domingo, 6 de setembro de 2009

BRASIL: 1822 - 2009 - INDEPENDÊNCIA?

Amanhã, 7 de Setembro de 2009, o que temos para comemorar neste Brasil que ainda acha que é um país do futuro. Até quando? Com a riqueza que fez a taxa de crescimento das 500 maiores companhias brasileiras em 2008 ser mais de cinco vezes superior a das 500 maiores americanas (sim, dos Estados Unidos), por que não temos uma liderança competente a fazer que o nosso BRASIL seja um país sério, respeitado e onde os quase duzentos milhões de brasileiros possam se orgulhar dele, sem a necessidade de bolsas esmolas?

DA SÉRIE: TEXTOS INTERESSANTES - MENDONÇA DE BARROS

Neste caso, vamos ler e apostar como estará o dólar ao final de 2009? Direto do ESTADÃO, o colega José Roberto Mendonça de Barros, irmão do também colega Luiz Carlos, comenta "O Real e o futuro da produção".

O real voltou a se valorizar e tudo indica que irá para algo como R$ 1,75 por dólar em futuro próximo.
Desta vez, a valorização decorre muito mais de fatores externos que internos. Embora a taxa de juros ainda seja elevada, a atração da arbitragem (considerando os riscos) é muito menor do que antes, como mostram os dados do mercado cambial. Por outro lado, o dólar tem-se desvalorizado consistentemente contra diversas moedas, e todos os analistas esperam que isso continue nos próximos períodos. Neste caso, a busca por alternativas tem levado, entre outras coisas, a uma forte procura pelas chamadas moedas commodities, grupo que tradicionalmente inclui Austrália, Nova Zelândia, Noruega e Canadá.
A novidade recente é que o real foi incluído nesse clube, não só por conta da relativa resistência à crise, como especialmente porque o País é claramente ganhador na reestruturação produtiva global no quesito cadeias de recursos naturais. Daí decorre uma elevação do fluxo de exportações, nos investimentos diretos e na compra de ações de empresas brasileiras.
Muitos analistas e produtores se inquietam com o novo quadro, resgatando as teses de desindustrialização. Sigo acreditando que há muito exagero nessa percepção, inclusive porque não se pode projetar a frio um momento de ajuste à recessão mundial. Ademais, creio que existe uma clara subestimação do resultado da expansão das cadeias de recursos naturais no dinamismo do aparelho produtivo (revelado pelo breve período de aceleração do crescimento de 2007/2008), em termos de impactos na indústria de bens de capital, nas inovações da engenharia de produtos e de processos, na ligação com serviços de elevada produtividade e no emprego. Uma análise cuidadosa dos novos "players", das inovações e dos projetos que estão ocorrendo na cadeia da cana-de-açúcar certamente surpreenderia os mais afoitos.
Os analistas da desindustrialização também subestimam a relevância do tamanho do mercado interno, que permite a produção de muitos produtos de forma competitiva, bem como das dificuldades de ter fornecedores distantes quando se utilizam processos de "just in time". Essas dificuldades vão desde as maiores necessidades de capital de giro, do risco de flutuação das moedas, dos riscos de logística, etc.
É interessante que várias análises recentes apontam que a atual crise internacional está levando a uma revisão e a um encurtamento de certas cadeias de produção, afetando positivamente países como o México. Também é útil aqui lembrar que a queda das exportações de manufaturados brasileiros tem, além do câmbio e outras causas domésticas, muito que ver com a crise de nossos clientes, como atesta a crise da Argentina, o maior deles.
Mesmo após essas observações é evidente que muitos produtores menos competitivos sentem o aperto resultante do movimento do real. Muito mais que o câmbio, a questão central é que o País vem perdendo competitividade ao longo dos últimos anos. Sinais disso podem ser encontrados na contínua elevação da carga tributária e de sua complexidade administrativa, agravada pelo absurdo anúncio da tentativa de aprovação da nova CPMF. Reduções temporárias e localizadas de alíquotas não enfrentam minimamente a questão.
Em segundo lugar, é tedioso, porém necessário, relembrar a questão da infraestrutura logística brasileira. Nem com a avalanche de publicidade oficial dá para esconder que estradas e portos continuam a erodir a competitividade da produção brasileira. Na verdade, tirando a Petrobrás, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) é composto por algo como 80% de fumaça, pedras fundamentais, placas, obras não iniciadas, paralisadas ou atrasadas. Ademais, a energia elétrica está mais cara pela contínua criação de encargos adicionais, resultante, entre outras causas, da construção de usinas movidas a óleo. Na mesma direção vai a regulação complexa e muitas vezes de má qualidade. Em suma, nossa competitividade sistêmica está pior e isso se deve em muito a uma fantástica expansão dos gastos de custeio em vez do investimento, ocorrida nos últimos anos.
O Banco Central pode e deve continuar a elevar as reservas do País. Entretanto, intervenções no câmbio são ações de curto prazo que não encaminham a questão da competitividade ao longo do tempo, que é o que garante, de fato, o desenvolvimento.

