domingo, 12 de abril de 2009

CONSENSO DE WASHINGTON E A CRISE

Por mais que reclamem, muito do que o BRASIL tem de bom hoje é resultado de umas idéias que foram erroneamente denominadas de Consenso de Washington, situação essa que já postei anterirmente. A entrevista abaixo, que acabei de receber do meu ex-Professor da UnB Carlos Pio e foi publicada no Estadão de hoje, esclarece muito do que aconteceu e serviu para hoje. Com vocês, John Williamson, o criador do Consenso de Washington:
O Consenso de Washington não morreu, e o cumprimento das suas recomendações fiscais explica a resistência da América Latina, em especial Chile e Brasil, diante da pior crise global desde os anos 30. A afirmação é do economista britânico John Williamson, o "pai" do Consenso de Washington, um conjunto de recomendações de política econômica elaborado em 1989, com foco específico na América Latina. Segundo o economista, o governo Lula tomou decisões muito boas na área macroeconômica. Para ele, a postura fiscal rígida dos países latino-americanos os ajudou a atravessar a atual crise com custos relativamente moderados. Na recente reunião do G-20, em Londres, o primeiro-ministro Gordon Brown declarou que "o velho Consenso de Washington acabou". Williamson discorda, mas diz que são necessários ajustes. Williamson falou por telefone com o Estado na quinta-feira, de seu escritório no Instituto Peterson de Economia Internacional, em Washington:
A reunião do G-20 em Londres aponta para um novo consenso econômico global. O Consenso de Washington acabou?
Não, as nossas recomendações ainda valem. Esse novo consenso tem uma parte em comum com o que eu venho dizendo, mas também vai além. Eles falam no crescimento ser compartilhado, que haja prosperidade não apenas para os ricos e poderosos, mas que seja disseminada e chegue aos menos privilegiados. Isso é muito importante. Eles também falam sobre regular o sistema financeiro, e certamente isso não é algo que estivesse no Consenso de Washington inicial. Eu gostaria de ter colocado pelo menos alguma menção, mas nem isso eu fiz. Esse é um acréscimo merecido. 
Que outros pontos do comunicado de Londres não estão no Consenso de Washington?
Eles mencionam a importância de instituições globais fortes, o que não estava no consenso original. Mas, nesse caso, eu tenho uma desculpa bem melhor, porque estava escrevendo para a América Latina, uma região específica, e não para o mundo todo. Não haveria porque falar de instituições globais naquele contexto. O ponto final que eles enfatizaram, e que também não consta do Consenso de Washington, é o meio ambiente, algo que realmente entrou na agenda nos últimos anos.
A regulação não entrou no Consenso de Washington original?
É até um pouco embaraçoso, porque um dos tópicos (do documento original) era sobre desregulação. Mas eu estava me referindo à desregulação do tipo que elimina barreiras à entrada e saída de mercados, e não em desregulação financeira. Eram temas como os empresários não encontrarem diversos obstáculos para demitir funcionários, o que os torna menos inclinados a contratar. Ou desregulação em áreas como transporte por caminhão, ferrovias, aviação, como ocorreu nos Estados Unidos nos últimos vinte anos.
Mas o que havia sobre o setor financeiro?
Fui bastante específico em falar de liberalização do sistema financeiro, e é provavelmente verdade que, se mantivéssemos um setor financeiro completamente regulado, não haveria acontecido uma crise desse tipo. Eu ainda acho que o melhor sistema envolve liberalização mas, junto com isso, uma boa supervisão do sistema financeiro, e regras, regulação. Posteriormente, eu reconheci a importância do tema, e afirmei que, se é para liberalizar o sistema financeiro, tem de regular também. Eu disse que ter uma sem a outra é um convite a problemas.
De qualquer forma, parece ser consensual agora que a regulação insuficiente, que foi endossada pelo establishment econômico-financeiro global, é uma das grandes causas da crise.
Claro que houve uma falha. Com o benefício do olhar retrospectivo, vemos que foi um erro dar tanta liberdade. Algumas coisas que aconteceram no sistema financeiro foram claramente excessos. Acho certo apertar a regulação, mas não é preciso também usar os princípios corretos. Não se trata apenas de coordenação internacional, da questão do pagamento a banqueiros, mas também de impedir que os bancos se tornem grandes demais. É muito pouco saudável ter bancos "grandes demais para falir". Também é preciso ter uma supervisão prudencial macroeconômica. Tradicionalmente, a ênfase é inteiramente na supervisão prudencial microeconômica, e isso não está certo, porque os bancos são atingidos por choques similares, simultâneos. Havia uma suposição implícita na regulação de que isso não ia acontecer, mas aconteceu. 
Em que pontos o comunicado de Londres coincide com o Consenso de Washington?
O primeiro é a ideia de que a globalização é uma coisa boa, e de que precisamos manter o comércio internacional fluindo, e não voltar para uma situação de diversas economias fechadas. Isso está logo no começo. O comunicado também foi muito explícito em dizer que a maioria das economias que fazem parte do G-20 é baseada em princípios de mercado, e eles veem isso como importante. Esse era um dos pontos que eu mais quis enfatizar no Consenso de Washington.
Por quê?
Porque se trata de uma grande mudança de pensamento. No período inicial do pós-Guerra, havia um argumento de que as pessoas em países em desenvolvimento não respondiam a incentivos econômicos da mesma forma que nos países desenvolvidos, e que, então, um tipo de pensamento econômico diferente tinha de ser usado. Eu acho que isso está errado, e não penso que o comunicado de Londres tenha embarcado neste caminho.
Mas a recomendação de aumentar gastos públicos para sair da recessão não contradiz a defesa de disciplina fiscal pelo Consenso de Washington?
Não, o comunicado menciona duas vezes a importância de se alcançar sustentabilidade fiscal no longo prazo, o que eu defendia para a América Latina. É claro que é apropriado ter políticas fiscais expansionistas neste momento, no meio de uma recessão, mas também é apropriado torná-las menos expansionistas à medida que o tempo passa e essas economias se recuperam.
O Consenso de Washington está ligado à agenda liberal de Margaret Thatcher e Ronald Reagan?
Bem, a intenção era de buscar um consenso, e, portanto, determinar o que tinha sobrevivido em termos de ideias ao final daquele período. Em relação a Margaret Thatcher, foi importante que ela tenha introduzido e tornado popular a privatização. Acho que ela estava certa. Mas o Consenso de Washington nunca foi um apoio generalizado às ideias de Reagan e Thatcher.
Como o sr. vê a América Latina e o Brasil diante da crise?
Eu realmente acredito que diversos países latino-americanos seguiram razoavelmente bem a parte macroeconômica do Consenso de Washington, especialmente o item relativo à disciplina fiscal. O governo Lula, por exemplo, tomou decisões muito boas na área macroeconômica. E eu acho que essa postura fiscal dos países latino-americanos os ajudou enormemente a atravessar a atual crise com custos relativamente moderados. É claro que o Chile é a estrela, mas aquilo é verdadeiro também em relação ao Brasil - e mesmo, até certo ponto, à Argentina. Já diversos países da Europa Oriental, cujas políticas fiscais divergiram fortemente da disciplina recomendada no Consenso de Washington, estão sendo muito mais duramente atingidos nesta crise.
Quer dizer que, no final das contas, a América Latina implementou o Consenso de Washington?
Bem, eu não acho que todos os países, e aí incluo o Brasil e, obviamente, a Argentina, tenham ido tão bem em relação aos temas de aperfeiçoamento da economia de mercado, mas isso é mais relevante para o crescimento de longo prazo do que para a capacidade de resistir a uma crise no curto prazo. A liberalização comercial, por exemplo, foi feita de uma forma infeliz, com a conta de capital liberalizada (liberalização dos fluxos de capital) simultaneamente. Então, houve esse fluxo de capital que tendeu a tornar as exportações não competitivas (pela valorização do câmbio), e isso foi um erro. E há muitas falhas na educação, das quais tratamos na revisão do Consenso de Washington.
As mudança no FMI decididas em Londres estão em linha com o que o sr. defende?
Bem, realisticamente, ninguém esperava que eles concordassem um dia sobre como reformar o FMI. Mas, em linhas gerais, fiquei surpreso com o quanto o comunicado foi na direção que venho favorecendo. Por exemplo, na questão de escolher o diretor-gerente, com base no mérito, e não da geografia, não tendo mais de ser de algum país em particular.
E em relação ao aumento dos recursos para o FMI?
Sou a favor e acho que ajuda muito na situação atual, mas não escrevi especificamente sobre isso. Uma questão que não foi resolvida, na minha opinião, é que os novos empréstimos, com poucas condicionalidades, são para países que sofrem fugas de capital ou paradas súbitas da entrada de capital. Isso deixa de fora todos os países dependentes de commodities, e que podem ter problemas no balanço de pagamentos (no caso de os preços das commodities caírem muito), sem ser por culpa deles. Já houve empréstimos desse tipo, mas, desta vez, uma falha foi não reativar este instrumento.
O que o sr. acha do plano de Tim Geithner (secretário do Tesouro americano) para sanear os bancos do país?
Os americanos pagarão um preço alto por serem tão avessos à possibilidade de nacionalização temporária. Ninguém iria querer um sistema bancário permanentemente estatal, mas provavelmente a melhor coisa seria permitir que alguns bancos sejam nacionalizados temporariamente, e serem privatizados de novo no futuro. Não acho que isso represente uma ameaça tão aterradora, a ponto de se pagar qualquer preço para evitá-la - e é assim que encaro a abordagem do Geithner.  

