que mostrou o IBC-Br (índice de atividade calculado pelo Banco Central para estimar o comportamento do Produto Interno Bruto).

Segundo esse indicador, a economia brasileira cresceu 1,6% em 2012. Mas o índice oficial do PIB, computado pelo IBGE a partir de dados colhidos dos setores da economia, só sai em 1º de março.

Economistas estimam que o resultado oficial tenha ficado abaixo do calculado pelo BC. As estimativas de analistas de consultorias e bancos giram em torno de 1%.

Silvia Matos, da FGV, observa que o descompasso entre o indicador do BC e o PIB do IBGE ocorre desde o segundo semestre de 2011.

Naquele período, o termômetro do BC apontava uma desaceleração maior da economia, o que não foi comprovado no PIB oficial. Em 2011, a economia cresceu 2,7%.

Ao longo do ano passado, entretanto, o indicador do BC apresentou resultados superiores aos do IBGE. Isso explica a discrepância entre o indicador do BC e o que esperam os analistas para o PIB.

"[O IBC-Br] É um indicador válido para se avaliar a tendência da atividade mês a mês, mas não deve ser observado isoladamente de outros dados da economia", diz ela.

Por isso, o dado divulgado ontem não alterou as expectativas de analistas de um "pibinho" no ano passado.

"O resultado de 2012 foi muito frustrante em termos de atividade. Não houve sinais de recuperação até agora. E, por enquanto, não há indícios de retorno dos investimentos", afirma Rafael Bacciotti, da Tendências.

Em dezembro, segundo o IBC-Br, a economia cresceu 0,26%, menos do que em novembro (0,57%).

A desaceleração do ritmo de expansão era esperada diante dos indicadores de atividade industrial e do varejo.

As vendas do varejo restrito (sem contar automóveis e construção civil) recuaram 0,5% em dezembro ante novembro. Mesmo com vendas recordes de veículos, o desempenho do varejo ampliado ficou aquém do esperado.

A produção industrial ficou estável em dezembro, mas no ano o resultado foi de queda de 2,7% ante 2011.

O resultado do varejo, apesar de positivo, não foi suficiente para levantar o PIB.

"Houve antecipação da produção e das compras por conta da expectativa do fim dos descontos no IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados]", diz Luis Otávio Leal, banco ABC Brasil.

Silvia Matos, da FGV, afirma que dados de sondagens com empresários deste início de ano ainda não sugerem que a retomada tenha se firmado. "Embora haja indícios de que janeiro foi melhor para a indústria, temos certa cautela sobre o que virá nos próximos meses."

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

A ameaça dos juros.

Editorial da FOLHA de hoje alerta para alta da taxa básica de juros ainda neste ano.

A escalada da inflação parece ter surpreendido o governo, a julgar por alguns sinais de desconforto. O acumulado em 12 meses atingiu 6,15% em janeiro, taxa incomodamente vizinha do limite superior da meta adotada pelo Planalto (cujo alvo é de 4,5%, mas com tolerância de dois pontos percentuais).

Esse comportamento dos preços não está em desacordo com a previsão do Banco Central de alta no primeiro semestre, seguida no entanto de um recuo para cerca de 5% no final de 2013 - mas essa expectativa já é posta em dúvida.

Analistas privados vinham trabalhando com inflação anual de 5,7% em 2013, bem acima da esperada em Brasília. Agora o governo também começa a mudar de tom.

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, avisara no final de janeiro que estava preocupado e atento. Foi secundado tardiamente pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que descartou a valorização do real para conter preços (ao estimular a concorrência de produtos importados) e admitiu que a taxa de juros é o instrumento adequado para fazê-lo.

Tradução: a alta dos juros neste ano não é mais descartada pelo governo. O mercado financeiro reagiu rapidamente, elevando a taxa de juros futura em seus negócios.

A aposta é que o BC dará um passo nessa direção na próxima reunião do Copom, em duas semanas, talvez omitindo do comunicado a indicação de que a taxa básica ficará em 7,25% por longo período.