KRUGMAN E A ECONOMIA - CRISE E HISTÓRIA

Apesar de ser obrigatória neste blog a publicação integral do artigo ou texto disponibilizado para a leitura de seus quase dois (milhões) leitores, neste caso específico realmente o texto é longo, mas vale pelas palavras do autor, Nobel de Economia em 2008. Direto do The New York Times, PAUL KRUGMAN e seu “How Did Economists Get It So Wrong?” no link http://www.nytimes.com/2009/09/06/magazine/06Economic-t.html, que nem por isso deixa de estar dentre os mais lidos, pela sequência dos fatos e visão geral da economia desde SMITH até KEYNES.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

A PODEROSA ECONOMIA AMERICANA NA EXAME

Preparem-se, pois a EXAME que estará nas bancas neste final de semana é daquelas de ler com prazer. Para começar, deixo com eles o melhor da edição: “As vésperas do primeiro aniversário da eclosão da maior crise das últimas décadas, os Estados Unidos tentam se reerguer. EXAME percorreu o país e entrevistou dezenas de empresários, pessoas comuns e quatro prêmios Nobel de Economia para construir a imagem da América após a quebra do banco Lehman Brothers. O resultado está nesta edição especial com oito reportagens, que mostram como os pacotes econômicos, a reinvenção das montadoras, a ressurreição de Wall Street e os investimentos em energia e inovação farão com que o país permaneça como a mais poderosa economia do planeta.”
E ainda tem colega que aposta na CHINA...

POLÍTICA ENQUANTO É TEMPO E POSSÍVEL

Leio na Folha que o Congresso (sempre eles) está insistindo em votar uma lei eleitoral que compara a web a TV/rádio. Será possível isso? Estamos em Cuba e não me falaram nada? Enquando podemos, deixo com os meus quase dois fiéis leitores, diretamente de FORTALEZA, lá do nosso DIÁRIO DO NORDESTE, o traço generoso do colega SINFRÔNIO.
E que SETEMBRO seja um mês de ótimas notícias, começando claro, com o COPOM mantendo a SELIC nos 8,75% ao ano, que era o que esperávamos. E que venham mais news, com sal ou sem sal...

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

A ECONOMIA REAL DE LOYOLA

Cheguei a pouco da empresa e hoje, último dia de AGOSTO/2009, neste meu 350º post não poderia encerrar o mês sem publicar um artigo do colega GUSTAVO LOYOLA, que também é da nossa FGV, publicado hoje no ESTADÃO. Sabemos que o nosso tempo é muito pouco, mas precisamos, pelo menos de vez em quando, ler mais do que a manchete da matéria. E que venha setembro, um mês muito especial para mim.

CONTRARREFORMAS AMEAÇAM O PAÍS

A resiliência da economia brasileira à presente crise econômica internacional se deve, em ampla medida, aos avanços institucionais observados nos últimos 15 anos no Brasil. Em que pese a unanimidade desse diagnóstico, o segundo mandato do presidente Lula tem-se caracterizado por uma sucessão de contrarreformas que, pouco a pouco, minam as instituições econômicas laboriosamente construídas a partir do início dos anos 1990. Quando Lula se tornou forte candidato à sucessão presidencial, em 2002, o medo dos agentes econômicos era o de ruptura com as políticas econômicas de FHC. Felizmente, o pânico do período eleitoral se mostrou injustificado, já que o novo presidente preferiu sabiamente ficar do lado certo, preservando a responsabilidade macroeconômica. Ademais, no quadriênio inicial do governo Lula, alguns avanços institucionais importantes ocorreram no bojo das reformas microeconômicas patrocinadas pelo ministro Palocci e sua equipe. A expansão forte do crédito bancário nos anos subsequentes, por exemplo, deveu-se muito a tais esforços. Porém, no segundo mandato, os avanços institucionais se tornaram parcos. Ao contrário, o que se tem verificado é que, pela ação ou omissão do governo, iniciativas cada vez mais numerosas vão corroendo o edifício institucional que permitiu à economia brasileira deixar para trás a década perdida da hiperinflação e do baixo crescimento. Vivemos, hoje, a era das contrarreformas. Há a contrarreforma fiscal, a contrarreforma previdenciária, a contrarreforma do Estado, a contrarreforma trabalhista e até, para alguns, a contrarreforma ortográfica, que nos obriga a abusar da consoante dupla nesse parágrafo. Com relação à Previdência Social, o recente acordo com os sindicalistas que enfraquece o chamado "fator previdenciário" e atrela o reajuste dos benefícios à variação do PIB é desastre de grandes proporções, pois agrava ainda mais o déficit previdenciário ao longo dos próximos anos. O desempenho um pouco melhor das receitas previdenciárias nos últimos anos parece ter ofuscado a realidade de que as contas da Previdência continuam no vermelho e que há uma tendência estrutural de aumento dos desequilíbrios, em razão principalmente da dinâmica demográfica. Contudo, o risco de retrocesso não se restringe à Previdência. No campo trabalhista há iniciativas para aumentar ainda mais os custos de contratação formal de mão de obra. Com o beneplácito do governo, o Congresso se prepara para votar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que reduz a jornada de trabalho para 40 horas semanais, como se isso tivesse o condão de criar mais empregos. Despreza-se a experiência recente da França que indica que a diminuição da jornada de trabalho não contribuiu para a redução do desemprego. Por sua vez, a expansão forte dos gastos de custeio do governo, notadamente com a folha de pagamento de servidores, indica agravamento da rigidez do orçamento público e perda de espaço para redução da carga tributária e/ou aumento do investimento público no País. Com isso, as condições para a atividade empresarial podem piorar, já que a competitividade da produção nacional estará crescentemente comprometida pelo trinômio: juros altos, tributação elevada e infraestrutura precária. Não fossem suficientes os problemas acima, a tentativa de recriação da CPMF, disfarçada de contribuição para a área da saúde, demonstra que há muita gente que ainda acha a carga tributária pequena, o que é de uma absoluta falta de senso de medida. O mais estranho, porém, é que o governo tacitamente apoie a ideia de recriar um tributo de péssima qualidade que incide em cascata sobre as operações financeiras. Tais retrocessos potenciais ou efetivos, infelizmente, não são o bastante. Percebe-se que está em marcha uma redefinição para pior do papel do Estado na economia, seja por meio da criação, disfarçada ou aberta, de novas empresas estatais, seja pelo aumento da intervenção regulatória nos mercados, ao mesmo tempo que a autonomia das agências reguladoras é flagrantemente reduzida, em nome de um pretenso "controle social". Tais iniciativas vão desde o modelo de exploração do petróleo no pré-sal - de viés notoriamente intervencionista - até a intenção de reativar a defunta Telebrás, como se a privatização da telefonia não tivesse trazido benefício nenhum ao País. Em resumo, o rol de contrarreformas iniciadas, incentivadas ou toleradas pelo governo Lula é extenso. Se nada for feito, o Brasil encontrará mais à frente uma nova "década perdida" em termos de crescimento e de estabilidade econômica. A experiência brasileira e de outros países, inclusive da vizinha Argentina, revela claramente os riscos da excessiva intervenção estatal e dos desequilíbrios fiscais, duas pragas crônicas dos países da América Latina. Por isso, é urgentemente necessário interromper essa marcha acelerada rumo ao passado que tem caracterizado as últimas ações e omissões da administração Lula.

