segunda-feira, 12 de agosto de 2013

O esquecimento de Tombini.

Editorial do ESTADÃO revela que se por um lado o Brasil tem um sistema financeiro seguro, por outro lado o BACEN, em ligação direta com o governo, vem colaborando com antigas práticas que colocam em dúvida diversos dados econômicos.         

Faltou o capítulo mais picante - sobre o Tesouro Nacional, os bancos públicos e a política federal de crédito - na exposição sobre o sistema bancário brasileiro apresentada sexta-feira passada pelo presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, na abertura do seminário internacional sobre Riscos, Estabilidade Financeira e Economia Bancária, em São Paulo. Ele teve bons argumentos para descrever o sistema nacional como um dos mais regulados e mais controlados do mundo. A palestra principal seria a do presidente do Banco Central da Suécia, Stefan Ingves, também presidente do Comitê de Basiléia para Supervisão Bancária. Mas o anfitrião poderia, desde logo, e sem a arrogância de alguns colegas de Brasília, exibir um bom exemplo cie regulação e supervisão, testado com sucesso em 2007-2008, no estouro da última grande bolha de crédito.

O Brasil, disse Tombini, tem hoje uma capacidade diferenciada de monitoramento do sistema financeiro, graças ao registro obrigatório de todas as operações de crédito e de derivativos. Nenhum outro mecanismo de supervisão é mais amplo. De fato, instituições brasileiras dificilmente poderiam ter ido tão longe quanto as americanas e europeias nas operações originadas do financiamento imobiliário. Não havia, no caso brasileiro, áreas tão escuras e tão fora de controle quanto nos mercados financeiros do mundo rico. Os mecanismos de controle se estendiam, e assim continuam, muito além das transações dos bancos comerciais.

Além disso, regras até mais severas que as desenhadas pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS), de Basiléia, têm sido adotadas há muitos anos no Brasil. Graças aos mecanismos de controle e às ações de prevenção de risco, o sistema tem-se mantido saudável e o País poderá adotar sem dificuldade, como disse Tombini, as normas de Basiléia III.

A exposição de Tombini foi irretocável pelo menos sob um aspecto: descreveu com fidelidade o trabalho das autoridades monetárias e financeiras para tornar o sistema confiável e seguro. Mas o cenário seria um tanto diferente se ele se aventurasse, em sua palestra, pelo terreno bem menos seguro das relações entre o governo e as instituições sob seu controle.

Nesse caso, um de seus problemas seria mostrar onde fica a fronteira entre a área fiscal e a do crédito. Teria dificuldade para traçar uma linha precisa, por causa da crescente promiscuidade entre o Tesouro e as instituições financeiras da União.

Desde os primeiros impactos da crise internacional, o governo reconstruiu, sem usar esse nome, os processos da velha conta movimento, uma aberração fiscal e monetária mantida por muitos anos e extinta no final dos anos 80. Na primeira etapa, recursos fiscais foram usados em escala crescente para reforçar o caixa dos bancos federais e facilitar o crédito para investimentos. Na segunda, o Tesouro passou a recorrer, também de forma crescente, a dividendos dessas instituições para arrumar suas contas e garantir, na aparência, a realização do superávit primário programado para o ano.

Só no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Tesouro injetou 285 bilhões entre 2009 e 2012. Essas e outras operações com os bancos federais foram realizadas por meio de aumento da dívida bruta da União.

Ainda em junho, o governo aumentou sua dívida para passar R$ 15 bilhões ao BNDES e R$ 8 bilhões à Caixa. Parte das transferências ao BNDES foi para mantê-lo enquadrado nos padrões de Basiléia. Mas esse cuidado tem sido insuficiente para preservar a imagem do banco.

Essa imagem, tem sido severamente prejudicada por várias operações mal concebidas, malsucedidas e destinadas, em geral, a favorecer grupos selecionados para tornarem-se campeões nacionais. Os mais de R$ 10 bilhões aplicados no Grupo X7 do empresário Eike Batista, apenas alongaram uma enorme lista de ações muito discutíveis.


Regras de Basiléia, como disse o presidente Tombini, são apenas manifestações de bom senso. Pouco valem, quando os desmandos partem do governo e envolvem o uso voluntarista do Tesouro e dos bancos estatais.

Eliana Cardoso: Economista do Ano 2013.

Leio na FGV Notícias que a professora da Escola de Economia de São Paulo (EESP) Eliana Anastácia Cardoso é a Economista Homenageada desta edição do Prêmio Economista do Ano - Excelência em Economia 2013 pelo conjunto de sua obra.
 
