Uma leitura imperdível no ESTADÃO sobre o que realmente consegue mudar um país. Acorda Brasil para a educação. 2012 vem aí. E educação é o que realmente importa.
Os números do Censo Demográfico de 2010
divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram
o quanto o Brasil ainda está atrasado em matéria de educação em geral - e,
principalmente, em ensino fundamental. Na verdade, o País registrou alguns
avanços importantes, na última década, mas eles foram insuficientes para
aumentar o nível médio de escolaridade da população e, por tabela, para elevar
a taxa de formação de capital humano - condição indispensável para a passagem a
padrões mais sofisticados de produção.
Segundo o Censo Demográfico de 2010, a
parcela de crianças de 10 anos analfabetas diminuiu de 11,4% para 6,5% na
última década - um índice ainda muito alto e muito preocupante. A taxa de
analfabetismo das pessoas com mais de 15 anos - que foi de 20,1% em 1991 e de
13,6% em 2000 - caiu para 9,6% no ano passado. A queda é expressiva. Em termos
concretos, todavia, a taxa de 9,6% significa que ainda existem cerca de 13,9
milhões de brasileiros com idade igual ou superior a 15 anos que não sabem ler,
escrever ou fazer as quatro operações aritméticas. Em termos comparativos, o
porcentual de analfabetismo no Brasil entre as pessoas dessa faixa etária
continua muito acima dos níveis registrados pelo Banco Mundial e pela OCDE para
países africanos pobres, como o Zimbábue (com 8% de analfabetos com 15 anos ou
mais) e a Guiné Equatorial (com 7%).
Como era esperado, a pesada herança das
desigualdades sociais e regionais do País afetou os números do Censo
Demográfico de 2010, em matéria de educação. No Sudeste e no Sul, a taxa de
analfabetos com mais de 15 anos é de 5,4% e 5,1%, respectivamente. Na Região
Centro-Oeste, ela sobe para 7,2%. No Norte, vai a 11,2%. E no Nordeste, atinge
19,1%. Alagoas é o Estado com maior porcentual de analfabetos de crianças com
mais de 10 anos (22,5%), seguido de Piauí (21,1%), Paraíba (20,2%) e Maranhão
(19,3%). Já nas capitais, Maceió tem a maior proporção de crianças que não
sabem ler ou escrever (11,6%), seguida de Macapá (7%) e Manaus (7,1%).
O Censo Demográfico de 2010 também
apontou as disparidades entre as áreas urbana e rural. Nas áreas rurais, a taxa
de analfabetismo entre as pessoas com mais de 15 anos é de 23%, chegando a
32,9% no Nordeste rural. Na região, há 32 cidades com mais de 25% de jovens
adultos analfabetos que não são atendidos por qualquer programa oficial de
alfabetização.
O Censo apontou ainda outro ponto
preocupante. Embora o País tenha universalizado a oferta de matrículas no
ensino fundamental, as taxas de crianças e jovens que não frequentam escola
ainda são significativas. Na faixa etária de 7 a 14 anos, a taxa foi de 3,1%,
em 2010. Na faixa etária entre 15 e 17 anos, ela foi de 16,7%. No Sudeste, a
taxa de jovens desta faixa etária fora da escola é de 15%. No Centro-Oeste, é
de 16,9% e na Região Norte, de 18,7%. E, ao contrário de outras áreas em que o
Nordeste registra os piores indicadores, aqui seu porcentual é de 17,2% - pouco
inferior ao da Região Sul, com 18,6%. Trocando em miúdos, apesar dos
investimentos na expansão da rede pública de ensino fundamental, o País
continua sem conseguir manter parte das crianças e adolescentes nas salas de
aula.
Os números do Censo revelam que o ensino
fundamental vai mal e mostram que os programas de redução do analfabetismo
adulto e funcional estão longe de dar os resultados esperados. Em outras
palavras, o que o Censo Demográfico de 2010 mostra é que as prioridades da
política educacional devem recair, basicamente, na melhoria de qualidade do
ensino fundamental e do ensino médio. Na década anterior, porém, o governo
atirou para todos os lados - desperdiçando tempo e dinheiro, por exemplo, com a
expansão da rede de universidades federais, programas de cotas sociais e
demagógicos projetos de democratização na gestão das instituições de ensino
superior. Se tivesse concentrado sua atenção nos ensinos básico e médio, a esta
altura o Censo do IBGE não estaria mostrando que a educação brasileira continua
abaixo dos padrões exigidos por uma economia dinâmica e competitiva.
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