domingo, 12 de abril de 2009

KEYNES HOJE: NOSSO ESTADO GASTA BEM?

  1. Foi Richard Kahn, um aluno de John Maynard Keynes, que fez a pergunta que fazemos ainda hoje: É possível eliminar o desemprego mediante uma política de obras públicas? Brilhantemente, Keynes aproveitou a idéia criando o “multiplicador do investimento ou dos gastos.” Os argumentos de Keynes influenciaram e influenciam toda uma geração de economistas, passando o pleno emprego a ser um dos objetivos da macroeconomia.
  2. Recordo desse fato, lendo a Folha de hoje, quando diz que “entre 2006 e 2008, governadores e prefeitos ampliaram gastos com o funcionalismo público a taxas superiores à inflação. Enquanto a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), índice oficial de inflação, ficou em 10,6%, as despesas com funcionários do Executivo aumentaram 25,2% nos Estados e 26% nas prefeituras das capitais. O quadro é percebido nas administrações de governadores e prefeitos que fazem lobby por pacotes de socorro federal e incluem partidos como DEM e PSDB, que atacam a expansão da folha de pagamentos do governo Lula, de 26,2% nos dois anos. As justificativas ficam por conta da recomposição de salários defasados, da ampliação de serviços de saúde, educação e segurança e da valorização dos recursos humanos."
  3. É o que eu sempre penso: o Estado não é o melhor administrador de recursos que conhecemos. Será que não passou da hora do Estado gastar menos com uma turma que já ganha bem acima da média nacional e investir mais, de verdade, por exemplo, no próprio PAC?

FUKUYAMA - O LIBERALISMO É O CAMINHO

Que prazer ler na VEJA o famoso cientista político FRANCIS FUKUYAMA repetir o que também acredito: "O LIBERALISMO É O CAMINHO. NÃO HÁ NADA DE ERRADO COM O LIBERALISMO. A RECEITA LIBERAL, BASEADA NO LIVRE MERCADO E NA GLOBALIZAÇÃO, AINDA É A MELHOR ALTERNATIVA PARA O DESENVOLVIMENTO GLOBAL. MILHARES DE PESSOAS DEIXARAM A LINHA DE POBREZA NOS ÚLTIMOS ANOS JUSTAMENTE POR CAUSA DO CRESCIMENTO ECONÔMICO ROBUSTO NO MUNDO. A CRISE ATUAL NÃO FOI CAUSADA POR UM DESVIO DO LIBERALISMO, MAS POR OPÇÕES POLÍTICAS EQUIVOCADAS. POR DÉCADAS, SEGUIMOS UM MODELO QUE PROPUNHA A MÁXIMA DESREGAMENTAÇÃO DOS MECANISMOS FINANCEIROS E A CRENÇA DE QUE OS MERCADOS IRIAM SE AJUSTAR A QUALQUER SITUAÇÃO. ATÉ O ALAN GREENSPAN RECONHECE QUE FOI UM ERRRO ACREDITAR NISSO." E alerta: "PROGRAMAS SOCIAIS DE REDISTRIBUIÇÃO DE RENDA QUE RETIRAM DIREITOS DA ELITA E OS REPASSAM AOS EXCLUÍDOS É UMA TENDÊNCIA PERIGOSA." Alguém recorda de alguma bolsa?... Novamente pergunto aos meus quase dois leitores: Qual a real alternativa ao capitalismo e ao livre mercado?

BRASIL - ESTA É A SUA CARA (AINDA HOJE)

Vi a pouco no blog do colega Josias de Souza da Folha de S. Paulo e fui buscar a original na página do cartunista e blogueiro Caco Galhardo. Lembrando Cazuza e Gal Costa, nesta o BRASIL, que nem a famosa música, mostra realmente a sua cara.  

sexta-feira, 10 de abril de 2009

BANCO DO BRASIL E O GOVERNO

Lamentável a ingerência política do governo na determinação da política a ser adotada pelo Banco do Brasil, principalmente na área da taxa de juros e aumento do crédito. Lembro que o governo NÃO É O DONO do Banco do Brasil. É seu maior acionista, o que implica que OUTROS acionistas também deveriam ser ouvidos nesse tipo de assunto.  A atuação de GOVERNO com PODER para mudar o comportamento do agente econômico em determinados setores deve ser bem avaliada. Inúmeros exemplos na história já demonstraram o quanto o ESTADO pode prejudicar a iniciativa privada e/ou estatais a serviço do GOVERNO.  Desde o Plano Cruzado que o Banco do Brasil deixou de ser Autoridade Monetária, sendo atualmente um Banco Comercial, concorrendo com os demais do mercado. Demitir seu Presidente por pressão política NÃO é a melhor saída e NÃO é um sinal positivo para o mercado. Tanto é fato, que as ações do Banco do Brasil tiveram o pior desempenho da bolsa brasileira no dia da notícia,  com uma queda de 6,56%, enquanto o índice Ibovespa teve alta de 0,54%        

quarta-feira, 8 de abril de 2009

CRISE NO BRASIL? ONDE MESMO?