Gustavo Loyola, doutor em Economia pela EPGE/FGV, sócio-diretor da Tendências Consultoria Integrada, em São Paulo, foi presidente do Banco Central.

domingo, 30 de agosto de 2009

FERGUSON E STIGLITZ NA CRISE MUNDIAL

Em entrevista ao vetusto ESTADÃO, NIALL FERGUSON, historiador escocês e professor da Universidade Harvard, alerta que o mundo conseguiu evitar uma Grande Depressão, MAIS HÁ MUITOS PROBLEMAS PARA SEREM RESOLVIDOS. Para ele, a crise ainda continua, agora com um agravante: a falta de plano do presidente OBAMA para controlar o déficit fiscal americano.
Como já postei anteriomente, a crise atual NÃO acabará com o CAPITALISMO e, em algum momento, ela terá fim, como aconteceu em outras crises e acontecerá em novas crises. Nesse caso, concordo com as ideias de FERGUSON e discordo do colega JOSEPH STIGLITZ pelo seu, (na minha opinião), EXAGERO, ao declarar a destruição do motor global, ou seja, o modelo de consumo dos Estados Unidos.
Calma STIGLITZ, a recuperação chegará antes que a Venezuela ataque os Estados Unidos...

DA SÉRIE: TEXTOS INTERESSANTES - MENDONÇA DE BARROS

Direto da Folha de S. Paulo, mais um artigo do sempre lúcido LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS, que compartilho com os meus quase dois (milhões) de e-leitores.

Meu irmão José Roberto tem usado uma imagem do atletismo para melhor explicar o momento atual da economia mundial. Segundo ele, nos próximos meses, a passagem do bastão de um corredor - o governo - para outro - o consumidor no mundo desenvolvido - será uma condição necessária para levar o processo de recuperação a bom termo. Nos últimos meses temos assistido a um aumento gradativo da atividade econômica em um grande número de países, tanto no âmbito do chamado G7 como no mundo emergente.

Essa recuperação foi induzida por recursos públicos injetados na economia privada em volume nunca antes visto. O primeiro movimento foi liderado pelos bancos centrais com a mobilização de recursos monetários, por meio de mecanismos clássicos e de corajosas inovações.

Com isso foram criadas as condições para se manter o sistema bancário mundial com um mínimo de funcionalidade, evitando o estrangulamento total da atividade produtiva. Em um segundo momento foram os governos que mobilizaram recursos de natureza fiscal para sustentar um nível mínimo de renda e consumo, afetados pela onda de desemprego que se espalhou por grande parte do mundo. Aqui também foram usados instrumentos tradicionais - como obras públicas e redução de tributos - ao lado de medidas criativas, como a compensação para a manutenção de emprego na Alemanha e os programas de subsídio para troca de carros. Foram os vários trilhões de dólares injetados em um grande número de economias que evitaram uma catástrofe inimaginável e que está agora afastada.

Todo esse esforço dos governos foi realizado no pressuposto de que, passada a tempestade e com a volta da confiança de consumidores e de empresas, a dinâmica privada voltará e recolocará a economia em uma rota de crescimento sustentado. É isso que diz o manual de enfrentamento de uma crise como a que ocorreu no ano passado.

Por isso, a imagem da passagem do bastão criada por meu irmão me parece muito feliz. Apenas a complementaria com algumas observações mais específicas quanto à natureza dessa troca de bastão. Em alguns países, como os EUA e a Inglaterra, o revezamento se parece com o chamado 4 x 100 metros. Ou seja, é uma corrida rápida, onde a passagem do bastão é sempre complicada e tensa. Em outros casos, como a China, a corrida é mais longa - algo como a corrida de 4 x 400 metros -, quando a passagem do bastão pode ocorrer de maneira mais tranquila.

No primeiro grupo estão países em situação fiscal mais complicada, em que o espaço para gastos fiscais por mais tempo é muito menor. No caso americano, há um grande mal - estar com os deficit já realizados, de modo que uma eventual necessidade de renovação dos estímulos fiscais no ano fiscal 2010/2011 pode criar uma crise com o dólar. O mesmo ocorre na Inglaterra e nas maiores economias da Europa Unida.

