sábado, 15 de agosto de 2009

ROBERTO CAMPOS E O CELULAR

Para quem não agüenta a falta de educação de incertas pessoas na utilização do celular, recordo do grande colega e mestre ROBERTO CAMPOS, que comentava: “O celular faz mal para a masculinidade: é cada vez menor, anda sempre dobrado, cai a ligação várias vezes e não funciona quando entra no túnel.

LULA COMPANHEIRO E ECONOMISTA

Ali Kamel, do grupo GLOBO lança seu mais novo livro Dicionário Lula – Um Presidente Exposto por Suas Próprias Palavras (Nova Fronteira; 59,90 reais - 672 páginas). Num trabalho de pesquisa magnífico, o jornalista Ali Kamel reúne as falas do presidente. É o verbo a espelhar o homem.
Das várias frases, uma é meu destaque neste início de final de semana:
Diploma de economia é algo que Lula gostaria de ter: Lamento profundamente não ter tido um diploma universitário, lamento. Não digo isso com orgulho, não, gostaria de ter. Até gostaria de ser economista, viu, Aloizio (Mercadante, senador pelo PT de São Paulo)? Veja que coisa. Até gostaria de ser economista, não fui.
Dito isso em junho de 2006.
Lula, ainda tens tempo de estudar Economia. Em 2010...
Tenha certeza que farás uma ótima escolha.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

ECONOMIA: GOVERNO E FACULDADES

Rogério Gentile, na Folha de S. Paulo, expõe um assunto que interessa a todos, principalmente na área da academia. Trata-se do “O socorro financeiro do governo Lula, via BNDES, às faculdades particulares é umas daquelas histórias típicas do "vai levando" brasileiro, em que um erro se sobrepõe a outro e um apuro privado vira uma fatura coletiva.
Não foi a crise mundial que "quebrou" as faculdades. O problema é anterior, causado pelo crescimento desenfreado do setor, inflado por quem não tinha fôlego para tanto.
Entre 2004 e 2007, a rede particular ampliou em 482,7 mil o número de vagas no vestibular, mas a quantidade de alunos ingressantes no ensino superior aumentou em apenas 167,6 mil. Assim, sem demanda, não há negócio que resista.
O pior é que o sistema engordou, sobretudo, no quarto dos fundos, com instituições de péssima qualidade e muitos cursos para carreiras já saturadas -direito, por exemplo.
Por conveniência política, o Ministério da Educação fechou os olhos para esse crescimento -mesmo sabendo que o ensino médio vinha diminuindo de tamanho (9,1 milhões de estudantes em 2004 para 8,2 milhões em 2007, em decorrência da evasão escolar e do envelhecimento da população).
Em vez de impor exigências prévias e rígidas para garantir a qualidade dos novos cursos nas universidades e tentar direcioná-los para as áreas nas quais o mercado de trabalho é carente (engenharia, física etc.), o governo priorizou as estatísticas -situação, vale ressaltar, que ocorre desde FHC.
Claro, enche o peito de qualquer político poder dizer que mais brasileiros estão na faculdade e coisa e tal. O duro é fazer isso com responsabilidade. O resultado está aí: centenas de instituições com o pires na mão e milhares de jovens iludidos, com diplomas de baixa serventia.
E a situação não deve melhorar: a tal linha de crédito de R$ 1 bilhão do BNDES praticamente não distingue o ensino sério do picareta -instituições que possuam cursos considerados ruins pelo próprio governo federal também terão direito de abocanhar uma parte".

domingo, 9 de agosto de 2009

13 DE AGOSTO - DIA DO ECONOMISTA

Aproxima-se o dia 13 de agosto, Dia do Economista e os diversos Conselhos Regionais de Economia promovem diversas atividades para comemorar esta data tão importante para a categoria. Aqui no estado do Pará, o nosso CORECON programou uma série de eventos que serão realizados neste momento em que a profissão de Economista completa 58 anos de regulamentação! PARABÉNS A TODOS OS COLEGAS.

11 de agosto 18h00 - Lançamento do livro As Amazônias do Século XXI Sergio Rivero e Frederico G. Jayme Jr. (org.) 19h00 - Painel: A atividade florestal Moderador: Edson Roffé Borges (FENECON) Painelistas: João Carlos Matos (Beraca S. Ltda) Raimunda Monteiro (IDEFLOR) Deryck Martins (AIMEX)

12 de agosto 19h00 - Painel: A atividade mineral Moderador: Kátia Esteves da Rocha (SINDECON-PA) Painelistas: Iloé de Azevedo (APGAM) André Dillon Reis (IBRAM)

13 de agosto 19h00 - Painel: A atividade agropecuária Moderador: João Tertuliano de A. Lins Neto Painelistas: Cássio Alves Pereira (SAGRI) Antônio C. de Santana (UFRA)

Entrega do Prêmio de Monografia Prof. Armando Corrêa Pinto 2009 Presidente da Mesa: Sergio Roberto Bacury de Lira

Local: Auditório da Casa do Economista R. Jerônimo Pimentel, 918 - Umarizal.