Esta é a verdadeira crise que ninguém tem interesse em resolver. E o tempo passando. 

DÁ SÉRIE TEXTO DE QUEM É DA NOSSA ÁREA

Direto da Folha de S. Paulo de hoje, 08/04/2009, PAULO RABELLO DE CASTRO, eswcreve sobre "O placar da sorte de Lula". 

Ao fazer um balanço da "sorte" no seu governo, em recente seminário sobre os 15 anos do Real, realizado na Fecomercio, o ex-presidente FHC chegou a uma proporção de 6 anos difíceis enfrentados por ele, contra 2 anos favoráveis. Tinha, portanto, um déficit de sorte, por um placar de 6 a 2. Lembrou os anos de 1995 (prejudicado pela quebra do México), 1997 e 1998 (quebras de países da Ásia e da Rússia), 1999 (crise cambial no Brasil), 2001 (crise de energia no Brasil e quebra da Argentina) e 2002 (transição eleitoral aqui e recessão lá fora). Na contabilidade do ex-presidente, a sorte só lhe sorriu mesmo em 1996 e em 2000. Arrematou, então, dizendo que "com Lula se deu o inverso".
De fato, em matéria de sorte, não há quem possa disputar com o atual presidente. Mas faltou dizer, na ocasião, que Lula não maltrata a sorte que lhe bate à porta. Este ano de 2009 é apenas o segundo -após o difícil 2003 - em que Lula administra adversidades alheias ao seu controle direto. E, por enquanto, vai muito bem, obrigado, apesar de o cenário de 2009 estar apontando para um crescimento zero, nada de espantar ante o excelente crescimento da economia em 2008.
No plano externo, a "sorte" de novo lhe sorri, quando as nações de olhos azuis lhe brindam com uma das cadeiras de honra, quase de mãos dadas com a rainha, na foto oficial da reunião do G20, em Londres.
O prognóstico, ainda inconcluso, de Fernando Henrique sobre a gestão Lula - seria de 6 anos de sorte, contra 2 anos difíceis - ainda depende de como será 2010. A materialização desse placar envolve vários aspectos importantes.
O Brasil enfrenta esta enorme crise com caixa, até para fazer uma "fezinha" emprestando recursos ao FMI (vejam só...). É a primeira crise que vem com ajuste dos juros internacionais para baixo, portanto abrindo uma chance de ouro para quedas significativas dos juros altos no Brasil. Esses dois fatos, por si, são suficientes para fazer de 2010 um ano de franca recuperação.
Nossos economistas, entretanto, projetam para o Brasil um crescimento fraco em 2010. A explicação parece estar escondida na precária estrutura do crédito às atividades produtivas. No período 2003-2008, o crédito às empresas cresceu menos do que o concedido às pessoas físicas. O crédito consignado para o consumo foi a grande alavanca da popularidade de Lula. A capacidade de investimento das empresas brasileiras também não evoluiu com vigor por conta da avalanche tributária, que tem abocanhado pelo menos metade de cada real adicional do ganho nas atividades produtivas.
Como mostrou pesquisa da Fecomercio nesta Folha, no domingo, o "spread" bancário chegaria a R$ 134 bilhões, uma sangria profunda sobre a capacidade de investir e crescer. E os contribuintes pagaram pela rolagem da dívida pública outros R$ 160 bilhões em 2008.
Esses são, enfim, os freios a uma vigorosa recuperação do Brasil em 2010. A reforma do setor financeiro, envolvendo redução do recolhimento compulsório e tributos bancários, precisa ser enfrentada. E no campo dos outros impostos e encargos trabalhistas chega a ser vergonhosa a omissão de parlamentares e governo, por nem discutirem a reforma da hora. A responsabilidade do Congresso, inerte e tartamudo, soma-se à falta de criatividade do Executivo em dar mais passos, avançando na crise, como tem feito a China, por exemplo, que não descansou um minuto na capitalização de suas oportunidades abertas pela tormenta mundial.
Só por causa disso, a "sorte" de Lula não corre o risco de ser um 7 a 1 a seu favor.