KEYNES HOJE: NOSSO ESTADO GASTA BEM?

  1. Foi Richard Kahn, um aluno de John Maynard Keynes, que fez a pergunta que fazemos ainda hoje: É possível eliminar o desemprego mediante uma política de obras públicas? Brilhantemente, Keynes aproveitou a idéia criando o “multiplicador do investimento ou dos gastos.” Os argumentos de Keynes influenciaram e influenciam toda uma geração de economistas, passando o pleno emprego a ser um dos objetivos da macroeconomia.
  2. Recordo desse fato, lendo a Folha de hoje, quando diz que “entre 2006 e 2008, governadores e prefeitos ampliaram gastos com o funcionalismo público a taxas superiores à inflação. Enquanto a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), índice oficial de inflação, ficou em 10,6%, as despesas com funcionários do Executivo aumentaram 25,2% nos Estados e 26% nas prefeituras das capitais. O quadro é percebido nas administrações de governadores e prefeitos que fazem lobby por pacotes de socorro federal e incluem partidos como DEM e PSDB, que atacam a expansão da folha de pagamentos do governo Lula, de 26,2% nos dois anos. As justificativas ficam por conta da recomposição de salários defasados, da ampliação de serviços de saúde, educação e segurança e da valorização dos recursos humanos."
  3. É o que eu sempre penso: o Estado não é o melhor administrador de recursos que conhecemos. Será que não passou da hora do Estado gastar menos com uma turma que já ganha bem acima da média nacional e investir mais, de verdade, por exemplo, no próprio PAC?

FUKUYAMA - O LIBERALISMO É O CAMINHO

Que prazer ler na VEJA o famoso cientista político FRANCIS FUKUYAMA repetir o que também acredito: "O LIBERALISMO É O CAMINHO. NÃO HÁ NADA DE ERRADO COM O LIBERALISMO. A RECEITA LIBERAL, BASEADA NO LIVRE MERCADO E NA GLOBALIZAÇÃO, AINDA É A MELHOR ALTERNATIVA PARA O DESENVOLVIMENTO GLOBAL. MILHARES DE PESSOAS DEIXARAM A LINHA DE POBREZA NOS ÚLTIMOS ANOS JUSTAMENTE POR CAUSA DO CRESCIMENTO ECONÔMICO ROBUSTO NO MUNDO. A CRISE ATUAL NÃO FOI CAUSADA POR UM DESVIO DO LIBERALISMO, MAS POR OPÇÕES POLÍTICAS EQUIVOCADAS. POR DÉCADAS, SEGUIMOS UM MODELO QUE PROPUNHA A MÁXIMA DESREGAMENTAÇÃO DOS MECANISMOS FINANCEIROS E A CRENÇA DE QUE OS MERCADOS IRIAM SE AJUSTAR A QUALQUER SITUAÇÃO. ATÉ O ALAN GREENSPAN RECONHECE QUE FOI UM ERRRO ACREDITAR NISSO." E alerta: "PROGRAMAS SOCIAIS DE REDISTRIBUIÇÃO DE RENDA QUE RETIRAM DIREITOS DA ELITA E OS REPASSAM AOS EXCLUÍDOS É UMA TENDÊNCIA PERIGOSA." Alguém recorda de alguma bolsa?... Novamente pergunto aos meus quase dois leitores: Qual a real alternativa ao capitalismo e ao livre mercado?

BRASIL - ESTA É A SUA CARA (AINDA HOJE)

Vi a pouco no blog do colega Josias de Souza da Folha de S. Paulo e fui buscar a original na página do cartunista e blogueiro Caco Galhardo. Lembrando Cazuza e Gal Costa, nesta o BRASIL, que nem a famosa música, mostra realmente a sua cara.  

sexta-feira, 10 de abril de 2009

BANCO DO BRASIL E O GOVERNO

Lamentável a ingerência política do governo na determinação da política a ser adotada pelo Banco do Brasil, principalmente na área da taxa de juros e aumento do crédito. Lembro que o governo NÃO É O DONO do Banco do Brasil. É seu maior acionista, o que implica que OUTROS acionistas também deveriam ser ouvidos nesse tipo de assunto.  A atuação de GOVERNO com PODER para mudar o comportamento do agente econômico em determinados setores deve ser bem avaliada. Inúmeros exemplos na história já demonstraram o quanto o ESTADO pode prejudicar a iniciativa privada e/ou estatais a serviço do GOVERNO.  Desde o Plano Cruzado que o Banco do Brasil deixou de ser Autoridade Monetária, sendo atualmente um Banco Comercial, concorrendo com os demais do mercado. Demitir seu Presidente por pressão política NÃO é a melhor saída e NÃO é um sinal positivo para o mercado. Tanto é fato, que as ações do Banco do Brasil tiveram o pior desempenho da bolsa brasileira no dia da notícia,  com uma queda de 6,56%, enquanto o índice Ibovespa teve alta de 0,54%        

quarta-feira, 8 de abril de 2009

CRISE NO BRASIL? ONDE MESMO?