DA SÉRIE: TEXTOS INTERESSANTES - YOSHIAKI NAKANO

Mais, do melhor da Economia, para o nosso domingo, um artigo do nosso colega YOSHIAKI NAKANO, também diretor da nossa FGV, no ESTADÃO, com o sugestivo nome: CÂMBIO MATA.

"Inflação aleija, câmbio mata" - alerta de Mario Henrique Simonsen que continua válido para o grupo de países dependentes de condições internacionais para seu crescimento. São dependentes porque não conseguem traçar a própria trajetória; têm horizonte temporal curto, portanto não planejam a longo prazo, privilegiando sempre o consumo imediato em detrimento da poupança, ou seja, investimento com recursos próprios. Incorrem em déficits em transações correntes, endividamento externo e crises de balanço de pagamento, interrompendo repetidamente o seu crescimento. Com essa nova apreciação excessiva da taxa de câmbio, cabe alertar: por que mata o crescimento?
Parece fora de propósito falar em crise de balanço de endividamento externo e de balanço de pagamento quando o Brasil tem mais de US$ 200 bilhões de reserva cambial, a situação das contas externas é boa e o risco Brasil está num nível muito baixo. Mas o Brasil ainda não tem a característica fundamental de países que crescem persistentemente para alcançar os países desenvolvidos: horizonte temporal longo para tomada de decisões de política econômica. Não respeitamos ensinamentos básicos da teoria econômica: para crescer é preciso elevadas taxas de investimento e poupança.
Países que crescem persistentemente privilegiam os investimentos que ampliam a capacidade produtiva em vez do consumo imediato; as exportações diversificadas de manufaturados para construir uma estrutura produtiva moderna, enfrentando os próprios países desenvolvidos, e poder importar bens de capital para trazer o conhecimento e a fronteira tecnológica para o país sem se endividar. A taxa de câmbio mata esse processo porque é o preço-chave nessas economias.
A taxa real de câmbio define a escala de comparação entre os preços de todos os produtos nacionais em relação aos do resto do mundo. País que privilegia o consumo imediato prefere câmbio apreciado, pois os importados ficam mais baratos relativamente aos nacionais. Taxa de câmbio determina preços relativos macroeconômicos que definem a alocação de recursos ("tradables" x "non-tradables"), a distribuição de renda (lucro x salário, ou seja, poupança x consumo) e a demanda agregada (tirar proveito ou não da ampla e elástica demanda externa).
A taxa nominal de câmbio é preço de um ativo financeiro, a moeda nacional - assim é âncora nominal do sistema de preços e afeta a inflação tanto via custos como canal de transmissão da política monetária, e pode ser usado também para controlar as expectativas no mercado.
Assim, permitir a apreciação e a flutuação excessiva da taxa de câmbio é uma escolha entre consumo imediato ou crescimento; entre importar e transferir emprego para o exterior ou construir uma estrutura produtiva nacional competitiva e gerar emprego no país; entre flutuações na taxa de inflação ou estabilidade de preços; entre ganho imediato e único no salário real ou aumento contínuo nos salários acompanhado de aumento de produtividade; entre especulação, falso e momentâneo fortalecimento da moeda nacional (ancorado nos ciclos de fluxo de capitais) e instabilidade ou estabilidade no mercado financeiro e fortalecimento da moeda ancorado nos fundamentos (sistemáticos superávits transações correntes).

DA SÉRIE: TEXTOS INTERESSANTES - PEDRO MALAN

Hoje, para iniciar o nosso domingo, DIA DOS PAIS, um artigo do nosso colega PEDRO SAMPAIO MALAN no ESTADÃO:RESPOSTAS À CRISE – MAIS ALÉM DE 2010".

