sexta-feira, 29 de julho de 2011

O governo e a batalha do câmbio.

LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS, 68, engenheiro e economista, é economista-chefe da Quest Investimentos. Foi presidente do BNDES e ministro das Comunicações (governo Fernando Henrique Cardoso). Entende mais do assunto do que muitos colegas de economia... Veja o que ele escreveu hoje na FOLHA DE S. PAULO. Na verdade parece que o nosso governo está PERDIDO diante de um cenário internacional muito confuso e preocupante, os Estados Unidos a um passo do calote, o brasileiro com muito medo da volta da inflação ao nosso dia a dia etc. Logo, o futuro é incerto, mas prevejo para os próximos meses o US$ entre R$ 1,50 a R$ 1,70. Espero que minha bola de cristal esteja limpa...

Com o real chegando a seu momento de maior força em relação ao dólar, o governo Dilma Rousseff cruzou uma nova fronteira em sua confusa e pouco eficiente estratégia de proteger a indústria brasileira.

Pela primeira vez desde que o ministro Guido Mantega cunhou a expressão "guerra cambial", o governo tomou medidas para atingir o mercado futuro de câmbio na BM&F.

Ao taxar essas operações com o IOF e estabelecer um marco legal para fixar --por medidas administrativas do CMN-- o nível de garantias exigidas, o governo --como Cesar-- cruzou o Rubicão.

Não há mais volta, pois, ao interferir em um mercado tão grande e tão interligado com o lado real da economia sem a devida reflexão sobre seus efeitos --e esse é certamente o caso--, o governo criou algo muito perto do caos.

Estou fora do país, mas os relatos que tive sobre a coletiva do ministro Mantega são suficientes para compor esse quadro de desconhecimento profundo das consequências das medidas adotadas.

Posso afirmar isso porque participei em 1986, quando era diretor do Banco Central, de algo muito semelhante. Pressionado para enfrentar a questão das expectativas de inflação embutidas nas taxas de juros dos títulos públicos, o Banco Central mudou a tributação desses papéis sem a necessária avaliação de suas consequências na economia como um todo.

Tudo virou um inferno, e uma sequência de novas medidas foi necessária para tentar enfrentar as maiores distorções que apareceram. E, a cada tentativa de correção, novos problemas se colocavam. No final, tivemos de voltar atrás...

A questão do real forte é ainda mais complexa do que a que o Banco Central enfrentou décadas atrás. E isso ocorre por várias razões.

A mais importante delas está relacionada às complexas relações entre mercados internos e externos que existem hoje na economia brasileira. E não estou falando apenas de relações financeiras, mas sim da complexa interação entre as cadeias produtivas em setores importantes do tecido produtivo. As importações fazem parte do cotidiano das empresas brasileiras, o que as obrigam a realizar operações de proteção contra a flutuação da taxa cambial.

Também os exportadores, principalmente no setor de produtos primários, precisam de mecanismos de proteção contra as flutuações de grandes proporções que ocorrem hoje nos mercados futuros desses produtos no exterior. E essas operações de proteção trazem, juntas, as flutuações nos mercados de câmbio.

Poderia escrever muito mais sobre as relações econômicas, e, como já disse, não apenas as financeiras, que estão por trás das operações de taxas de câmbio futuro na BM&F.

Mas tenho certeza de que isso não é necessário para mostrar ao leitor da Folha a fragilidade que está por trás das decisões tomadas pelo governo Dilma nos últimos dias.

Quando escrevo esta coluna, os mercados estão paralisados à espera de esclarecimentos do governo sobre as medidas tomadas. Já tenho muito tempo de estrada para acreditar que elas virão. Volto a afirmar que ninguém no Ministério da Fazenda --inclusive o ministro Mantega-- tem a menor ideia sobre a caixa de surpresas que eles abriram agora.

Uma coisa é certa: ao longo dos próximos dias um mercado futuro de taxas de câmbio, tendo o real como uma das pontas das operações, vai aparecer em Chicago ou em outras praças financeiras.

As demandas por operações desse tipo fazem parte hoje do que chamo de metabolismo da economia brasileira. Por isso, elas vão reaparecer em outros lugares. Mas, como sempre ocorre nessas situações, os custos de transação vão aumentar para quem faz negócios no Brasil e com o Brasil. Os pensamentos estratégicos que os chineses, em seus 5.000 anos de história, nos deixaram foi o de nunca usar um canhão para matar uma formiga.

Os efeitos colaterais que ocorrem quando isso acontece são sempre muito maiores do que os eventuais benefícios gerados. Vamos testar no Brasil de hoje a sabedoria estratégica dos chineses.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

A semana feliz de Delfim Netto.

A última semana foi marcada por alguns fatos da maior importância:

1º) A decidida aplicação (com amplo apoio da sociedade) de um aditivo anticorrupção no combustível do Ministério dos Transportes;

2º) A forte indução do governo para que a Petrobras e a Vale enfrentem com determinação o problema do potássio;

3º) E, não menos importante, a adequação do orçamento da Petrobras nos termos da sugestão do ministro da Fazenda, Guido Mantega, à presidente Dilma Rousseff. Isso reduzirá a pressão inflacionária no curto prazo e dará tempo para melhorar as condições de competição do equipamento nacional na exploração do pré-sal.

Os três fatos revelam a recuperação de uma visão de longo prazo absolutamente necessária para que o Brasil possa resolver o seu verdadeiro problema: construir uma estrutura produtiva eficiente capaz de gerar bons empregos aos quase 150 milhões de brasileiros que, em 2030, terão entre 15 e 65 anos. Isso deve ser feito com equilíbrio interno e externo.

Não faremos isso com o modelo agromineral-exportador energizado pelo desenvolvimento da China. Para tal modelo fomos descuidadamente empurrados. Sua justificativa é a míope construção teórica que afirma que caminhamos para a "harmonia universal" produzida pelo funcionamento de uma natural "divisão do trabalho" construída pela globalização.

Teremos a paz perpétua: para uns (EUA, Alemanha, China...), a indústria; para outros (Reino Unido, Índia...), os serviços; e para os demais (Brasil, Canadá, Austrália...), a agricultura e a mineração.

Para alguns países, isso talvez seja uma fatalidade. Não é, seguramente, o caso brasileiro. Sua aceitação não levará à estrutura produtiva que precisaremos até 2030. Para nós, só a ação de um Estado indutor inteligente (e eficiente!) estimulará a sua construção.

A regra de ouro da sua ação deve ser: forte estímulo à competição doméstica entre as empresas, com adequadas medidas microeconômicas que permitam-nas disputar com eficiência nosso crescente mercado interno. E mais: condições macroeconômicas que lhes deem isonomia para complementar na margem, com decrescente proteção, os ganhos de dimensão necessários para enfrentar a competição do mercado externo.

Atrair a montadora chinesa Chery, que começa a se instalar em Jacareí (SP) e vai ampliar a competição também no setor de autopeças e ajustar a velocidade dos investimentos da Petrobras de forma a criar a capacidade para atendê-los (com indústrias nacionais ou estrangeiras aqui instaladas), é um exemplo da política que temos de praticar: concorrência interna impiedosa e proteção externa inteligente.

Evitar o calote: uma tarefa sobre-humana.

O eventual calote americano poderia, segundo especialistas, levar o mundo a uma das piores crises econômicas da História. E o Brasil não passaria incólume. Este seria o pior cenário, em que a disputa política dos Estados Unidos chegaria a um impasse extremo, a ponto de paralisar a maior economia do globo. O cenário catastrófico, contudo, não é considerado o mais provável pelos economistas. Mas, mesmo que o acordo para elevar o teto da dívida americana saia dentro do prazo - até 2 de agosto - ou com pouco atraso, haverá consequências econômicas. Países, empresas, investidores e trabalhadores terão de uma maneira ou outra, que conviver com maior instabilidade e incertezas. O dólar deve seguir sua trajetória de desvalorização, o que tende a influenciar a economia global que ainda não se recuperou totalmente da forte crise de 2008.

O impacto mundial de uma moratória seria turbinado pelo delicado momento que atravessam as outras economias desenvolvidas, como a crise de confiança e do endividamento na Europa e os problemas vividos pelo Japão pós-terremoto e tsunami. Até mesmo incertezas sobre a China complicam o cenário, pois o país asiático pode estar superaquecido e ter que frear seu crescimento. Assim, a briga pré-eleitoral nos EUA terá uma proporção maior que o imaginado em épocas de bonança.

- O que está em jogo é uma questão de princípios. Com a discussão da possibilidade do calote americano, se coloca em dúvida um modelo de sociedade de mercado, de respeito aos direitos adquiridos. Só essa discussão já gera efeitos negativos, embora eu não acredite que os EUA darão esse péssimo exemplo de irresponsabilidade institucional - diz Carlos Langoni, ex-presidente do Banco Central e diretor do Centro de Economia Mundial da FGV.

Essa visão é compartilhada pelos demais economistas ouvidos pelo GLOBO, que traçaram expectativas sobre os efeitos de um calote. Além de Langoni, foram entrevistados Luís Afonso de Lima, da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet); José Augusto de Castro, da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB); André Perfeito, da Gradual Investimentos; e Raphael Martello, da Tendências Consultoria:

DÓLAR: O derretimento da cotação da moeda americana em relação a outras divisas tende a continuar. As que mais devem se valorizar são as moedas dos países em desenvolvimento e que crescem com mais força: é o caso do real. Mesmo que haja um acordo de última hora entre Casa Branca e Congresso, investidores devem fugir do dólar. "Investir em dólar seria o mesmo que, em uma casa pegando fogo, tentar fugir correndo para a lareira", diz Lima, da Sobeet. Mas isso não deve tirar a hegemonia da moeda americana. E pode favorecer as exportações americanas, pois seus produtos ficariam relativamente mais baratos e competitivos.