PAULO RABELLO DE CASTRO, 59, doutor em economia pela Universidade de Chicago (Estados Unidos), é vice-presidente do Instituto Atlântico e chairman da SR Rating, classificadora de riscos. Preside também a RC Consultores, consultoria econômica, e o Conselho de Planejamento Estratégico da Fecomercio SP.  paulo@rcconsultores.com.br

terça-feira, 7 de abril de 2009

BRASIL: POUPANÇA DAS FAMÍLIAS, PIB E PAC

NADA contra o Programa de Aceleração do Crescimento – PAC. TUDO contra um PAC meramente eleitoral. Recentemente, com fogos de artíficio e artifícios econômicos e políticos, o governo lançou um pacote para construção de 1.000.000 de casas. Prazo para conclusão: não informado. É por essas situações inseguras que não podemos adotar um comportamento de avestruz e fingirmos que a crise inexiste no BRASIL e que, caso tenha, existe um Pai (que não é o do Céu, ainda…) a nos proteger.   É preocupante o que hoje li na coluna do colega blogueiro VINÍCIUS TORRES FREIRE, da Folha de S. Paulo:  Neste ano, a poupança ficou no vermelho em janeiro e em março. No ano, a "captação líquida" está negativa em R$ 582 milhões (para um saldo total de R$ 274,7 bilhões). É o primeiro trimestre de captação líquida média no vermelho desde junho de 2006. Não deve ser por acaso.” E não é mesmo. Uma das primeiras explicações para o crescimento do PIB é que o mesmo cresce devido o aumento da poupança das famílias, que posteriormente serão convertidos em equipamentos de capital. Logo, como essa poupança hoje está sendo retirada pelas pessoas, em continuando esse resgate, o PIB de 2009 realmente tenderá a quase zero. Ou não, dependendo do PAC... Até Caetano Veloso já deve pensar assim...      

domingo, 5 de abril de 2009

LULA NO G-20 FOI UM SUCESSO MUNDIAL

Direto do excelente colega blogueiro e cartunista André Mangabeira http://blogdomangabeira.zip.net/, realmente a reunião do G-20 foi um SUCESSO para ELLE. 
Que esse SUCESSO também seja completo na condução da crise aqui mesmo neste BRASIL.

sábado, 4 de abril de 2009

O QUE MUDA COM A SAÍDA DE MEIRELLES DO BACEN?

Uma nota triste que li nesta semana foi a de Suely Caldas, também da Folha, republicada pelo colega blogueiro Reinaldo Azevedo: A saída de Meirelles do Banco Central.
Meirelles escolheu o pior e mais impróprio momento para revelar-se: a inflação disparando, juros futuros em alta, superávit externo em queda e o ministro Guido Mantega impondo a criação de um fundo soberano. Por ter explicitado várias vezes resistência à idéia desse fundo - pelo menos enquanto o Brasil não começar a reduzir sua enorme dívida -, o presidente do BC passou para o mercado uma mensagem ruim, uma espécie de rendição nos embates com o Ministério da Fazenda, nada bom para o futuro da economia. Afinal, se o BC é o principal fiador de uma política econômica que reduziu a inflação e os juros e expandiu a produção e o emprego, uma escolha errada de substituto pode pôr em risco esse êxito. Seria um petista? Alguém sem nenhuma familiaridade e experiência no trato com o mercado? Abriu-se uma estrada longa para especulações. 
Nota deste blog: Por mais que critiquem Meirelles e os juros altos do BACEN, nestes seis e muitos anos de Lula, a situação está satisfatória graças ao trabalho dele e de sua equipe. Lamentavelmente, mais uma vez a ambição política supera um sério trabalho econômico.      