"Não perder a perspectiva é o que mais importa", não se cansa de repetir um personagem do belo La Colmena, do Prêmio Nobel de Literatura Camilo José Cela. A observação, aparentemente trivial, é relevante para o Brasil do momento, no qual o debate, tanto econômico quanto político, está dominado por questões conjunturais, cujo horizonte temporal se conta em meses, tendo o ano de 2010 como foco e as eleições presidenciais como referência.
Entre os economistas profissionais há uma importante discussão sobre a natureza e os determinantes da recuperação da economia brasileira ainda nesta segunda metade de 2009 e das perspectivas, que são bem melhores, para 2010. Entre os políticos, bem, esperemos que as cenas de baixaria explícita a que assistimos nos últimos dias não sejam o prenúncio do tom da campanha eleitoral que o governo, há muito, decidiu antecipar.
Mas, seja no econômico, seja no político, o desafio do crescimento sustentado - mais além de 2010 - permanecerá no centro do debate ao longo dos próximos meses. A obrigação de olhar para a frente, como resposta à crise global, a meu ver, representará um avanço em relação às três variantes ou ênfases tradicionais que até há pouco marcaram essa discussão. Primeiro, que nosso crescimento seria muito inferior à média de nossa experiência histórica pré-1980 (sobre a qual muitos ainda lançam idealizados e nostálgicos olhares). Segundo, que nosso crescimento estaria muito aquém de nossas reais possibilidades (por falta de suficiente "vontade política" para crescer mais). Terceiro, que era "inaceitável" que nosso crescimento estivesse muitíssimo abaixo do de países relevantes como China, Índia e outros asiáticos.
Anos atrás, participei de debate que tinha como pergunta básica: "O que faz um país desenvolvido?" A pergunta encerrava uma interessante dupla interpretação: poderia referir-se ao que faz um país em desenvolvimento se tornar um país desenvolvido; ou, também, indagar o que é hoje, faz hoje, como funciona hoje um país desenvolvido. Em resumo, a discussão evidenciou seis grandes temas que, em termos gerais, se aplicam a ambas as perguntas, porque englobam tanto o que precisa ser feito como o que faz economias hoje serem consideradas desenvolvidas econômica e socialmente.
Espero que o debate sobre o Brasil mais além de 2010 aprofunde pelo menos estes seis temas inter-relacionados. Primeiro: abertura para o resto do mundo nas dimensões comercial, financeira, investimento direto, ciência, tecnologia, cultura e inovação. Segundo: infraestrutura e logística em energia, transporte, telecomunicações, portos, rodovias, o que exige regulação apropriada, e investimentos públicos e privados. Terceiro: investimentos na melhoria da qualidade da educação, onde residem hoje as principais deficiências que comprometem nosso futuro.
Quarto: estabilidade macroeconômica e consolidação dos regimes monetário, cambial e, especialmente, fiscal; o que não é um fim em si mesmo, mas condição indispensável para o crescimento sustentado de longo prazo. Quinto: estímulo ao investimento privado e à melhoria do ambiente de negócios, o que exige estabilidade e previsibilidade das regras do jogo. Sexto: o reconhecimento de que o peso, a voz, o prestígio e a influência que um país possa ter na sua região e no mundo não é função apenas de sua dimensão, mas também, e crucialmente, da qualidade de seus investimentos, da eficiência de seus setores privado e público e da efetividade do funcionamento de suas instituições.
Na explicação do por que certos países deram mais certo que outros, esses seis conjuntos de fatores são essenciais. E sempre vale lembrar que dentre as "instituições" de um país está o conjunto de valores morais, posturas, atitudes e padrões de comportamento ético que definem o grau de confiança mútua sem a qual uma sociedade moderna não pode funcionar adequadamente.
A respeito desses valores compartilhados, vale reiterar o que já escrevi neste espaço, citando passagem de importante relatório elaborado por cerca de 20 economistas de renome internacional para o Banco Mundial: "As lideranças políticas de um país emitem poderosos sinais para o conjunto da sociedade sobre o que constituem padrões aceitáveis e padrões inaceitáveis de comportamento de homens públicos."
Vivemos tempos de excessiva complacência, relativismo moral e uso talvez um tanto exagerado daquilo que Guimarães Rosa imortalizou com seu oxímoro "condena de absolvido", como proposto por Riobaldo no julgamento que a jagunçagem faz de Zé Bebelo, em memorável passagem da obra-prima que é Grande Sertão: Veredas.
A questão de julgamentos, delitos e suas penas foi abordada de forma concisa por Cesare Beccaria em seu pequeno grande clássico, publicado em 1764 e que retém surpreendente atualidade: "O fim das penalidades não é atormentar e afligir um ser sensível, nem desfazer um delito já cometido... (mas) impedir que o réu cause novos danos aos seus concidadãos e dissuadir os outros de fazer o mesmo." Beccaria nota que a "clemência... deveria ser excluída de uma legislação perfeita, em que as penas fossem menores e o método de julgamento, regular e expedito". Isso porque, nota adiante, "mostrar aos homens que os delitos podem ser perdoados e que a pena não é uma inevitável consequência é fomentar a ilusão de impunidade, é fazer crer que as condenações não perdoadas, embora pudessem sê-lo, são antes abusos de força que emanações da justiça".
Mas, apesar de tudo, olhando o Brasil econômico e político com senso de perspectiva, tanto em relação a nosso passado quanto a nosso futuro pós-Lula, é possível discernir uma pulsão entre o moderno e o anacrônico. Acho que não é de todo insensato esperar que o primeiro possa gradualmente prevalecer sobre o segundo. E isso "é o que mais importa", como diria o personagem que abre este artigo.

sábado, 8 de agosto de 2009

GUSTAVO FRANCO E MARX

GUSTAVO FRANCO, em 1997, ao ser entrevistado sobre a crítica que recebe por não conhecer nada de MARX, saiu-se com essa pérola: "Eu estudei bastante Marx quando era criança. Tanto como qualquer pessoa. Também li James Joyce, O sujeito não precisa ser um especialista em MARX para entender de ECONOMIA. Talvez pelo contrário (risos)."
O tempo passa mas a verdade continua...

O BRIC VIROU BIC?

Existe uma consultoria americana chamada EURASIA, defendendo a ideia de retirar a RÚSSIA do grupo das grandes economias emergentes denominado BRIC = BRASIL + RÚSSIA + ÍNDIA + CHINA. Afinal, neste tempo de grave crise, exceto a RUSSIA, os demais membros do BRIC estão registrando sinais de recuperação econômica.
Um dos países candidatos ao lugar da RÚSSIA é a INDONÉSIA, um dos três maiores exportadores mundiais de produtos como o carvão, gás natural, ÓLEO DE DENDÊ BRUTO e borracha.
Enquanto isso, nesta nossa floresta amazônica, a burocracia aliada a xiitas do meio ambiente dificultam uma maior produção do ÓLEO DE DENDÊ BRUTO. Coisas de BRASIL...