Já na China - e de certa forma no Brasil - o esforço fiscal do governo pode se estender por um período bem maior, tornando a passagem do bastão mais tranquila e segura. Nesse caso, o instrumento do gasto público em obras de infraestrutura ganha um peso maior. A sustentação do crescimento em 2010 dependerá do sucesso da passagem do bastão do gasto do governo para o setor privado. Nesse processo, o consumidor terá importância crucial, pois os investimentos privados ainda permanecerão deprimidos por algum tempo em razão da enorme capacidade ociosa hoje existente na grande maioria das economias. A conferir... LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS, 66, engenheiro e economista, é economista-chefe da Quest Investimentos. Foi presidente do BNDES e ministro das Comunicações (governo Fernando Henrique Cardoso).

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

SERRA VERSUS DILMA NA ECONOMIA

Qual a diferença econômica entre os pensamentos de José Serra e Dilma Rousseff, no momento, prováveis candidatos a candidatos a Presidência da República?
Esquecendo dos quase mestrados e doutorados, quais as ideias que eles pensam sobre a política econômica a partir de 01/01/2011?
Já que o nosso Guia antecipou o debate eleitoral de 2010, por que não aprofundamos esse assunto com textos de colegas a favor ou contra, mas com o objetivo de desvendar o que vem por aí?
Existirá uma terceira via?

MAIS DE TED KENNEDY - REVISTA TIME

Não poderia ser diferente a capa da TIME desta semana. Que o exemplo dele sirva de alguma lição para certos seus colegas brasileiros...

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

EDWARD MOORE KENNEDY: 1932-2009

Este blog não poderia deixar de registrar a morte do último herdeiro da dinastia KENNEDY. Defensor das ideias liberais e um dos congressistas mais influentes dos Estados Unidos, TED KENNEDY tem a nossa admiração e reverência. (Que diferença para "certos" congressistas brasileiros...
Lendo o início de uma matéria na revista AVENTURAS NA HISTÓRIA, realmente o título não poderia ser outro: "Os Kennedys: a realeza americana".

Eles enriqueceram enquanto o mundo ruía, conquistaram o Senado, a Casa Branca e inúmeras beldades de Hollywood. Não fossem as tragédias que assombram sua história, os Kennedys seriam uma família invejável. Era uma ensolarada manhã de setembro do ano de 1953, em Newport, Rhode Island. A igreja de Saint Mary, decorada com crisântemos brancos e gladíolos rosa, recebia 700 convidados ilustres. O arcebispo de Boston presidia a cerimônia de casamento, que, para o regozijo dos presentes, teve direito a bênção papal, através de uma carta enviada pelo próprio Pio XII. Do lado de fora, 3 mil curiosos aglomeravam-se para uma espiadela. A imprensa ocupava-se em registrar os mínimos detalhes. A nação inteira torcia pela felicidade de Jacqueline e John Kennedy. Não fosse pelo fato de eles serem cidadãos de uma república presidencialista, o casamento teria sido uma cerimônia real. Nos Estados Unidos não existem castelos, mas, se existissem, eles teriam sido habitados pela dinastia Kennedy. Porém nem tudo que reluz é ouro na história dessa família. Tragédias também assombram o clã, cuja trajetória política teve início no século 19, quando o primeiro Kennedy decidiu "fazer a América".

Este blog oferece uma passagem de ida aos funerais de Ted Kennedy at 5 p.m. Saturday at Arlington National Cemetery outside Washington, desde que algum dos seus quase dois (milhões) de leitores descubra quem é ele nesta foto acima, de 1937. Afinal, a família KENNEDY faz parte da vida deste blog desde o seu início.

A THE ECONOMIST DESTA SEMANA

Na The Economist desta semana, novamente o BRASIL é notícia, digo, o governo Lula e o PT. Se na semana passada o texto era sobre a política externa, nesta é sobre o PT e sua força em tentar manter Lula no poder. E já cita o "problema" Dilma x Lina e o quase doutorado da candidata do coração de Lula. É isso aí. Gostaríamos de ler outro tipo de reportagem, mas este é o nosso BRAZIL. Rezemos por ele.

domingo, 23 de agosto de 2009

VEJA - DINHEIRO TAMBÉM É CULTURA

Antecipando-se mais uma vez ao que vem por aí, este blog postou dias atrás o que somente a VEJA desta semana - edição de 26/08/09, que está nas bancas e com seus milhões de leitores - divulgou agora: Trata-se do livro A ASCENSÃO DO DINHEIRO, escrito por um súdito da rainha Elizabeth, o historiador escocês NIAAL FERGUSON.
Segundo a VEJA, o autor esclarece dois pontos fundamentais nesta época de crise: Primeiro, ao demonstrar que a inovação financeira sempre foi um fator central no avanço das sociedades ou mesmo das civilizações. Em segundo lugar, por conferir à reflexão econômica a sua devida dimensão de aventura intelectual.
Como conclui FERGUSON, "atrás de cada fenômeno histórico grandioso existe um segredo financeiro".

DOMINGÃO COM JORNAIS DO DIA

Este é um domingo especial. Afinal, aqui nesta parte da floresta amazônica AINDA não devastada pelo ser humano, não é todo domingo que recebo, diretamente de São Paulo, os pesos pesados FOLHA e ESTADÃO, edições completas. Agradecimento especial ao leitor deste blog e também morador destas paragens, que não esqueceu do amigo e trouxe esse presentaço. Afinal, entre ler os mesmos jornais pela internet e tê-los em mãos, existe uma diferença muito grande.
Então, como escreveu hoje o nosso incrível JOSÉ SIMÃO, meu caro leitor, você sabe a diferença entre a eleição no Brasil e no Afeganistão? É que no Afeganistão o homem-bomba explode antes...