FLUXO DE CAPITAIS NO MUNDO: Países emergentes devem continuar recebendo uma enxurrada de recursos, o que continuará enquanto houver um forte descompasso entre o crescimento dos emergentes e a estagnação das nações ricas.

JUROS NOS EUA: Com a desvalorização do dólar e o eventual rebaixamento dos títulos americanos, a tendência é de alta dos juros no país a médio prazo, para que os EUA consigam atrair investidores e continuem se financiando. Isso pode segurar um pouco a desvalorização do dólar mais adiante.

JUROS NO BRASIL: O Banco Central brasileiro, preocupado com a inflação interna, não deve, no curto prazo, mudar a trajetória da política monetária, a não ser que o calote mergulhe os EUA numa severa recessão.

BANCOS AMERICANOS: Os economistas não enxergam problemas imediatos, como uma corrida aos bancos. O impacto só surgiria se o calote fosse prolongado, se os bancos acumulassem prejuízos. Haveria restrição ao crédito, o que ampliaria a crise, repetindo, de certa forma, o ano de 2008.

TÍTULOS DA DÍVIDA AMERICANA: Devem perder valor e terão de pagar mais juros. Mas não deve haver uma debandada geral por um motivo simples: não há uma clara alternativa a essa aplicação. Mas as agências de risco devem rebaixar a nota americana. China e Brasil estão entre os maiores detentores desses papéis.

INFLAÇÃO: Alguns acreditam que uma retração mundial pode contribuir para reduzir os preços globais, se a moratória se prolongar demais. Para sobreviver, as empresas disputariam consumidores e cortariam preços. Outros apostam no contrário, em uma valorização das commodities, como petróleo e grãos.

OURO: Vai se valorizar ainda mais. Desde janeiro de 2008, a cotação do metal - que pode se tornar o único porto seguro da economia global - já subiu mais de 90%. Com a aversão a riscos e ao dólar, deve aumentar a procura pelo ouro. Os EUA não sofreriam tanto, pois detêm a maior reserva mundial do minério.

PETRÓLEO E OUTROS PRODUTOS BÁSICOS: Uma eventual recessão americana provocada pelo calote pode reduzir o consumo e a pressão nos preços de alguns produtos básicos. Entretanto, o impacto disso pode ser minimizado, dependendo do comportamento da China e da Índia, que continuam com apetite de consumir. China - maior exportadora aos EUA - e Brasil poderiam sofrer no futuro por vender menos aos EUA, em crise.

ECONOMIA AMERICANA: A fraqueza dos EUA já foi sentida nos dados econômicos do primeiro semestre. Com o calote, a briga política e a proximidade das presidenciais de 2012, isso tende a se agravar e o país pode mergulhar em nova recessão.

ECONOMIA GLOBAL: Quando os EUA vão mal, o mundo vai mal. Quando isso se soma a um momento ruim também na Europa e no Japão, a situação piora. Nessa crise, os países emergentes podem continuar atraindo investimentos financeiros e produtivos, mas os EUA à frente de uma recessão global não seria bom para ninguém.

Por que o Brasil é campeão mundial de juros altos?

Gustavo H. B. Franco, sempre excelente, hoje no Valor Econômico:

Os números fiscais brasileiros são muito parecidos com os dos Piigs em pelo menos um aspecto importante: as "necessidades de financiamento do setor público" (NFSP), o conceito mais amplo de déficit público, sem nenhum ajuste ou dedução, estão na faixa de 20% do Produto Interno Bruto (PIB), como pode ser visto na tabela. As NFSP correspondem à soma do déficit nominal (primário mais juros) com as amortizações devidas no exercício fiscal.

Os países desenvolvidos, na média, tinham, antes da crise, dívidas brutas um pouco acima de 70% do PIB e prazo médio perto de oito anos, e com isso, se tivessem déficits nominais na faixa de 2%, tinham NFSP na faixa de 10% do PIB ou menos. Depois da crise, as dívidas crescem para algo como 105% do PIB em média e os déficits aumentam de modo que passamos a observar muitos casos de países com NFSP na faixa de 15% do PIB ou mais. O panorama fiscal no mundo desenvolvido conheceu uma piora muito séria, cujas consequências de médio e longo prazo desafiam prognósticos, e aqui se omite deliberadamente o Japão para não desviar a atenção do leitor.

O Brasil é um caso singular de país emergente com retrospecto ruim em matéria de dívida mas consegue manter uma dívida bruta acima de 60% do PIB em contraste com a maior parte dos países emergentes, cuja média tem permanecido na faixa de 35%. Com prazos médios na faixa de 3 anos, o Brasil faz rolagens anuais envolvendo algo como 20% do PIB a cada ano. Somando-se a isso um déficit nominal na faixa de 3% tínhamos em 2007 as NFSP na faixa de 23%. Com um tanto mais de alongamento de prazo e a manutenção do superávit primário (ainda que com alguns truques), conseguimos chegar a 19,3% para 2011, segundo a projeção do FMI, possivelmente a primeira vez que estaremos abaixo de 20% nos últimos anos. É um número muito ruim, mas que não atrai muita atenção face ao que se passa no resto do mundo.

A experiência dos Piigs, que refinanciam suas dívidas em mercados internacionalizados de bônus, enfrentando investidores exigentes, mostra que os países quebram quando se rompe a confiança no processo de rolagem, o que normalmente tem a ver sobretudo com o déficit fiscal do exercício corrente e também com os juros (prêmios de risco) pagos. Os investidores aceitam emprestar para países endividados mas que geram caixa, e começam a exigir mais juro apenas quando sua confiança nos números correntes se vê enfraquecida. E como os juros maiores pioram os números correntes, não é difícil criar o círculo vicioso onde estão alguns dos Piigs.

No Brasil a rolagem da dívida pública não representa problema graças ao fato de que praticamente toda a dívida é doméstica (as reservas no BC são maiores que a dívida externa pública) e ao fato de que a rolagem há anos tem lugar num ambiente semicativo onde o principal comprador é a indústria de fundos, que carrega algo como 1 trilhão em títulos públicos e operações compromissadas em fundos com liquidez diária. Por precário que pareça ao observador estrangeiro, o sistema é robusto, aguentou turbulências no passado, e não vamos ter problemas com rolagens ao menos enquanto os nossos juros continuarem sendo os maiores do mundo.

Mas e o custo dessa segurança? O que aconteceria se a taxa Selic caísse muito significativamente, para um nível "normal", como se espera que vá ocorrer no futuro?

Teríamos, inevitavelmente, uma migração de recursos para outros ativos, as rolagens ficariam mais difíceis e o Tesouro teria problemas de caixa, especialmente se tiver que amortizar parcelas significativas da dívida que vence. A situação fiscal teria que estar muito melhor para que se pudesse reduzir os juros de forma relevante sem criar problemas sérios com a dívida pública.

É fácil concluir que não se pode reduzir a taxa de juros abaixo de certo limite, provavelmente na faixa de uns 8% ou 9%, sem prejudicar o mercado semicativo no âmbito do qual temos conseguido manter em circulação durante anos a fio uma dívida relativamente grande e portanto, uma política fiscal mais frouxa que o ideal.

Esta é uma forma elegante de explicar a razão pela qual o Brasil é o campeão mundial de juros: é o preço que pagamos para manter nas mãos de brasileiros que aprenderam a desconfiar do governo um volume de títulos que eles talvez não quisessem manter a juros considerados normais e a prazos que não fossem diários. É o preço que pagamos pela desordem na política fiscal que, felizmente, não é tão grande para trazer de volta a hiperinflação, mas não é pequena o suficiente para que tenhamos juros normais. Em vez de tributar o pobre com a inflação, migramos para um modelo menos selvagem onde continuamos a empurrar a conta para um ausente, as futuras gerações.

Este artigo resume um trabalho maior, que pode ser encontrado em www.riobravo.com.br/gustavofranco/Juros-CLP_Casa_do_Saber-GFranco_final.pdf

Gustavo H. B. Franco doutor em Economia pela Universidade Harvard, foi presidente do BC e é sócio fundador da Rio Bravo Investimentos.

Economia americana.

Lemos na FOLHA DE S. PAULO que o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, estimou que o ritmo de crescimento da maior economia mundial apresentou desaceleração recentemente.

"A atividade econômica continua crescendo, mas o ritmo se desacelerou" na maioria das regiões do país, afirmou o Fed em seu "Livro Bege", um relatório sobre suas reuniões apresentado nesta quarta-feira.

A estimativa do banco central americano foi divulgada no momento em que a saúde financeira dos Estados Unidos é colocada em prova. Democratas e republicanos estão em um impasse sobre o limite do país da dívida e sem um acordo até dia 2 de agosto o governo americano corre o risco de ficar inadimplente em algumas de suas obrigações.

Nesta data, os EUA devem ultrapassar o chamado teto de sua dívida, que é de US$ 14,3 trilhões (cerca de R$ 22,2 trilhões). Analistas afirmam que o calote da dívida americana poderia provocar um salto da taxa de juros nos Estados Unidos e potencialmente ameaçar a recuperação econômica mundial.