ECONOMIA E POLÍTICA EM COPA DO MUNDO - E NO BRASIL

Muitos colegas discordam que este blog seja contrário, desde o início da idéia, a realização no BRASIL da Copa do Mundo de Futebol de 2014. Talvez eles, como a maioria da sociedade, tenham esquecido os Jogos Pan-Americanos realizado em 2007, na cidade do Rio de Janeiro...Orçado x Realizado...

Em 2007 o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, e o ministro do Esporte, Orlando Silva, tinham um discurso afinado: não haveria dinheiro público na reforma ou na construção de estádios para a Copa do Mundo de 2014. Mas a ficção sucumbiu à realidade. Em entrevista ao ESTADÃO, Ricardo Teixeira deixou claro que recursos públicos serão injetados em pelo menos oito dos 12 estádios que vão ser reformados ou construídos para o Mundial. Já a fala do Ministro "Não vai ter um centavo do orçamento do governo federal para construir ou reformar estádios de futebol para a Copa de 2014. O que existe é a hipótese de ser feito algum tipo de financiamento por empresas financeiras públicas para construção ou reforma, mas aí é operação bancária. É dinheiro que vai ser emprestado e voltará depois para os cofres públicos".

Para os meus quase dois (milhões) de fiéis e inteligentes leitores: afinal, de onde saíra esse dinheiro? Quem pagará essa conta de, até agora, orçados R$ 5 bilhões?

CAPITALISMO E SOCIALISMO - DIFERENÇA

NUNCA é demais repetir que o CAPITALISMO é um sistema econômico impelido pelo lucro e caracterizado pelo trabalho assalariado e pela propriedade privada dos meios de produção. É o CONTRÁRIO do SOCIALISMO, no qual os meios de produção e distribuição são de propriedade coletiva.
Nestes tempos de governos na América Latina com tendências populistas, essa DIFERENÇA deve ficar bem clara.

DA SÉRIE: LEITURA INEVITÁVEL - PREVISÃO 2009 E 2010

Do colega LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS em recente entrevista ao ESTADÃO, uma lição de como a nossa economia está e sua previsão para 2009 e 2010.

A economia brasileira já superou a crise? O que se pode esperar daqui para a frente? No sentido mais geral, de evolução negativa do PIB (Produto Interno Bruto), a economia superou a crise. Mas isso não significa que voltou tudo como antes no quartel de Abrantes.

Por quê?
Porque, se é verdade que o mercado interno segurou razoavelmente bem, é verdade também que as exportações de manufaturados caíram fortemente e continuam ruins. Isso significa que a indústria está melhorando, mas tem desempenho negativo, na média.
Quanto o sr. projeta de crescimento para este ano e o para 2010?
Este ano, zero. No último trimestre do ano em relação ao último trimestre de 2008, crescimento de quase 3%. Para 2010, algo entre 3,5% e 4%, que é um bom número.

ECONOMIA EM RECUPERAÇÃO? SIM OU NÃO? TALVEZ?

É muito bom ler no ESTADÃO que o fim da recessão nos Estados Unidos está próximo, nas palavras do ex-presidente do Federal Reserve Alan Greenspan e do secretário do Tesouro, Timothy Geithner, em entrevistas diferentes à rede de TV ABC.

Tempos atrás reconheço minha total confiança na argumentação econômica do Greesnpan, porém hoje, mesmo continuando otimista, não tenho mais nele a confiança que depositava. Quanto ao Geithner, ainda está sendo avaliado... Portanto, a torcida é forte pela pronta recuperação econômica mundial, mas prudência e caldo de galinha não faz mal a nenhum economista neste tempo de crise.

A IMAGEM DA SEMANA É POLÍTICA

A imagem desta semana não poderia ser diferente e devemos manter a vigilância. Para eleger um poste presidente em 2010, é possível que alguém atrapalhe a economia. A conferir.
Para certas pessoas, o fundo do poço ainda não chegou.
Direto do DIÁRIO DO NORDESTE, o Mestre SINFRÔNIO é genial.

UM ECONOMISTA NO MUNDO REAL $$$

HAL RONALD VARIAN é um dos mais conhecidos autores de livro-texto na área de economia. Economista pelo MIT, com mestrado em matemática e doutorado em economia, foi professor do MIT e das universidades de Stanford, Oxford e Michigan.
Hoje, através da EXAME, tomei conhecendo que o VARIAN está por trás do sucesso do GOOGLE. Ingressou lá como consultor e hoje trabalha integralmente, sendo um dos nomes MENOS conhecidos, porém um dos MAIS importantes da empresa. Ele conseguiu transformar TEORIA em DINHEIRO. Lembrando que o GOOGLE faturou em 2008 algo como US$ 21 bilhões.
Dele registro a frase:
"A TECNOLOGIA MUDA. AS LEIS ECONÔMICAS, NÃO."