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

PREVISÕES ECONÔMICAS E A TEORIA DE ROSSI

CLÓVIS ROSSI é jornalista das antigas e escreve diariamente uma coluna na Folha de S. Paulo. Lamentavelmente, em 19/08/09, escreveu algo que deve aborrecer todo economista econometrista. Economia não é uma ciência exata caro Rossi e, previsões, podem não se realizar. Afinal, você bem sabe, como na política, palavras também não se realizam quando prometidas pelo político. Então, cada coisa é uma coisa e nada de misturar alhos com bugalhos.

Previsões, o balão e a Apolo 11

SÃO PAULO - Por fim aparece um economista com coragem e sinceridade suficiente para dizer que previsões sobre desempenho econômico são tão científicas quanto jogar búzios ou ler a mão.
O economista em questão, Aquiles Mosca, estrategista de investimentos pessoais do Santander Asset Management, prefere escrever que "há uma nítida assimetria entre nossa habilidade de explicar o passado e nossa capacidade de prever o futuro" (artigo para o "Valor Econômico", ontem publicado).
Mosca vai muito além dessa frase comedida: conta que as projeções de mercado, reproduzidas no boletim "Focus" do Banco Central, erram feio sistematicamente.
Escreve Mosca: "Uma rápida olhada na diferença entre as previsões feitas 12 meses atrás e os valores efetivamente observados para essas variáveis [PIB, inflação, juros reais e nominais e câmbio] revelam erros significativos, entre 40% e 12%. Além disso, para juros nominais e reais, a média das expectativas dos especialistas foi incapaz sequer de prever a direção em que elas iriam se deslocar" (os juros caíram, em vez de subir).
Atenção, não se trata de erro por incompetência ou impossibilidade real de adivinhar o futuro, adverte o economista do Santander. Diz: "A oportunidade de ganhos está em antecipar o que os demais ainda não veem (...) e em traduzir isso em posicionamentos nos ativos certos, na "ponta" certa (comprado ou vendido) antes que os demais o façam".
Traduzindo: apostam numa direção e fazem previsões para ajudar a aposta a dar certo.
Sempre segundo Mosca: "Se a Nasa precisasse contar com a precisão das previsões do boletim "Focus", o voo da Apolo 11 provavelmente não teria alcançado a altura de um balão de festa junina".
Pois é. E nós, jornalistas, vamos continuar a dizer, acriticamente, que o balão de festa junina é uma Apolo 11?

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A IMAGEM DA SEMANA CONTINUA POLÍTICA

Neste quase início de final de semana, novamente SINFRÔNIO, lá no nosso DIÁRIO DO NORDESTE, em Fortaleza-CE, traz no seu traço o que pensa a minoria da população brasileira.

PREVISÃO PIB 2009 - QUEM ACERTA?

Da coluna do JOELMIR BETING de hoje, ele recomenda: "Façam suas apostas, senhores. O resultado será conhecido no próximo dia 11 de setembro, quando o IBGE divulgar seu cálculo sobre o desempenho do PIB no segundo trimestre deste ano.
Para Guido Mantega, ministro da Fazenda, o crescimento do PIB neste segundo trimestre deve ter sido de 1,60% a 1,70% sobre o primeiro trimestre.
O ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, espera crescimento de 2,50% a 2,80% no segundo trimestre do ano.
Para Luciano Coutinho, presidente do BNDES, o PIB vai avançar entre 3% e 4% no último trimestre deste ano - e, para isso, o banco vai ajudar, liberando entre R$ 130 bi e R$ 135 bi de janeiro a dezembro, bem mais que os R$ 92 bi de 2008.
Para a Febraban, entidade dos bancos, o PIB fecha este ano em queda de 0,10% e se recupera no próximo, crescendo 3,7%.
No Focus, relatório semanal do Banco Central reunindo opinião de analistas de uma centena de instituições financeiras, a queda vai ser maior, -0,34% este ano, e o crescimento maior no próximo, de 3,8%".
EU já apostei com o nosso Controller meses atrás e continuo afirmando que 2009 fechará entre negativo a até 0,9%. Depois veremos quem tem razão.

FRASES PARA PENSAR HOJE E SEMPRE

Direto do blog http://novoleitedepato.blogspot.com/ uma frase imperdível: "Um comunista é alguém que leu Marx e Lenin. Um anticomunista é alguém que leu Marx e Lenin e entendeu."

sábado, 15 de agosto de 2009

MULHERES APAIXONADAS? E NÃO É NOVELA.

Direto do nosso DIÁRIO DO NORDESTE, da minha FORTALEZA-CE, o traço do mestre SINFRÔNIO nestes políticos dias de mulheres não tão nobres com a ética.
E 2010 ainda nem chegou...

ROBERTO CAMPOS E O CELULAR

Para quem não agüenta a falta de educação de incertas pessoas na utilização do celular, recordo do grande colega e mestre ROBERTO CAMPOS, que comentava: “O celular faz mal para a masculinidade: é cada vez menor, anda sempre dobrado, cai a ligação várias vezes e não funciona quando entra no túnel.