Esta é a verdadeira crise que ninguém tem interesse em resolver. E o tempo passando. 

DÁ SÉRIE TEXTO DE QUEM É DA NOSSA ÁREA

Direto da Folha de S. Paulo de hoje, 08/04/2009, PAULO RABELLO DE CASTRO, eswcreve sobre "O placar da sorte de Lula". 

Ao fazer um balanço da "sorte" no seu governo, em recente seminário sobre os 15 anos do Real, realizado na Fecomercio, o ex-presidente FHC chegou a uma proporção de 6 anos difíceis enfrentados por ele, contra 2 anos favoráveis. Tinha, portanto, um déficit de sorte, por um placar de 6 a 2. Lembrou os anos de 1995 (prejudicado pela quebra do México), 1997 e 1998 (quebras de países da Ásia e da Rússia), 1999 (crise cambial no Brasil), 2001 (crise de energia no Brasil e quebra da Argentina) e 2002 (transição eleitoral aqui e recessão lá fora). Na contabilidade do ex-presidente, a sorte só lhe sorriu mesmo em 1996 e em 2000. Arrematou, então, dizendo que "com Lula se deu o inverso".
De fato, em matéria de sorte, não há quem possa disputar com o atual presidente. Mas faltou dizer, na ocasião, que Lula não maltrata a sorte que lhe bate à porta. Este ano de 2009 é apenas o segundo -após o difícil 2003 - em que Lula administra adversidades alheias ao seu controle direto. E, por enquanto, vai muito bem, obrigado, apesar de o cenário de 2009 estar apontando para um crescimento zero, nada de espantar ante o excelente crescimento da economia em 2008.
No plano externo, a "sorte" de novo lhe sorri, quando as nações de olhos azuis lhe brindam com uma das cadeiras de honra, quase de mãos dadas com a rainha, na foto oficial da reunião do G20, em Londres.
O prognóstico, ainda inconcluso, de Fernando Henrique sobre a gestão Lula - seria de 6 anos de sorte, contra 2 anos difíceis - ainda depende de como será 2010. A materialização desse placar envolve vários aspectos importantes.
O Brasil enfrenta esta enorme crise com caixa, até para fazer uma "fezinha" emprestando recursos ao FMI (vejam só...). É a primeira crise que vem com ajuste dos juros internacionais para baixo, portanto abrindo uma chance de ouro para quedas significativas dos juros altos no Brasil. Esses dois fatos, por si, são suficientes para fazer de 2010 um ano de franca recuperação.
Nossos economistas, entretanto, projetam para o Brasil um crescimento fraco em 2010. A explicação parece estar escondida na precária estrutura do crédito às atividades produtivas. No período 2003-2008, o crédito às empresas cresceu menos do que o concedido às pessoas físicas. O crédito consignado para o consumo foi a grande alavanca da popularidade de Lula. A capacidade de investimento das empresas brasileiras também não evoluiu com vigor por conta da avalanche tributária, que tem abocanhado pelo menos metade de cada real adicional do ganho nas atividades produtivas.
Como mostrou pesquisa da Fecomercio nesta Folha, no domingo, o "spread" bancário chegaria a R$ 134 bilhões, uma sangria profunda sobre a capacidade de investir e crescer. E os contribuintes pagaram pela rolagem da dívida pública outros R$ 160 bilhões em 2008.
Esses são, enfim, os freios a uma vigorosa recuperação do Brasil em 2010. A reforma do setor financeiro, envolvendo redução do recolhimento compulsório e tributos bancários, precisa ser enfrentada. E no campo dos outros impostos e encargos trabalhistas chega a ser vergonhosa a omissão de parlamentares e governo, por nem discutirem a reforma da hora. A responsabilidade do Congresso, inerte e tartamudo, soma-se à falta de criatividade do Executivo em dar mais passos, avançando na crise, como tem feito a China, por exemplo, que não descansou um minuto na capitalização de suas oportunidades abertas pela tormenta mundial.
Só por causa disso, a "sorte" de Lula não corre o risco de ser um 7 a 1 a seu favor.


PAULO RABELLO DE CASTRO, 59, doutor em economia pela Universidade de Chicago (Estados Unidos), é vice-presidente do Instituto Atlântico e chairman da SR Rating, classificadora de riscos. Preside também a RC Consultores, consultoria econômica, e o Conselho de Planejamento Estratégico da Fecomercio SP.  paulo@rcconsultores.com.br

terça-feira, 7 de abril de 2009

BRASIL: POUPANÇA DAS FAMÍLIAS, PIB E PAC

NADA contra o Programa de Aceleração do Crescimento – PAC. TUDO contra um PAC meramente eleitoral. Recentemente, com fogos de artíficio e artifícios econômicos e políticos, o governo lançou um pacote para construção de 1.000.000 de casas. Prazo para conclusão: não informado. É por essas situações inseguras que não podemos adotar um comportamento de avestruz e fingirmos que a crise inexiste no BRASIL e que, caso tenha, existe um Pai (que não é o do Céu, ainda…) a nos proteger.   É preocupante o que hoje li na coluna do colega blogueiro VINÍCIUS TORRES FREIRE, da Folha de S. Paulo:  Neste ano, a poupança ficou no vermelho em janeiro e em março. No ano, a "captação líquida" está negativa em R$ 582 milhões (para um saldo total de R$ 274,7 bilhões). É o primeiro trimestre de captação líquida média no vermelho desde junho de 2006. Não deve ser por acaso.” E não é mesmo. Uma das primeiras explicações para o crescimento do PIB é que o mesmo cresce devido o aumento da poupança das famílias, que posteriormente serão convertidos em equipamentos de capital. Logo, como essa poupança hoje está sendo retirada pelas pessoas, em continuando esse resgate, o PIB de 2009 realmente tenderá a quase zero. Ou não, dependendo do PAC... Até Caetano Veloso já deve pensar assim...      

domingo, 5 de abril de 2009

LULA NO G-20 FOI UM SUCESSO MUNDIAL

Direto do excelente colega blogueiro e cartunista André Mangabeira http://blogdomangabeira.zip.net/, realmente a reunião do G-20 foi um SUCESSO para ELLE. 
Que esse SUCESSO também seja completo na condução da crise aqui mesmo neste BRASIL.

sábado, 4 de abril de 2009

O QUE MUDA COM A SAÍDA DE MEIRELLES DO BACEN?