sexta-feira, 31 de julho de 2009

ECONOMIA E ELEIÇÃO = MISTURA AZEDA

Como postamos anteriormente, misturar economia com eleição não resulta no melhor para o país. É possível com isso eleger o(a) candidato(a) A ou B, mas nossas contas públicas e o resultado delas na economia provocam consequências que o político, neste momento, não está nem aí. Deixo com vocês um editorial do O GLOBO sobre o PAC. Leitura imperdível e didática. Como a matemática desmascara a face de certos políticos...
Como o Palácio deu a partida na campanha eleitoral de 2010 há muito tempo e, a cada dia, se envolve mais no projeto Dilma-2010, qualquer pronunciamento de autoridade do primeiro escalão, qualquer movimento mais ostensivo de estatais aparelhadas, em linha com o pensamento único do Planalto, pode ter relação com as urnas do ano que vem.
O exemplo mais recente é o anúncio do presidente Lula, primeiro e mais dedicado cabo eleitoral da ministra, que, em fevereiro do ano que vem, lançará o PAC 2, "para quem vier depois de mim não começar do zero".

É evidente o teor eleitoreiro do anúncio, pois sequer o PAC 1 consegue deslanchar. Grande feito seria desatolar os projetos do Plano de Aceleração do Crescimento formalmente em vigor.

Os números: em 2007, dos R$ 16 bilhões reservados (empenhados) para o PAC, apenas R$ 4,5 bilhões, ou menos de 30%, foram efetivamente gastos; em 2008, o índice subiu para 60%; este ano, no entanto, o quadro voltou a piorar: até 21 de maio, passado quase meio ano, só foram empenhados 37,6% da dotação de R$ 20,5 bilhões, e pagos somente R$ 3,7 bilhões Mesmo assim, R$ 3 bilhões provieram do orçamento do ano anterior.

Embora nos palanques da campanha precoce de Dilma - mal disfarçados em inaugurações e visitas a canteiros de obras - uma das palavras de ordem mais propaladas seja "investimento", isto é o que menos há no governo Lula.

Aos números: em 2002, final da Era FH - quando se instalou a tendência de crescimento dos gastos à frente do investimentos e do PIB -, os investimentos públicos foram de 2,1% do PIB, pouco menos que no início do primeiro governo tucano.

Em 2003, ano inaugural da Era Lula, caíram para 1,5%, embora deva ser reconhecido que se tratou de um período de ajuste, por causa da crise deflagrada em 2002 pelo "risco Lula" . A economia se recuperou, mas não os investimentos, apesar de todo o discurso. Eles continuam a patinar na faixa do 1% do PIB.

As estatísticas do PAC explicam parte do cenário anêmico nos investimentos. O resto da explicação fica por conta da gastança no custeio da máquina e com o funcionalismo.

Tudo fica evidente nas contas públicas do primeiro semestre: o superávit primário desabou para 1,28% do PIB (foi 4,4% no ano de 2008), basicamente porque, ao lado da queda na arrecadação, as despesas correntes (pessoal e custeio) aumentaram 2,7% do PIB, enquanto os investimentos, o melhor meio para ser usado em políticas anticíclicas, cresceram apenas 0,1% do Produto.

Os números são frios e indesmentíveis. Já em discurso político de palanque, vale tudo.

A OTIMISTA BOLSA E A CRISE

Ao fechar julho/2009 com uma valorização de 46%, a maior desde 1999, a BOVESPA faz a festa e anima os investidores.
Calma pessoal, a otimista bolsa não necessariamente reflete a economia real. A crise ainda existe, ainda não conhecemos a data de seu fim, sabemos que o capitalismo mais uma vez sobreviverá, nestes últimos dez meses Warren Buffett ganhou mais de US$ 1 bilhão ao investir numa montadora chinesa, no entanto, o BRASIL continua com muitas pendências. Agora seria o momento ideal para que as reformas tributária, previdenciária, política etc saissem do papel e facilitasse o livre mercado neste país. Lamentavelmente, a classe política não colabora. Outros interesses $$$ estão em jogo...
Se não mantivermos um projeto econômico consistente, fazendo-se alterações políticas meramente devido a eleição de 2010, em 2011 a fatura será cobrada em dobro.

INVESTIMENTO VERSUS ASSISTENCIALISMO

Enquanto países como a CHINA investem em sua infraestrutura, o BRASIL reajusta em 9,68% o valor do benefício do programa Bolsa Família, o que impactará o orçamento 2009 em R$ 406 milhões. O Bolsa Família atende cerca de 11 milhões de famílias e seu orçamento já atinge quase R$ 12 bilhões.
Tenham absoluta certeza meus caros dois (milhões) de (e)leitores: NÃO é com esse exclusivo tipo de "ajuda" que o BRASIL será uma grande potência econômica. Pensar somente em 2010 sem pensar nas contas públicas resultará em graves prejuízos ao país.