G20 EM LONDRES - CÚPULA DE EGOS

Essa é para concluir o assunto G20 em Londres. Já falaram tanta coisa sobre essa reunião, de Lula a Obama, de Michelle a Rainha Elizabeth II, mas este foi o melhor título que li sobre o encontro: Cúpula de egos, por RUBENS RICUPERO, como sempre, na nossa Folha de S. Paulo: A última vez em que se anunciou que nova ordem mundial estava emergindo foi em dezembro de 1990, quando Bush pai pediu emprestada a expressão a Gorbatchov. Ambos são hoje simpáticos aposentados, depois que o primeiro fracassou na reeleição e o último acabou destruindo o comunismo que pretendia restaurar. 
Oxalá o precedente não traga má sorte a Gordon Brown. Autêntico herói que não se poupou para garantir o êxito da cúpula do G20 poderá terminar como Churchill, vencedor da guerra, mas rejeitado pelos eleitores britânicos. Lutando contra a maré conservadora, Brown demonstrou que nem um escocês austero, filho de pastor presbiteriano, consegue resistir à hipérbole quando se trata de exagerar o êxito de uma reunião para impressionar o eleitorado.
Mas, se o encontro de Londres está longe de se comparar ao nascimento da nova ordem da ONU e do FMI, merece ser visto como contribuição útil, embora não espetacular, para restabelecer a confiança. Retomando os três critérios que sugeri ontem nesta Folha, vou invertê-los da cabeça para baixo por ordem de importância dos resultados. 
De longe a ação mais concreta e nova consistiu no aumento dos recursos do FMI para US$ 750 bilhões, mais que o Fundo pedira, e a decisão de emitir US$ 250 bilhões em Direitos Especiais de Saque. Na mesma linha destacam-se os US$ 250 bilhões para financiar o comércio. Nada disso é imediato; levará meses, talvez um ano, para que esse dinheiro entre de fato e comece a ser desembolsado. Não obstante, não há dúvida de que os países necessitados se sentirão mais tranquilos. O México não esperou para se candidatar a US$ 47 bilhões da Linha de Crédito Flexível. 
No critério da regulamentação, a parte conceitual do comunicado vai na boa direção: todos, entidades cinzentas como os fundos de hedge e instrumentos financeiros tóxicos, serão disciplinados, e os padrões internacionais para evitar risco excessivo ou contágio passarão por reforço. Mas os americanos lograram resistir à ideia de transnacionalizar as regras. Os EUA gostam de globalização só quando se trata de abrir fronteiras para as transnacionais, o capital e o comércio. Na hora de regular e fiscalizar, preferem a soberania. O primeiro critério, o de substanciais estímulos adicionais, pecou pela ausência. Figura apenas como veleidade de fazer mais, caso necessário. Os europeus e os que dependem da demanda alheia para crescer não se emocionaram. 
Um sucesso de relações públicas, para não usar palavra mais feia, foi convencer a imprensa de que era pertinente fazer o êxito da cúpula depender de tema periférico, sem relação direta com as causas da crise: os paraísos fiscais, preocupação dos fiscos alemão e francês. Aqui, como na questão da regulação, tudo dependerá da qualidade e do rigor das regras internacionais a serem definidas nos próximos meses. Afinal, antes da crise já existiam os padrões de Basileia, que se revelaram frouxos e complacentes. No caso do protecionismo e da conclusão da Rodada Doha, ouvimos a mesma canção com letra um pouco modificada.
Quanto ao mais, Obama saiu-se bem na modéstia de pretender ter vindo para escutar, Brown teve sua "finest hour" e todos os atores voltaram para casa convencidos de que o sucesso se deveu a eles. Que mais desejar de uma Cúpula de Egos?  RUBENS RICUPERO, 72, é diretor da Faculdade de Economia da Faap e do Instituto Fernand Braudel de São Paulo, foi secretário-geral da Unctad e ministro da Fazenda (governo Itamar Franco).  

DELFIM PREOCUPADO? VAMOS ENTENDER O PORQUE.

Em sua última coluna na Folha de São Paulo, o Economista ANTONIO DELFIM NETTO, já chama atenção para o título de seu texto: PREOCUPAÇÕES.