Arrefece, assim, o otimismo artificial com o desempenho da economia. O governo, que já parecia resignado com um crescimento do PIB de 3%, agora se dá conta de que a inflação não cairá por si mesma para 5%, ou menos.

O problema não será resolvido com reduções de impostos na energia ou na cesta básica. Intervenções pontuais não têm o poder de desfazer a nociva associação de crescimento baixo (média de 1,8% no biênio) e inflação alta (6,15%).

Será muito positivo se o BC conseguir convencer o Planalto de que está perdendo a batalha das expectativas e que mais um ano de inflação tendendo para 6% (em 2012 foram 5,84%) traria efeitos graves na antevéspera de uma eleição.

O pior cenário para o governo seria ter de explicar à população por que seria imperativo elevar os juros numa economia que, segundo o próprio governo, ia tão bem.

Não há mais espaço para voluntarismo na política econômica. Desvalorização da moeda, relaxamento nos gastos públicos e busca de crescimento a qualquer custo desandam em inflação. Corrói-se o ânimo empresarial e o investimento. O aumento modesto da produção não aliviará tão cedo as pressões sobre os preços.

Não é certeza ainda que os juros subirão, mas esse risco agora cresceu - inclusive para o projeto eleitoral de Dilma Rousseff em 2014.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

O vaivém da moeda - Folha.


Editorial de hoje na FOLHA alerta para os riscos da atual política cambial.   

Um real forte demais decerto prejudica ao menos parte da indústria brasileira, pois barateia a compra de produtos importados.

Um real fraco demais tem efeito inflacionário, pois contribui para elevar ainda mais os preços domésticos. Na média, eles passam a avançar para um nível próximo do teto da meta oficial de inflação (ou 6,5%, uma vez que ela é de 4,5% ao ano, com tolerância de dois pontos percentuais).

A descrição dos efeitos mais simples e imediatos da variação do preço da moeda brasileira demonstra os limites da utilização da taxa de câmbio, apenas, como instrumento para lidar com as dificuldades da economia brasileira.

Alarmado com a pressão sobre os preços brasileiros de um dólar caro, que chegou a quase R$ 2,10, o Banco Central atuou no mercado para fortalecer o real.

Preocupado com a possibilidade de o dólar descer para um patamar próximo de R$ 1,85, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, informou que intervirá de modo a impedir tamanha valorização da moeda brasileira.

Dado este cabo de guerra, o dólar deverá variar em torno de um limite estreito, perto de R$ 2. É o que indica o Ministério do Desenvolvimento, que denominou o modelo de "câmbio vigilante", parente muito remoto do regime flutuante, extinto de fato entre 2011 e 2012.

Na prática, o preço do dólar não depende apenas das vontades do governo brasileiro. A redução dos juros, por exemplo, contribuiu para a desvalorização do real, com a queda na demanda pela moeda brasileira em consequência da saída de investidores estrangeiros (interessados em lucrar com a diferença entre a alta taxa brasileira e as de outros países, baixas).

Seja qual for o determinante da taxa de câmbio, porém, o preço da moeda por si só não é capaz de dar conta das insuficiências da política econômica. Não é possível controlar a inflação quando os juros estão baixos e os gastos são altos, ou tentar baixar custos desvalorizando o real e estimulando altas de salários.

Tais contradições só não resultam imediatamente em problemas críticos devido a remendos como controles de preços disfarçados (combustíveis, transportes públicos urbanos, reduções localizadas de impostos).

Remendos, por definição, são provisórios, assim como será provisório esse equilíbrio precário da nova política econômica. A conta chegará, um dia, por meio de juros mais altos, redução do consumo ou gradual deterioração das condições macroeconômicas do país.

Economia: Delfim Netto na Folha.


Hoje, na FOLHA DE S. PAULO, Delfim Netto e seu comentário sobre as mudanças que devem ocorrer na análise econômica.     