FINAL DE JULHO/09 - OTIMISMO NA ECONOMIA

Neste último dia de julho/2009, nada como ler uma frase do "Dr. Apocalipse", o nosso colega NOURIEL ROUBINI, publicada na EXAME - edição de 29/07/09:
"HÁ LUZ NO FIM DO TÚNEL - E NÃO É DE UM TREM VINDO NA DIREÇÃO DA ECONOMIA AMERICANA".
Apesar de nosso também sentimento otimista, muita coisa ainda pode acontecer na economia neste ano de 2009 e em 2010, antes que possamos finalmente anunciar que a crise ACABOU.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

ECONOMIA + ADMINISTRAÇÃO

Quando falamos em Gestão Estratégica é imediata a associação que fazemos do tema com empresas privadas ou até mesmo públicas. No entanto, raramente o conceito é ligado ao setor governo. Por isso, gostaria de refletirmos esse assunto com os meus quase dois leitores.
Para isso, recomendo a leitura do artigo “MACROECONOMIA - POR QUE NÃO APRENDER TAMBÉM COM A ADMINISTRAÇÃO?”. O texto foi publicado na edição de junho/09, da revista CONJUNTURA ECONÔMICA, da nossa FGV, pelo Professor RUBENS PENHA CYSNE da Escola de Pós-Graduação em Economia da FGV.
Ele critica os nossos colegas Economistas que repetem ad nauseum, i.g., “é preciso baixar os juros”, porém falta uma descrição prática de como obter tais resultados. Lamenta o Professor que não há na análise das contas públicas nacionais, um conjunto de indicadores bem definidos e de conhecimento público. E isso é muito grave. Diante disse, o Professor Rubens indica e recomenda que as idéias do Balanced Scorecard de Kaplan e Norton, com as suas informações balanceadas, (financeira, a visão do cliente, dos processos internos da empresa e o processo de inovação de longo prazo), sejam aplicadas ao setor público, com as devidas adequações.
Numa época de crises, nas quais as empresas buscam reavaliar todos os seus sistemas, está passando da hora do governo administrar bem os seus recursos (“que nada são do que partes dos valores do meu, do seu, do nosso dinheiro”), visando que suas metas sejam efetivamente atingidas, como faz uma empresa bem administrada e que não tem interesse em falir.
Vocês já pesquisaram quanto do que estava programado no Programa de Aceleração do Crescimento – PAC para 2009 foi realizado? Como está a eficácia do nosso governo? Por que gestores de empresas com resultados deficientes são demitidos, enquanto erros e fraudes no setor público raramente são punidos? E para finalizar, porque governos gastam mais onde não é necessário e gastam menos onde é necessário? Como escreve Cysne, isso representa o oposto da regra de gastar menos para obter mais. Além do que, falta um sistema de representação democrática que efetivamente permita que as decisões sejam realizadas da maneira correta.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

DA SÉRIE: LEITURA INEVITÁVEL - DELFIM NETTO

Conseguimos resgatar na Folha de S. Paulo este artigo de ANTONIO DELFIM NETTO, sobre “Entender o PIB”, que é nossa meta visando antecipar hoje, como estaremos em 31/12/09 e 31/12/10.

Há muitos anos sabemos que o "homem comum", com o qual tem de lidar a política econômica, é um ser gregário, altruísta, mais emocional e menos racional do que o frio e calculista "homem econômico". Este é uma conveniente máquina individualista e egoísta, que maximiza seus benefícios e minimiza seus sacrifícios, com a qual a profissão às vezes se diverte na tentativa de entender como funciona o sistema econômico.

Sendo assim, a reação de cada agente econômico às novas informações depende não apenas do seu entendimento mas também do entendimento e da reação dos outros.

Cria-se uma espécie de rede informal e invisível que "coordena" a resposta coletiva. É por isso que existem "ondas" de "otimismo" ou "pessimismo" e o comportamento da sociedade ou é de "rebanho" (quando há certeza sobre o futuro) ou de "manada" (quando o nível de incerteza cresce). Isso mostra a importância de prevenir os agentes econômicos sobre o significado real da informação, de forma que possam sempre relativizá-la dentro do contexto e evitar a resposta exagerada. Para dar um exemplo, tomemos as possíveis informações sobre o comportamento do nosso PIB em 2009.

Costuma-se medir a evolução do PIB comparando crescimento anual entre o mesmo trimestre de dois anos consecutivos, o que evita a influência das variações estacionais. Entre o terceiro trimestre de 2007 e o de 2008, o crescimento anual do PIB foi de 6,8%. Na comparação entre os quartos trimestres, ele caiu dramaticamente para 1,3%. O crescimento anual 2008/ 07 ainda foi de 5,1%. A crise que importamos em setembro de 2008 começa a dar sinais de ceder no início do terceiro trimestre de 2009.

As notícias que teremos no futuro sobre o PIB serão dramáticas, mas estarão refletindo apenas o que já aconteceu.

Suponhamos (não é uma "previsão", mas uma simples hipótese): a) que o PIB do 1º trimestre de 2009 tenha sido 2% inferior ao do 4º trimestre de 2008; b) que no segundo trimestre tenha se mantido no mesmo nível e c) que a partir do 3º trimestre ele cresça, sobre o trimestre anterior, 1% até o fim de 2010. O que revelariam as estatísticas do IBGE? Os números seguintes do crescimento anual de trimeste/trimestre: 1º trimestre 2009/08, -2,4%; 2º trimestre, -3,9%; 3º trimestre, -4,6% e 4º trimestre, zero.

