domingo, 14 de novembro de 2010

Tenente-Coronel Nascimento, o PIB e o IDH no Brasil.

Atualmente em cartaz no Brasil, com um público já próximo de quase 10 milhões de pessoas, o filme Tropa de Elite 2 já é o mais visto do ano e o segundo filme de maior público na história brasileira. E o que tem a ver o tenente-coronel Roberto Nascimento (mais uma vez um extraordinário desempenho do ator Wagner Moura), com o PIB – Produto Interno Bruto e o IDH – Índice de Desenvolvimento Humano do Brasil?

Tudo. No filme desenha-se um dos principais problemas brasileiros: a corrupção. Afinal, em recente estudo o Brasil ocupa o 69º lugar no ranking dos 178 países menos corruptos, empatado com a envelhecida Cuba dos irmãos Castro. O tenente-coronel Nascimento combate com firmeza e coragem a corrupção que existe no país, interligando polícia e políticos numa conexão que somente causa prejuízos ao Brasil. Não é toa que em vários locais nos quais o filme é exibido, o público ovaciona quando Nascimento espanca um político corrupto.

Com tantos problemas econômicos que perduram no Brasil – juros altos, real valorizado, contas públicas deficitárias, necessidade de manter a inflação sob controle, dentre outros - e que se não enfrentados trarão graves problemas ao governo da nova presidente Dilma Rousseff, a corrupção é uma tragédia no cotidiano brasileiro, desde os menores problemas pessoais até a sua disseminação entre os altos poderes da república.

Diante disso, valorizar a importância que atualmente o Brasil é a 8ª economia do mundo, ao lado da elite americana, chinesa, japonesa, indiana e alemã, é totalmente incoerente e infeliz quando é divulgada a lista de IDH de 169 países. O Brasil está lá na 73ª posição, muito distante de nações como a Noruega, Austrália Nova Zelândia, Estados Unidos, Irlanda e observando pelo retrovisor o Zimbábue, a República Democrática do Congo, o Níger, o Mali e a Burkina Faso.

Em mundo ainda em crise, com as grandes economias enfrentando problemas internos e até externos como a “guerra cambial”, existe a necessidade que a própria sociedade brasileira reavalie afinal qual o país que deseja ser. Acabou a era de o Brasil ser o país do futuro. Esse futuro é agora. E nada será possível quando o Relatório de Monitoramento de Educação para Todos de 2010, da UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura informa que a qualidade da educação no Brasil é baixa, principalmente no ensino básico. O índice de repetência no ensino fundamental brasileiro (18,7%) é o mais elevado na América Latina e fica expressivamente acima da média mundial (2,9%). O alto índice de abandono nos primeiros anos de educação também alimenta a fragilidade do sistema educacional do Brasil, onde 13,8% dos brasileiros largam os estudos já no primeiro ano no ensino básico. A própria UNESCO avalia que o Brasil poderia se encontrar em uma situação melhor se não fosse a baixa qualidade do seu ensino.

Enquanto a explosiva mistura de corrupção e falta de educação estiver distribuída por toda a sociedade e sem um forte combate por parte de um verdadeiro e real tenente-coronel Nascimento, macroeconomicamente podemos ser até uma potência mundial, com acesso ao G-20 e até com assento permanente no Conselho de Segurança da ONU – Organizações das Nações Unidas, mas seremos eternamente um país que não leva ao seu povo a qualidade de vida que existe nos países de 1º mundo.

sábado, 13 de novembro de 2010

REVISTA EXAME.

Parabéns a revista EXAME pela excelente reformulação do site http://exame.abril.com.br/, o mais completo site de negócios, economia e finanças do BRASIL. Vale a pena dar uma espiada!!! E aproveitando o post, STANLEY FISCHER, atual presidente do Banco Central de Israel e nosso velho conhecido do FMI e Banco Mundial, afirma que: "É COMPLICADO MANTER UMA ECONOMIA FORTE COM UMA MOEDA FRACA."

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O BRASIL NO MUNDO EM 2010.