Concedido pela Ordem dos Economistas do Brasil (OEB), o prêmio reconhece há mais de 50 anos os profissionais e alunos que se destacaram por sua contribuição para o desenvolvimento econômico do país ao proporem análises críticas e inovadoras para a Economia nacional.
 
PhD em Economia pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), Eliana Cardoso é professora titular na Universidade de Tufts, nos Estados Unidos, e professora visitante no MIT, em Yale, Georgetown e também na USP. No Banco Mundial, trabalhou como Lead Economist na China e como Chief Economist na Ásia do Sul, além de ter sido Secretária de Assuntos Internacionais no Ministério da Fazenda do Brasil e Conselheira no Departamento de Pesquisa do Fundo Monetário Internacional (FMI).
 
Eliana Cardoso também escreveu mais de 100 artigos em revistas profissionais no exterior no Brasil e á autora de livros como “Latin America's Economy: Diversity, Trends and Conflicts” – que em 1992 recebeu a menção honrosa da Association of American Publishers –, “Fábulas Econômicas” e “Mosaico da Economia”.
 
A professora ainda é colunista do jornal Valor Econômico e faz diversos artigos de opinião para o Estado de São Paulo.
 
A cerimônia de entrega do Prêmio Economista do Ano acontece hoje, às 18h30, no espaço Rosa Rosarum, em São Paulo.

domingo, 11 de agosto de 2013

Evento em Fortaleza: I Semana da Liberdade.


A colega blogueira economista cearense Cibele Bastos é a organizadora da I Semana de Liberdade - "Os 25 Anos de Constituição Federal: Do Estado Social ao Estado Liberal – Mito ou Possibilidade?" que acontece na nossa querida Fortaleza dias 5 e 6 de setembro próximo. 

Um evento que vai de Ayn Rand a Von Mises é mesmo imperdível.   

sábado, 10 de agosto de 2013

Na burocracia, boa parte da inibição ao crescimento.

Recente editorial do ESTADÃO e a confirmação para quem conhece o BRASIL: um país muito BUROCRÁTICO.   

Nada menos que 80% das pessoas entrevistadas para a publicação Retratos do Brasil, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), consideram que o País é burocrático ou muito burocrático. E mais de 70% entende que a burocracia provoca alta do preço de produtos e serviços, desestimula negócios e dificulta o crescimento econômico, Ainda pior, burocracia de mais favorece a corrupção: além da questão ética, a economia é afetada.

A pesquisa confirma o que a maioria dos brasileiros sabe na prática. E ajuda a explicar por que a energia perdida nos meandros oficiais resulta em taxas de crescimento aquém do potencial brasileiro.

Interna e externamente, o Brasil já é conhecido pelo excesso de burocracia. Em 2013, o estudo DoingBusiness, do Banco Mundial, classificou o País no 121º lugar entre aqueles onde é mais difícil empreender, de um total de 185 países analisados. Em 2012, o País ocupou a 122º colocação, ou seja, evoluiu apenas uma posição neste ano.

Segundo a CNI, a maioria acha difícil fazer um inventário, requerer aposentadoria, fechar uma empresa e tirar passaporte. Também é difícil limpar o nome e até alugar imóvel e tirar carteira de motorista. Os entrevistados também afirmam que deveria ser prioritário combater a burocracia. Parece óbvio, mas não é.

No passado, criar dificuldades para vender facilidades era a máxima adotada na política e em grande parte dos serviços públicos. Mas ainda hoje 57% dos brasileiros pensam que a burocracia é um mal necessário a ser tolerado e 63%, que ela coíbe o mau uso de recursos públicos.

Na verdade, excessos burocráticos elevam os custos das empresas e pesam nos orçamentos domésticos. Perdem-se recursos que iriam para consumo ou investimentos.

Entre a penúltima e a última pesquisa semanal Focus a mediana das projeções para o PIB deste ano caiu mais uma vez, de 2,28% para 2,24%.

A maioria dos economistas espera crescimento de apenas 2%. Há explicações para isso: incertezas quanto à inflação e aos compromissos fiscais; dificuldades externas; tributos altos; infraestrutura decadente; e, ao mesmo tempo, aparelhamento do Estado por pessoal pouco qualificado, incapaz de atrair investimento na magnitude de que o Brasil precisa para voltar a crescer.

O excesso de burocracia é marca da péssima qualidade de grande parte dos serviços públicos - geridos diretamente pelo Estado ou concedidos a companhias privadas. E isso empurra o PIB para baixo.