Uma nota triste que li nesta semana foi a de Suely Caldas, também da Folha, republicada pelo colega blogueiro Reinaldo Azevedo: A saída de Meirelles do Banco Central.
Meirelles escolheu o pior e mais impróprio momento para revelar-se: a inflação disparando, juros futuros em alta, superávit externo em queda e o ministro Guido Mantega impondo a criação de um fundo soberano. Por ter explicitado várias vezes resistência à idéia desse fundo - pelo menos enquanto o Brasil não começar a reduzir sua enorme dívida -, o presidente do BC passou para o mercado uma mensagem ruim, uma espécie de rendição nos embates com o Ministério da Fazenda, nada bom para o futuro da economia. Afinal, se o BC é o principal fiador de uma política econômica que reduziu a inflação e os juros e expandiu a produção e o emprego, uma escolha errada de substituto pode pôr em risco esse êxito. Seria um petista? Alguém sem nenhuma familiaridade e experiência no trato com o mercado? Abriu-se uma estrada longa para especulações. 
Nota deste blog: Por mais que critiquem Meirelles e os juros altos do BACEN, nestes seis e muitos anos de Lula, a situação está satisfatória graças ao trabalho dele e de sua equipe. Lamentavelmente, mais uma vez a ambição política supera um sério trabalho econômico.      

G20 EM LONDRES - CÚPULA DE EGOS

Essa é para concluir o assunto G20 em Londres. Já falaram tanta coisa sobre essa reunião, de Lula a Obama, de Michelle a Rainha Elizabeth II, mas este foi o melhor título que li sobre o encontro: Cúpula de egos, por RUBENS RICUPERO, como sempre, na nossa Folha de S. Paulo: A última vez em que se anunciou que nova ordem mundial estava emergindo foi em dezembro de 1990, quando Bush pai pediu emprestada a expressão a Gorbatchov. Ambos são hoje simpáticos aposentados, depois que o primeiro fracassou na reeleição e o último acabou destruindo o comunismo que pretendia restaurar. 
Oxalá o precedente não traga má sorte a Gordon Brown. Autêntico herói que não se poupou para garantir o êxito da cúpula do G20 poderá terminar como Churchill, vencedor da guerra, mas rejeitado pelos eleitores britânicos. Lutando contra a maré conservadora, Brown demonstrou que nem um escocês austero, filho de pastor presbiteriano, consegue resistir à hipérbole quando se trata de exagerar o êxito de uma reunião para impressionar o eleitorado.
Mas, se o encontro de Londres está longe de se comparar ao nascimento da nova ordem da ONU e do FMI, merece ser visto como contribuição útil, embora não espetacular, para restabelecer a confiança. Retomando os três critérios que sugeri ontem nesta Folha, vou invertê-los da cabeça para baixo por ordem de importância dos resultados. 
De longe a ação mais concreta e nova consistiu no aumento dos recursos do FMI para US$ 750 bilhões, mais que o Fundo pedira, e a decisão de emitir US$ 250 bilhões em Direitos Especiais de Saque. Na mesma linha destacam-se os US$ 250 bilhões para financiar o comércio. Nada disso é imediato; levará meses, talvez um ano, para que esse dinheiro entre de fato e comece a ser desembolsado. Não obstante, não há dúvida de que os países necessitados se sentirão mais tranquilos. O México não esperou para se candidatar a US$ 47 bilhões da Linha de Crédito Flexível. 
No critério da regulamentação, a parte conceitual do comunicado vai na boa direção: todos, entidades cinzentas como os fundos de hedge e instrumentos financeiros tóxicos, serão disciplinados, e os padrões internacionais para evitar risco excessivo ou contágio passarão por reforço. Mas os americanos lograram resistir à ideia de transnacionalizar as regras. Os EUA gostam de globalização só quando se trata de abrir fronteiras para as transnacionais, o capital e o comércio. Na hora de regular e fiscalizar, preferem a soberania. O primeiro critério, o de substanciais estímulos adicionais, pecou pela ausência. Figura apenas como veleidade de fazer mais, caso necessário. Os europeus e os que dependem da demanda alheia para crescer não se emocionaram. 
Um sucesso de relações públicas, para não usar palavra mais feia, foi convencer a imprensa de que era pertinente fazer o êxito da cúpula depender de tema periférico, sem relação direta com as causas da crise: os paraísos fiscais, preocupação dos fiscos alemão e francês. Aqui, como na questão da regulação, tudo dependerá da qualidade e do rigor das regras internacionais a serem definidas nos próximos meses. Afinal, antes da crise já existiam os padrões de Basileia, que se revelaram frouxos e complacentes. No caso do protecionismo e da conclusão da Rodada Doha, ouvimos a mesma canção com letra um pouco modificada.
Quanto ao mais, Obama saiu-se bem na modéstia de pretender ter vindo para escutar, Brown teve sua "finest hour" e todos os atores voltaram para casa convencidos de que o sucesso se deveu a eles. Que mais desejar de uma Cúpula de Egos?  RUBENS RICUPERO, 72, é diretor da Faculdade de Economia da Faap e do Instituto Fernand Braudel de São Paulo, foi secretário-geral da Unctad e ministro da Fazenda (governo Itamar Franco).  

DELFIM PREOCUPADO? VAMOS ENTENDER O PORQUE.

Em sua última coluna na Folha de São Paulo, o Economista ANTONIO DELFIM NETTO, já chama atenção para o título de seu texto: PREOCUPAÇÕES.

Houve uma dramática queda do crescimento do PIB entre o terceiro e o quarto trimestres de 2008, e os sinais no primeiro de 2009 são dúbios. O que será o crescimento deste ano, entretanto, não pode ser "previsto". Depende do vigor e da inteligência das políticas fiscal e monetária e de como reagirá a elas o setor privado. 
Há, certamente, muito a fazer napolítica monetária, onde o Banco Central só agora começou a usar a sua musculatura para restabelecer o fluxo do crédito interbancário. O governo tem dado ênfase aos únicos instrumentos de que dispõe para ativar a economia: 1º) acelerar os seus investimentos e 2º) tentar cooptar o setor privado com alguns estímulos creditícios e fiscais para fazerem o mesmo. Ambos, sempre submetidos à responsabilidade fiscal. 
Por seus sacerdotes, os "Deuses do Mercado" têm manifestado sérias dúvidas sobre tal política. Em relação à menos importante tarefa do Banco Central (a redução da taxa Selic), manifestam com a gravidade de quem se pensa portador de uma verdade "científica", a preocupação que ela possa vir a acelerar a desvalorização cambial e, assim, comprometer a meta inflacionária de 4,5%. Há mil razões para discutir em que condições tal "ciência" deve ser levada a sério, mas apenas uma basta para pô-la em dúvida: a tremenda queda da demanda interna, que só será recuperada lentamente. Essa recuperação depende menos da taxa de juros Selic do que das ações do Banco Central para regularizar o fluxo interbancário. 
Em relação à política fiscal, boa parte das preocupações dos sacerdotes é que a provável redução do superávit primário venha a comprometer a queda monotônica da relação dívida/PIB, fator de alguma importância para a redução da taxa de juros. Hoje ela anda em torno de 37%, contra 52% em 2003. Mesmo que o PIB caia 1% (possível, mas dependente do que fizermos nos próximos nove meses), se a taxa de juros real anual cair para 6% (o que já deveria ter acontecido há alguns anos!), um superávit primário em torno de 3% do PIB será suficiente para estabilizá-la.
Nas condições atuais, até os "Deuses" a aprovarão, porque em 2009 praticamente todos os países verão sua relação dívida/PIB elevar-se.
Os investimentos do governo registraram uma aceleração: de 0,4% em 2003 para 1% em 2008 - de um PIB que cresceu 26% no período (4,7% real ao ano). É claro, entretanto, que, sem cooptar o setor privado, eles não terão potência suficiente para sustentar o crescimento. Isso sugere a urgência de acelerar e estimular todas as formas de concessão das obras de infraestrutura
Nota: Como já postei anteriormente discordo do autor sobre seu conceito de "previsões econômicas". Aqui ele logo no início do texto já faz sua crítica. E conclui com o pensamento no PAC...