Por mais que possa existir uma vontade política para a desvalorização do Real, o Brasil não é uma ilha e as grandes potências não tem por hábito curvar-se ao interesse nacional. Antes de envolver-se em contendas externas, temos diversos deveres em casa para realizar. Afinal, não é possível o BRASIL ter o 8º PIB mundial e manter a 73ª posição no ranking do IDH 2010 composto por 169 países.

Acelera Brasil neste bem próximo 2011, porém sem demagogia.

"KIWI TUU"

ALEXANDRE SCHWARTSMAN, economista-chefe do Grupo Santander Brasil, doutor em economia pela Universidade da Califórnia (Berkeley) e ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, escreveu na FOLHA DE S. PAULO sobre o “Kiwi tuu”.

QE2 (PRONUNCIA-SE "kiwi tuu"), como ficou conhecido, é a nova tentativa do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de impulsionar a economia dos EUA após sinais de perda de fôlego da recuperação.

Concretamente, consiste na compra de mais US$ 600 bilhões em títulos do Tesouro americano, de preferência com prazo entre cinco e seis anos, de modo a reduzir as taxas de juros dos títulos daquela maturidade.

Em condições normais não é exatamente assim que se opera a política monetária. Na prática, bancos centrais preferem agir diretamente sobre a taxa de juros -quase sempre a taxa overnight (aplicável a empréstimos de um dia)-, comprometendo-se a emprestar e a tomar emprestados recursos à taxa-meta determinada pelos seus comitês de política monetária, isto é, pela compra (ou venda) ilimitada de títulos à taxa-meta.

O Fed já reduziu a taxa de juros overnight para praticamente zero e é impossível reduzi-la ainda mais.

De fato, se um título fosse remunerado a taxas nominais negativas, seus detentores sempre poderiam trocá-los por notas de dinheiro, cujo retorno (zero) seria superior.

A ocorrência de juro zero, ainda que rara, não é inédita: aconteceu durante a Grande Depressão e, mais recentemente, tornou-se característica da longa crise japonesa. Passou a ser, desde então, objeto de estudos por parte de economistas monetários, entre eles o atual presidente do Fed, Ben Bernanke.

Em 2002, já no Fed, embora não como seu presidente, Bernanke, numa palestra famosa, sugeriu os passos que deveriam ser seguidos para contornar o problema caso viesse (como afinal veio) a se manifestar.

Dizia então que o Fed poderia estender para maturidades mais longas os mesmos procedimentos que usa para fixar a taxa de juros de um dia, isto é, se comprometer a comprar ilimitadamente títulos de, digamos, cinco anos, para fixar seu rendimento.

A bem da verdade, o Fed não foi tão longe na decisão da semana passada, anunciando, em princípio, que sua intervenção está limitada a US$ 600 bilhões até junho de 2011 (que, somados ao reinvestimento dos títulos a vencer, representam compras de aproximadamente US$ 900 bilhões).

Ainda assim, mesmo antes do anúncio da decisão, as taxas de juros dos papéis mais longos se reduziram nos últimos dois meses: houve uma queda próxima a 0,50% ao ano no caso dos títulos de cinco anos. Em outras circunstâncias isso representaria um impulso considerável à demanda interna.

No entanto, não vivemos em condições normais (fosse o caso, não estaríamos discutindo o QE2) e restam dúvidas sérias acerca da disposição de consumidores e de empresas americanos em elevar seus gastos, mesmo com taxas de juros mais baixas, isso para não mencionar a pouca disposição dos bancos (ainda fragilizados) no sentido de aumentar a disponibilidade de crédito.

Em outras palavras, há chances consideráveis de que essa estratégia não funcione, isto é, de que a trajetória da economia com o QE2 seja muito similar à que ocorreria na ausência do QE2.

Isso dito, deve ser claro que, nas atuais circunstâncias, trata-se de um risco que o Fed tem de correr.

Com efeito, o risco maior é o de pecar por omissão e permitir que a fraqueza hoje existente se transforme no temido "segundo mergulho", que poderia levar os EUA ao território deflacionário, com consequências sérias para a economia mundial. À luz disso, só a obsessão equivocada com a taxa de câmbio real-dólar (deixando de lado todas as demais moedas diante das quais o real se depreciou) poderia explicar a reação de certas autoridades.