Inflação em queda, Dilma em alta.

Enquanto a oposição continua perdida, a inflação desacelera e a avaliação do governo Dilma volta a subir. 

Porém o mercado, mais atento, prevê aceleração do IPCA em agosto para 0,3% e projeta que a inflação feche 2013 em torno de 6,0%, ainda dentro da meta.

Lamentavelmente o país continua em baixo crescimento e, com otimismo, é possível que o PIB em 2013 chegue a apenas 2,3%, com uma previsão de 2,7% para 2014, um pouco maior que 2013.


O Brasil precisa deixar de ser o eterno país do futuro e tornar-se, verdadeiramente, o país do presente.  

É o crescimento da renda, estúpido.

LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS, economista-chefe da Quest Investimentos, em mais um de seus ótimos artigos sobre a economia brasileira, ontem na FOLHA DE S. PAULO. E com uma visão otimista, que sempre é bem vinda nestes tempos de crise.  

Embora tenha durado apenas o tempo de uma flor de manacá, a exposição do aumento dos índices de IDHM dos municípios do Brasil na mídia precisa ser recuperada. Talvez tenha sido a notícia mais importante do ano para os analistas que procuram olhar o Brasil sob a ótica das mudanças estruturais de nossa sociedade.

Os números são impressionantes e mostram um país que passa de uma posição vergonhosa no campo de desenvolvimento social para a companhia de sociedades mais justas e ricas. Mas essas informações entram em choque com o clima de que estamos próximos de um desastre e que tomou conta de boa parte dos agentes econômicos -- empresários e financistas -- nos últimos meses.

Não é possível que uma economia que fez com que a renda média real da sociedade dobrasse em 17 anos esteja à beira do abismo, mesmo que os resultados nos últimos três anos sejam decepcionantes.

Em 1993, a renda média anual do brasileiro era -- a valores reais de 2012 -- de R$ 5.016,00, equivalentes ao câmbio também de 2012 a US$ 2.500. Em 2010, 17 anos depois, esse número atingiu R$ 10.884,00, ou seja, próximo de US$ 5.500. Um aumento de mais de 100% no período, o que corresponde a uma taxa anual composta de 4,7%.

Mesmo se tomarmos como base a renda média de 1994, início do período do real, os números chamam a nossa atenção. Nesses 16 anos, entre o início do período de estabilidade de nossa moeda e o fim do ciclo de crescimento em 2010, o aumento real da renda média do brasileiro chegou a 64%, ou seja, cresceu a uma taxa anual de 3,14%.

Todo economista sabe -- ou deveria saber -- que o fator mais importante por trás das mudanças sociais é o crescimento econômico por um prazo longo. Importa menos a taxa anual de crescimento e mais a duração do período em que esse crescimento se sustenta.

Uma segunda verdade em que acredito é a que nos diz que o principal -- e mais difícil -- fator por trás do crescimento econômico sustentado é o aumento da renda real das famílias. Isso é verdade principalmente em uma sociedade de cigarras como a nossa, em que o consumo representa mais de 2/3 do PIB (Produto Interno Bruto).

Por isso, os dados do Pnud da ONU, publicados recentemente, não surpreenderam a equipe de economistas da Quest Investimentos. Afinal, o quadro inicial das apresentações institucionais aos nossos clientes, desde 2007, apresenta um gráfico da renda real calculada pelo IBGE entre 1978 e 2013 e mostra, por meio de uma linha de tendência, seu comportamento nesse período.

Em 1979, último ano do milagre econômico dos militares, a renda real anual era de R$ 7.464,00. Em 1993, fim do período em que tivemos uma hiperinflação histórica, o brasileiro médio ganhava anualmente apenas R$ 5.016,00. Ou seja, uma queda de mais 30% em 14 anos. Podemos contar essa mesma terrível história dizendo que, nesse período negro, o brasileiro empobreceu em média mais de 2% ao ano.

A mais importante consequência desse longo período de crescimento que tivemos depois do Plano Real pode ser vista -- a olho nu -- em uma fotografia da sociedade brasileira dividida em classes de renda. Ela também faz parte, desde 2006, das apresentações da Quest como um de seus pontos centrais.

Para chegar a ela, dividimos os brasileiros em apenas duas classes de renda: na primeira estão aqueles que estão inseridos na economia de mercado, ou seja, têm carteira de trabalho assinada, acesso a crédito bancário e no comércio e estão protegidos por programas sociais como aposentadoria, seguro-desemprego e outros que não o Bolsa Família. Na outra classe, estão os brasileiros que vivem na informalidade e não têm acesso às instituições do mundo formal.