VERÍSSIMO TAMBÉM É ECONOMIA.

Essa eu li em 02/04/09 e fiquei curioso, pois o autor desta crônica “Respeitável",  Luis Fernando Veríssimo, não faz parte da minha lista de preferidos. Porém, vindo dele, claro que tinha que ter uma crítica ao capitalismo... De qualquer maneira, sempre sou favorável a "ouvir ambas as partes"...

Hyman Minsky morreu em 1996 mas está sendo muito lembrado, e citado, agora. Era um economista e acadêmico americano que destoava da ortodoxia neo-clássica dominante de Milton Friedman e seus discípulos e combateu a desregulação do mercado que desmantelou o capitalismo auto-controlado montado pelos keynesianos depois da Grande Depressão - e acabou dando no atual desastre. Minsky previu o que ia acontecer mas na época do pensamento único e indiscutível ninguém lhe deu muita atenção. Agora o profeta está recebendo as honras devidas. Num trecho de um dos seus livros sobre a instabilidade da economia americana reproduzido recentemente pela revista "The Nation", Minsky escreveu que "o fracasso de políticas desde a metade dos anos 60 tem relação com a banalidade da análise econômica ortodoxa. Apenas uma análise crítica do capitalismo pode ser guia para uma política capitalista bem sucedida". Quer dizer, a análise acritica ou invariavelmente a favor ameaça o capitalismo mais do que qualquer pregação de esquerda. Minsky estava escrevendo para a grande imprensa americana e, sem saber, para a grande imprensa brasileira.

RICOS X POBRES: SEMPRE A MESMA COISA

Enquanto no Brasil os 10% mais ricos detem 75% da riqueza, lá no Clube do G20 não é muito é diferente: nada mais nada menos do que 90% do PIB mundial estavam em Londres.

Análise feita pela Miriam Leitão afirma que do grupo do G8, que inclui a Rússia entre as nações mais ricas, praticamente todos já estão em recessão ou tiveram PIB negativo no 4º trimestre de 2008. São eles: Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Canadá, Itália e Rússia.

Além deles estão reunidos os países que fazem parte da União Europeia e também o grupo de 11 nações emergentes, que inclui Brasil, Argentina, México, China, Índia, Austrália, Indonésia, Arábia Saudita, África do Sul, Coreia do Sul e Turquia.

Nota: e o que acontece com os quase 200 países que possuem APENAS 25% da riqueza?

O DÓLAR AINDA É MOEDA FORTE?

Clóvis Rossi é um dos jornalistas mais respeitados no meio e em seu texto de 27/03/09 na Folha de S. Paulo, traz mais uma preocupação para os tempos atuais. Para os meus quase dois leitores, o título do texto é bastante sugestivo "Aquelas notas verdes". E como gostamos dela...

LONDRES - Editorial desta Folha demonstrava faz pouco a fortaleza do dólar, apesar de toda a crise, apesar de todo o colossal déficit externo norte-americano. Um número bastava: o mundo comprou no ano passado US$ 815 bilhões em títulos norte-americanos. Significa, grosso modo, transferir para os EUA três quartas partes de tudo o que o Brasil produz por ano de bens e serviços. Mas as coisas começam a ficar esquisitas. Primeiro foi o premiê chinês, Wen Jiabao, a desconfiar publicamente da solvência dos EUA. Depois foi outro líder chinês, o presidente de seu Banco Central, a sugerir a troca do dólar pelos Direitos Especiais de Saque (moeda contábil do FMI) como moeda de reserva do planeta.  Ontem, foi a vez de Andrei Denisov, vice-ministro russo de Exteriores, a endossar a proposta chinesa. Denisov foi além: propôs uma conferência internacional para estudar a adoção da nova moeda, o que, de quebra, já mina a cúpula do G20 marcada para dia 2 em Londres. A cúpula destina-se a tentar estabilizar a economia, numa ponta, e a reformular a arquitetura financeira global, na outra. Se um dos participantes de certo peso já pensa em nova conferência em torno do mesmo assunto, para que servirá então a de Londres?  Observe-se que os dois países que lançaram a proposta sobre o dólar são Brics (Brasil, Rússia, Índia e China, supostas futuras potências mundiais). Como têm atuado coordenadamente no âmbito do G20, o Brasil será fatalmente chamado a manifestar-se, ainda mais que é um dos maiores detentores de papéis norte-americanos. É possível que o tema morra por aí. Mas, se os planos Obama/Geithner não conseguirem endireitar a coisa, prepare-se para um choque sobre aquelas notinhas verdes que parecem (ou pareciam) as únicas coisas no planeta em que se podia confiar para sempre

Em tempo: Atualizando a nota acima, o presidente Lula já propôs ao seu colega chinês Hu Jintao a utilização de suas respectivas moedas, real e yuan no comércio.(Não acredito na "quebra" do dólar, apesar do estado atual da economia norte-americana). A confirmar. 

quinta-feira, 2 de abril de 2009

OS MAIS RICOS DO MUNDO - RESULTADOS?

