O diretor de rating
soberano da Standard & Poors, Sebastian Briozzo, afirmou à Agência Estado que a
administração austera das contas públicas pelo governo federal foi fundamental
para que a agência elevasse o rating soberano do Brasil de BBB- para BBB, com
perspectiva estável.
"Precisamos de algum tempo para avaliar o desempenho da economia pela
administração da presidente Dilma Rousseff e comprovamos que vários
indicadores, especialmente os fiscais, apresentaram um desempenho
positivo", destacou.
Ele referiu-se à
decisão do governo de cumprir um superávit primário cheio de R$ 117,89 bilhões
neste ano. No dia 29
de agosto, quando a crise internacional ingressava no seu estágio mais grave
neste ano, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou que esse resultado
foi aumentado para R$ 127,89 bilhões.
De acordo com Briozzo, as
manifestações do governo, por parte de várias autoridades, como Mantega, o
presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e pelo secretário-executivo da
Fazenda, Nelson Barbosa, de que o superávit primário cheio é a meta também
para 2012, 2013 e 2014 foi outro elemento essencial para a elevação do rating
do País. "O compromisso fiscal de médio e longo prazo também são fatores
importantes para a nossa decisão", destacou. "A questão fiscal é um
elemento decisivo que permite o Banco Central de dar continuidade ao processo
de queda dos juros", destacou.
Briozzo que a condução
das contas públicas no Brasil é um dos diferenciais do País em relação a outras
nações. "A condução da política econômica com suas principais
ferramentas, como a gestão fiscal sólida, foi um dos fatores que permitiram a
alta do rating do Brasil, num contexto mundial onde outros países tiveram suas
notas reduzidas, como os EUA", destacou.
A evolução das contas
públicas do Brasil ganha uma avaliação positiva de várias instituições
internacionais, como o FMI, o que dá respaldo à avaliação da S&P sobre o
País. De acordo com o Monitor Fiscal do Fundo, a dívida pública bruta
brasileira deve atingir neste ano 65,0% do PIB, enquanto deve baixar
gradualmente pelo menos um ponto porcentual do produto interno bruto por ano
até 2016, quando deve atingir 57,2% do PIB. No caso de várias outras
nações, o FMI prevê um desempenho bem menos alvissareiro desse passivo no mesmo
período. Nos EUA, a dívida bruta deve saltar de 100% do PIB neste ano para
115,4% em 2016, no Japão deve avançar de 233,1% do PIB para 253,4%, enquanto,
na Alemanha, deve variar de 82,6% do PIB para 75,0%. De acordo com o FMI, este
passivo do Reino Unido deve variar de 80,8% para 80,4% do PIB, enquanto que na
França deve subir de 86,8% para 87,7%, no caso da Grécia, oscilar de 165,6%
para 162,8%, variar na Itália de 121,1% para 114,1% e subir em Portugal de
106,0% para 110,5% do PIB.
Para as principais
agências internacionais de rating, como a S&P, Moody's e Fitch, a evolução
do endividamento público é um dos principais indicadores de capacidade de
pagamento o passivo mobiliário, o que é muito relevante para os credores de
títulos soberanos.
Quanto melhor a capacidade de um país honrar seus passivos, inclusive externos,
melhora a confiança de investidores sobre aqueles papéis, o que tende a reduzir
os juros cobrados por eles.
Segundo Sebastian
Briozzo, os bons resultados das contas externas do Brasil também foram
fundamentais para que a Standard & Poor's elevasse o rating do País. Um dos
fatores que ele se referiu foi a evolução das reservas internacionais, que
subiram de US$ 205 bilhões em agosto de 2008 para US$ 351,6 bilhões, registrada
ontem pelo BC.
"O País aproveitou muito bem a conjuntura internacional, apesar de ter
sido marcada por turbulências nos últimos anos, para melhorar seus indicadores
externos", disse.
Briozzo disse também que
a decisão do Banco Central, defendida pelo presidente da instituição, Alexandre
Tombini, de ter adotado uma inflexão da política monetária no dia 31 de agosto
foi outro fator fundamental que colaborou na elevação do rating do País. "A
decisão do BC naquele momento, que contou com o auxílio da política fiscal
austera, deu condições para Brasil mitigar os efeitos da crise internacional
sobre a sua economia", destacou.
De janeiro a julho, o
Copom elevou a Selic em 1,75 ponto porcentual, mas, no último dia de agosto,
decidiu adotar um ciclo de cortes "moderados" da taxa, quando reduziu
o juro básico em 0,50 ponto porcentual. O presidente do BC destacou que a piora
da crise internacional, sobretudo na Europa, fez com que o BC agisse de forma
preventiva, pois "é dever do Banco Central atuar de forma proativa
visando a mitigar potenciais riscos, principalmente quando eles não são
perceptíveis ou mesmo não são aceitos pela maioria dos agentes participantes do
mercado", afirmou no dia 31 de outubro, em evento realizado pela
Associação Brasileira de Bancos Internacionais (ABBI) em São Paulo.
"E a sólida
gestão das contas públicas pelo governo vai permitir a manutenção do processo
de queda de juros, o que colabora para a continuidade das perspectivas
favoráveis de crescimento do País", destacou Briozzo.
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