A crise "surpresa" de 2008 tornou instantaneamente obsoletos livros e textos de macroeconomia que se apoiavam em agentes abstratos. É tempo de grande humildade para a profissão. É preciso cada vez mais cuidado com a tendência a aviar "receitas" universais para a política econômica extraídas de modelos que têm pouco a ver com a realidade.

Para mostrar que não exagero, peço licença para transcrever dois pequenos textos de reconhecidas autoridades. O primeiro é da "OECD Economic Outlook" (1/2007), cujo departamento econômico possui dezenas de profissionais no "estado da arte".

Diz o texto: "No último 'Outlook', sugerimos que a desaceleração dos EUA não indicava um período de fraqueza para a economia mundial, como aconteceu na crise de 2001. Pelo contrário, um 'rebalanceamento' cuidadoso deveria ser esperado, com a Europa tomando a dianteira dos EUA em produzir o crescimento dos países da OECD [OCDE]". E acrescenta: "Os recentes acontecimentos confirmaram aquele prognóstico. De fato, a situação econômica é hoje, de muitas maneiras, melhor do que a que temos tido há anos". Isso no segundo semestre de 2007, só seis meses antes da tragédia!

O segundo é do competente economista D. Acemoglu ("The Crisis of 2008 - Structural Lessons for and from Economics", 1/2009): "Ainda que seja muito cedo para dizer como o segundo semestre de 2008 comparecerá nos livros de história, não pode haver a menor dúvida de que ele significará uma oportunidade crítica para a economia. É uma oportunidade para nós - e aqui digo a maioria dos economistas, entre os quais eu, infelizmente, me incluo - nos livrarmos de certas ideias que nunca deveríamos ter aceitado. É também a oportunidade para tomar alguma distância e refletir sobre o que temos aprendido com nossas investigações teóricas e empíricas - separar as que não foram contaminadas pelos eventos recentes - e perguntar se elas ainda podem nos guiar no debate atual sobre a política econômica".

Quais seriam as ideias nefastas a que se refere Acemoglu? Suspeito que uma delas é do Nobel Robert Lucas: "A teoria econômica é análise matemática. Todo o resto é figuração ou conversa" (Professional Memoir", 4/2001).

É fundamental que se reconheça o imenso fracasso de nossas teorizações para que possamos transcendê-las e começar a reconstruí-las com um ponto de vista diferente, reconhecendo que devemos introjetar a heterogeneidade do comportamento dos agentes que levam à sua auto-organização. Isso já está em marcha nos principais centros de pesquisa, mas vai levar anos para ser incorporado aos livros e textos, o que exigirá um esforço sério e redobrado dos nossos jovens professores para antecipá-las para seus alunos.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

O aprendizado capitalista em 2013.


Para quem ainda tem dúvidas e críticas, Joseph Alois Schumpeter escreveu que “o processo capitalista, não por coincidência, mas em virtude de seu mecanismo, eleva progressivamente o padrão de vida das massas”. Segundo Sylvia Nasar no seu detalhado livro “A imaginação econômica”, Schumpeter é aquele intelectual que, em meados de 1907, passava parte da manhã na Escola de Economia de Londres e parte no Museu Britânico, “onde fazia questão de trabalhar sentado à mesma mesa em que o gordo e malvestido Marx escrevera O Capital”.  

Quanta lucidez tinha Schumpeter. Para ele, “os governos que quisessem ver seus cidadãos prosperarem deveriam desistir de ambições territoriais e se concentrar em promover um clima favorável aos negócios – sólidos direitos de propriedade, preços estáveis, livre-comércio, impostos moderados e regulação consistente, em benefício dos empreendedores locais”.

Afinal, não é exatamente por isso que ainda estamos discutindo neste 2013?

Carnaval com inflação!

Na linha de frente deste Carnaval, a inflação tenta comandar a folia. No cearense Diário do Nordeste, o genial SINFRÔNIO, alerta para esse perigo.


segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Papa Bento XVI - 11.02.2013.