Em 1993, os brasileiros da classe formal representavam um terço da população, ficando o grupo informal com os outros dois terços. Hoje temos a situação oposta, ou seja, dois terços vivem no mundo formal e o outro terço no informal. Uma mudança extraordinária e muito difícil de ser encontrada na história das nações emergentes como a nossa.

Peço agora ao leitor que volte ao título desta coluna.

Semana do Economista 2013 - CORECON PA

Na nossa SEMANA DO ECONOMISTA, o CORECON PARÁ tem uma excelente programação conforme divulgado no site http://www.coreconpara.org.br/noticia.php?id=261. 

Começa na próxima segunda-feira, 12, e vai até a quarta-feira, 14, a Semana do Economista 2013, promovida pelo Conselho Regional de Economia do Estado do Pará (Corecon-PA). O evento reúne, além de profissionais das ciências econômicas, empresários e autoridades interessadas e comprometidas com o desenvolvimento do Estado do Pará. 

A edição deste ano terá como tema o Empreendedorismo: um novo desafio para os economistas. O objetivo da Semana é mostrar aos profissionais paraenses as oportunidades abertas a partir dos projetos estruturantes previstos para acontecer no Pará nos próximos cinco anos. Este também será um momento de aprendizagem para os participantes, já que o Corecon-PA vai promover, durante a Semana do Economista, diversos cursos, oficinas e palestras para àqueles que se interessarem pela temática.

No dia da abertura, por exemplo, acontece palestra do diretor de Política Econômica do Banco Central do Brasil, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, com o tema "Conjuntura Econômica Regional e Nacional", além do lançamento do Boletim Regional do Bacen, que abrirá horizontes para quem pretende empreender no Norte do País. Já no dia 13, acontece o painel “As perspectivas e oportunidades nas organizações do terceiro setor do Brasil”, que será conduzido pelos economistas Sammy Machado Abud, que é analista Administrativo e Operacional do Amazoncred, e Alex Gonçalves de Souza, especialista em Gestão Empresarial. Outro ponto alto das programações será a palestra do gerente da Unidade de Políticas Públicas do Sebrae, Roberto Bellucci, sobre o “Empreendedorismo e o Economista”, que acontece às 19h do dia 13 de agosto, na sede do Corecon-PA. E como de praxe, na noite de encerramento da Semana do Economista, será feita a entrega do Prêmio de Monografia “Armando Correa Pinto”, aos alunos vencedores do certame. 

Este é um evento de reconhecida tradição na sociedade paraense. A Semana do Economista vem complementar a formação acadêmica dos estudantes universitários e dos profissionais da área. Ao longo dos dias de programação, promovem-se discussões e exposições relacionadas a temas de interesse atual, contando com a participação de consagrados profissionais, alguns de renome regional e nacional no cenário político e econômico.


SERVIÇO
Evento: Semana do Economista 2013
Data: 12 a 14 de agosto de 2013
Local: Sede do Corecon-PA.
End.: Rua Jerônimo Pimentel, 918, entre Marquês de Pombal e Soares Carneiro, próximo a Praça Brasil
Contato: Cantarely Costa (ASCOM) 8100-4409 / 3222-6917

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Pérsio Arida e a economia brasileira.

Leio no site do CORECON SP matéria do ESTADÃO com o economista Persio Arida.

Arida, um dos mais respeitados economistas do País, defende uma guinada radical na condução da economia e faz uma proposta para arrepiar os desenvolvimentistas: "Uma política mais decididamente liberal e menos intervencionista, mais pró-mercado". Diz que um país como Brasil, que cobra impostos como se fosse a Inglaterra, mas não investe quase nada como contrapartida, "está fazendo algo de muito errado". E mais: acha que o País perdeu seu potencial de crescimento.

A receita de Arida prega que o governo faça tudo ao contrário do que fez até agora: corte seus gastos, acabe com os subsídios a empresas privadas, segure os bancos públicos na concessão de crédito, procure acordos comerciais com os Estados Unidos, Europa e Ásia e esqueça o Mercosul.

domingo, 4 de agosto de 2013

Educação: ainda não chegamos lá.

Lamentável, mas é a cara do Brasil e o Clayton, no cearense O POVO, retratou com humor e ironia. 

Que o assunto seja objeto de verdadeiro debate na eleição de 2014.  


Retomada americana.