Houve uma dramática queda do crescimento do PIB entre o terceiro e o quarto trimestres de 2008, e os sinais no primeiro de 2009 são dúbios. O que será o crescimento deste ano, entretanto, não pode ser "previsto". Depende do vigor e da inteligência das políticas fiscal e monetária e de como reagirá a elas o setor privado. 
Há, certamente, muito a fazer napolítica monetária, onde o Banco Central só agora começou a usar a sua musculatura para restabelecer o fluxo do crédito interbancário. O governo tem dado ênfase aos únicos instrumentos de que dispõe para ativar a economia: 1º) acelerar os seus investimentos e 2º) tentar cooptar o setor privado com alguns estímulos creditícios e fiscais para fazerem o mesmo. Ambos, sempre submetidos à responsabilidade fiscal. 
Por seus sacerdotes, os "Deuses do Mercado" têm manifestado sérias dúvidas sobre tal política. Em relação à menos importante tarefa do Banco Central (a redução da taxa Selic), manifestam com a gravidade de quem se pensa portador de uma verdade "científica", a preocupação que ela possa vir a acelerar a desvalorização cambial e, assim, comprometer a meta inflacionária de 4,5%. Há mil razões para discutir em que condições tal "ciência" deve ser levada a sério, mas apenas uma basta para pô-la em dúvida: a tremenda queda da demanda interna, que só será recuperada lentamente. Essa recuperação depende menos da taxa de juros Selic do que das ações do Banco Central para regularizar o fluxo interbancário. 
Em relação à política fiscal, boa parte das preocupações dos sacerdotes é que a provável redução do superávit primário venha a comprometer a queda monotônica da relação dívida/PIB, fator de alguma importância para a redução da taxa de juros. Hoje ela anda em torno de 37%, contra 52% em 2003. Mesmo que o PIB caia 1% (possível, mas dependente do que fizermos nos próximos nove meses), se a taxa de juros real anual cair para 6% (o que já deveria ter acontecido há alguns anos!), um superávit primário em torno de 3% do PIB será suficiente para estabilizá-la.
Nas condições atuais, até os "Deuses" a aprovarão, porque em 2009 praticamente todos os países verão sua relação dívida/PIB elevar-se.
Os investimentos do governo registraram uma aceleração: de 0,4% em 2003 para 1% em 2008 - de um PIB que cresceu 26% no período (4,7% real ao ano). É claro, entretanto, que, sem cooptar o setor privado, eles não terão potência suficiente para sustentar o crescimento. Isso sugere a urgência de acelerar e estimular todas as formas de concessão das obras de infraestrutura
Nota: Como já postei anteriormente discordo do autor sobre seu conceito de "previsões econômicas". Aqui ele logo no início do texto já faz sua crítica. E conclui com o pensamento no PAC...

VERÍSSIMO TAMBÉM É ECONOMIA.

Essa eu li em 02/04/09 e fiquei curioso, pois o autor desta crônica “Respeitável",  Luis Fernando Veríssimo, não faz parte da minha lista de preferidos. Porém, vindo dele, claro que tinha que ter uma crítica ao capitalismo... De qualquer maneira, sempre sou favorável a "ouvir ambas as partes"...

Hyman Minsky morreu em 1996 mas está sendo muito lembrado, e citado, agora. Era um economista e acadêmico americano que destoava da ortodoxia neo-clássica dominante de Milton Friedman e seus discípulos e combateu a desregulação do mercado que desmantelou o capitalismo auto-controlado montado pelos keynesianos depois da Grande Depressão - e acabou dando no atual desastre. Minsky previu o que ia acontecer mas na época do pensamento único e indiscutível ninguém lhe deu muita atenção. Agora o profeta está recebendo as honras devidas. Num trecho de um dos seus livros sobre a instabilidade da economia americana reproduzido recentemente pela revista "The Nation", Minsky escreveu que "o fracasso de políticas desde a metade dos anos 60 tem relação com a banalidade da análise econômica ortodoxa. Apenas uma análise crítica do capitalismo pode ser guia para uma política capitalista bem sucedida". Quer dizer, a análise acritica ou invariavelmente a favor ameaça o capitalismo mais do que qualquer pregação de esquerda. Minsky estava escrevendo para a grande imprensa americana e, sem saber, para a grande imprensa brasileira.

RICOS X POBRES: SEMPRE A MESMA COISA

Enquanto no Brasil os 10% mais ricos detem 75% da riqueza, lá no Clube do G20 não é muito é diferente: nada mais nada menos do que 90% do PIB mundial estavam em Londres.

Análise feita pela Miriam Leitão afirma que do grupo do G8, que inclui a Rússia entre as nações mais ricas, praticamente todos já estão em recessão ou tiveram PIB negativo no 4º trimestre de 2008. São eles: Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Canadá, Itália e Rússia.

Além deles estão reunidos os países que fazem parte da União Europeia e também o grupo de 11 nações emergentes, que inclui Brasil, Argentina, México, China, Índia, Austrália, Indonésia, Arábia Saudita, África do Sul, Coreia do Sul e Turquia.

Nota: e o que acontece com os quase 200 países que possuem APENAS 25% da riqueza?

O DÓLAR AINDA É MOEDA FORTE?

Clóvis Rossi é um dos jornalistas mais respeitados no meio e em seu texto de 27/03/09 na Folha de S. Paulo, traz mais uma preocupação para os tempos atuais. Para os meus quase dois leitores, o título do texto é bastante sugestivo "Aquelas notas verdes". E como gostamos dela...