A oposição republicana, que controla a Câmara dos Representantes (deputados federais), exige que um acordo para elevar o teto da dívida seja vinculado a cortes no orçamento americano, para reduzir o deficit recorde, calculado em cerca de US$ 1,5 trilhão (R$ 2,3 trilhões) para o ano fiscal que termina em setembro.

Os democratas relutam em tocar em programas sociais que os republicanos querem enxugar, enquanto Obama insiste na necessidade de acabar com cortes de impostos que beneficiam a camada mais rica da população, criados ainda no governo de George W.Bush.

terça-feira, 26 de julho de 2011

O futuro do crescimento econômico.

O futuro do crescimento econômico, no texto sempre bem escrito do DANI RODRIK, hoje no VALOR ECONÔMICO. Dani Rodrik é professor de Economia Política Internacional na Universidade de Harvard, é autor de "The Globalization Paradox: Democracy and the Future of the World Economy" (O paradoxo da globalização: a democracia e o futuro da economia mundial).

Talvez pela primeira vez na história moderna, o futuro da economia mundial está nas mãos dos países pobres. Os Estados Unidos e a Europa marcham como gigantes feridos, vítimas dos seus excessos financeiros e paralisia política. Parecem condenados, por seu pesado endividamento, a anos de estagnação ou crescimento lento, ampliando a desigualdade e possíveis conflitos sociais.Grande parte do resto do mundo, entretanto, está carregado de energia e esperança. Autoridades governamentais na China, Brasil, Índia e Turquia estão preocupados com crescimento excessivo, e não com pouco crescimento. Sob determinados parâmetros, a China já é a maior economia no mundo e os mercados emergentes e os países em desenvolvimento respondem por mais de metade da produção mundial. A empresa de consultoria McKinsey qualificou a África, há muito tempo sinônimo de fracasso econômico, de terra dos "leões em movimento".

Como acontece frequentemente, a ficção reflete melhor a mudança de clima. "Super Sad True Love Story" (Verdadeiro Caso de Amor Supertriste), romance em quadrinhos do russo Gary Shteyngart, é um guia tão bom quanto qualquer outro para o que pode nos esperar. Situado num futuro próximo, a história se desenrola contra o pano de fundo de um EUA financeiramente arruinado sob uma ditadura de partido único e envolvido em mais uma inútil aventura militar no exterior - dessa vez na Venezuela. Todo o trabalho real nas empresas é feito por imigrantes qualificados; faculdades da Ivy League adotaram os nomes de suas homólogas na Ásia a fim de sobreviver; a economia está endividada junto ao banco central da China e "dólares ancorados ao yuan" substituíram a moeda tradicional como ativo seguro preferido.

Mas serão os países em desenvolvimento realmente capazes de puxar a economia mundial? Grande parte do otimismo sobre suas perspectivas econômicas é resultado da extrapolação. A década anterior à crise financeira mundial foi, sob muitos aspectos, a melhor de todos os tempos para os emergentes. O crescimento disseminou-se para muito além de um pequeno número de países asiáticos e, pela primeira vez desde a década de 1950, a grande maioria dos países pobres experimentou o que os economistas chamam de convergência - um estreitamento do diferencial de renda em relação aos países ricos.

Crescimento baseado em afluxos de capital ou booms de commodities tendem a ser de curta duração. Crescimento sustentado requer a elaboração de incentivos para encorajar investimentos do setor privado em novos setores, e fazê-lo com um mínimo de corrupção.

Esse, no entanto, foi um período peculiar, caracterizado por muito vento de cauda econômico. Os preços das commodities estavam elevados, o que beneficiou países africanos e latino-americanos em especial, e o financiamento externo foi abundante e barato. Além disso, muitos países africanos bateram no fundo do poço e recuperam-se de longos períodos de guerra civil e declínio econômico. E, como sabemos, o rápido crescimento nos países avançados alimentou, de modo geral, um aumento no volume do comércio mundial até níveis recordes.

Em princípio, um baixo crescimento pós-crise nos países avançados não bloqueará, necessariamente, o desempenho econômico dos países pobres. Em última instância, o crescimento depende de fatores do lado da oferta - investimento e aquisição de novas tecnologias - e do estoque de tecnologias que podem ser adotadas pelos países pobres e que não desaparece quando o crescimento dos países avançados fica lento. Assim, o potencial de crescimento dos países atrasados é determinado por sua capacidade de eliminar o atraso em relação à fronteira tecnológica - e não pela velocidade com que a própria fronteira está avançando.

A má notícia é que ainda não temos uma compreensão adequada sobre quando esse potencial de convergência é concretizado ou sobre o tipo de políticas que gerem crescimento autossustentado. Mesmo casos de inquestionável êxito têm sido objeto de interpretações conflitantes. Alguns estudiosos atribuem o milagre econômico da Ásia a mercados mais livres, ao passo que outros acreditam que intervenção estatal foi o fator decisivo. E a aceleração excessiva de crescimento, após algum tempo, perdeu impulso.

Os otimistas estão confiantes em que dessa vez será diferente. Eles acreditam que as reformas da década de 1990 - melhor política macroeconômica, maior abertura e mais democracia - colocaram o mundo em desenvolvimento em curso de crescimento sustentado. Recente relatório do Citigroup, por exemplo, prevê que o crescimento será fácil para países pobres com populações jovens.

Minha leitura das evidências é mais cautelosa. É certamente motivo para comemoração que as políticas inflacionárias tenham sido extirpadas e a governança melhorou em grande parte do mundo em desenvolvimento. De modo geral, essas mudanças melhoram a resistência da economia a choques e evitam colapsos econômicos.

Mas desencadear e sustentar crescimento rápido exige algo mais: políticas orientadas para a produção que estimulem mudanças estruturais em curso e fomentem emprego em novas atividades econômicas. Crescimento baseado em afluxos de capital ou booms de commodities tendem a ser de curta duração. Crescimento sustentado requer a elaboração de incentivos para encorajar investimentos do setor privado em novos setores - e fazê-lo com um mínimo de corrupção e competência adequada.

Se a história pode nos servir de guia, o leque de países que capazes desse feito continuará estreito. Assim, embora possa haver menos colapsos econômicos devido a melhor gestão macroeconômica, crescimento elevado provavelmente permanecerá episódico e excepcional. Em média, o desempenho pode ser um pouco melhor do que no passado, mas nem de longe tão espetacular como esperam os otimistas.

A grande questão para a economia mundial é se os países avançados atolados em dificuldades econômicas serão capazes de abrir espaço para o rápido crescimento dos países em desenvolvimento cujo desempenho dependerá em larga medida de sua incursão em setores industriais e de serviços onde os países ricos têm sido tradicionalmente dominantes. As consequências para o nível de emprego nos países avançados seriam problemáticas, especialmente tendo em conta a escassez de empregos com altos salários. Consideráveis conflitos sociais poderão tornar-se inevitáveis, colocando em risco o apoio político a aberturas econômicas.

Em última instância, parece inevitável uma convergência maior na economia mundial pós-crise. Mas uma grande reversão na sorte dos países ricos e pobres não parece economicamente provável nem politicamente viável.

O desastre que conhecemos.

Paul Krugman, em seu blog divulgado no ESTADÂO fala sobre “O desastre que conhecemos”.

Há um argumento que poderia passar despercebido na discussão um tanto confusa sobre os efeitos da moratória nos mercados financeiros: ninguém sabe exatamente quais seriam os efeitos de um calote da dívida. Ela poderia produzir uma calamidade, ou o desastre poderia ser contido afetando muito pouco as taxas de empréstimos ao setor privado.

Mas o que nós sabemos é que, se o governo for obrigado a reduzir drasticamente os gastos quando o dinheiro acabar – se parar de pagar as aposentadorias, ou parar de pagar as empreiteiras, ou seja lá o que for – as consequências disso tudo serão tremendamente negativas para a economia. Haverá uma nova quebra da Bolsa.

Espero e rezo para que os advogados de Obama descubram que a solução proposta pela 14ª emenda afinal de contas é válida. Porque, de outro modo, nos encontraremos diante de uma situação realmente calamitosa, mesmo que os mercados se mantenham calmos.

Bolsas de estudos no exterior.

Para o mundo acadêmico, Programa de bolsas de estudos no exterior selecionará quem tem mérito, segundo Dilma. Hoje na FOLHA DE S. PAULO:

Ao apresentar, hoje, as diretrizes do programa Ciência sem Fronteiras, que pretende conceder 100 mil bolsas de intercâmbio para brasileiros, a presidenta Dilma Rousseff disse que a seleção dos estudantes não será baseada no critério do “quem indica”, mas sim no de quem tem mérito. Segundo ela, a distribuição das bolsas levará em conta a representação étnica, social e regional.

“Não estamos fazendo um programa baseado em quem indica. Estamos criando ações orientadas pelo mérito”, assinalou a presidenta. “Todos [os contemplados] vão ter de ter nota acima de 600 no Enem [Exame Nacional do Ensino Médio] e daremos especial atenção aos alunos ganhadores de olimpíadas, notadamente a da matemática”, acrescentou Dilma, no encerramento da reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES)

De acordo com a presidente, o governo quer que os estudantes brasileiros estudem nas melhores universidades e em cursos de ciências exatas, onde há maior deficiência de profissionais, como as áreas de engenharia e de tecnologia da informação.