Hoje é um dia muito triste para a Igreja Católica. Por mais que a hierarquia católica demonstre tratar-se de uma situação já esperada, é totalmente incomum que um Papa da estatura intelectual de Bento XVI renuncie apenas por questão da idade avançada.

O ato de Bento XVI foi profundamente calculado e somente ele deve ter as razões pelas quais considerou tomar esta atitude tão drástica. Tenho certeza que, como sempre, a Igreja continuará sua milenar trajetória, porém ouso acreditar que algo bastante sério está acontecendo no seio da nossa Igreja.   

Isso posto, rogo a Deus que ilumine os cardeais e que este doloroso momento interno seja logo abençoado com a chegada de um novo Pontífice.

Business Best Sellers.


Neste Carnaval, observando na página seis do caderno “Sunday Business” do “The New York Times” de 03 de fevereiro passado, dos 15 atuais melhores livros de negócios disponíveis na América, estão na nossa estante os títulos abaixo:

  • FREAKONOMICS de Steve Levitt e Stephen Dubner;
  • STEVE JOBS do Walter Isaacson;
  • RÁPIDO E DEVAGAR do Daniel Kahneman;
  • FORA DE SÉRIE do Malcolm Gladwell;
  • O PONTO DA VIRADA, também do Malcolm Gladwell.


Realmente, isso é que é globalização! 

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Oscar e Bafta 2013.

Neste bloco dos filmes, abaixo recomendo os ótimos: ARGO - DJANGO LIVRE - LINCOLN - história e diversão para adultos. E vamos aguardar e torcer no Oscar 2013 próximo dia 24. 

Hoje, o prêmio Bafta, o Oscar britânico, premiou ARGO como o melhor filme do ano. E para Ben Affleck, o merecido prêmio como melhor diretor. Daniel Day-Lewis ganhou como melhor ator pelo excepcional LINCOLN e Christoph Waltz, em DJANGO LIVRE recebeu o prêmio como melhor ator coadjuvante. 

Realmente, os três filmes são imperdíveis e as premiações exatamente merecidas.     



quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

USP e UFC: Parabéns!


Na FOLHA DE S. PAULO de hoje, uma notícia que traz uma ótima notícia lá do meu Ceará.

A USP (Universidade de São Paulo) aparece em 19° lugar em ranking de universidades do mundo mais citadas na internet. O Ranking Web of Universities do Webometrics, divulgado pelo Conselho Superior de Pesquisas Científicas, traz 500 universidades. Abaixo as brasileiras mais citadas da internet:

Universidade Posição
USP 19ª
UFRGS 129ª
Unicamp 177ª
UnB 181ª
UFSC 205ª
UFRJ 241ª
UFMG 254ª
Unesp 294ª
UFF 312ª
UFPR 364ª
UFBA 444ª
UFC 482ª
Fonte: Ranking Web of Universities do Webometrics

O levantamento é baseado no impacto que as publicações científicas das instituições de ensino têm na internet. Entre as 500 instituições listadas, aparecem 12 brasileiras, todas são públicas, sendo nove federais e três estaduais.

As dez primeiras posições são ocupadas por universidades norte-americanas, estando a Universidade de Harvard na liderança.

Além da USP, destacam-se na lista a UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) em 129º, a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), em 177º lugar e a UnB (Universidade de Brasília), na posição 181ª. A UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) está em 205º, a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), em 241º, a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), em 254º, a Unesp (Universidade Estadual Paulista), em 294º, a UFF (Universidade Federal Fluminense), em 312º, a UFPR (Universidade Federal do Paraná), em 364º, a UFBA (Universidade Federal da Bahia), em 444°, e a UFC (Universidade Federal do Ceará), na posição 482.

O levantamento avalia as universidades quanto a qualidade do conteúdo publicado, levando em consideração as citações externas ao domínio da página universitária em que a publicação aparece. Além disso, os centros de ensino são avaliados quanto a presença --o número total de páginas hospedadas no domínio da universidade; abertura de arquivos anexados (.pdf, .doc, .docx, .ppt) disponíveis em sites relacionados; e excelência - trabalhos acadêmicos presentes em grandes publicações internacionais.