Ignorando que o QE2 é uma tentativa de acelerar a demanda interna, tal mania os leva a interpretá-la como uma estratégia para desvalorizar o dólar (numa economia em que exportações representam meros 12% do PIB!), enquanto engolem placidamente práticas bem mais deletérias por parte de outros países.

Internet: www.maovisivel.blogspot.com

BRASIL: O REI DO ALTO CONSUMO.

Direto da FOLHA DE S. PAULO, um dos maiores críticos do gasto público no Brasil, o economista Raul Velloso diz que o país está se tornando o "rei do alto consumo", mas sem poupança para sustentar essa trajetória. Abaixo trechos de sua entrevista à Folha:

Folha - O sr. é um crítico da expansão do gasto público, principalmente dos relacionados a benefícios que não tiveram a contrapartida contributiva de quem os recebe. Mas eles explicam em grande medida a volta do dinamismo à economia brasileira e o crescimento do PIB. Quais são os principais problemas?

Raul Velloso - Muitos pregam que seria possível aumentar o consumo a qualquer custo, puxando-o pelos gastos públicos. O fato é que o Brasil se tornou o rei do alto consumo. Mas poupamos pouco, e, no setor público, a poupança é negativa. No final, para crescer minimamente, temos de absorver poupança externa.

O que não se diz é que o "modelo" do alto consumo não ajuda a indústria de transformação e tem um alto custo fiscal. A indústria paga a conta, porque algum setor tem de gerar deficit externo para a poupança entrar. E não será o setor de commodities que vai fazer isso.

É daí que vem a apreciação cambial. Como a poupança pública não existe, os excedentes de divisas são comprados via endividamento público, o que é caríssimo.

Hoje, o custo de carregar as reservas que temos é de R$ 50 bilhões ao ano, bem mais do que a União investiu no ano passado (R$ 34 bilhões) e 3,8 vezes os gastos com o Bolsa Família (R$ 13 bilhões).

Quem está pagando a conta da valorização cambial é a indústria. É possível resolver o problema com medidas outras que não o corte do gasto público, como impor IOF, tarifas, vigiar o dumping?

Não. É tudo paliativo. Estamos diante de um impasse. Antes mesmo da atual inundação de dólares, o real já estava se apreciando, sob o modelo do consumo elevado. Nele, sobe a demanda em todos os setores. Mas, na indústria, o preço é dado externamente, pois ela compete com os importados. E esse preço não está subindo.

Os recursos que poderiam financiar a indústria migram para o setor de serviços, pois, como não se pode importar serviços, sua rentabilidade aumenta pela falta de competição extra.

Devido a essa falta de investimentos e pelo fato de a indústria ter preços que competem com o dos importados, as compras externas aumentam e há o crescimento do deficit externo.

Diante da enxurrada de dólares, o Banco Central continua comprando o excesso e aumentando as reservas. Faz isso emitindo dívida pública, remunerada por um dos maiores juros do mundo.

A solução correta seria o governo gastar menos e economizar para comprar os dólares com recursos próprios, como fazem os asiáticos.

No esquema atual, o custo fiscal é galopante, e, quanto mais reserva, mais dólar é atraído. Em breve estaremos recriando a CPMF (o imposto do cheque), teoricamente para a saúde, mas de fato para tapar o buraco nas contas.

José Serra disse que, se eleito, dobraria o Bolsa Família. O programa custa menos de 1% do PIB e atinge mais de 40 milhões de pessoas. Não faria sentido concentrar os recursos sociais justamente nesses realmente miseráveis?

Sem dúvida. O Bolsa Família é o programa que mais atinge a classe efetivamente pobre. O que temos de fazer é parar de dar aumentos reais para o salário mínimo, que corrige 27 milhões de benefícios sociais. É só pensar: R$ 50 a mais para quem ganha um salário mínimo (de, digamos, R$ 500) significam um aumento de 10%.

Isso tem efeito distributivo bem menor do que para quem passa a ganhar R$ 70 no Bolsa Família.

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...