Do blog do Joemir Beting, um comentário sobre a reunião de hoje do G-20, em Londres:

Os países ricos vão ficar 4,3% menos ricos em 2009. Vulgo recessão em bloco dos 30 países mais desenvolvidos economicamente, politicamente, socialmente. E os 30 maiores países emergentes? Também estão em marcha à ré? Não! Estão em desaceleração, como que rodando em terceira ou segunda marcha e não mais em quinta ou sexta. O Brasil estaria ou já teria passado da quinta para a segunda. A crise é dos ricos - diria o presidente Lula. Eles produziram a bolha e explodiram a bolha. Os países emergentes - sem contar os submergentes, os que ainda não emergiram - acabaram atingidos, em maior ou menos escala, pelos estilhaços da bolha financeira nos flancos da economia real de cada um. O dado curioso é que os emergentes perderam os dedos, enquanto os opulentos perderam os dedos, as mãos e os braços. . Nesta crise, os emergentes passaram a ter uma fatia maior no bolo da economia mundial, recalculado na semana passada, a dólar de hoje, em US$ 62 tri. O planeta China, por exemplo, já é a terceira maior economia do mundo e ensaia ganhar a medalha de prata, já em 2011 ou 2012. É do Banco Central da China comunista a maior reserva internacional do capitalismo. Ou, se preferem: os EUA, primeira potência, desfilam dívida externa de US$ 4,4 tri. E o seu maior credor, brandindo cobrança de US$ 786 bi, é justamente o Tesouro Nacional da China. Pois o acordo global do G-20, afinal, tem apenas um defeito: entra hoje em órbita, com pelo menos 20 anos de atraso. Mas quais são os parceiros do G-20? Os do G-8 e os do G-12. No G-8, os 7 países ricos,m dando carona à Rússia do poder nuclear. No G-12, os emergentes de maior afluência no mercado globalizado. Anote aí: no G-8, pela ordem de tamanho do PIB, EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Canadá e Rússia. No G-12, China, Brasil, Índia, Coréia do Sul, México, Austrália, Turquia, Indonésia, Arábia Saudita, África do Sul e Argentina. Na soma de 2008, o PIB conjunto do G-20 foi de exatos US$ 45 tri., sendo US$ 31,5 tri do G-8 e US$ 10,5 tri do G-12.

A MELHOR REVISTA DO MUNDO

Existem revistas e revistas, pois gostos são muito pessoais. Porém, a cada semana a The Economist consegue ser e manter o padrão de melhor revista do mundo.
Jornalismo sério, desde a a primeira edição lá pelos ideos de 1843, a revista tinha como objetivo "a defesa do livre-comércio, do internacionalismo e da mínima interferência do governo, especialmente nos negócios de mercado", princípios que mantém até hoje.
O livre mercado ainda é a melhor saída. Quem sobreviver a crise, confirmará. É fato que a economia mundial está em crise, sem sequer conhecermos seu tamanho real. Fato mais seguro é que depois dessa crise teremos outra e outra. O capitalismo é criativo e consegue adaptar-se e criar riquezas, melhorando a vida de muitos. Uma saída socialista, realmente não é a melhor saída. Ainda bem camarada KARL MARX.

DO INTERIOR DO BRASIL AO MUNDO

Como cearense, lá mesmo do interior do quente Ceará , agora morando também num interior, só que bem na quente selva amazônica, indiferente as divergências que mantenho com o partido do Presidente Lula, fico feliz em ver como existe NO BRASIL a possibilidade real de uma pessoa ser destinada a NADA e, de repente, está LÁ, no CENTRO dos maiores do MUNDO. Nessa, valeu LULA. E, não esqueçendo de pedir para que GOD SAVE THE QUEEN.
No entanto, sei que apesar dos inúmeros sorrisos na foto, o jogo é pesado e sem amizades. Afinal, cada qual quer manter seu poder e nada de liberar $$$ para o colega.

domingo, 29 de março de 2009

PREVISÕES: ACERTOS E ERROS

Esta está no site/blog do KANITZ http://brasil.melhores.com.br/ e, de verdade, gostaria de saber a opinião dos meus colegas econometristas blogueiros. Então vamos lá:

"Previsões são meros exercícios de vontade, cujo resultado depende da disposição psicológica mais ou menos otimista dos seus autores. Não existe nenhum mecanismo de 'previsor antecedente' [de um ano] aceitável. Na melhor das hipóteses, pode-se estimar precariamente o crescimento do PIB num trimestre quando SE ESTÁ NA METADE dele". (Delfim Netto, na Folha de São Paulo, de 25 de Março de 2009.)

Então por que continuamos a publicar estas previsões de economistas neo-clássicos, monetaristas e keynesianos, se o melhor economista deste país afirma que são meros exercícios de vontade? Atenção jornalistas econômicos e professores de jornalismo: esta frase do Delfim diz muita coisa e precisa ser lembrada.

Vai ser um verdadeiro "choque": o crescimento anual do primeiro trimestre de 2009 será muito próximo de zero, mas isso não nos permite saber o que serão os próximos nove meses. Logo, não podemos saber qual será o crescimento do ano.

Portanto leitores de O Brasil Que Dá Certo: não se assustem nem se desesperem.

Segundo Delfim, publicar na manchete de um jornal a previsão de queda no crescimento do PIB não é informação, e sim barulho. Falou de Delfim Netto, o economista-chefe deste país

Nota deste blog: Eu não concordo integralmente com o texto acima.

DA SÉRIE "TEXTO DE QUEM ESCREVE BEM"

A mística do mercado é o título do artigo publicado por PAUL KRUGMAN no "NEW YORK TIMES" e aqui no Brasil na FOLHA DE S.PAULO. Nada como um Nobel para facilitar e apontar como esta a crise atualmente, apesar de não necessariamente todo Nobel esteja correto em seu entendimento econômico. Nem mesmo um KRUGMAN...