A pesquisa é divulgada semestralmente desde 2004. O objetivo, de acordo com o site da divulgação, é motivar as universidades a aumentarem a presença na internet. "Caso a performance da instituição estiver abaixo da posição esperada de acordo com a excelência acadêmica que tem, as autoridades deveriam reconsiderar a política na rede e promover um aumento no volume e na qualidade das publicações eletrônicas",  informa a metodologia do levantamento.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

A entrevista de Delfim Netto na FOLHA DE S. PAULO.


ANTONIO DELFIM NETTO em entrevista, hoje, na FOLHA DE S. PAULO. 

Folha - O senhor adotou um tom mais crítico em relação ao governo. O que o levou a isso?
Antonio Delfim Netto - Não mudou o tom coisa nenhuma. Eu acho que a política do Lula era boa. Considero a Dilma uma tecnocrata de altíssima qualidade. Tudo o que ela está fazendo está na direção certa. Começando com aquela intervenção na poupança, a redução dos juros, a redução do custo de energia.
O que eu digo é o seguinte, a minha mudança...
Chamei a atenção para uma coisa que foi exagerada, a operação quadrangular entre Tesouro, BNDES, Caixa Econômica. Aquilo diminui a credibilidade da política. Você não precisava do superavit primário de 3,1% [do PIB]; com 2% você fazia o serviço.

Os investidores parecem estar menos confiantes no governo.
O governo não tem conseguido produzir leilões capazes de atrair a iniciativa privada. Tenta fixar coisas que não podem ser fixadas simultaneamente.
Você pode fixar a qualidade da concessão. E depois fazer um leilão competitivo em que é determinada a taxa de retorno. Esse é o modelo ideal. Ou você fixa a taxa de retorno e o mercado vai responder com a porcaria que cabe dentro da taxa de retorno. O governo não pode é fixar as duas coisas ao mesmo tempo. Se ele não se afastar desse modelo, a qualidade dos serviços não será a desejada.

E a infraestrutura do país continuará com problemas?
Sim, nossa infraestrutura continuará em dificuldades.

Isso impacta o crescimento?
Não há razão para o Brasil não poder crescer entre 3,5% e 4% neste ano. Mas vai depender do nível de investimento. Se você conseguir concessões com qualidade razoável e taxa de retorno adequada, vai atrair o investimento privado.

O que mais o governo pode fazer para recuperar a confiança do setor privado?
Há medidas como a desoneração da folha de pagamento junto com a relativa desvalorização do real que estão produzindo efeitos importantes na estrutura produtiva e na própria exportação.
Mas, quando o governo faz uma intervenção intempestiva no câmbio, aquelas pessoas que tomaram o risco de acreditar na política de desoneração e de câmbio entram em estado de estresse.

O sr. se refere à intervenção do BC [para valorizar o real]?
É. Essa ideia de que corrigir cinco centavos no câmbio muda a expectativa de inflação é absurda.
Produziu algum efeito terrível físico? Não. Mas produziu uma dificuldade na credibilidade do governo.
Não se pode estressar mais o setor industrial.

O sr. também tem criticado os incentivos a setores escolhidos por meio do BNDES.
É verdade, acho que essa não é uma política das mais inteligentes, formar oligopsônios [em que poucas empresas, de grande porte, compram determinado produto] e oligopólios com recursos do Tesouro, porque é óbvio que não são instrumentos eficientes no processo competitivo. São contra a competição. Mas isso vem de muito tempo. Não tem nada a ver com a Dilma.

Vem do governo Lula?
Sim, vem do governo Lula. Tanto quanto sei até hoje, essa não é uma coisa que termine bem.

Como termina?
Com mais inflação.

A inflação hoje é um risco?
Não acredito. A inflação vai flutuar um pouco. O BC continua com os instrumentos, tem autonomia. É um erro imaginar que não opere. Como é um erro imaginar que o governo não saiba administrar essa política econômica.

