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sexta-feira, 8 de maio de 2015

O exemplo do general Marshall - Joaquim Levy.


Joaquim Levy, com brilhante memória, na FOLHA. 

Planejamento, persistência, gestão de pessoas e alinhamento com os princípios da missão são elementos essenciais para o sucesso da maior parte das empreitadas.

Um bom exemplo dessa combinação encontra-se na atuação de George Marshall, que liderou o Exército americano durante a Segunda Guerra Mundial, tendo sido indispensável para a sua vitória, especialmente no cenário europeu, alcançada 70 anos atrás.

O general Marshall anteviu a necessidade de o Exército estar preparado para defender o país bem antes de ele ser atacado. Já antes do início do conflito na Europa, ele alertou o presidente americano da imperiosa urgência de reorganizar e dar meios àquela força.

Como tantos, ele propugnava o desenvolvimento da Força Aérea, que era então primitiva e pequena. Mas, fiel ao seu feitio, quando foi proposto um plano de rapidamente se produzirem 10 mil aviões, ele foi contra, preferindo uma quantidade bem menor de unidades, mas acompanhada dos recursos para treinar pilotos e desenvolver o apoio logístico indispensável para a efetividade daquele investimento.

Essa atenção ao equilíbrio e o foco na organização industrial foram cruciais quando o Exército americano passou de menos de 200 mil soldados em 1939 para 4 milhões quatro anos depois.

Para liderar esse vasto contingente em armas, Marshall valeu-se de alguns critérios para selecionar generais que havia alinhavado anos antes, preferindo aqueles que exibissem bom senso, conhecessem seu ofício, estivessem em boa forma física --demonstrando energia--, fossem otimistas (irradiando um espírito positivo) e cuja lealdade fosse acompanhada de determinação.

Essas características, sem nada de especial na aparência, em geral se traduziam na capacidade de trabalhar em grupo, responder sob pressão e não culpar os outros pela adversidade. Elas também permitiram uma ênfase em preservar a vida dos seus comandados, o que era raramente visto antes na condução de um conflito armado.

Esse respeito foi uma regra básica para o bom funcionamento de um Exército de cidadãos, que abraçaram a missão de defender a democracia. Seu impacto no moral dos combatentes contribuiu para o Exército superar diversos reveses e pautar o comportamento da tropa à medida que foram conquistando território, inclusive em relação aos civis que foram encontrando.

Os princípios de gestão aí ilustrados se aplicam ao grande número de atividades humanas, e suas manifestações não escaparam aos mais argutos participantes da FEB (Força Expedicionária Brasileira), que combateu lado a lado com os Aliados, especialmente os americanos.

Osvaldo Cordeiro de Farias, um dos mais capazes integrantes da FEB, recordava-se de como os americanos souberam aproveitar os talentos de oficiais e soldados das mais diversas origens, transformando, por exemplo, um gerente de supermercado em oficial graduado de logística.

Lembrava-se também de como oficiais com dois ou três anos de experiência se mostravam tão ou mais capazes do que os próprios oficiais de carreira, americanos ou brasileiros.

Isso porque mecanismos que aceleravam a difusão de boas práticas e de experiências malogradas se traduziam no rápido aprendizado a partir de erros iniciais. Essas lições, sem dúvida, auxiliaram esse notável artilheiro brasileiro quando passou para a vida civil e liderou um importante grupo industrial décadas depois.

A confiança na capacidade de pessoas de diversas origens é um dos traços essenciais da democracia e base da inclusão. Ela também esteve presente na visão estratégica do general Marshall, que permitiu dar fundamental contribuição não só para a vitória da guerra mas também para a paz, quando ele idealizou o plano de auxílio para a Europa no pós-Guerra.

Esse plano, que levou seu nome, ao alavancar o potencial do continente, permitiu sua recuperação econômica, culminada com a criação do Mercado Comum Europeu dez anos depois.

Ao se comemorar o fim da maior das guerras no território europeu e merecidamente homenagear os milhares de pracinhas que o Brasil mandou à Itália e que voltaram com tantas e variadas experiências, parece mais atual do que nunca o exemplo desse general que declinou as posições mais visíveis no seu Exército, para garantir o seu bom funcionamento e as grandes escolhas estratégicas que lhe trouxeram a vitória.


sábado, 27 de dezembro de 2008

HUNTINGTON 1927-2008 + GUERRA SANTA SEM FIM

Mesmo vendo ECONOMIA em tudo na vida, este blog também tem seus momentos de outros fatos. Desde que começei a ler que sou conhecedor de um eterno conflito lá no distante Oriente Médio entre Israel e palestinos. Fato é que nem nesta época de final de ano eles conseguem viver um segundo sequer em PAZ. Hoje, no mais violento ataque de Israel contra grupos radicais palestinos ocorrido nos últimos anos, cem bombas, lançadas de 60 aviões de guerra contra 50 alvos, deixaram um saldo de mais de 200 mortos, segundo fontes médicas palestinas, e mais de 200 feridos. Triste notícia para um final de ano que já vai indo triste.

Continuando a ler as notícias de hoje, quase não acreditei quando li na Folha online que o cientista político Samuel Huntington, autor do famoso ensaio "O Choque de Civilizações", morreu aos 81 anos em Martha's Vineyard, no Estado americano de Massachusetts, conforme informou neste sábado a Universidade Harvard.

Huntington morreu na última quarta-feira (24/12). O cientista político deixou de lecionar em Harvard em 2008, após 58 anos de "serviços bons e leais", segundo a universidade americana. Ele foi autor, co-autor e editor de 17 obras e 90 artigos científicos sobre a política americana, a democratização, a política militar, a estratégia, e até mesmo política de desenvolvimento, informou o comunicado.

Nascido Samuel Phillips Huntington em 18 de abril de 1927 em nova York, ele conseguiu se formar na Universidade de Yale aos 18 anos e começou a lecionar em Harvard aos 23. "O Choque de Civilizações", publicado em 1996, foi traduzido a 39 idiomas. O livro também foi considerado como uma visão prévia do conflito com grupos muçulmanos que culminou nos atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.

Realmente, apesar de sua morte ter ocorrido na véspera de Natal, somente foi divulgada a pouco. Mesmo não querendo acreditar, pesquisei ainda na Harvard Magazine http://harvardmagazine.com/breaking-news/samuel-p-huntington-dies-age-81 , confirmado o fato, divulgado há menos de três horas, conforme abaixo.

Political scientist Samuel P. Huntington, the Weatherhead University Professor emeritus, died December 24, at age 81, on Martha’s Vineyard. He retired from teaching in 2007, after 58 years of service at Harvard, according to the official University news release on his life and career.

Huntington was best known for his views on the importance of cultural identities and affiliations in shaping relations between and among states and nations—an argument popularly summarized by his vivid phrase, “the clash of civilizations,” first spelled out in a 1993 journal article and then expanded upon in a internationally best-selling book published in 1996.

Existem professores que marcam toda uma geração, que apresentam idéias novas, que criam polêmicas admiráveis e que ficamos conhecendo ao longo de nossas experiências acadêmicas. Quando fiz na Universidade de Brasília uma especialização em Relações Internacionais, não tive que deixar de ler e conhecer um pouco mais desse tal choque de civilizações e a recomposição da ordem mundial. Por isso, esta notícia de sua morte e da situação na faixa de Gaza, tudo no último sábado de 2008, é para marcar de tristeza este mundo em CRISE (para não dizerem que não falei de economia).

E um fato que também marca é o belo exemplo de Professor Huntington: 58 anos lecionando em Harvard. Que exemplo de vida para todos nós, indiferente das posições políticas do grande Mestre.

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...