Ao falar sobre o programa, o ex-reitor da Universidade Federal da Bahia, Naomar Monteiro, alertou para o risco de que o critério de seleção por mérito favoreça os estudantes que têm acesso à educação privada e que, por isso, ingressam nas melhores universidades. “Assim, o Estado brasileiro vai custear um programa justamente para a parcela representativa da camada que tem recursos e acesso e os estudantes das classes pobres ficarão fora”.

No discurso, a presidenta Dilma abordou o assunto. De acordo com ela, o critério por mérito é crucial e o Programa Universidade para Todos (Prouni) comprova que os estudantes de baixa renda têm bom desempenho. “Não há demérito em ter política por mérito. Está provado que política por mérito pode contemplar as classes menos privilegiadas. O Prouni mostrou que o desempenho no Enem para os selecionados para o programa era adequado para os parâmetros existentes.”

Dilma adiantou que a pré-seleção dos alunos que poderão ser beneficiados pelo programa será feita pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e pelo Prouni.

O secretário-geral da Nova Central Sindical de Trabalhadores, Moacyr Auerswald, pediu a criação de cursos de línguas para que a necessidade de dominar um idioma estrangeiro não prejudique os estudantes de baixa renda a ter acesso às bolsas no exterior.

O Ciência sem Fronteiras dará bolsas para diferentes níveis de estudo, do ensino médio ao doutorado. As bolsas serão custeadas com parceria público-privada. Do total, 75 mil bolsas serão custeadas pelo governo federal e 25 mil com a colaboração de empresas privadas.

sábado, 23 de julho de 2011

A Pequena Depressão.

Hoje na FOLHA DE S. PAULO, o Nobel PAUL KRUGMAN escreve sobre os riscos de desastre global: Segundo ele, "As negociações de dívida, se derem certo, repetirão o grande erro de 1937: opção prematura por contração fiscal freará a recuperação."

Estes são tempos interessantes - no pior sentido. Estamos diante não de uma crise iminente, mas de duas, com riscos de desastre global. Nos EUA, fanáticos de direita no Congresso podem bloquear a elevação necessária do teto da dívida. E, se o plano que acaba de ser acordado por chefes de Estado europeus não acalmar os mercados mundiais, poderemos ver dominós caindo em todo o sul da Europa. Potencialmente, as duas semeariam o caos.

Mesmo que consigamos evitar uma catástrofe imediata, é praticamente garantido que os acordos que estão sendo fechados de cada lado do Atlântico agravem a depressão.

Os responsáveis pelas decisões econômicas parecem determinados a perpetuar algo que chamo de a Pequena Depressão -o período prolongado de desemprego alto que começou com a Grande Recessão de 2007-2009 e continua até hoje.

A grande bolha imobiliária da década passada, fenômeno americano e europeu, foi acompanhada por um aumento enorme na dívida das famílias. Quando a bolha estourou, a construção imobiliária residencial caiu vertiginosamente, assim como os gastos dos consumidores. Tudo ainda poderia ter dado certo se outros atores econômicos importantes tivessem elevado gastos. Mas ninguém o fez. E os governos tampouco fazem muito para ajudar. Alguns foram, pelo contrário, obrigados a reduzir gastos em vista da queda das receitas. Os esforços modestos de governos fortes (incluindo o plano de estímulo de Obama) mal foram suficientes para contrabalançar essa austeridade forçada.

Portanto, estamos com economias enfraquecidas. O que os governantes propõem? Menos que nada.

Anteontem, os "chefes de Estado ou governo da área do euro" divulgaram seu grande acordo. Não foi tranquilizador. É difícil acreditar que a engenharia financeira que o comunicado propõe resolva a crise grega, que dirá a europeia.

Mas, mesmo que resolva, o que vai acontecer a seguir? O comunicado prevê fortes reduções do deficit "em todos os países exceto os que estão em um programa", a acontecer "até 2013 no mais tardar".

Como os países "que estão em um programa" estão sendo forçados a aderir à austeridade fiscal drástica, isso equivale a planejar que toda a Europa reduza gastos ao mesmo tempo. E nada sugere que em menos de dois anos o setor privado estará preparado para tomar medidas para que a economia cresça.

Para quem conhece a história dos anos 30, soa muito familiar. Se alguma das duas negociações de dívida fracassar, é possível que estejamos perto de um replay de 1931, o colapso global dos bancos que fez a Grande Depressão ser tão grande.

Mas, se elas derem certo, estaremos prestes a repetir o grande erro de 1937: a opção prematura por contração fiscal que fez a recuperação descarrilar e garantiu que a Depressão continuasse até que a Segunda Guerra finalmente deu à economia o incentivo de que ela precisava.

Há um ditado antigo: "Você não sabe, meu filho, com quão pouca sabedoria o mundo é governado". As elites de ambos os lados do Atlântico mostram incompetência em sua resposta ao trauma econômico, ignorando todas as lições da história

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Derrubar a inflação exige determinação .

Hoje no O GLOBO a análise bem elaborada sobre o aumento na taxa de juros.

Como já era esperado pela maioria dos especialistas, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, mais uma vez por unanimidade, elevar em 0,25 ponto percentual as taxas básicas de juros, que agora estão no patamar de 12,5%. É o quinto aumento consecutivo.

Não é nada honroso para o país ser obrigado a adotar taxas tão altas para controlar internamente seus preços. Em uma conjuntura internacional marcada por políticas monetárias expansionistas, a economia brasileira pode até parecer uma estranha no ninho. Porém, mais nefasto e desonroso ainda seria o Brasil se vir novamente empurrado para o terreno pantanoso da inflação descontrolada. O período de maio a setembro tem sido caracterizado por pequenas variações nos índices de preços. Mas, nos demais meses, a inflação vem reaparecendo muito forte, alimentada por fatores como reajustes salariais expressivos, aceleração de gastos governamentais, indexação automática de tarifas e preços públicos, anuidades escolares, tributos, festas de fim de ano, entressafras, etc.

Nesse ambiente que favorece uma trajetória ascendente da inflação só é possível desarmá-la com políticas que esfriem a demanda no curto prazo e estimulem a expansão da oferta (via investimentos) no médio prazo.

A taxa de juros alta funciona como uma ducha fria sobre a demanda, pois encarece uma das suas principais alavancas, que é o crédito ao consumidor. Mas também pode inibir investimentos.

Desse modo, para se evitar uma dosagem de juros que provoque outros efeitos não desejáveis, as autoridades monetárias não podem agir sozinhas no combate à inflação. Essa ação precisa ser coordenada com as demais políticas governamentais. O setor público, por seu tamanho, é um poderoso agente econômico. Por meio de gastos correntes e investimentos, pode causar forte impacto sobre a demanda de bens e serviços.

Ora, se um dos objetivos da política econômica no momento é esfriar a demanda interna, e se já se admite que talvez os juros básicos atingiram ou estejam próximos de um patamar ainda suportável, seria mais do que razoável que o governo fosse mais rigoroso na contenção de seus gastos correntes. Os cortes anunciados no orçamento se mostram insuficientes, caso contrário o Banco Central não seria obrigado a continuar elevando os juros. Sintomático que o aumento da arrecadação continue a contribuir além do desejável para o superávit primário, em vez de cortes efetivos.

O risco de não se agir a tempo é de a inflação ficar acima do centro (4,5%) da meta oficial não só em 2011, mas também em 2012, postergando-se o objetivo para 2013, hipótese já presente nas discussões. Renova-se o perigo do enrijecimento dos malfadados mecanismos de indexação.

A inflação não é um mal com que se possa ir convivendo. O ambiente da economia internacional está conturbado pela situação financeira crítica de alguns países da Europa e pela dificuldade de recuperação dos Estados Unidos. O Brasil deve se precaver, buscando um ritmo de crescimento que favoreça investimentos, mas não abra espaço para a inflação. Não é um equilíbrio fácil e capaz de ser obtido sem determinação política. Antes da próxima reunião do Copom, no fim de agosto, essa determinação deveria estar mais clara.

Entrevista com Aloizio Mercadante.

Ministro tem o desafio de, nos próximos anos, tornar o Brasil competitivo internacionalmente nas áreas de média e alta tecnologia. Hoje no VALOR ECONÔMICO, entrevista com o ministro Aloizio Mercadante.

O ministro Aloizio Mercadante faz jus à sua formação. Economista e professor licenciado da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o chefe do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) não poupa números e estatísticas em suas falas. À frente da pasta desde janeiro, Mercadante comemora a expansão da rede de pesquisa e pós-graduação no Brasil na última década — os programas receberam, no ano passado, R$ 450 milhões, oito vezes mais do que em 2003, quando a verba foi de R$ 53 milhões. O aumento, porém, está longe de atender a demanda dos pesquisadores e não é o único problema que o ministro tem para resolver. "Nós precisamos criar condições para preparar o Brasil para a sociedade do conhecimento, com atenção às áreas de média e alta tecnologia, onde há pouca competitividade", reconhece.

