segunda-feira, 4 de março de 2013

USP - mais uma vez, a melhor.


Leio no UOL que a USP continua no caminho certo e está entre as melhores do mundo.

A USP ficou, pelo segundo ano consecutivo, entre as 70 universidades com melhor reputação no mundo, segundo um dos principais rankings internacionais universitários.


De acordo com o levantamento do THE (Times Higher Education), a universidade paulista está na faixa entre o 61º e o 70º lugar -- mesmo patamar do ano passado.

A instituição é a única da América do Sul citada no ranking, que contemplou 100 escolas. A com a melhor reputação no mundo é a Universidade Harvard, nos Estados Unidos.

Para elaborar a lista, foram consideradas 16 mil respostas de pesquisadores.

O desempenho da universidade paulista aparece em melhor posição no ranking de reputação (subjetivo) que em outro (objetivo) também feito pelo THE.

No ranking geral, que foi divulgado no fim do ano passado e envolve 13 critérios que são agrupados em cinco áreas --ensino, pesquisa, citações dos trabalhos produzidos por cada instituição, inovação e internacionalização-- a USP aparece em 158º lugar.

Uma boa reputação, assim como uma boa colocação nos rankings com critérios objetivos, pode facilitar a obtenção de dinheiro para pesquisas, atrair estudantes e também professores e pesquisadores capacitados de outros países.

domingo, 3 de março de 2013

III Encontro Nacional dos Blogueiros de Economia .


Está chegando o grande dia: o III Encontro Nacional dos Blogueiros de Economia será realizado dia 12 de Abril em Vitória (ES) no auditório da Fucape Business School.

O evento reunirá blogueiros de economia do país inteiro em três painéis temáticos nos quais discutiremos sobre:

  • ·         “Economia Aplicada na Blogosfera”,
  • ·         “Economia, Cerveja e Futebol”
  • ·         “Para Onde Vai a Política Econômica Brasileira?”.


Vamos participar pessoal?

O evento é organizado pelos colegas Cláudio Shikida e Cristiano Costa. 

Parabéns Ricardo Paes de Barros.


Ricardo Paes de Barros, um dos mais importantes formuladores de  políticas públicas contra a desigualdade, é o entrevistado deste domingo na FOLHA. Quando a lucidez e a competência se faz maior que a política. Parabéns Ricardo!  

Folha - Em que medida o fim da pobreza no cadastro reflete a erradicação da pobreza real?
Ricardo Paes de Barros - A pobreza é um negócio dinâmico. É como o desemprego: tem uma entrada a todo o momento e uma saída da pobreza a todo o momento. Não há nenhum país do mundo que possa dizer: "Hoje, eu não tenho nenhum pobre", porque sempre vai ter alguém que acabou de se separar, perder o emprego, ficar doente.

Qual a dimensão histórica do anúncio da semana passada?
Essa é mais uma medida numa sequência e não vai ser a última. Porque a pobreza, extrema pobreza, e várias outras questões sociais, vão perturbar a sociedade brasileira o tempo todo. Se vencermos essa pobreza estrutural, teremos agora que partir para essa pobreza mais volátil.
Acho que o que surpreende no Brasil da última década não é a queda na desigualdade e na pobreza. É o fato de que essa queda aconteceu todo ano.

Uma pessoa que passou a ganhar R$ 72 deixou a miséria?
Ninguém sabe onde exatamente começa a miséria, mas acho que ninguém chutaria muito mais do que R$ 100 e ninguém ia chutar alguma coisa perto de R$ 50. Então R$ 70 não é um número absurdo. Acho que o que importa no Brasil é dizer assim: "Ninguém neste país ganha menos do que R$ 70".
Amanhã, vamos garantir que ninguém ganhe menos do que R$ 80 e, depois de amanhã, vamos garantir que ninguém ganhe menos do que R$ 90. Depois, menos de R$ 100. Porque a gente sabe que miséria é relativa. Imagine um R$ 70 na região metropolitana de São Paulo. É completamente diferente de R$ 70 em Jordão, no Acre.

Essa linha não deveria ser corrigida pela inflação?
Certamente. Você dizer que R$ 70, ontem e hoje, é a mesma coisa não faz sentido. Agora, não indexar [a linha] dá à sociedade controle sobre o Bolsa Família. Se, no limite, você inventasse uma indexação no salário mínimo, na taxa de crescimento do PIB por trabalhador, a sociedade iria estar presa a um programa onde ela perdeu o controle.

Mas não soa falso dizer que em 2009 miséria é R$ 70 e que em 2013 miséria é R$ 70 ainda?
Acho difícil a argumentação de que a pobreza num ano é R$ 70, num outro ano é R$ 70 também e que você não está medindo uma pobreza diferente no outro ano. A questão é encontrar o equilíbrio entre regras de atualização e não congelar o programa.