Leio na FOLHA de hoje, uma luz no fim do túnel, o que eu já esperava do país símbolo do capitalismo no mundo. 

Cada vez mais analistas apostam na aceleração substancial da economia americana já em 2014. Nem foi tão imponente o crescimento do primeiro semestre, mas já se constatam requisitos necessários para um desempenho melhor no próximo ano.

A dúvida, agora, diz respeito à velocidade da retomada e ao comportamento do Fed, o banco central dos Estados Unidos.

A crise financeira parece superada. Depois de longo período, os preços dos imóveis voltam a subir, e a inadimplência retorna aos baixos níveis históricos. Os bancos, que têm boa parte de seus empréstimos garantida por hipotecas, voltaram a ter lucros polpudos. O crédito deverá se expandir.

Além disso, como houve grande salto de produtividade, os custos para empresas americanas são muito baixos na comparação com competidores globais. Adicione-se o preço reduzido de energia, por causa da revolução tecnológica do gás de xisto, e tem-se um cenário novamente atrativo para indústrias que haviam deixado o país.

Não fosse o aperto das contas públicas, que deve subtrair 1,5 ponto percentual do crescimento, este teria sido ainda maior. Estima-se que, no ano que vem, o efeito desse aperto caia pela metade.

Com a economia nesse ritmo, tudo o mais sugere que o Fed, em breve, poderá mesmo diminuir os estímulos ao crescimento. Em outras palavras, o banco central dos EUA deve, num primeiro momento, reduzir a injeção de dinheiro na praça --hoje são US$ 85 bilhões por mês. Depois, em algum momento de 2014, esse tipo de intervenção deve ser interrompida.

Trata-se, a partir daí, de saber quando os juros, atualmente perto de zero, começarão a subir.

O principal empecilho parece ser o desemprego de 7,4%, ainda alto para os padrões norte-americanos. Faltam 2 milhões de postos de trabalho para o país retomar o nível pré-crise. Além disso, a inflação anual, em torno de 1% (a meta é de 2%), não constitui ameaça. Ao contrário do que ocorre no Brasil, não há, nos Estados Unidos, conflito entre crescimento econômico e alta de preços.

Por essa razão, as taxas de juros dificilmente serão modificadas antes de 2015. Quando se trata da maior economia do planeta, contudo, esse horizonte é perto o suficiente para que investidores comecem a redirecionar recursos aos Estados Unidos.

Já estão aí os efeitos desse cenário, como a valorização do dólar e a redução da entrada de capitais em países emergentes. Esse processo, vale lembrar, será duradouro.


Bancos - o custo de sua conta.

Colaborando com o orçamento dos meus ainda dois (milhões de) leitores, cuidado com os débitos em sua conta bancária. 

Pesquisa da Febraban – Federação Brasileira de Bancos, os bancos mais caros do país são o BRADESCO e o SANTANDER, seguido bem de perto pelo ITAÚ UNIBANCO e CITIBANK. Na Caixa Econômica Federal ainda é possível manter a sua conta pagando uma tarifa menor.   

Assassinos ao volante.

Excelente matéria de capa da VEJA desta semana. Quem trafega diariamente pela Rodovia Arthur Bernardes, conhece bem o que são “assassinos ao volante”. Enquanto isso, o poder público...   


Fraudes e incompetência atrasam Educação.

Este editorial publicado pelo O GLOBO na sexta-feira passada merece ser lido com muita atenção, pois é lugar comum reclamar que falta dinheiro para a Educação. Na realidade, falta é caráter. 

Da gestão Fernando Henrique Cardoso, passando pela Era Lula, até Dilma Rousseff são, grosso modo, quase duas décadas em que a Educação é um assunto prioritário do Executivo federal. Pode-se entender que, com acerto, o tema passou a ser uma preocupação de Estado.

É possível enxergar uma linha lógica em todo este tempo, com períodos de maior ênfase no avanço quantitativo - quando, no governo FH, buscou-se a universalização da matrícula no ciclo fundamental, e, a partir de Lula, principalmente no segundo governo, o duro e essencial trabalho na melhoria da qualidade do ensino público básico. Matriculado o maior número possível de crianças, a sequência natural seria mesmo aprimorar a transmissão de conhecimentos.