Uma das principais queixas da comunidade acadêmica diz respeito à transferência de tecnologia. Muitas vezes, os cientistas passam anos desenvolvendo soluções que acabam esquecidas nos laboratórios, sem ser aproveitadas pela indústria nacional. "Não há, no Brasil, uma cultura de inovação. O empresário acostumou-se a importar tecnologia e acredita que trazer uma grande máquina do exterior implica produtividade", afirma Mercadante. Para tentar reverter esse quadro, o MCT pretende criar uma empresa pública voltada para o setor, aos moldes da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A medida está sendo acordada com a Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Outro desafio de Mercadante é melhorar o sistema de concessão de patentes. O processo demora cerca de oito anos, período até três vezes maior do que o de países ricos. Além da modernização do Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (Inpi), já anunciada pelo governo, o ministro pretende implantar uma rede de analistas de patentes, servidores federais do quadro que receberiam por avaliação realizada. Muito trabalho para uma pasta que recebeu orçamento 5,4% menor do que no ano passado e que pode sofrer cortes de até 25% com o contingenciamento. Em entrevista exclusiva ao Correio, Mercadante falou sobre a solução para os ajustes do governo e sobre projetos para uma nova área de pesquisa. Leia, abaixo, os principais trechos da conversa:

Corrida contra o tempo

Durante a campanha, a presidente Dilma Rousseff prometeu investir 2% do PIB em ciência e tecnologia. Nós ainda não chegamos nessa relação, certo? Para analisar isso, precisamos comparar com outros países. Os Estados Unidos investem 2,7% do PIB em pesquisa e desenvolvimento; o Japão, 3,4%; a China, 1,5%. No Brasil, o investimento é de 1,2%, o equivalente a US$ 25 bilhões. Nós temos que melhorar essa relação com o PIB, mas o Estado brasileiro investe aproximadamente o mesmo que outras nações. A grande brecha está no setor privado: as empresas investem apenas 0,51% do PIB em pesquisa e desenvolvimento; nos EUA esse índice é de 1,8%. Precisamos criar uma cultura de inovação nos empresários. Nós ficamos 20 anos com baixo crescimento, crise econômica, hiperinflação, e as pessoas acabaram ficando com aversão ao risco, e investir em inovação é risco.

O que está sendo feito para mudar esse quadro?

Nós estamos dialogando com o movimento empresarial constituído pela CNI e promovendo eventos para estimular a inovação, dentro da política industrial da presidenta Dilma. Estamos também concluindo uma negociação para lançar uma Embrapa da indústria, a Embrapi, Empresa Brasileira de Pesquisa Industrial. Essa instituição vai ter governança predominantemente privada e vai promover uma política de fomento aos centros de excelência de alto desempenho no Brasil, para atender, especialmente, a demanda das pequenas e médias empresas. Elas são mais ágeis, mais corajosas e criativas, e nós queremos estimular isso ainda mais.

Outra reclamação dos pesquisadores e das empresas que investem em inovação é quanto ao processo de patentes, muito lento, se comparado a outros países. Como pretendem resolver esse problema?

Eu vejo isso com muita preocupação. Nessa área, há casos emblemáticos, como o do óleo de copaíba. Setenta e seis por cento da produção científica recente sobre esse extrato foi de cientistas brasileiros. No entanto, nos últimos 10 anos, não houve nenhuma patente brasileira registrada. O Inpi precisa de mais agilidade no processo de patenteamento; nós temos 300 analistas no instituto, a China tem 2,5 mil e chegará a 9 mil nos próximos quatro anos. Como vamos acompanhar esse ritmo? Uma das sugestões do MCT é montar uma rede de 3 mil servidores públicos — professores, analistas, técnicos, pesquisadores de várias áreas do conhecimento, que seriam treinados para serem pareceristas do Inpi. Eles fariam uma análise preliminar, e, depois, o analista com dedicação exclusiva faria a avaliação final. Encaminhamos essa proposta ao MIDC (Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior) e o ministro Fernando Pimentel demonstrou grande simpatia pela ideia.

Para que tudo isso dê certo, é preciso investimento. Como levar adiante essas propostas com o corte anunciado pelo governo? Nós vivemos uma situação internacional muito delicada, com crises nos Estados Unidos e na Europa. Nos antecipamos ao que outros países vão ter que fazer e, com isso, vamos crescer de forma sustentável, sem pressão inflacionária. Sem crescimento, não há recurso para financiar a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação. A decisão do governo de dar ênfase à política fiscal está correta, mas não podemos prejudicar projetos estruturantes. Ciência, tecnologia e inovação são os principais eixos do desenvolvimento. A presidenta comunga dessa visão, e tenho certeza que, daqui para a frente, vamos ter uma melhora no orçamento do nosso ministério.

Mas quais seriam as alternativas para cobrir o atual corte?

Precisamos investir em fontes permanentes de financiamento e vamos fazer isso por meio da criação de novos fundos setoriais, aos moldes do CT Petro, mantido pela Petrobras. Queremos levar esse modelo para a construção civil, para a indústria automotiva e para o sistema financeiro. Mas o mais importante é o futuro dos royalties do pré-sal. Se for mantido o projeto que o congresso aprovou, vetado pelo presidente Lula, o MCT vai perder, em nove anos, R$ 12 bilhões. O pré-sal é o grande passaporte para o futuro do Brasil, desde que a gente não pulverize esse recurso na máquina pública, como está sendo proposto por governadores e prefeitos. O pré-sal não é uma receita renovável, temos que saber usá-lo para criar uma economia do futuro. A prioridade tem que ser educação, ciência, tecnologia e meio ambiente.

O que o MCT está planejando para estimular a indústria eletrônica?

Estamos realizando agora uma série de testes no Ceitec (a primeira fábrica de chips do Brasil) e vamos começar a produzir dispositivos a partir de outubro. O Ceitec é nosso projeto de aprendizado; com ele, vamos aprender a fazer os chips, um processo extremamente delicado. Só 20 países produzem semicondutores e todos que dominaram essa tecnologia deram um salto quântico na indústria eletrônica. Estamos também fomentando as design houses, que fazem o desenho dos chips, e tentando trazer fábricas de ponta ao Brasil. Nossa ideia é conseguir produzir, aqui, a tela de TFT dos smartphones e tablets, display que só é produzido por quatro países. Com isso, vamos melhorar a cadeia produtiva brasileira. Somos o sétimo país que mais produz TICs, mas temos um deficit de mais de US$ 19 bilhões relativo à importação de equipamentos. É muito importante dominar essa tecnologia para substituir a importação.

Além da tentativa de trazer empresas de ponta, que outras parcerias devem ocorrer nos próximos meses?

Eu estou muito empenhado no contato com uma comunidade que produz conhecimento e que não está nem nas universidades, nem nos centros de pesquisa, nem nas empresas. Está dentro da web. São os hackers — diferentes dos crackers, que usam a internet para praticar crimes. A minha ideia é integrá-los em um amplo programa de pesquisa, uma garagem-laboratório, e criar uma estrutura de apoio, com cursos de formação e tudo o mais para fomentar o software livre e outras bandeiras dessa comunidade. Vamos ter políticas públicas para trabalhar com esse novo espaço de pesquisa que surgiu na internet.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Salários Aumentam com queda de Rotatividade.

Postamos abaixo artigo do Professor Naercio Menezes Filho, Doutor em economia pela Universidade de Londres, Professor Titular - Cátedra IFB e coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper e professor associado da FEA-USP. O artigo do professor de Economia, Naércio Menezes Filho e também coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper, traz dados de como estão os aumentos salariais no mercado de trabalho do país. E explica com números o motivo dos aumentos de salários e de emprego serem diferentes de região para região e estarem relacionados, também com a área profissional.

O mercado de trabalho brasileiro tem tido um comportamento bastante favorável nos últimos anos. A taxa de desemprego vem declinando acentuadamente, a proporção de trabalhadores com carteira assinada tem aumentado e o salário real crescido. Esses indicadores refletem um mercado de trabalho aquecido, especialmente nas principais regiões metropolitanas do país. Em que medida a maior demanda por trabalho tem aumentado a troca de empregos no mercado de trabalho? Será que todos os trabalhadores tem se beneficiado da mesma forma?

O mercado não está aquecido na mesma intensidade para todos os trabalhadores. Embora a taxa média de desemprego nas principais regiões metropolitanas tenha declinado de 11,8% em Maio de 2002 para de 6,3% em Maio de 2011, ela é bem mais baixa nos dois extremos da distribuição educacional. Entre as pessoas com menos de 4 anos de estudos, a taxa de desemprego é de 3,6% e entre os que concluíram algum curso de pós-graduação é de apenas 1,7%. Porém, entre os que têm ensino médio a taxa de desemprego atual é de 8,4%. Esse fenômeno é conhecido como a polarização do mercado de trabalho. A demanda tem aumentado muito mais por pessoas com qualificação muito baixa (empregadas domésticas, seguranças e trabalhadores na construção civil) e pelos muito qualificados (gerentes e diretores de empresas), passando ao largo do grande contingente de jovens recém saídos do ensino médio.

Quando o desemprego diminui muito, começa a haver uma disputa entre as empresas pelos profissionais que já estão no mercado de trabalho. Isto pode resultar em aumento de salários ou troca de empregos buscando salários maiores. O salário entre os trabalhadores com menos de 4 anos de estudo dobrou (em termos nominais) nos últimos 9 anos e o mesmo ocorreu entre aqueles com pós-graduação. Estamos tendo que importar empregadas domésticas e diretores de empresa do exterior.

Por outro lado, a rotatividade entre empregos tem diminuído. Os dados do IBGE mostram que a porcentagem de empregados que estão há mais de 2 anos no mesmo emprego passou de 64% em Maio de 2002 para 67% em Maio de 2011. Essa taxa de permanência no emprego tem aumentado tanto entre os menos qualificados como entre os mais qualificados, passando de cerca de 65% para 75% nos dois casos. Assim, o aumento de demanda nos dois extremos da distribuição tem se traduzido em aumento de salários, única forma que a empresas possuem para manter seus melhores trabalhadores.