Na segunda-feira, Lawrence Summers, o chefe do Conselho Econômico Nacional, respondeu às críticas ao plano do governo Obama para subsidiar a compra privada de ativos tóxicos. "Não conheço nenhum economista que não acredite que mercados de capitais funcionando melhor, nos quais os ativos possam ser negociados, não sejam uma boa ideia." Deixe de lado por um momento a questão de se um mercado em que os compradores têm de ser subornados para participar pode realmente ser descrito como "funcionando melhor". Mesmo assim, Summers precisa sair mais. Alguns economistas reconsideraram sua opinião favorável sobre os mercados de capitais e a negociação de ativos à luz da crise atual. Mas ficou cada vez mais claro nos últimos dias que autoridades graduadas do governo Obama ainda estão presas à mística do mercado. Elas ainda acreditam na magia do mercado financeiro e na proeza dos magos que a executam. A mística do mercado nem sempre dirigiu a política financeira. A América saiu da Grande Depressão com um sistema bancário rigidamente regulamentado, que fez das finanças um negócio sóbrio e até aborrecido. Os bancos atraíam os depositantes fornecendo localizações convenientes de agências e talvez uma ou duas torradeiras de brinde; usavam o dinheiro assim captado para fazer empréstimos, e era isso. E o sistema financeiro não era apenas aborrecido. Também era, pelos padrões de hoje, pequeno. Mesmo durante os "anos go-go", o mercado altista da década de 1960, finanças e seguros juntos representavam menos de 4% do PIB. A relativa desimportância das finanças se refletia na lista de ações que formavam a Média Industrial Dow Jones, que até 1982 não continha uma única companhia financeira. Tudo parece primitivo pelos padrões de hoje. Mas aquele sistema financeiro aborrecido e primitivo serviu a uma economia que duplicou os índices de padrão de vida no período de uma geração. Depois de 1980, é claro, surgiu um sistema financeiro muito diferente. Na era Reagan, de mentalidade desregulamentadora, a banca à moda antiga foi cada vez mais substituída pela especulação em grande escala. O novo sistema era muito maior que o antigo regime: à véspera da crise atual, finanças e seguros representavam 8% do PIB, mais que o dobro de sua participação nos anos 60. No início do ano passado, o Dow Jones incluía cinco companhias financeiras - entre elas gigantes como AIG, Citigroup e Bank of America. E as finanças tornaram-se nada aborrecidas. Atraíram muitas de nossas mentes mais agudas e fizeram algumas pessoas imensamente ricas. Sob o novo mundo glamouroso das finanças estava o processo de securitização. Os empréstimos não ficavam mais com o credor. Em vez disso, eram vendidos para outros, que cortavam em fatias, picavam e faziam purê das dívidas individuais para sintetizar novos ativos. Hipotecas "subprime", dívidas de cartão de crédito, empréstimos para carros - tudo entrava na processadora do sistema financeiro.Do outro lado, supostamente, saíam doces investimentos AAA. E os magos financeiros foram generosamente recompensados pela condução desse processo. Mas os magos eram fraudes, quer eles soubessem disso quer não, e sua magia veio a ser nada mais que uma coleção de truques baratos. Acima de tudo, a promessa chave da securitização - que tornaria o sistema financeiro mais robusto ao espalhar mais os riscos - veio a ser uma mentira. Os bancos usaram a securitização para aumentar seu risco, e não para reduzi-lo. Nesse processo tornaram a economia mais, e não menos, vulnerável aos distúrbios financeiros. Mais cedo ou mais tarde as coisas tinham de dar errado, e acabaram dando. O Bear Stearns faliu; o Lehman faliu; mas principalmente a securitização faliu. O que nos traz de volta à abordagem do governo Obama para a crise financeira. Grande parte da discussão sobre o plano de ativos tóxicos se concentrou nos detalhes e na aritmética, e com razão. Além disso, no entanto, o que é marcante é a visão manifestada tanto no conteúdo do plano financeiro como em declarações de autoridades do governo. Na essência, o governo parece acreditar que quando os investidores se acalmarem a securitização e os negócios financeiros poderão retomar de onde pararam um ou dois anos atrás. Para ser justo, as autoridades estão pedindo mais regulamentação. Na verdade, na quinta-feira Tim Geithner, o secretário do Tesouro, explicou planos para aumentar a regulamentação que teriam sido considerados radicais pouco tempo atrás. Mas a visão subjacente permanece a de um sistema financeiro mais ou menos igual ao que havia dois anos atrás, embora um pouco mais controlado por novas regras. Como você pode adivinhar, eu não compartilho essa visão. Não acho que isso seja apenas um pânico financeiro; eu acredito que representa o fracasso de todo um modelo de banca, de um setor financeiro que cresceu demais e causou mais dano que bem. Não acho que o governo Obama seja capaz de trazer a securitização de volta à vida, e não acredito que deva tentar isso.

REVISTA ÉPOCA - EDIÇÃO DE 30/03/2009

Excelentes matérias a ÉPOCA nos oferece nesta semana sobre a crise. Material bem escrito e que deixa o leitor entendendo realmente o que fazer ou não com o seu $$$ dinheiro. Interessante a citação dos 15 nomes de pessoas que têm poder para definir os rumos da economia global. Claro que, dentre eles, o de nosso Presidente Lula. Vide abaixo a relação completa:
Barack Obama - Wen Jiabao - Gordon Brown - Nicolas Sarkozy - Timothy Geithner - Ben Bernanke - Jean-Claude Trichet - Lawrence Summers - Pascal Lamy - Mahmoud Ahmadinejad - Luiz Inácio Lula da Silva - Warren Buffett - Nouriel Roubini - Martin Wolf - Oprah Winfrey.

POLÍTICA BRASILEIRA - ELEIÇÕES 2010

Este blog propõe a partir de hoje uma campanha para que o eleitor conheça TODA a BIOGRAFIA do(a) seu/sua candidato(a) a Presidente da República. Leitor voraz de biografias, entendo que quanto maior for o conhecimento que o eleitor tiver da pessoa em quem esta depositando o seu voto de confiança por tempos mais prósperos, maior será a possibilidade de se fazer a melhor escolha para o país.

quinta-feira, 26 de março de 2009

CRISE 2009 - BOAS NOTÍCIAS. E AINDA ESTAMOS EM MARÇO...

Um pouco de otimismo ajuda, mesmo no meio de um tsunami. De hoje, no site da EXAME, que bom ler a notícia abaixo e torcer para que realmente seja verdade suas previsões...
Após meses de notícias negativas e retração econômica, o banco britânico Barclays acredita que a atividade está próxima do "ponto de inflexão". No relatório trimestral sobre mercados emergentes intitulado "O fim da queda livre", o banco diz que a velocidade da retração econômica vem diminuindo e o fluxo de surpresas negativas que pesaram sobre o mercado está perdendo força. Apesar de ser provável que o ajuste à nova realidade continue nos próximos meses, o Barclays enxerga sinais ainda "incipientes" de que a atividade econômica caiu numa velocidade menor no primeiro trimestre. Além disso, o banco prevê que o consumo tenha expansão nos Estados Unidos entre abril e junho. A China também tem dados sinais mais animadores, já que o governo se mostrou comprometido com a batalha contra a desaceleração econômica. O pacote de investimentos em infraestrutura tentará compensar a queda nas exportações e do mercado imobiliário. O banco também acredita que os diversos pacotes de estímulo econômico divulgados por governos de todos os continentes comecem a fazer efeito no segundo semestre, ajudando na retomada da produção industrial global ainda neste ano. Para aqueles que acreditam que é hora de investir agressivamente na bolsa devido à melhora do cenário, o Barclays avisa: "Esperamos que a recuperação da economia global seja relativamente débil na maioria dos países". Mesmo nesse cenário, há a possibilidade de ganhos nos mercados financeiros - já que hoje está precificado um cenário de depressão ou ao menos de uma recessão muito longa. No entanto, a baixa velocidade da recuperação deve limitar os ganhos de curto prazo. Para o Barclays, a recuperação será lenta devido ao sincronismo da crise em diversas partes do mundo e à provável demora na retomada do crédito aos mesmos níveis pré-crise, principalmente nos países mais alavancados. Além disso, é muito provável que em breve as políticas expancionistas adotadas nas principais economias do mundo gerem inflação e obriguem os bancos centrais a adotar uma posição mais cautelosa. Segundo o Barclays, a atividade econômica na América Latina "está caindo como em qualquer outra economia". A produção industrial deve ter queda de 2,3% neste ano, o pior resultado desde 1983. Mas a boa notícia é que os bancos centrais da região ainda têm muito espaço para baixar os juros. No Brasil, os juros também podem cair muito ainda sem o temor de aumento da inflação ou de uma grande desvalorização do real. Após o corte de 2,5 pontos percentuais acumulado neste ano, ainda haveria espaço para reduzir a Selic dos atuais 11,25% ao ano para 8,75%. Caso a atividade econômica continue a gerar surpresas negativas, um corte adicional para 8,25% ou 8% não estaria descartado. O Barclays está entre os bancos mais pessimistas sobre 2009 e acredita que o PIB cairá 1,9%. A correção no consumo interno já foi até mais forte que a da própria produção, mas ainda deve haver novos ajustes nos próximos meses devido ao aumento do desemprego e às restrições de crédito. Além disso, o investimento deve continuar em queda. Mas quando a economia dará sinais de recuperação? Para o Barclays, o PIB brasileiro só voltará a crescer com algum vigor no quarto trimestre.