LONDRES - Editorial desta Folha demonstrava faz pouco a fortaleza do dólar, apesar de toda a crise, apesar de todo o colossal déficit externo norte-americano. Um número bastava: o mundo comprou no ano passado US$ 815 bilhões em títulos norte-americanos. Significa, grosso modo, transferir para os EUA três quartas partes de tudo o que o Brasil produz por ano de bens e serviços. Mas as coisas começam a ficar esquisitas. Primeiro foi o premiê chinês, Wen Jiabao, a desconfiar publicamente da solvência dos EUA. Depois foi outro líder chinês, o presidente de seu Banco Central, a sugerir a troca do dólar pelos Direitos Especiais de Saque (moeda contábil do FMI) como moeda de reserva do planeta.  Ontem, foi a vez de Andrei Denisov, vice-ministro russo de Exteriores, a endossar a proposta chinesa. Denisov foi além: propôs uma conferência internacional para estudar a adoção da nova moeda, o que, de quebra, já mina a cúpula do G20 marcada para dia 2 em Londres. A cúpula destina-se a tentar estabilizar a economia, numa ponta, e a reformular a arquitetura financeira global, na outra. Se um dos participantes de certo peso já pensa em nova conferência em torno do mesmo assunto, para que servirá então a de Londres?  Observe-se que os dois países que lançaram a proposta sobre o dólar são Brics (Brasil, Rússia, Índia e China, supostas futuras potências mundiais). Como têm atuado coordenadamente no âmbito do G20, o Brasil será fatalmente chamado a manifestar-se, ainda mais que é um dos maiores detentores de papéis norte-americanos. É possível que o tema morra por aí. Mas, se os planos Obama/Geithner não conseguirem endireitar a coisa, prepare-se para um choque sobre aquelas notinhas verdes que parecem (ou pareciam) as únicas coisas no planeta em que se podia confiar para sempre

Em tempo: Atualizando a nota acima, o presidente Lula já propôs ao seu colega chinês Hu Jintao a utilização de suas respectivas moedas, real e yuan no comércio.(Não acredito na "quebra" do dólar, apesar do estado atual da economia norte-americana). A confirmar. 

quinta-feira, 2 de abril de 2009

OS MAIS RICOS DO MUNDO - RESULTADOS?

Do blog do Joemir Beting, um comentário sobre a reunião de hoje do G-20, em Londres:

Os países ricos vão ficar 4,3% menos ricos em 2009. Vulgo recessão em bloco dos 30 países mais desenvolvidos economicamente, politicamente, socialmente. E os 30 maiores países emergentes? Também estão em marcha à ré? Não! Estão em desaceleração, como que rodando em terceira ou segunda marcha e não mais em quinta ou sexta. O Brasil estaria ou já teria passado da quinta para a segunda. A crise é dos ricos - diria o presidente Lula. Eles produziram a bolha e explodiram a bolha. Os países emergentes - sem contar os submergentes, os que ainda não emergiram - acabaram atingidos, em maior ou menos escala, pelos estilhaços da bolha financeira nos flancos da economia real de cada um. O dado curioso é que os emergentes perderam os dedos, enquanto os opulentos perderam os dedos, as mãos e os braços. . Nesta crise, os emergentes passaram a ter uma fatia maior no bolo da economia mundial, recalculado na semana passada, a dólar de hoje, em US$ 62 tri. O planeta China, por exemplo, já é a terceira maior economia do mundo e ensaia ganhar a medalha de prata, já em 2011 ou 2012. É do Banco Central da China comunista a maior reserva internacional do capitalismo. Ou, se preferem: os EUA, primeira potência, desfilam dívida externa de US$ 4,4 tri. E o seu maior credor, brandindo cobrança de US$ 786 bi, é justamente o Tesouro Nacional da China. Pois o acordo global do G-20, afinal, tem apenas um defeito: entra hoje em órbita, com pelo menos 20 anos de atraso. Mas quais são os parceiros do G-20? Os do G-8 e os do G-12. No G-8, os 7 países ricos,m dando carona à Rússia do poder nuclear. No G-12, os emergentes de maior afluência no mercado globalizado. Anote aí: no G-8, pela ordem de tamanho do PIB, EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Canadá e Rússia. No G-12, China, Brasil, Índia, Coréia do Sul, México, Austrália, Turquia, Indonésia, Arábia Saudita, África do Sul e Argentina. Na soma de 2008, o PIB conjunto do G-20 foi de exatos US$ 45 tri., sendo US$ 31,5 tri do G-8 e US$ 10,5 tri do G-12.