O crescimento anual 2009/08 seria de -2,7%. A boa notícia é que em 2010 ele seria de 3,8%. O ponto importante a destacar é que, quando a dramática "nova" informação do 3º trimestre (queda de 4,6%) for feita, em janeiro de 2010 pelo IBGE, o PIB brasileiro já estaria crescendo 3%!

DA SÉRIE: LEITURA INEVITÁVEL - ENTREVISTA

Para os meus quase dois (milhões) leitores, abaixo uma otimista e esclarecedora entrevista com o colega Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú-Unibanco e ex-diretor do Banco Central (BC), com data de 26/07/09 no ESTADÃO e o título “Juros não voltam para nível pré-crise''. Como é interessante ler uma entrevista que faz o leitor tomar uma aula de conhecimento e até fazer sua oposição ao entrevistado, porém após ter analisado as diversas variáveis do mundo econômico. Este é o tipo de entrevista que temos que ler e guardar. Ao final do ano, vamos comparar as "previsões".

Segundo o ex-diretor do BC, a taxa Selic tende a subir nos próximos anos, mas não deve voltar a ter dois dígitos. Os juros de longo prazo no Brasil estão altos demais porque a taxa de juros real de equilíbrio - aquele que faz com que a economia cresça sem inflação - caiu para o nível de 4% a 5% ao ano e não vai voltar para onde estava antes da crise. Ao contrário de parte do mercado, o Itaú-Unibanco, que tem projeção de inflação abaixo de 4% para 2010, só vê a Selic (taxa básica) subindo de novo em 2011, e mesmo assim de forma moderada.

Mas nem tudo são flores para Goldfajn. Ele critica a política de expansão dos gastos correntes, que mantém o Brasil num ritmo potencial de crescimento de 4% a 4,5%, quando poderia estar entre 6% e 7%, com taxa de juros real perto de 3%. Outra consequência do aumento dos gastos correntes, para ele, é a valorização cambial, que pode levar o real a R$ 1,70 em 2010. O mundo está disposto a financiar o investimento no Brasil e empurra o País a consumir, na visão de Goldfajn. A contrapartida, porém, será o aumento do déficit em conta corrente, algo que, ele prevê, deve provocar forte debate em 2010. O risco são políticas equivocadas para conter a valorização cambial sem mexer na política fiscal, que podem elevar a inflação e os juros. A seguir, a entrevista.

Por que os juros de longo prazo estão tão descolados?

Há várias razões, e uma delas está ligada à visão geral dos juros no mundo. Toda vez que há uma recessão, e desta vez ela é global, os juros caem o suficiente para estimular a economia. Depois, quando a economia já foi estimulada, os juros voltam a subir. Hoje, os juros estão no limite do que podem baixar: zero ou próximo de zero nos Estados Unidos, na Europa e no Japão. Uma vez que se chega a esse piso, é normal as curvas se inclinarem para cima: a única coisa que pode acontecer daqui em diante é subir. Isso se traduz em vários mercados e, em alguns deles, faz sentido. No caso do Chile, o juro chegou a 0,5%, então a curva mostra que ele vai voltar ao normal.

E o Brasil?

Bem, pode existir uma economia que não estava com os juros no seu equilíbrio, ou na qual o juro de equilíbrio estava caindo, por diversas razões. Nesse caso, o juro não tem de voltar ao nível anterior, mas sim para onde ele chegaria caso a redução gradual do juro de equilíbrio persistisse e não fosse interrompida pela queda brusca ligada ao estímulo para sair da recessão. Em outras palavras, o juro voltaria para um nível mais baixo do que aquele de onde saiu. Assim, para acreditar que o juro do Brasil tem de voltar para perto de onde estava antes da crise, é preciso acreditar que antes da crise ele estava num nível neutro e constante. A minha visão é de que os juros no Brasil estavam e continuam numa tendência de queda. Falo do que se chama juro de equilíbrio, ou juro neutro, aquele que faz com que a economia cresça sem inflação. Houve momentos em que o juro real precisou ser 15%, depois foi caindo para 10%, para 8%, e hoje acho que estamos próximos de 4% ou 5%.

A recessão ajudou o juro de equilíbrio a cair? A gente sabe que o juro neutro em países emergentes converge para níveis normais de forma mais rápida em períodos de recessão do que de boom. Processos desse tipo ocorreram no Chile, no México e na Polônia. Os bancos centrais derrubam os juros para estimular a economia e, na hora de voltar, descobre-se que o juro neutro é menor. Por algum motivo, a recessão parece ser o momento de se dar um empurrão um pouco maior. Isso é difícil de explicar, mas acontece.