O que tem acontecido de melhor no país?
O lado bom é que as instituições estão muito mais fortes do que sempre estiveram. O Brasil é o emergente que tem as instituições mais sólidas, como prova esse julgamento do STF [do mensalão]. E, mesmo que tenha crescido pouco, temos crescido reduzindo a desigualdade. A redução da desigualdade é tão importante quanto o crescimento.
E estou convencido: se o governo corrigir essas pequenas coisas, vamos crescer entre 3,5% e 4%. Se não corrigir, vamos ter um crescimento menor. Mas não significa que o Brasil vai entrar em estagnação. Simplesmente vai ter crescimento menor.

Mas isso não seria ruim?
É claro que um crescimento maior é melhor, desde que acompanhado desse aumento de igualdade de oportunidade. Este é o ponto central: estamos construindo uma sociedade mais decente, dando à economia de mercado o que falta a ela, que é a redução da flutuação no nível de emprego e o aumento da oportunidade de igualdade. Não há razão para esse catastrofismo que se apropriou do país.
O erro do truque fiscal produziu esse efeito. Permitiu que se generalizasse a ideia de que o governo não sabe o que está fazendo. Duvido que o governo repita esse erro.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Paris 2012.


Por que os juros caíram?


Hoje, na FOLHA DE S. PAULO, Samuel Pessoa, discorre sobre a queda na taxa de juros. 

Desde agosto de 2011 a taxa básica de juros reduziu-se em 5,25 pontos percentuais. A queda para valores próximos aos praticados nas demais economias representa o último passo que falta para que a estabilização macroeconômica da economia, iniciada com o Plano Real, em 1994, se complete.

A questão que se apresenta é sabermos os motivos que motivaram essa queda e, a partir desse diagnóstico, investigar se a queda será perene ou se será revertida à frente. Minha avaliação é que a queda da taxa básica de juros desde agosto de 2011, apesar de ser fato auspicioso e longamente esperado por todos, é sintoma de perda de produtividade e dinamismo da economia.

Se as condições que produziram a perda de dinamismo persistirem, a queda terá sido perene. Caso contrário, poderá haver em algum momento forte ciclo de alta de juros.

Intuitivamente associamos juros básicos elevados às situações de risco e de desempenho ruim da economia. O motivo é que durante muitas décadas a taxa de juros era instrumento utilizado para estabilizar o setor externo da economia.

Explico-me: o país tinha uma grande dívida externa e apresentava dificuldade para financiar a rolagem dessa dívida. Os investidores previam que, por conta dessa dificuldade, haveria uma forte desvalorização do câmbio, que faria com que sua riqueza aplicada no Brasil, medida em dólar, se desvalorizasse muito. Respondiam, portanto, tentando retirar sua riqueza do país.

Para contrabalançar, os juros domésticos elevavam-se para compensar os investidores pelo risco percebido de desvalorização e, portanto, "convencê-los" a não transferir seus recursos para fora do país.

Ou seja, mesmo em momentos em que a inflação não estava em elevação, os juros podiam subir. Esse mecanismo foi claríssimo no primeiro mandato de FHC antes da alteração do regime cambial, em razão dos diversos choques externos experimentados pela economia. Minha avaliação é que, desde 2004, quando o regime de política econômica implantado no segundo mandato de FHC consolidou-se no primeiro mandato de Lula, a taxa de juros deixou de oscilar em razão dos riscos percebidos de perda patrimonial e passou a responder aos excessos de demanda sobre a oferta da economia.

Na linguagem da profissão, diz-se que desde 2004 a taxa de juros passou a responder aos fundamentos do mercado de bens e serviços.

Por que motivo o juro real foi tão elevado entre 2004 e 2010? Minha resposta é que esse foi um período em que a demanda agregada -a soma de consumo e investimento- cresceu a taxas superiores à taxa de crescimento do produto, gerando uma situação de permanente excesso de demanda que pressionava preços e mantinha a inflação permanentemente elevada, o que requeria a subida dos juros para esfriar a economia e combater a inflação.