NÃO É O QUANTO SE PAGA, É COMO SE PAGA !

JAIRO SADDI, Pós-Doutor pela Universidade de Oxford, Doutor em Direito Econômico (USP) e Professor de Direito do Insper (ex-Ibmec São Paulo) nos envia artigo para publicação. Nele aborda como as empresas estão pagando os seus executivos ou funcionários, muitas vezes só favorecendo um lado, o do acionista ou do dono da empresa. Com isso, o professor Jairo Saddi descreve com uma reflexão crítica como está esse cenário atualmente.

Todos os anos o debate se repete: Quais empresas deram maior remuneração aos seus executivos? No fundo, a discussão é sobre o que é remuneração excessiva e o que é o bom e correto pacote de incentivos para obter o melhor desempenho da equipe gestora. Entre nós, a Instrução CVM n. 480 (em vigor desde 1º jan. 2010), contestada, inclusive judicialmente, veio impor a obrigatoriedade de as companhias abertas revelarem a remuneração das diretorias e dos conselhos de administração.

Mas a visão de montante numérico é equivocada. Pensar apenas no valor quantitativo é uma forma de convidar outros atores, estranhos ao processo de propriedade privada, a discutir um assunto que só interessa ao acionista, que, em última instância, é quem paga a conta. O que deveria ser melhor discutido com os acionistas é como se paga essa conta, ou seja, quais são os critérios de remuneração vis-à-vis os resultados obtidos; se a política de remuneração é condizente com o desempenho esperado e, por fim, se a gestão aumenta o valor da empresa para o acionista.

Há inúmeros estudos explicando a relação entre incentivos financeiros aos executivos e o desempenho das companhias, mas está claro que criar um esquema operacional de bônus contribui para aumentar a remuneração do acionista. Isso é verdade desde que exista um contrato claro entre o que se paga e como se paga. E é fundamental que esse contrato seja preciso e objetivo em métrica e em resultados. Opções de ações, pacotes e salários adicionais são detalhes de um quadro maior e mais importante do velho e bom capitalismo: gerou valor ao acionista, ganhou!

Educação é tudo.

Este é o tipo de notícia que deveríamos sempre ler. Que prazer saber que ainda existe educação neste país. Hoje na FOLHA DE S. PAULO:

Cinco horas de estudo fora da jornada do ensino médio -"mas numa vida normal"- levaram Gustavo Haddad Braga, 16, a ser o primeiro brasileiro a ganhar medalha de ouro na Olimpíada Internacional de Física, semana passada, na Tailândia.

Ele disputou com outros 393 representantes de 83 países. Foi o 12º ano de participação do Brasil na competição, iniciada em 1967 e que premiou com o ouro os 54 melhores da edição 2011.

Em dois dias, os estudantes resolveram três problemas teóricos e dois experimentais, "nível de terceiro ano de faculdade", diz Gustavo, que cursa o terceiro ano do ensino médio com bolsa de 100% no colégio Objetivo de São José dos Campos (SP).

"Tenho facilidade com física, matemática e astronomia, mas tive de estudar bastante", diz ele, filho de engenheiros químicos. "Descanso mesmo, só de domingo." Apesar da carga horária pesada de estudos, "em geral com livros em inglês porque há pouco material em português", ele conta que ainda conseguia jogar futebol, nadar e jogar um pouco no computador, "mas não muito".

O outro lazer fez com que ele mantivesse contato com as matérias de exatas. "Gosto de dar aulas no colégio para quem também se prepara para essas olimpíadas." Prestes a se formar no ensino médio, Gustavo analisa seu futuro na educação superior. A primeira opção é ingressar em uma universidade norte-americana de ponta, como MIT ou Harvard.

"Eles têm um bom nome e dão oportunidade para ter aulas e fazer pesquisa. Formar-se no Brasil em física é um pouco penoso, não há muitas opções de trabalho." A mãe de Gustavo, Katia Haddad Francisco Braga, conta que a decisão ainda não está fechada. "Ele tem muita preocupação em ajudar a pesquisa do Brasil." A possibilidade de Gustavo sair do país preocupa o professor Euclydes Marega Junior, coordenador da Olimpíada Brasileira de Física. "Ele pode fazer a diferença aqui. Imagina se o país tiver mil outros Gustavos pesquisando e trabalhando?", diz.

"O resultado dele pode servir como incentivo para outros estudantes. Deve haver muitos outros como ele por aí, abandonados."

De acordo com o docente, o bom resultado numa competição como a olimpíada de física vem de "10% de talento e, o restante, de dedicação".

Enquanto não chega a hora de decidir qual universidade cursar, o ouro em física embarcou ontem para Portugal, para um torneio internacional de matemática.

Know before you owe.

Roberto Luis Troster, é doutor em economia pela USP, foi economista-chefe da Febraban e da ABBC e professor da PUC-SP, USP e Mackenzie. Escreveu hoje no VALOR ECONÔMICO sobre uma melhor análise do mercado consumidor americano quanto do brasileiro, buscando maior proteção ao consumidor financeiro.

Nos EUA, autarquia dará proteção ao consumidor de produtos financeiros.

"Saber antes de dever" é uma tradução livre do lema do Consumer Financial Protection Bureau, (CFPB) uma agência de proteção ao consumidor financeiro que começa a funcionar hoje, 21 de julho de 2011, nos Estados Unidos. Sua criação foi catalisada pela crise bancária de 2008 e objetiva assegurar uma oferta de crédito mais conscenciosa e competitiva no mercado americano.Entendeu-se que uma das causas dos problemas lá foi a concessão de empréstimos predatórios. Por um lado, deterioraram a qualidade de todos os títulos e derivativos que os usavam como lastro no sistema financeiro - uma construção com alicerces frágeis rui; e, por outro, o impacto na economia, especialmente nas famílias que tiveram seus imóveis retomados, foi desastroso.

O novo órgão vai centralizar as atividades que estavam dispersas em outras organizações. Será uma autarquia independente com poderes para regulamentar e punir, incluindo multar e anular contratos, e terá como foco principal informações em boas práticas a todas as partes envolvidas. Sua agenda é ambiciosa: eficiência na concessão de financiamentos, concorrência do sistema, transparência e proteção ao consumidor de produtos financeiros. Com uma ação mais focada, evitar-se-ão parte considerável de estragos onde poucos agentes inescrupulosos deterioram a qualidade das carteiras e a imagem do sistema.

Trabalhará para reduzir os custos de observância (compliance) e de operação no sistema financeiro, garantindo uma operação mais enxuta. Um objetivo é eliminar as regulamentações obsoletas e inúteis e simplificar as desnecessariamente redundantes e complexas. Uma ação parecida ao que outras agências fazem com vigilância sanitária, medicamentos e educação.

Outro foco é o fortalecimento de bancos pequenos e médios. Seu número tem declinado nos últimos anos, em parte por conta de uma estrutura que exige deles uma legião de advogados, contadores e consultores para operar e de outras dificuldades comparativamente maiores. O que se busca é mais competitividade no setor, em que instituições menores operem em igualdade de condições com as grandes em nichos específicos, oferecendo mais alternativas aos consumidores.

A questão a ser analisada, neste artigo, é se é oportuno a criação de uma instituição em moldes parecidos no Brasil, uma Associação de Proteção ao Consumidor Financeiro (APCF). Obviamente, aqui não houve uma crise como os Estados Unidos, todavia há paralelos entre os dois países que merecem uma análise. Há alguns sinais de alerta, como as estatísticas da Fecomércio sobre o endividamento das famílias ou a reportagem do "Financial Times" sobre uma possível bolha de crédito no Brasil. Ter problemas não convêm.

Alguns dos sintomas brasileiros chamam a atenção. Apenas em 2011, os atrasos superiores a quinze dias aumentaram 1,7% alcançando 12,7% mais que o dobro da inadimplência média em outros países - R$ 1,00 em cada R$ 8,00 em dívida bancária de pessoas físicas está em atraso; valores que não podem ser explicados apenas por falta de educação financeira ou o desemprego que está num patamar histórico baixo. É inconcebível o nível de morosidade considerando o quadro macroeconômico de bonança que se está vivendo.

Empresas também têm dificuldades. Os índices de descumprimentos de contratos estão altos e a maior causa de mortalidade de empresas é a financeira. Parte é explicada por aumentos intempestivos de taxas ou de reduções abruptas de limites e outras distorções; o restante pode ser atribuído ao custo do crédito, o segundo mais alto do mundo, inferior apenas ao do Zimbabwe.

Há algumas taxas exageradas, como o cheque especial com uma média de 185,4% ao ano e algumas faturas de cartão de crédito com juros superiores a 400% ao ano. Desde dezembro de 2002, quando as margens (spreads) estavam altas em razão da crise, até as últimas informações disponíveis, a conta garantida, o crédito pessoal sem o consignado, e o cheque especial subiram, esta último 31,7%.

Aqui a defesa do consumidor financeiro está dispersa entre os Procons, da ouvidoria dos próprios bancos e do Banco Central do Brasil - vale destacar que sua missão é "assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda e um sistema financeiro sólido e eficiente", portanto não incluí explicitamente a proteção ao tomador de crédito. O sistema ampara quem faz investimentos com certificação obrigatória, entretanto, o tomador não tem algo parecido, ainda. Poder-se-ia concentrar tudo num único órgão com vantagens a serem ponderadas.