Mas os juros no Brasil então não voltam mais? Bem, as possibilidades são de que volte quase totalmente, volte muito pouco, ou volte para um nível intermediário entre esses dois extremos. Eu acho que volta muito pouco. Acho que a Selic poderia ir até 8,25%, se ficar claro um cenário em que a inflação vai para baixo de 4%. O nosso cenário de inflação para o próximo ano é parecido com o do Banco Central, estamos com pouco mais de 3,8%. Acho que, lá para 2011, quando a economia estiver chegando perto de um ritmo de 4,5% e a inflação começar a voltar para a meta de 4,5%, a Selic poderia subir para, quem sabe, 8,75%. O grande teste é que haja um cenário de inflação consistente com o que falei. Se eu estiver certo, e subirem os juros, a inflação cai muito. Se eu estiver errado, e deixarem o juro onde está, a inflação vai acabar subindo.

O que permitiu toda essa queda do juro real de equilíbrio?

São 15 anos de estabilidade, de consistência, que você pode ver nas medidas de risco, como o CDS do Brasil (credit default swap, produto ligado ao risco de crédito dos títulos externos do governo brasileiro), em que estamos hoje abaixo do México e próximos do Chile. Tem o investment grade. E há aquela percepção mais geral de que o Brasil é uma democracia que conseguiu ter políticas econômicas com uma certa continuidade, que sobreviveram a mudanças de ministros e de partidos no governo.

Como o sr. vê a política fiscal brasileira?

Nossa visão é que o superávit primário efetivo vai para 1,5% do PIB, embora o resultado oficial a ser divulgado será de 2,5%, por causa de 0,5% de desconto por conta do Projeto Piloto de Investimentos (PPI) e mais 0,5% do Fundo Soberano. Acho que vai ficar em 1,5% por um tempo, e isso é compatível com um juro real de 4% a 5%, quando se pensa na dinâmica da dívida pública. O que aconteceu é que esse governo usou todo o espaço conquistado nos últimos anos, com a queda dos juros por causa da redução do risco, para aumentar os gastos correntes. Tem uma parte que foi para o PAC (Plano de Aceleração do Crescimento), mas é muito pouco.

E o que o sr. acha do aumento dos gastos correntes?

Considero ruim. Isso se dá em prejuízo de maiores investimentos. A opção por mais gastos correntes significa um crescimento mais moderado. Significa que nosso crescimento, que vai ficar em 4%, 4,5%, poderia subir para 6%, 7%. O juro real poderia cair ainda mais, para perto de 3%. Por outro lado, o mundo vai nos ajudar a investir, mas ao preço de aumentarmos nosso déficit em conta corrente. Esse é outro aspecto dessa política fiscal, o câmbio mais valorizado.

Por quê?

O câmbio apreciado ajuda a importar, ajuda a consumir. Ele faz com que possamos consumir e investir ao mesmo tempo, mas a contrapartida é o aumento do déficit em conta corrente, que é a poupança externa. O mundo está dizendo para não nos preocuparmos porque ele vai financiar o nosso investimento.

Como assim?

Nós somos muito bons de consumir. Se tivéssemos que poupar, aí seria um problema. Nós hoje estamos junto com um grupo de países que inclui China, Índia e Indonésia, que são a coqueluche dos relatórios de bancos de investimento e que têm em comum grandes populações e mercados internos. O mundo está investindo nesses países e empurrando-os a consumir. A nossa diferença é que poupamos menos, então teremos um déficit em conta corrente maior. Outra forma de olhar para isso é constatar que o dólar vai ter de ser mais fraco. Quais são as moedas que vão ficar mais fortes? A grande dúvida do mundo é essa, qual é a contrapartida do dólar fraco. Com Europa e Japão com desempenho econômico fraco, é difícil imaginar como é que as suas moedas vão se apreciar. A China, claramente, tem de ser uma contrapartida, mas tem uma viscosidade lá, eles não deixam, tentam segurar o câmbio desvalorizado, na base de não deixar o mercado funcionar. Já as moedas flutuantes dos países emergentes vão sofrer pressão para se valorizar.

Qual a sua previsão para o câmbio no Brasil?

Acho que o câmbio vai se valorizar um pouco mais do que se espera por aí. Penso que pode fechar este ano em R$ 1,80 e ir na direção de R$ 1,70 lá na frente, no fim do próximo ano. Eu acho isso exatamente porque tenho a impressão de que o Brasil se encaixa muito bem no mundo nesse papel de consumidor que está faltando. Daquele consumidor de última instância.

Isso não vai preocupar os economistas desenvolvimentistas?

Na minha opinião, 2010 vai ser um ano de debate sobre déficit corrente, sobre câmbio apreciado, sobre regime cambial. Acho que não deveria ser feito, mas vai haver muito desejo de mexer um pouquinho na política cambial, de tentar deixar o câmbio mais desvalorizado. Há o risco de nós não aceitarmos a consequência de uma política fiscal mais frouxa, que é o déficit em conta corrente. Aliás, é fácil de resolver. Sobe o superávit primário, que significa poupar mais, e investe esse excesso. Mas o perigo é entrar num processo de tentar evitar um déficit em conta corrente sem mexer na política fiscal, o que acaba batendo na inflação e nos juros. Seria tentar manter o câmbio desvalorizado sem mexer nos fundamentos.

Será que esse risco também pode ser parte da explicação para os juros de longo prazo mais altos?

Sim, também é, embora eu tenha a impressão de que aquela questão global que eu mencionei é muito relevante.

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...