Se é verdade que esse foi um período de forte avanço do consumo (de 2004 a 2010 o consumo cresceu 5,5% ao ano para uma expansão do produto de 4,3%), a alta do investimento no mesmo período, de 8,7%, foi ainda maior. No período mais recente, de 2010 até 2012, o avanço do consumo continuou sendo superior ao crescimento do produto, mas expansão do investimento ficou abaixo: 4,6% ante 4,4% anuais.

Assim o fraco crescimento do investimento, aquém do produto, contribuindo para reduzir a demanda, explica a redução dos juros domésticos desde agosto de 2011.

Esse processo de juros em baixa deve persistir por mais uns trimestres: a projeção no Ibre-FGV é que o investimento continue crescendo aquém da produção ao menos no quarto trimestre de 2014, quando deve registrar o sexto trimestre seguido com crescimento negativo.

A questão é: os juros subirão se e quando o investimento voltar a crescer fortemente? Há duas possibilidades para que não ocorra a subida dos juros.

A primeira é que, com o retorno do investimento, a poupança doméstica cresça na mesma medida, de forma a não ser necessário recorrer à elevação da poupança externa para financiar a elevação do investimento.

A segunda é que a política econômica aceite uma elevação da absorção de poupança externa e, consequentemente, uma valorização do câmbio, quando o investimento retornar. Isso terá consequências não triviais para a indústria.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

De Obama@org para Dilma@gov.


Elio Gaspari, esta semana, na FOLHA DE S. PAULO.

De Obama@org para Dilma@gov

COMPANHEIRA DILMA,

Permita-me esse tratamento, apesar de estar atravessada na minha memória aquele dia de caça aos ovos de Páscoa nos jardins da Casa Branca em que a senhora veio aqui me dar aula de economia. Resta-lhe o crédito das minhas filhas terem adorado seu palácio, que o Ronald Reagan achou parecido com sede de empresa de seguros do Texas.

Decidi escrever-lhe porque há tempo suspeito que a senhora cometeu o mesmo erro que eu. Dispondo de três nomes para o Ministério da Fazenda, nomeei os três. Pus o Timothy Geithner no Tesouro, o Paul Volcker num conselho e o Larry Summers numa assessoria. 
(Imagine o que esse gênio de Harvard mandou pedir: um carro, presença em eventos e convites para jogar golfe comigo.) Deu tudo errado. Summers e Volcker foram-se embora e, se Deus me ajudar, troco o Geithner no ano que vem.

Esses jornalistas que sabem tudo dizem que eu quase capotei na curva por causa desse erro. Não foi assim. O Geithner garantiu-me um norte: a busca obsessiva pela confiança do empresariado. Sem isso, o país teria ido à breca. Sinceramente, sua turma está espancando essa gente. Aí, como cá, o sujeito tem uma sala no palácio e pensa que manda. Eu não sei o que a senhora quer fazer com as concessionárias de energia e de portos, mas sei que conseguiram produzir uma enorme confusão.

Lá pelo final de 2009, durante a discussão da política nacional de saúde, caiu-me a ficha. Meu problema não estava na economia, mas naquilo que vocês chamam de Casa Civil. A máquina da Presidência simplesmente não funcionava. Livrei-me de dois.

Sei que a senhora não tem sorte nesse tipo de escolha. Agora sua chefe da Casa Civil é candidata ao governo de um Estado. Essa é a receita da encrenca. Os êxitos caem por gravidade no colo do presidente, mas os fracassos dão-lhe a impressão que vão para a conta dos outros. É engano, companheira. Os fracassos grudam na gente com mais força que os sucessos. Enquanto estamos no palácio, todos nos dizem que isso não acontece. 

Quando vamos para rua pedir votos, vemos o tamanho do erro.