LULA COMPANHEIRO E ECONOMISTA

Ali Kamel, do grupo GLOBO lança seu mais novo livro Dicionário Lula – Um Presidente Exposto por Suas Próprias Palavras (Nova Fronteira; 59,90 reais - 672 páginas). Num trabalho de pesquisa magnífico, o jornalista Ali Kamel reúne as falas do presidente. É o verbo a espelhar o homem.
Das várias frases, uma é meu destaque neste início de final de semana:
Diploma de economia é algo que Lula gostaria de ter: Lamento profundamente não ter tido um diploma universitário, lamento. Não digo isso com orgulho, não, gostaria de ter. Até gostaria de ser economista, viu, Aloizio (Mercadante, senador pelo PT de São Paulo)? Veja que coisa. Até gostaria de ser economista, não fui.
Dito isso em junho de 2006.
Lula, ainda tens tempo de estudar Economia. Em 2010...
Tenha certeza que farás uma ótima escolha.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

ECONOMIA: GOVERNO E FACULDADES

Rogério Gentile, na Folha de S. Paulo, expõe um assunto que interessa a todos, principalmente na área da academia. Trata-se do “O socorro financeiro do governo Lula, via BNDES, às faculdades particulares é umas daquelas histórias típicas do "vai levando" brasileiro, em que um erro se sobrepõe a outro e um apuro privado vira uma fatura coletiva.
Não foi a crise mundial que "quebrou" as faculdades. O problema é anterior, causado pelo crescimento desenfreado do setor, inflado por quem não tinha fôlego para tanto.
Entre 2004 e 2007, a rede particular ampliou em 482,7 mil o número de vagas no vestibular, mas a quantidade de alunos ingressantes no ensino superior aumentou em apenas 167,6 mil. Assim, sem demanda, não há negócio que resista.
O pior é que o sistema engordou, sobretudo, no quarto dos fundos, com instituições de péssima qualidade e muitos cursos para carreiras já saturadas -direito, por exemplo.
Por conveniência política, o Ministério da Educação fechou os olhos para esse crescimento -mesmo sabendo que o ensino médio vinha diminuindo de tamanho (9,1 milhões de estudantes em 2004 para 8,2 milhões em 2007, em decorrência da evasão escolar e do envelhecimento da população).
Em vez de impor exigências prévias e rígidas para garantir a qualidade dos novos cursos nas universidades e tentar direcioná-los para as áreas nas quais o mercado de trabalho é carente (engenharia, física etc.), o governo priorizou as estatísticas -situação, vale ressaltar, que ocorre desde FHC.
Claro, enche o peito de qualquer político poder dizer que mais brasileiros estão na faculdade e coisa e tal. O duro é fazer isso com responsabilidade. O resultado está aí: centenas de instituições com o pires na mão e milhares de jovens iludidos, com diplomas de baixa serventia.
E a situação não deve melhorar: a tal linha de crédito de R$ 1 bilhão do BNDES praticamente não distingue o ensino sério do picareta -instituições que possuam cursos considerados ruins pelo próprio governo federal também terão direito de abocanhar uma parte".

domingo, 9 de agosto de 2009

13 DE AGOSTO - DIA DO ECONOMISTA

Aproxima-se o dia 13 de agosto, Dia do Economista e os diversos Conselhos Regionais de Economia promovem diversas atividades para comemorar esta data tão importante para a categoria. Aqui no estado do Pará, o nosso CORECON programou uma série de eventos que serão realizados neste momento em que a profissão de Economista completa 58 anos de regulamentação! PARABÉNS A TODOS OS COLEGAS.

11 de agosto 18h00 - Lançamento do livro As Amazônias do Século XXI Sergio Rivero e Frederico G. Jayme Jr. (org.) 19h00 - Painel: A atividade florestal Moderador: Edson Roffé Borges (FENECON) Painelistas: João Carlos Matos (Beraca S. Ltda) Raimunda Monteiro (IDEFLOR) Deryck Martins (AIMEX)

12 de agosto 19h00 - Painel: A atividade mineral Moderador: Kátia Esteves da Rocha (SINDECON-PA) Painelistas: Iloé de Azevedo (APGAM) André Dillon Reis (IBRAM)

13 de agosto 19h00 - Painel: A atividade agropecuária Moderador: João Tertuliano de A. Lins Neto Painelistas: Cássio Alves Pereira (SAGRI) Antônio C. de Santana (UFRA)

Entrega do Prêmio de Monografia Prof. Armando Corrêa Pinto 2009 Presidente da Mesa: Sergio Roberto Bacury de Lira

Local: Auditório da Casa do Economista R. Jerônimo Pimentel, 918 - Umarizal.

DA SÉRIE: TEXTOS INTERESSANTES - YOSHIAKI NAKANO

Mais, do melhor da Economia, para o nosso domingo, um artigo do nosso colega YOSHIAKI NAKANO, também diretor da nossa FGV, no ESTADÃO, com o sugestivo nome: CÂMBIO MATA.