A MELHOR REVISTA DO MUNDO

Existem revistas e revistas, pois gostos são muito pessoais. Porém, a cada semana a The Economist consegue ser e manter o padrão de melhor revista do mundo.
Jornalismo sério, desde a a primeira edição lá pelos ideos de 1843, a revista tinha como objetivo "a defesa do livre-comércio, do internacionalismo e da mínima interferência do governo, especialmente nos negócios de mercado", princípios que mantém até hoje.
O livre mercado ainda é a melhor saída. Quem sobreviver a crise, confirmará. É fato que a economia mundial está em crise, sem sequer conhecermos seu tamanho real. Fato mais seguro é que depois dessa crise teremos outra e outra. O capitalismo é criativo e consegue adaptar-se e criar riquezas, melhorando a vida de muitos. Uma saída socialista, realmente não é a melhor saída. Ainda bem camarada KARL MARX.

DO INTERIOR DO BRASIL AO MUNDO

Como cearense, lá mesmo do interior do quente Ceará , agora morando também num interior, só que bem na quente selva amazônica, indiferente as divergências que mantenho com o partido do Presidente Lula, fico feliz em ver como existe NO BRASIL a possibilidade real de uma pessoa ser destinada a NADA e, de repente, está LÁ, no CENTRO dos maiores do MUNDO. Nessa, valeu LULA. E, não esqueçendo de pedir para que GOD SAVE THE QUEEN.
No entanto, sei que apesar dos inúmeros sorrisos na foto, o jogo é pesado e sem amizades. Afinal, cada qual quer manter seu poder e nada de liberar $$$ para o colega.

domingo, 29 de março de 2009

PREVISÕES: ACERTOS E ERROS

Esta está no site/blog do KANITZ http://brasil.melhores.com.br/ e, de verdade, gostaria de saber a opinião dos meus colegas econometristas blogueiros. Então vamos lá:

"Previsões são meros exercícios de vontade, cujo resultado depende da disposição psicológica mais ou menos otimista dos seus autores. Não existe nenhum mecanismo de 'previsor antecedente' [de um ano] aceitável. Na melhor das hipóteses, pode-se estimar precariamente o crescimento do PIB num trimestre quando SE ESTÁ NA METADE dele". (Delfim Netto, na Folha de São Paulo, de 25 de Março de 2009.)

Então por que continuamos a publicar estas previsões de economistas neo-clássicos, monetaristas e keynesianos, se o melhor economista deste país afirma que são meros exercícios de vontade? Atenção jornalistas econômicos e professores de jornalismo: esta frase do Delfim diz muita coisa e precisa ser lembrada.

Vai ser um verdadeiro "choque": o crescimento anual do primeiro trimestre de 2009 será muito próximo de zero, mas isso não nos permite saber o que serão os próximos nove meses. Logo, não podemos saber qual será o crescimento do ano.

Portanto leitores de O Brasil Que Dá Certo: não se assustem nem se desesperem.

Segundo Delfim, publicar na manchete de um jornal a previsão de queda no crescimento do PIB não é informação, e sim barulho. Falou de Delfim Netto, o economista-chefe deste país

Nota deste blog: Eu não concordo integralmente com o texto acima.

DA SÉRIE "TEXTO DE QUEM ESCREVE BEM"

A mística do mercado é o título do artigo publicado por PAUL KRUGMAN no "NEW YORK TIMES" e aqui no Brasil na FOLHA DE S.PAULO. Nada como um Nobel para facilitar e apontar como esta a crise atualmente, apesar de não necessariamente todo Nobel esteja correto em seu entendimento econômico. Nem mesmo um KRUGMAN...