Há também espaço para aprimoramentos nas condições concorrenciais do mercado financeiro. Os números mostram que as cinco maiores instituições têm 65% do patrimônio líquido e 75% do lucro do sistema, enquanto que as mil e oitocentas restantes têm 35% do patrimônio e 25% do lucro apenas. As medidas macroprudenciais recentes afetaram mais as pequenas que as grandes, prejudicando a competitividade.

Nos últimos anos observou-se um crescimento do crédito elevado mas um desenvolvimento baixo. O acesso ao sistema financeiro é amplo, entretanto seu uso está bem aquém do potencial. Falta bom senso em algumas práticas. Comparações internacionais mostram uma relação crédito/PIB acanhada e que a proteção ao consumidor financeiro pode e deve ser aperfeiçoada.

A hora é boa para mudanças. O debate está na ordem do dia: a regulamentação do cadastro positivo está sendo elaborada e ajustes do Código de Defesa do Consumidor, CDC, estão sendo propostos. Há espaços para aprimoramentos e para avançar ainda mais com a criação de uma autarquia aqui, nos moldes da americana, uma APCF. Dessa forma obter-se-á um equilíbrio mais saudável entre as partes e a diminuição das distorções. Propiciaria uma oferta de crédito mais sólida e com isso, mais inclusão, lucros mais sólidos e legítimos de todos os bancos e um crescimento com menos sobressaltos para o país.

TOP BLOG 2011

Agradeço aos meus quase dois (milhões de) leitores a inclusão deste blog no TOP 30 da categoria Economia e Finanças dos blogs que concorrem ao TOP BLOG 2011.
Ter sido selecionado para concorrer ao prêmio já é um prêmio. Nesta semana estar entre os TOP 30 é forte motivo para continuar fazendo deste espaço um local para divulgar a economia, o capitalismo, o livre mercado e a democracia.
Obrigado a todos e, para aqueles que ainda não votaram, conto com o seu voto.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Taxa de juros - mais uma alta!

O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, decidiu nesta quarta-feira (20) elevar a taxa básica de juros (a Selic) em 0,25 ponto percentual, para 12,5% ao ano, o maior nível desde janeiro de 2009, quando era de 12,75%. Foi a quinta alta seguida no governo Dilma.

A alta já era esperada pela maioria dos analistas do mercado financeiro. Ao elevar a Selic, o objetivo do BC é fazer com que o custo do crediário também suba e, com isso, diminua o consumo da população para conter a alta da inflação.

Sintoma não é cura.

ALEXANDRE SCHWARTSMAN, 48, é doutor em economia pela Universidade da Califórnia, Berkeley e ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central do Brasil e mantém o excelente www.maovisivel.blogspot.com, escreve hoje na FOLHA DE S.PAULO que SINTOMA NÃO É CURA.

Voltando ao médico, que lhe recomendara se exercitar mais para reduzir o peso, o paciente confessa que engordou. Por outro lado, argumenta, esse ganho de massa o obriga a um esforço muito maior, aumentando, como requerido, sua carga de exercício. Caso algum dos 18 leitores concorde com esse argumento, não terá dificuldade em saudar a execução fiscal do governo esse ano. Se, porém, reagir como qualquer bom médico, olhará de forma muito mais crítica o desempenho das contas públicas.

Concretamente, medido a preços de maio de 2011, o governo federal registrou até agora um superavit primário equivalente a R$ 46 bilhões, R$ 20 bilhões maior do que o registrado em igual período de 2010. Parece se tratar de substancial contenção, como, aliás, argumentado pelo próprio governo. Não é, todavia, o caso.

Em primeiro lugar, os números revelam o motivo fundamental da melhora do desempenho: as receitas federais (tributos e outras) cresceram R$ 39 bilhões, impulsionado pelo aumento da arrecadação federal, cuja expansão no período alcançou R$ 44 bilhões. Já o gasto corrente, exceto transferências a Estados e municípios, se expandiu pouco mais de R$ 8 bilhões (as transferências cresceram R$ 11 bilhões).

Esse padrão deixa claro que a melhora fiscal resultou integralmente da receita. Como não houve majoração de impostos, tal elevação parece ter decorrido do próprio desempenho da atividade econômica. Destacando entre os tributos federais aqueles mais associados ao ciclo econômico, nota-se que seu desempenho superou consideravelmente o registrado pelo conjunto dos impostos: enquanto os impostos cíclicos representam cerca de dois terços da arrecadação, eles responderam por três quartos do aumento da receita de janeiro a maio, fato que sublinha a relevância da atividade econômica no processo.

Posto de outra forma, em vez de o aumento do superavit primário levar à desaceleração da economia, fenômeno que permitiria ao BC maior comedimento no uso da taxa de juros para atingir a meta de inflação, observamos o oposto: o aquecimento da economia levando ao maior saldo primário.

Como se aprende nos cursos de introdução à economia, trata-se do funcionamento do chamado "estabilizador automático", isto é, da flutuação da arrecadação em resposta à atividade (caindo na recessão e aumentando na expansão) que tende a atenuar a intensidade do ciclo, mas não, é claro, a revertê-lo.

Portanto, para que se possa medir de forma mais clara o desempenho fiscal, isolando o que decorre da intenção das autoridades da resposta natural da arrecadação ao ciclo, é necessário estimar qual seria o resultado primário a um dado nível de atividade, por convenção o nível de produto potencial.

Feitas as contas, estimamos que o superavit federal primário dos últimos 12 meses, ajustado à criatividade contábil de 2010, se encontraria ao redor de 1,5% do PIB (Produto Interno Bruto) com a economia operando próxima a seu potencial. Já entre 2003 e 2008 o superavit primário sob tais condições equivaleria a 2%-2,5% do PIB, ou seja, a política fiscal ainda estimula a demanda, pelo menos na comparação com o período mais recente.

Não bastasse isso, a própria inflação mais alta tem ajudado o suposto esforço fiscal. Caso tivesse atingido nos cinco primeiros meses do ano valores consistentes com a meta, o gasto real corrente teria crescido R$ 11 bilhões, e não apenas R$ 8 bilhões. Aqui também invertemos causa e efeito. Não se pode perder de vista que o objetivo da política fiscal vai além da estabilização da dívida e se insere no esforço de moderar o crescimento econômico para permitir que se atinja a meta de inflação com o menor juro possível.

Entretanto, por tudo que vimos acima, a melhora fiscal, mais que cura, é sintoma do aquecimento excessivo da economia. Sem que isso seja entendido, o peso do ajuste continuará recaindo sobre os ombros do Banco Central.

Sexo e câmbio.

ANTONIO DELFIM NETTO, hoje na FOLHA DE S. PAULO, escreve sobre SEXO E CÂMBIO. Tudo a ver?

O National Bureau of Economic Research organizou, em junho, o seu "22º Annual East Asian Seminar on Economics". Um dos mais originais trabalhos apresentados foi o dos economistas da Universidade Columbia (EUA) Qingyuan Du e Shang-jin Wei, a começar pelo título "Uma perspectiva darwiniana sobre a taxa de câmbio chinesa". Nele, afirmam (tradução livre) isto:

"Em geral, é aceita como indiscutível a proposição de que um grande desvio da taxa de câmbio com relação à de equilíbrio (paridade do poder de compra), combinado com a existência de superavit em conta-corrente, é sinal de que a taxa de câmbio vigente está subvalorizada.

Neste trabalho, dizemos que essa visão convencional deixa de levar em conta algo importante, ainda que não considerado na teoria corrente da taxa de câmbio. Nosso argumento é que a relação entre sexos, maior número de homens no mercado de casamentos (sic) na China, pode ter produzido, simultaneamente, um declínio na taxa de câmbio real de equilíbrio e um aumento do superavit em conta-corrente.

Mostramos a lógica dessa afirmação por meio de dois canais: um da poupança e outro de uma efetiva oferta de trabalho. Neste modelo, uma taxa real de câmbio desvalorizada não é causa de superavit em conta-corrente, nem é consequência de manipulação monetária. Demonstramos, empiricamente, que as economias com elevada relação homens/mulheres tendem a ter uma menor taxa de câmbio real, além de... outros efeitos, como o maior nível de renda per capita, desenvolvimento do mercado financeiro, regimes de câmbio etc.

Uma vez levados em conta todos esses efeitos, concluímos que a taxa de câmbio chinesa está mesmo subvalorizada, mas subvalorizada num nível relativamente trivial".

Como demonstram isso? Com grossa artilharia matemática, usam 20 páginas em grego fora do texto (dois terços do original com divertido algebrismo), engenhosa econometria e rica imaginação e coragem para "calibrar" valores a parâmetros que não podem ser estimados diretamente.

Para entender aonde chegam, leiam este trecho que encerra o trabalho: "Se o planejador central (talvez alguém com a visão do líder Mao?) puder reduzir a relação entre os sexos (agora matando os nascituros masculinos?), ele produzirá uma redução da conta-corrente de acordo com a proposição 2" (que exige uma fantástica coleção de hipóteses para ser demonstrada).

Como disse, nos anos 1910, Vilfredo Pareto, sociólogo e economista matemático sério, "concedam-me as hipóteses e eu lhes demonstrarei qualquer coisa". De que são capazes pequenos matemáticos supostos grandes economistas...

terça-feira, 19 de julho de 2011

Inadimplência e governo ainda maior.