quarta-feira, 25 de março de 2009

BLOG NOVO NA REDE - LEIA E FIQUE FELIZ

Apesar de ser um brasileiro que procura ter os pés no chão e não se ufana com Copa do Mundo e casas populares a R$ 50,00/mês, nestes tempos de tantas notícias ruins, devemos a iniciativa do brilhante STEPHEN KANITZ pela criação de seu blog http://brasil.melhores.com.br/, que, por incrível que parece, somente traz notícias boas. (Sim, elas existem, apesar de nós, Economistas e Auditores, nem sempre encontrá-las).

Parece até conto da carochinha, mas Kanitz é um excepcional criador de ótimos textos na VEJA e agora, no blog, continua a demonstrar todo o seu conhecimento.

Boas vindas ao novo colega e sucesso neste mundo virtual, mas também, REAL.

domingo, 22 de março de 2009

LULA NA NEWSWEEK - EDIÇÃO DE 30/03/2009

Lula, nosso Presidente, mais uma vez está nas páginas e também na capa da última edição da revista NEWSWEEK. Entrevistado pelo famoso jornalista Fareed Zakaria, "Lula quer lutar” é título da entrevista. Segundo o jornalista, depois de ser uma marca da esquerda brasileira, “Lula enveredou para o liberalismo de livre mercado e ajudou a transformar seu país no maior sucesso econômico da América Latina”. Na entrevista, Lula fala sobre o encontro com Obama e sobre as perspectivas da economia brasileira, mas também é questionado sobre seu posicionamento em relação à “democracia”(?) venezuelana. (Nota deste blogueiro: Faltou mencionar o agradecimento de Lula à herança maldita de FHC...)

Lula Wants to Fight Invigorated by the crisis, Brazil's president says he's praying for Obama. From the magazine issue dated Mar 30, 2009

Once a leftist firebrand, brazil's president Luiz Inácio Lula da Silva turned to free-market liberalism and helped make his country Latin America's biggest economic success. Earlier this month he became the first Latin leader to visit President Barack Obama at the White House, and in April he'll head to London for the G20 summit on the global financial crisis. He met with NEWSWEEK's Fareed Zakaria in New York. Excerpts:

Zakaria:Your meeting with President Obama went longer than expected. What did you talk about?

Da Silva: We talked a lot about the economic crisis. We also decided to create a working group between the U.S. and Brazil to participate in the G20 summit meeting. I told Obama that I'm praying more for him than I pray for myself, because he has much more delicate problems than I. He left a huge impression on me, and he has everything it takes to build a new image for the U.S. with relation to the rest of the world.

You got on pretty well with President Bush. How are they different?

Look, I did have a good relationship with President Bush, it's true. But there are political problems, cultural problems, energy-grid problems, and I hope that President Obama will be the next step forward. I believe that Obama doesn't have to be so concerned with the Iraq War. This will permit him to explore the possibility of building peace policies where there is no war, which is Latin America and Africa.

You are probably the most popular leader in the world, with an 80 percent approval rating. Why?

Brazil is a country that has rich people, as you have in New York City. But we also have poor people, like in Bangladesh. So we tried to prove it was possible to develop economic growth while simultaneously improving income distribution. In six years we have lifted 20 million people out of poverty and into the middle class, brought electricity into 10 million households and increased the minimum wage every year. All without hurting anyone, without insulting anyone, without picking fights. The poor person in Brazil is now less poor. And this is everything we want.

There are people who credit high oil, gas and agriculture prices. Can you manage with prices going down rather than up?

The recent discovery of oil is very important, because part of the oil we find will help resolve the problem of poverty and the problem of education. Brazil does not want to become an exporter of crude oil. We want to be a country that exports oil byproducts—more gasoline, high-quality oil. The investments were calculated at the price of $35 per barrel. Now, at $40, we still have enough margin.

Critics say that during this period of high commodity prices, you did not position Brazil to move economically up to the next level.

This doesn't make sense. When I became president of Brazil, the public debt was 55 percent of GDP. Today it is 35 percent. Inflation was 12 percent, and today it's 4.5 percent. We have economic stability. Our exports have quadrupled. The fact is that the growth of the Brazilian economy is the highest it has been in 30 years.

Will Brazil's economy grow this year?

I'm convinced we'll reach the end of the year with a positive growth rate. But we did not foresee that the crisis would have either the size or the depth that it has today in the U.S. Now we need new political decisions that depend on the rich countries' governments. How are we going to reestablish credit, reestablish the American consumer and the European consumer? Now we have to prove we are worthy. I was even getting a little bit disappointed in political life. I've already had my sixth year of my term, and you start getting tired. But this crisis is almost like something—a provocative thing for us, to wake us up. It's giving me enthusiasm. I want to fight. The more crises, the more investment you have to make. So we're investing today in what we never invested in for the last 30 years, in railroads, highways, waterways, dams, bridges, airports, ports, housing projects, basic sanitation. We have to be bold, because in Brazil we have many things to do that in other countries were already done many years ago.

Last December you had a meeting of the 33 countries of the Americas except the United States. Why?

It seemed that the United States was pointedly excluded.We have never had such a meeting among only the Latin American and Caribbean countries. So it was necessary to have this meeting without super economic powers, a meeting of countries that face the same problems.

You've said you hope this crisis will change the politics of the world, to give countries like Brazil and India and China a greater say. What specifically—what power do you want that you don't have now for Brazil?

We want to have much more influence in world politics. For example, we want that the multilateral financial institutions not be open only to the Americans and Europeans—institutions like the IMF and World Bank. We want more continents to participate in the Security Council. Brazil should have a seat, and the African continent should have one or two.

You are regarded as a great symbol of democracy in the Americas. And yet some people say you have been quiet as Hugo Chávez has destroyed democracy in Venezuela. Why not speak out?

If Brazil wants a greater role in the world, wouldn't that be one part, to stand for certain values?Well, maybe we cannot agree with Venezuelan democracy, but no one can say that there is no democracy in Venezuela. He has been through five, six elections. I've only had two.

He has gangs out on the street. This is not real democracy.

Look, we have to respect the local cultures, the political traditions of each country. Given that I have 84 percent support in the public-opinion polls, I could propose an amendment to the Constitution for a third term. I don't believe in that. But Chávez wanted to stay … I believe that changing the president is important for the strengthening of democracy itself. URL: http://www.newsweek.com/id/190352

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...