Redesenhe seu palácio, fuja dessas salas de eventos, vá para a rua, siga seus instintos, enquadre os ministros candidatos a governos. Sua tarefa é muito mais fácil que a minha. Se aqui houvesse uma oposição como a que há aí, eu passaria metade do meu tempo jogando basquete ou paparicando a Michelle. Antes que eu me esqueça, não perca tempo com a "The Economist". Desde 1848, quando foi fundada, ela ensina ao mundo que não há salvação fora da ortodoxia liberal. Que ninguém me ouça: a Inglaterra provou esse remédio e cada dia se parece mais com a Holanda.

Finalmente, um palpite, sem qualquer vestígio de torcida: admita que seu rival em 2014 será o juiz Barbosa. Quando eu lancei minha candidatura, o Vernon Jordan, respeitado líder negro, apoiava minha rival. A certa altura trocou de posição a explicou-se: "É duro disputar 
contra um movimento".

Lula, "o cara", representou um movimento.

Michelle, Malya e Sasha mandam-lhe um abraço. Marian, minha sogra, de quem talvez a senhora se lembre, acompanha-as, mas fala todo dia nesse juiz Barbosa.

Do companheiro Barack. 

A "The Economist" de Delfim Netto.


Delfim Netto, recentemente na FOLHA DE S. PAULO.

Leio semanalmente "The Economist" desde 1952, quando "filava" os exemplares recebidos pelo grande professor W. L. Stevens, a quem o Brasil deve a introdução da estatística fisheriana. Sempre admirei a clareza, a relativa imparcialidade e o tom doutoral e provocador da revista.

Ela se considera, convictamente, a portadora de uma ciência econômica universal, independente da história e da geografia. Dela extraí (com lógica invejável) as receitas de política econômica que levarão ao bem-estar social do mundo, com, talvez, um viés de maior conforto ao capital e às finanças.

Criada em 1843 por James Wilson -sogro do gigante Walter Bagehot, a quem entregou a sua editoria-, tinha por objetivo fundamental defender a liberdade de comércio então em discussão na Inglaterra. Fala, em seu benefício, que nos últimos 169 anos não mudou. Com altos e baixos, sobreviveu bravamente até tornar-se -não é possível ignorar este fato- a mais importante revista econômica internacional. Isso está longe, entretanto, de garantir a validade dos seus conceitos.

Se há uma virtude escassa na excelente "The Economist" é a humildade: ter ao menos uma pequena dúvida. Recusou, desde a sua origem, a lição do grande economista Ferdinando Galiani (1728-1787), que ensinou ser muito perigoso extrair conclusões políticas de abstrações universais!

O deselegante e injusto ataque "ad hominem" ao ilustre ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, partiu de duas premissas falsas:

1ª) O Brasil não estava "bombando" no início de 2011. O PIB caíra 0,3% em 2009 e, por puro efeito estatístico, aumentara 7,5% em 2010. O crescimento médio de 2009/10 foi de 3,6%, o mesmo número medíocre que vimos obtendo nos últimos 20 anos;

2ª) O ministro não errou sozinho quando sugeriu que o crescimento do terceiro sobre o segundo trimestre estaria entre 1,1% e 1,3%. Analistas financeiros no Brasil e no mundo, inclusive o "The Economist" (por seu instituto), acreditavam na mesma coisa.

O resultado apurado pelo IBGE (sobre o qual não paira qualquer dúvida de credibilidade) foi mesmo uma surpresa (0,6%). Isso nos deixa com um problema. Se os inúmeros estímulos postos em prática produzirem um crescimento de 0,8% do quarto sobre o terceiro trimestre, o PIB de 2012 será da ordem de 1%, um crescimento "per capita" nulo.

O baixo crescimento tem pouca coisa a ver com as políticas monetária, fiscal e cambial. Tem mais a ver com uma redução dos investimentos gerada por uma desconfiança exagerada entre o setor privado e o governo. Fez muito bem a presidente Dilma quando rejeitou a impertinente sugestão da revista. 

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...