"Inflação aleija, câmbio mata" - alerta de Mario Henrique Simonsen que continua válido para o grupo de países dependentes de condições internacionais para seu crescimento. São dependentes porque não conseguem traçar a própria trajetória; têm horizonte temporal curto, portanto não planejam a longo prazo, privilegiando sempre o consumo imediato em detrimento da poupança, ou seja, investimento com recursos próprios. Incorrem em déficits em transações correntes, endividamento externo e crises de balanço de pagamento, interrompendo repetidamente o seu crescimento. Com essa nova apreciação excessiva da taxa de câmbio, cabe alertar: por que mata o crescimento?
Parece fora de propósito falar em crise de balanço de endividamento externo e de balanço de pagamento quando o Brasil tem mais de US$ 200 bilhões de reserva cambial, a situação das contas externas é boa e o risco Brasil está num nível muito baixo. Mas o Brasil ainda não tem a característica fundamental de países que crescem persistentemente para alcançar os países desenvolvidos: horizonte temporal longo para tomada de decisões de política econômica. Não respeitamos ensinamentos básicos da teoria econômica: para crescer é preciso elevadas taxas de investimento e poupança.
Países que crescem persistentemente privilegiam os investimentos que ampliam a capacidade produtiva em vez do consumo imediato; as exportações diversificadas de manufaturados para construir uma estrutura produtiva moderna, enfrentando os próprios países desenvolvidos, e poder importar bens de capital para trazer o conhecimento e a fronteira tecnológica para o país sem se endividar. A taxa de câmbio mata esse processo porque é o preço-chave nessas economias.
A taxa real de câmbio define a escala de comparação entre os preços de todos os produtos nacionais em relação aos do resto do mundo. País que privilegia o consumo imediato prefere câmbio apreciado, pois os importados ficam mais baratos relativamente aos nacionais. Taxa de câmbio determina preços relativos macroeconômicos que definem a alocação de recursos ("tradables" x "non-tradables"), a distribuição de renda (lucro x salário, ou seja, poupança x consumo) e a demanda agregada (tirar proveito ou não da ampla e elástica demanda externa).
A taxa nominal de câmbio é preço de um ativo financeiro, a moeda nacional - assim é âncora nominal do sistema de preços e afeta a inflação tanto via custos como canal de transmissão da política monetária, e pode ser usado também para controlar as expectativas no mercado.
Assim, permitir a apreciação e a flutuação excessiva da taxa de câmbio é uma escolha entre consumo imediato ou crescimento; entre importar e transferir emprego para o exterior ou construir uma estrutura produtiva nacional competitiva e gerar emprego no país; entre flutuações na taxa de inflação ou estabilidade de preços; entre ganho imediato e único no salário real ou aumento contínuo nos salários acompanhado de aumento de produtividade; entre especulação, falso e momentâneo fortalecimento da moeda nacional (ancorado nos ciclos de fluxo de capitais) e instabilidade ou estabilidade no mercado financeiro e fortalecimento da moeda ancorado nos fundamentos (sistemáticos superávits transações correntes).

DA SÉRIE: TEXTOS INTERESSANTES - PEDRO MALAN

Hoje, para iniciar o nosso domingo, DIA DOS PAIS, um artigo do nosso colega PEDRO SAMPAIO MALAN no ESTADÃO:RESPOSTAS À CRISE – MAIS ALÉM DE 2010".

"Não perder a perspectiva é o que mais importa", não se cansa de repetir um personagem do belo La Colmena, do Prêmio Nobel de Literatura Camilo José Cela. A observação, aparentemente trivial, é relevante para o Brasil do momento, no qual o debate, tanto econômico quanto político, está dominado por questões conjunturais, cujo horizonte temporal se conta em meses, tendo o ano de 2010 como foco e as eleições presidenciais como referência.
Entre os economistas profissionais há uma importante discussão sobre a natureza e os determinantes da recuperação da economia brasileira ainda nesta segunda metade de 2009 e das perspectivas, que são bem melhores, para 2010. Entre os políticos, bem, esperemos que as cenas de baixaria explícita a que assistimos nos últimos dias não sejam o prenúncio do tom da campanha eleitoral que o governo, há muito, decidiu antecipar.
Mas, seja no econômico, seja no político, o desafio do crescimento sustentado - mais além de 2010 - permanecerá no centro do debate ao longo dos próximos meses. A obrigação de olhar para a frente, como resposta à crise global, a meu ver, representará um avanço em relação às três variantes ou ênfases tradicionais que até há pouco marcaram essa discussão. Primeiro, que nosso crescimento seria muito inferior à média de nossa experiência histórica pré-1980 (sobre a qual muitos ainda lançam idealizados e nostálgicos olhares). Segundo, que nosso crescimento estaria muito aquém de nossas reais possibilidades (por falta de suficiente "vontade política" para crescer mais). Terceiro, que era "inaceitável" que nosso crescimento estivesse muitíssimo abaixo do de países relevantes como China, Índia e outros asiáticos.
Anos atrás, participei de debate que tinha como pergunta básica: "O que faz um país desenvolvido?" A pergunta encerrava uma interessante dupla interpretação: poderia referir-se ao que faz um país em desenvolvimento se tornar um país desenvolvido; ou, também, indagar o que é hoje, faz hoje, como funciona hoje um país desenvolvido. Em resumo, a discussão evidenciou seis grandes temas que, em termos gerais, se aplicam a ambas as perguntas, porque englobam tanto o que precisa ser feito como o que faz economias hoje serem consideradas desenvolvidas econômica e socialmente.
Espero que o debate sobre o Brasil mais além de 2010 aprofunde pelo menos estes seis temas inter-relacionados. Primeiro: abertura para o resto do mundo nas dimensões comercial, financeira, investimento direto, ciência, tecnologia, cultura e inovação. Segundo: infraestrutura e logística em energia, transporte, telecomunicações, portos, rodovias, o que exige regulação apropriada, e investimentos públicos e privados. Terceiro: investimentos na melhoria da qualidade da educação, onde residem hoje as principais deficiências que comprometem nosso futuro.
Quarto: estabilidade macroeconômica e consolidação dos regimes monetário, cambial e, especialmente, fiscal; o que não é um fim em si mesmo, mas condição indispensável para o crescimento sustentado de longo prazo. Quinto: estímulo ao investimento privado e à melhoria do ambiente de negócios, o que exige estabilidade e previsibilidade das regras do jogo. Sexto: o reconhecimento de que o peso, a voz, o prestígio e a influência que um país possa ter na sua região e no mundo não é função apenas de sua dimensão, mas também, e crucialmente, da qualidade de seus investimentos, da eficiência de seus setores privado e público e da efetividade do funcionamento de suas instituições.
Na explicação do por que certos países deram mais certo que outros, esses seis conjuntos de fatores são essenciais. E sempre vale lembrar que dentre as "instituições" de um país está o conjunto de valores morais, posturas, atitudes e padrões de comportamento ético que definem o grau de confiança mútua sem a qual uma sociedade moderna não pode funcionar adequadamente.
A respeito desses valores compartilhados, vale reiterar o que já escrevi neste espaço, citando passagem de importante relatório elaborado por cerca de 20 economistas de renome internacional para o Banco Mundial: "As lideranças políticas de um país emitem poderosos sinais para o conjunto da sociedade sobre o que constituem padrões aceitáveis e padrões inaceitáveis de comportamento de homens públicos."
Vivemos tempos de excessiva complacência, relativismo moral e uso talvez um tanto exagerado daquilo que Guimarães Rosa imortalizou com seu oxímoro "condena de absolvido", como proposto por Riobaldo no julgamento que a jagunçagem faz de Zé Bebelo, em memorável passagem da obra-prima que é Grande Sertão: Veredas.
A questão de julgamentos, delitos e suas penas foi abordada de forma concisa por Cesare Beccaria em seu pequeno grande clássico, publicado em 1764 e que retém surpreendente atualidade: "O fim das penalidades não é atormentar e afligir um ser sensível, nem desfazer um delito já cometido... (mas) impedir que o réu cause novos danos aos seus concidadãos e dissuadir os outros de fazer o mesmo." Beccaria nota que a "clemência... deveria ser excluída de uma legislação perfeita, em que as penas fossem menores e o método de julgamento, regular e expedito". Isso porque, nota adiante, "mostrar aos homens que os delitos podem ser perdoados e que a pena não é uma inevitável consequência é fomentar a ilusão de impunidade, é fazer crer que as condenações não perdoadas, embora pudessem sê-lo, são antes abusos de força que emanações da justiça".
Mas, apesar de tudo, olhando o Brasil econômico e político com senso de perspectiva, tanto em relação a nosso passado quanto a nosso futuro pós-Lula, é possível discernir uma pulsão entre o moderno e o anacrônico. Acho que não é de todo insensato esperar que o primeiro possa gradualmente prevalecer sobre o segundo. E isso "é o que mais importa", como diria o personagem que abre este artigo.