Simon Johnson foi economista-chefe do FMI, é professor da MIT Sloan, membro sênior do Instituto Peterson para Economia Internacional e coautor de "13 Bankers", com James Kwak. É cofundador do blog www.BaselineScenario.com, Copyright: Project Syndicate, 2011 e escreveu hoje no VALOR ECONÔMICO sobre INADIMPLÊNCIA E GOVERNO AINDA MAIOR.

Importantes congressistas dos Estados Unidos estão determinados a provocar um confronto com o governo Obama sobre o teto de dívida do governo federal. Normalmente, seria de se esperar que, a esta altura das negociações, os republicanos cedessem, mas uma minoria inflexível parece realmente achar que a inadimplência das dívidas do governo não seria algo ruim.Esses deputados - com os quais interagi recentemente em três audiências no Congresso - estão convencidos de que o governo federal é grande demais em relação à economia e que são necessárias medidas drásticas para que fique sob controle. Dependendo de como você avalie a força do movimento "Tea Party" no Capitólio, no mínimo uma inadimplência parcial não parece ser algo tão implausível como se imaginava no passado - e os recentes alertas das agências avaliadoras de crédito refletem esse aumento de risco.

As consequências de qualquer inadimplência, no entanto, ironicamente, aumentariam o tamanho do governo em relação à economia dos EUA - justamente o resultado que os republicanos mais intransigentes dizem tentar evitar.

O motivo é simples: a inadimplência do governo destruiria o sistema de crédito na forma como o conhecemos. As essenciais taxas de juros referenciais dos mercados financeiros modernos são as taxas dos bônus governamentais, consideradas de "risco zero". Remover esse pilar do sistema - ou criar um alto grau de risco em torno aos títulos do Tesouro dos EUA - desestabilizaria muitos contratos privados e todos os tipos de transações.

Além disso, muitas pessoas e empresas mantêm seu "dinheiro para emergências" na forma de títulos do Tesouro americano. Os fundos do mercado monetário, vistos como os mais seguros, por exemplo, são os que possuem apenas títulos de dívidas do governo dos EUA. Se o governo ficar inadimplente, contudo, todos vão "quebrar" a marca do dólar, ou seja, não conseguiriam manter o valor do principal investido no fundo e devolveriam menos de US$ 1 por dólar investido.

O resultado seria uma fuga de capitais - mas, para onde? Muitos bancos teriam um problema similar: o desmoronamento dos preços dos títulos do Tesouro dos EUA (com os juros subindo, já que os preços dos bônus e as taxas movem-se em direções opostas) destruiria seus balanços patrimoniais.

Os republicanos da Câmera e do Senado que não querem elevar o teto da dívida estão brincando com fogo. Defendem uma política que teria efeitos terríveis. A única lei que o Congresso não pode revogar é a lei das consequências involuntárias.

Não há uma só empresa nos EUA que não seria afetada pela inadimplência do governo - e não há um só banco ou outra instituição financeira que poderia proporcionar um porto seguro para as poupanças. Haveria uma corrida maciça de resgates de dinheiro em um grau sem precedentes desde a Grande Depressão, com longas filas de pessoas nos caixas eletrônicos e nos guichês de bancos para sacar o máximo possível.

Além disso, o crédito privado desapareceria do sistema econômico dos EUA, deixando o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) diante de uma escolha desagradável. Poderia intervir e fornecer enormes volumes de crédito diretamente às famílias e empresas (de forma parecida ao Gosbank, o banco central da antiga União Soviética) ou poderia ficar imóvel enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) cai de 20% a 30% - magnitude de retração que vemos nas economias modernas quando o crédito seca repentinamente.

Com o setor privado em queda livre, o consumo e os investimentos declinariam de forma acentuada. A capacidade de exportação dos EUA também seria afetada, porque os mercados estrangeiros provavelmente seriam afetados e porque, de qualquer forma, se as exportadoras não conseguissem créditos, muito provavelmente não conseguiriam produzir.

Os republicanos estão certos quanto a uma coisa: a inadimplência levaria a uma queda dos gastos do governo em termos reais. Mas o que cairia mais, os gastos do governo ou o tamanho do setor privado? A resposta, quase certamente, é o setor privado, tendo em vista sua dependência em relação ao crédito para comprar insumos. Pegue a contração que se seguiu à crise do sistema financeiro em 2008 e multiplique-a por dez.

O governo, por outro lado, tem acesso ao Fed e poderia, portanto, ter dinheiro para pagar salários. Com o teto de dívida ficando inalterado, isso exigiria certo truque jurídico. Mas a alternativa, claramente, seria o colapso da segurança nacional dos EUA - soldados e guardas de fronteira precisam ser pagos, o sistema de transporte precisa operar e assim por diante.

Emitir dinheiro nessa situação quase certamente seria inflacionário, mas o Fed poderia concluir de outra forma, porque os EUA nunca estiveram nessa situação antes, o crédito agora está implodindo e as medidas desesperadas de expansão de crédito criadas em 2008 mostraram não ser tão ruins como muitos críticos temiam.

É assim, portanto, que uma inadimplência das dívidas dos EUA seria: o setor privado desmoronaria, o desemprego rapidamente superaria os 20% e, embora o governo encolhesse, continuara sendo o empregador de última instância.

Os republicanos da Câmera e do Senado que não querem elevar o teto da dívida estão brincando com fogo. Defendem uma política que teria efeitos terríveis e resultaria no oposto do que eles querem, porque a inadimplência tornaria, imediatamente, o governo mais importante e não menos. A única lei que o Congresso não pode revogar é a lei das consequências involuntárias.

Quem tem medo do calote dos EUA?

Eduardo Campos, no VALOR ECONÔMICO de hoje, pergunta: Quem tem medo do calote dos EUA?

A semana começou com um clássico movimento de saída de risco. Bolsas e commodities caíram, enquanto o dólar apontou para cima.

A justificativa para tal movimento não é nova. O tema é o endividamento soberano, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa. E o problema nos dois lados do Atlântico parece ser um só, a falta de liderança na solução dos problemas.

Nos EUA, segue o embate entre Republicanos e Democratas sobre a elevação do teto do endividamento federal. Os EUA precisam gastar mais que os atuais US$ 14,3 trilhões e precisam de autorização para isso.

O que mais se ouve sobre o assunto é que a birra política será levada até o último momento, mas que no fim das contas o governo receberá autorização e os EUA não entrarão em um impensável default.

Apenas uma ou outra análise chama atenção para a "loucura" de parte dos Republicanos, que impediriam o aumento do teto só para ver o circo pegar fogo.

Mas mais do que discurso, sinais do próprio mercado mostram que um calote dos EUA é um evento considerado possível, mas tido como pouco provável.

O seguro da dívida de curto prazo (CDS - Credit Default Swap de um ano) segue na linha dos 49 pontos (o que é alto, mas não explosivo). E mesmo na iminência de um default, a demanda pelos papéis americanos segue firme. Sinal claro disso é a taxa de retorno do papel de 10 anos, que voltou a cair para baixo dos 3%.

Quem em sã consciência compraria os papéis de um governo que está para dar o calote, ainda mais a taxas decrescentes? O mesmo tipo de questionamento vale para o dólar, que ontem voltou a ganhar de seus principais rivais.

Nem medidas correlatas captam esse risco de calote dos EUA.

Vamos a um exemplo doméstico. O Brasil, que fechou maio (dado mais recente) com estoque de US$ 211 bilhões em dívida americana, quinto maior financiador mundial, não vê uma disparada de seu risco.

O economista da Gradual Investimentos, André Perfeito, tem interessante abordagem sobre o tema: é impossível um país dar calote na própria moeda. Basta ligar a máquina e imprimir dólares. Os EUA sempre fizeram isso. A situação é mais simples ainda, pois há gente disposta a financiar os americanos.

Por isso, o economista discorda um pouco das abordagens que vêm sendo dadas ao problema. Para Perfeito, esse aceno de default vai além dos embates políticos domésticos.

Essa ameaça de calote seria um jogo de cena. Mais uma jogada para tentar se fazer o que não se conseguiu com a política do dólar fraco.

O economista lembra que, desde o início da crise, os EUA jogaram a taxa de juros a zero para conseguir, entre outras coisas, que o dólar se desvalorizasse. O objetivo era compensar o baixo crescimento doméstico via demanda externa.

Não por acaso os EUA pressionaram a China por maior liberdade cambial. Tudo no âmbito da tal "Guerra Cambial". Mas os americanos não conseguiram um naco da demanda chinesa. Os dirigentes chineses foram irredutíveis e, para despistar, adotaram uma banda de oscilação que pouco mudou o preço do yuan.

Para Perfeito, o que os EUA querem é ajuda para crescer. "Os EUA estão começando a apertar o resto do mundo para fazer à força o que era para ser feito via diferencial de juros", diz o economista.

No mercado local, o dólar começou a semana em alta, mas terminou a jornada longe das máximas do dia.

Depois de subir a R$ 1,585, o dólar comercial terminou o dia com alta de 0,12%, a R$ 1,579 na venda.

Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar para agosto apontava queda de 0,06%, também a R$ 1,579, antes do ajuste final. O contrato fez máxima a R$ 1,5895, mas no fim da tarde devolveu os ganhos junto com uma melhora de sentimento que tirou força do dólar, reverteu o movimento de baixa na taxa dos títulos americanos e zerou as perdas do euro. Ainda se procura explicação crível, racional e bem fundamentada para isso.

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