Não há qualquer dúvida sobre a estratégia. Os resultados é que indicam a extrema dificuldade no enfrentamento da má qualidade do ensino. Avança-se, mas fica a impressão de que poderia ser menos difícil. A recente divulgação de Índices de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), pelo Pnud (ONU), mostrou que mesmo cidades com os melhores indicadores não conseguiram bom rendimento na Prova Brasil (avaliação do ensino básico), nas disciplinas-chave de Matemática e Português. O aprofundamento no assunto reforça o diagnóstico de que não é apenas com mais dinheiro que a Educação dará o salto de que a sociedade necessita. Se fosse assim, a solução definitiva estaria no lado financeiro/fiscal.

Estudo de técnicos da Secretaria do Tesouro - não referendado pela secretaria e execrado, é claro, por prefeitos e o MEC - concluiu que pelo menos 40% dos gastos municipais com educação são desperdiçados, por corrupção e/ou ineficácia da própria máquina pública. Se fosse a metade (20%), já seria escandaloso, motivo para um esforço de emergência no governo para entender o que se passa e tapar os vazamentos.

O trabalho dos analistas Janete Duarte, Sérgio Ricardo de Brito, Plínio Portela e Luís Felipe Vital, além da professora da USP Fabiana Rocha, ganha respaldo de auditorias da Controladoria Geral da União (CGU), as quais detectaram fraudes e mau uso do dinheiro do Fundeb em 73,7% de 180 municípios auditados, em 2011 e 2012.

Isso significa desestabilizar a estrutura de financiamento do ensino público básico. Há erros decorrentes de incompetência administrativa, desvio de dinheiro para outros tipos de gastos, em detrimento, por exemplo, da remuneração de professores, e corrupção, roubo.

O conserto do sistema educacional público requer uma junta multidisciplinar - do promotor, procurador e policial a especialistas em gestão pública e treinamento pedagógico do professorado. Não é nada simples, mas tem de ser enfrentado. Desconfie-se, portanto, toda vez que se disser que basta dobrar os gastos com Educação para 10% do PIB.

Espantoso é que auditorias como esta se repitam diante de uma impassível burocracia. 

Mantega e a inflação.

Leio nas páginas amarelas de VEJA, Guido Mantega, o ministro da Fazenda falando que ”A pior coisa que existe para o Brasil é a inflação”. E continua “O governo jamais deixará a inflação sair do controle, mesmo que isso signifique reduzir a taxa de crescimento”.


Que os anjos digam AMÉM.

FHC: Cartas na mesa.

Mais um brilhante texto do presidente Fernando Henrique, hoje, no Estadão e no blog do Augusto Nunes na VEJA. 

Saí do Brasil depois que as manifestações populares provocaram um tsunami na avaliação dos principais dirigentes políticos. Na Europa o noticiário repercute a recidiva da crise egípcia, a volta da incerteza na Tunísia, a continuidade trágica da guerra civil síria, os atentados sem fim no Paquistão e no Afeganistão, enfim, uma rotina de tragédias preanunciadas que, vistas de longe, parecem “coisas do Terceiro Mundo”. Enquanto isso, a China vai encolhendo sua economia, os EUA confiam na recuperação e a Europa se contorce em ajustes sem fim. Do Brasil ecoam apenas os passos do papa, por vezes tocando o solo lamacento dos ermos para onde o levaram em sua pregação.

De nossas aflições financeiras os mercados externos só eventualmente tratam, mas delas sempre se cuidam, retirando suas aplicações ao primeiro sinal de alarme. Do desabamento político poucas referências há. Embora nenhuma crise de legitimidade tenha sido o gatilho do torvelinho popular, este terminou por mostrar que existe algo parecido com ela. Se de nossa política a mídia ocidental cuidasse, talvez visse que nem só na África e no Oriente Médio há um desencontro entre o poder e o povo. Há algo que não está funcionando direito na política, mesmo nas partes mais longínquas do Ocidente, como a América do Sul. Há um elo nesse desarranjo: as sociedades urbanas de massas, agora hiperconectadas pela internet, sentem-se mal representadas pelos que as comandam. Isso vale tanto para nós como para a Itália, a Espanha, a Grécia ou Portugal, assim como valeu para a Islândia ou pode vir a valer para outras regiões onde, além da crise de legitimidade política, choques culturais e religiosos acrescentem outra crise à de identidade.