sábado, 8 de agosto de 2009

GUSTAVO FRANCO E MARX

GUSTAVO FRANCO, em 1997, ao ser entrevistado sobre a crítica que recebe por não conhecer nada de MARX, saiu-se com essa pérola: "Eu estudei bastante Marx quando era criança. Tanto como qualquer pessoa. Também li James Joyce, O sujeito não precisa ser um especialista em MARX para entender de ECONOMIA. Talvez pelo contrário (risos)."
O tempo passa mas a verdade continua...

O BRIC VIROU BIC?

Existe uma consultoria americana chamada EURASIA, defendendo a ideia de retirar a RÚSSIA do grupo das grandes economias emergentes denominado BRIC = BRASIL + RÚSSIA + ÍNDIA + CHINA. Afinal, neste tempo de grave crise, exceto a RUSSIA, os demais membros do BRIC estão registrando sinais de recuperação econômica.
Um dos países candidatos ao lugar da RÚSSIA é a INDONÉSIA, um dos três maiores exportadores mundiais de produtos como o carvão, gás natural, ÓLEO DE DENDÊ BRUTO e borracha.
Enquanto isso, nesta nossa floresta amazônica, a burocracia aliada a xiitas do meio ambiente dificultam uma maior produção do ÓLEO DE DENDÊ BRUTO. Coisas de BRASIL...

ECONOMIA E POLÍTICA EM COPA DO MUNDO - E NO BRASIL

Muitos colegas discordam que este blog seja contrário, desde o início da idéia, a realização no BRASIL da Copa do Mundo de Futebol de 2014. Talvez eles, como a maioria da sociedade, tenham esquecido os Jogos Pan-Americanos realizado em 2007, na cidade do Rio de Janeiro...Orçado x Realizado...

Em 2007 o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, e o ministro do Esporte, Orlando Silva, tinham um discurso afinado: não haveria dinheiro público na reforma ou na construção de estádios para a Copa do Mundo de 2014. Mas a ficção sucumbiu à realidade. Em entrevista ao ESTADÃO, Ricardo Teixeira deixou claro que recursos públicos serão injetados em pelo menos oito dos 12 estádios que vão ser reformados ou construídos para o Mundial. Já a fala do Ministro "Não vai ter um centavo do orçamento do governo federal para construir ou reformar estádios de futebol para a Copa de 2014. O que existe é a hipótese de ser feito algum tipo de financiamento por empresas financeiras públicas para construção ou reforma, mas aí é operação bancária. É dinheiro que vai ser emprestado e voltará depois para os cofres públicos".

Para os meus quase dois (milhões) de fiéis e inteligentes leitores: afinal, de onde saíra esse dinheiro? Quem pagará essa conta de, até agora, orçados R$ 5 bilhões?

CAPITALISMO E SOCIALISMO - DIFERENÇA

NUNCA é demais repetir que o CAPITALISMO é um sistema econômico impelido pelo lucro e caracterizado pelo trabalho assalariado e pela propriedade privada dos meios de produção. É o CONTRÁRIO do SOCIALISMO, no qual os meios de produção e distribuição são de propriedade coletiva.
Nestes tempos de governos na América Latina com tendências populistas, essa DIFERENÇA deve ficar bem clara.

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...