Na segunda-feira, Lawrence Summers, o chefe do Conselho Econômico Nacional, respondeu às críticas ao plano do governo Obama para subsidiar a compra privada de ativos tóxicos. "Não conheço nenhum economista que não acredite que mercados de capitais funcionando melhor, nos quais os ativos possam ser negociados, não sejam uma boa ideia." Deixe de lado por um momento a questão de se um mercado em que os compradores têm de ser subornados para participar pode realmente ser descrito como "funcionando melhor". Mesmo assim, Summers precisa sair mais. Alguns economistas reconsideraram sua opinião favorável sobre os mercados de capitais e a negociação de ativos à luz da crise atual. Mas ficou cada vez mais claro nos últimos dias que autoridades graduadas do governo Obama ainda estão presas à mística do mercado. Elas ainda acreditam na magia do mercado financeiro e na proeza dos magos que a executam. A mística do mercado nem sempre dirigiu a política financeira. A América saiu da Grande Depressão com um sistema bancário rigidamente regulamentado, que fez das finanças um negócio sóbrio e até aborrecido. Os bancos atraíam os depositantes fornecendo localizações convenientes de agências e talvez uma ou duas torradeiras de brinde; usavam o dinheiro assim captado para fazer empréstimos, e era isso. E o sistema financeiro não era apenas aborrecido. Também era, pelos padrões de hoje, pequeno. Mesmo durante os "anos go-go", o mercado altista da década de 1960, finanças e seguros juntos representavam menos de 4% do PIB. A relativa desimportância das finanças se refletia na lista de ações que formavam a Média Industrial Dow Jones, que até 1982 não continha uma única companhia financeira. Tudo parece primitivo pelos padrões de hoje. Mas aquele sistema financeiro aborrecido e primitivo serviu a uma economia que duplicou os índices de padrão de vida no período de uma geração. Depois de 1980, é claro, surgiu um sistema financeiro muito diferente. Na era Reagan, de mentalidade desregulamentadora, a banca à moda antiga foi cada vez mais substituída pela especulação em grande escala. O novo sistema era muito maior que o antigo regime: à véspera da crise atual, finanças e seguros representavam 8% do PIB, mais que o dobro de sua participação nos anos 60. No início do ano passado, o Dow Jones incluía cinco companhias financeiras - entre elas gigantes como AIG, Citigroup e Bank of America. E as finanças tornaram-se nada aborrecidas. Atraíram muitas de nossas mentes mais agudas e fizeram algumas pessoas imensamente ricas. Sob o novo mundo glamouroso das finanças estava o processo de securitização. Os empréstimos não ficavam mais com o credor. Em vez disso, eram vendidos para outros, que cortavam em fatias, picavam e faziam purê das dívidas individuais para sintetizar novos ativos. Hipotecas "subprime", dívidas de cartão de crédito, empréstimos para carros - tudo entrava na processadora do sistema financeiro.Do outro lado, supostamente, saíam doces investimentos AAA. E os magos financeiros foram generosamente recompensados pela condução desse processo. Mas os magos eram fraudes, quer eles soubessem disso quer não, e sua magia veio a ser nada mais que uma coleção de truques baratos. Acima de tudo, a promessa chave da securitização - que tornaria o sistema financeiro mais robusto ao espalhar mais os riscos - veio a ser uma mentira. Os bancos usaram a securitização para aumentar seu risco, e não para reduzi-lo. Nesse processo tornaram a economia mais, e não menos, vulnerável aos distúrbios financeiros. Mais cedo ou mais tarde as coisas tinham de dar errado, e acabaram dando. O Bear Stearns faliu; o Lehman faliu; mas principalmente a securitização faliu. O que nos traz de volta à abordagem do governo Obama para a crise financeira. Grande parte da discussão sobre o plano de ativos tóxicos se concentrou nos detalhes e na aritmética, e com razão. Além disso, no entanto, o que é marcante é a visão manifestada tanto no conteúdo do plano financeiro como em declarações de autoridades do governo. Na essência, o governo parece acreditar que quando os investidores se acalmarem a securitização e os negócios financeiros poderão retomar de onde pararam um ou dois anos atrás. Para ser justo, as autoridades estão pedindo mais regulamentação. Na verdade, na quinta-feira Tim Geithner, o secretário do Tesouro, explicou planos para aumentar a regulamentação que teriam sido considerados radicais pouco tempo atrás. Mas a visão subjacente permanece a de um sistema financeiro mais ou menos igual ao que havia dois anos atrás, embora um pouco mais controlado por novas regras. Como você pode adivinhar, eu não compartilho essa visão. Não acho que isso seja apenas um pânico financeiro; eu acredito que representa o fracasso de todo um modelo de banca, de um setor financeiro que cresceu demais e causou mais dano que bem. Não acho que o governo Obama seja capaz de trazer a securitização de volta à vida, e não acredito que deva tentar isso.

REVISTA ÉPOCA - EDIÇÃO DE 30/03/2009

Excelentes matérias a ÉPOCA nos oferece nesta semana sobre a crise. Material bem escrito e que deixa o leitor entendendo realmente o que fazer ou não com o seu $$$ dinheiro. Interessante a citação dos 15 nomes de pessoas que têm poder para definir os rumos da economia global. Claro que, dentre eles, o de nosso Presidente Lula. Vide abaixo a relação completa:
Barack Obama - Wen Jiabao - Gordon Brown - Nicolas Sarkozy - Timothy Geithner - Ben Bernanke - Jean-Claude Trichet - Lawrence Summers - Pascal Lamy - Mahmoud Ahmadinejad - Luiz Inácio Lula da Silva - Warren Buffett - Nouriel Roubini - Martin Wolf - Oprah Winfrey.

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...