Em nosso caso, como nos demais países ocidentais, o fator geral mais evidente que condiciona e possibilita o surgimento do mal-estar político deriva da grande crise financeira de 2007/8. Mas seria enganoso pensar que basta retomar o ritmo do crescimento da economia e tudo se arranja. É melhor ter cautela e reconhecer que, uma vez visto o rei nu, sua magia se desfaz ou engana menos incautos. As novas formas de sociabilidade criadas pelos meios diretos de informação e comunicação estão a requerer revisão profunda no modo de fazer política e nas instituições em que o poder se exerce. A desconfiança nos partidos e nos políticos é generalizada, embora não atinja o mesmo grau em todos os países, nem as instituições desabem ou sejam incapazes de se aprimorar. Até agora os efeitos construtivos da pressão popular sobre as instituições ─ salvo na Islândia ─ estão por se ver. Mas basta haver eleições para que os governos (de esquerda, de direita ou o que mais sejam) caiam, como cairia o nosso se as eleições fossem em breve.

A questão é complexa e há responsáveis políticos, em maior ou menor grau. Para começar, o governo Lula zombou da crise, era uma “marolinha”, e seguiu funcionando, fagueiro, como se nada precisasse ser feito para ajustar o rumo. Houve, portanto, uma avaliação errada da conjuntura. Mas houve outras barbeiragens. O lulopetismo, arrogante, colocou a lanterna na popa do barco e, rumando para o passado, retomou as políticas dos tempos militares geiselianos como se avançasse intrépido para o futuro. Tome subsídios para pobres e ricos, mais para estes que para aqueles, mais sem razão ao ajudar os ricos mais que os pobres. Perceberam tarde que o cobertor era curto, faltaria dinheiro. Se há problemas, tome maquiagem: o Tesouro se endivida, pega emprestado dinheiro no mercado, repassa-o ao BNDES, que fornece os mesmos recursos aos empresários amigos do rei. Toma-se dinheiro a, digamos, 10% e se concede a 5%. Quem paga a farra: eu, você, os contribuintes todos e os consumidores, pois algo dessa mágica desemboca em inflação.

A maquiagem fiscal já não engana: mesmo o governo dizendo que sua dívida líquida não aumenta, quem sabe ler balanços vê que a dívida bruta aumenta e os que investem ou emprestam, nacionais ou estrangeiros, aprenderam muito bem a ler as contas. Deixam de acreditar no governo. Mais ainda quando observam sua ginástica para fingir que é austero e mantém o superávit primário.

Não é só. Em vez de preparar o Brasil para um futuro mais eficiente e decente, com regras claras e competitivas que incentivassem a produtividade, o “modelo” retrocedeu ao clientelismo, ao protecionismo governamental e à ingerência crescente do poder político na vida das pessoas e das empresas. E não apenas graças a características pessoais da presidenta: a visão petista descrê da sociedade civil, atrela-a ao governo e ao partido, e transforma o Estado na mola exclusiva da economia. Pior e inevitável, a corrupção, independentemente dos desejos de quem esteja no ápice, vem junto. Tal sistema não é novo, foi coroado lá atrás, ainda no primeiro mandato de Lula, quando se armou o mensalão. Também neste caso há responsáveis políticos e nem todos estão na lista dos condenados pelo Supremo.

Com ou sem consciência de seus erros, o petismo é responsável por muito do que aí está. Não por acaso seu líder supremo, depois de longo silêncio, ao falar foi claro: identificou-se com as instituições que as ruas criticam e, como Macunaíma, aconselhou a presidenta a fazer oposição a si mesma, como se governo não fosse…

Se as oposições pretenderem sobreviver ao cataclismo, a hora é agora. O Brasil quer e precisa mudar. Chegou o momento de as vozes oposicionistas se comprometerem com um novo estilo de política e de assim procederem. Escutando e interpretando o significado do protesto popular. Sendo diretas e sinceras. Basta de corrupção e de falsas manias de grandeza. Enfrentemos o essencial da vida cotidiana, dos transportes à saúde, à educação e à segurança, não para prometer o milagre da solução imediata, mas a transparência das contas, das dificuldades e dos propósitos.

E não nos enganemos mais: ou nos capacitamos para participar e concorrer num mundo global áspero e em crise ou nos condenaremos à irrelevância.

IDHM 2013 - Ceará.

Enquanto isto, lá no nosso Ceará, o humor de Sinfrônio não nos deixa esquecer os problemas do dia a dia.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

A mensagem de Francisco.

Leio no Estadão um excelente editorial sobre a recente visita do Papa. 

A passagem do papa Francisco pelo Brasil gerou grande entusiasmo entre os devotos católicos, graças à sua inequívoca cobrança por renovação da Igreja.

Em razão de sua linguagem coloquial e direta e de sua genuína disposição de se aproximar das pessoas comuns, conseguiu deixar também mensagens importantes para os brasileiros em geral.

A visita pode ser considerada como o início prático de seu pontificado, e nela ficou clara a determinação de Francisco de sacudir a Igreja e reaproximá-la dos pobres. Ele defendeu a mudança das “estruturas caducas” da instituição que dirige, para fazer com que o trabalho eclesial tenha por objetivo não mais a “Igreja como organização” e, sim, “o povo de Deus na sua totalidade”.

Francisco condenou a interpretação ideológica da mensagem evangélica, o que chamou de “reducionismo socializante”. Foi uma referência à Teologia da Libertação, que faz uma leitura marxista das palavras de Jesus Cristo e as caracteriza como uma denúncia contra as injustiças sociais.

Mas a crítica do papa também disse respeito à leitura do Evangelho de acordo com o “liberalismo de mercado” ou como uma mera forma de autoconhecimento - e, portanto, sem sentido missionário.

O papa criticou ainda o “restauracionismo”, isto é, o movimento que defende o recurso à absoluta disciplina doutrinária para restabelecer os pilares da Igreja. Para ele, trata-se de uma regressão.

Na outra ponta, Francisco atacou a ideia de transformar a Igreja numa empresa ou numa ONG, de acordo com uma certa “teologia da prosperidade”, em que a fé é recompensada por ganhos pessoais.

Assim, para Francisco, ao católico não basta ater-se à doutrina ou sonhar com a utopia do fim das desigualdades. É preciso arregaçar as mangas e ser um “discípulo missionário”, que represente o “Deus que sai ao encontro de seu povo”. No caso dos bispos, disse o papa, é preciso que sejam “homens que amem a pobreza” e que “não tenham psicologia de príncipes”.

Francisco, que já está sendo chamado de “o papa do povo”, pediu que a Igreja deixe a acomodação e “saia às ruas”, e que os fiéis sejam “cristãos de verdade, não cristãos de fachada”.

A humildade como princípio e a disposição ao diálogo também nortearam os discursos do papa dirigidos às autoridades seculares. Depois de criticar “pessoas que, em vez de procurar o bem comum, procuram o próprio benefício”, ele defendeu que a formulação de políticas públicas seja baseada em valores éticos. Pediu ainda que os líderes políticos atuem somente após refletir sobre as consequências das decisões que tomam, de modo a “chegar ao centro dos males da sociedade”- Trata-se, em suas palavras, da imposição de “um vínculo moral com uma responsabilidade social e profundamente solidária”.

Numa mensagem direta tanto aos governantes como aos eleitores brasileiros, Francisco disse que “é impossível imaginar um futuro para a sociedade sem uma vigorosa contribuição das energias morais”, de modo a evitar que a democracia fique “fechada na pura lógica da representação dos interesses constituídos”.

Para isso, segundo o papa, é preciso estabelecer o diálogo, que é a única solução “entre a indiferença egoísta e o protesto violento” - referindo-se tanto à apatia política como a seu extremo oposto, isto é, a violência como forma de manifestação, algo que diversas capitais do País vêm enfrentando há semanas. “Ou se aposta na cultura do encontro ou todos perdem”, disse Francisco.

Aos jovens a quem se dirigiu na Jornada Mundial da Juventude, o papa pediu que fossem “revolucionários”, isto é, que “se rebelem contra essa cultura do provisório”, assumindo responsabilidades sem se deixar levar “pelas modas e conveniências do momento”.


Tal convocação não diz respeito somente às convicções cristãs, mas à necessidade de que os jovens brasileiros, nas palavras do papa, “não sejam covardes”, que superem o desgosto com a política, que não se rendam ao estereótipo de que são imaturos e que assumam o papel de “protagonistas da História”.

domingo, 14 de julho de 2013

France: 14 Juillet.


Nossa homenagem à França neste especial 14 de Julho. 

País rico é país sem corrupção.


Sinfrônio, no cearense Diário do Nordeste, escancara a cara do Brasil.  

Washington não combina com Brasília.

O brasileiro Alain Belda, de 70 anos, foi entre 1999 a 2009 diretor mundial da Alcoa, o colosso americano de alumínio com 120.000 funcionários, que faturava então US$ 30 bilhões e atuava em mais de 30 países. Durante esse período, Belda precisou ir a Washington umas quatro vezes.  

Enquanto isso no Brasil, num governo que mantem 39 ministérios onde a maioria da população talvez conheça o nome de apenas um ou dois, no máximo, Ministros, o empresário precisa visitar Brasília umas quatro vezes ao ano.

País rico é país sem miséria e sem burocracia.

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...