Até que ponto o Cadastro Único é fiel à realidade?
O final da história é saber o seguinte: programas com base no cadastro estão bem focalizados? As pesquisas demonstram que programas que usam o Cadastro Único acabam beneficiando prioritariamente os pobres.
Em parte o cadastro precisa melhorar, em parte ele é excepcional. Um serviço feito pelo cadastro é dizer quem está dentro e quem está fora. E esse trabalho foi muito bem feito. Se você, dentro do cadastro, escolhesse aleatoriamente um cara para dar o Bolsa Família, você ia acertar com altas chances.

O que explica a contínua queda da miséria no país?
A primeira coisa é entender que só 20%, 25% disso é Bolsa Família. O restante é um conjunto de políticas que o governo fez quase que todo mês, toda semana. Inclusive seria bom que a gente soubesse o impacto desses programas e a gente não sabe.

Qual a diferença do governo tucano para o governo petista ao fazer política social?
Nos governos, o PSDB tinha talvez uma ideia de que a pobreza era uma coisa complexa, multidimensional, e só dar renda para as pessoas não funcionava, ou seja, que precisava de uma política bem sofisticada etc.
Quando entra o presidente Lula, ele entra com uma coisa do tipo: "Pobreza é uma coisa trivial, é ridículo, qualquer R$ 10 na mão do pobre faz uma tremenda diferença, vamos parar com isso, qualquer coisa serve e o que não servir depois a gente muda".
De repente você abre uma frente enorme, que não tem necessariamente uma grande arquitetura lógica. A gente todo dia faz uma política de combate à pobreza, essas políticas vão sendo acumuladas e a pobreza vai caindo.

O governo do PT então não é o único responsável pela queda na pobreza?
Claro. A desigualdade começa a despencar no ano 2000. Quer dizer, três anos antes do governo Lula ela despenca e cai à mesma velocidade que ela cai depois de 2003 [quando o PT chega ao poder]. E muitas dessas ações têm uma defasagem -você faz hoje e o seu impacto é três, quatro anos depois. Acho que a grande vantagem do Brasil é que tanto o governo do PT quanto o governo do PSDB sempre tiveram um comprometimento total [com o combate à pobreza].

Qual deve ser o próximo gargalo a ser atacado para diminuir a desigualdade?
Acho que o grande legado desses dez anos é um conjunto de brasileiros que abandonou uma estratégia de sobrevivência e passou a olhar para frente. É o cara que parou de pensar: "Será que vou ter comida amanhã?" e passou a perguntar para o filho: "Você fez o dever de casa de hoje?".
O grande desafio para a frente é o fortalecimento desses mecanismos de ascensão. Como eu, governo, promovo um ambiente meritocrático que induza o povo a se esforçar e pensar que eles vivem numa sociedade em que o cara que tem talento e botar esforço vai lá para cima?
E não adianta o cara estar muito bem preparado se o ambiente econômico não é um em que você tem grandes talentos, mas não bons postos de trabalho. Tirar o cara lá da superpobreza você faz sem grandes investimentos.
Daqui para frente, se você não tiver investimentos em capital físico, seja público seja privado, não tem política social que vá dar jeito. Acho que o grande desafio está aí.

A análise de FHC: sem disfarce nem miopia.


Fernando Henrique em seu artigo mensal no ESTADÃO e em vários jornais.

As forças governistas, depois de precipitarem a campanha eleitoral, voltaram ao diapasão antigo: comparar os governos petistas com os do PSDB. Chega a ser doentio! Será que não sabem olhar para frente? As conjunturas mudam. O que é possível fazer em uma dada fase muitas vezes não pode ser feito em outra; políticas podem e devem ser aperfeiçoadas. Porém, na lógica infantil prevalecente, em lugar de se perguntar o que mudou no país em cada governo, em que direção e com qual velocidade, fazem-se comparações sem sentido e imagina-se que tudo começou do zero no primeiro dia do governo Lula.

Na cartilha de exaltação aos dez anos do PT no poder, com capa ao estilo realismo socialista e Dilma e Lula retratados como duas faces de uma mesma criatura, a história é reescrita para fazer as estatísticas falarem o que aos donos do poder interessa. Nada de novo sob o sol: é só lembrar dos museus soviéticos que borravam nas fotos os rostos dos ex-companheiros caídos em desgraça… O PSDB não deve entrar nesta armadilha. É melhor olhar para frente e deixar as picuinhas para quem gosta delas.

Quanto ao futuro, o governo está demonstrando miopia estratégica. Depois de quatro anos iniciais de consolidação da herança bendita, a política econômica teve de reagir ao violento impacto da crise de 2007/2008. Foi necessário, sem demora, expandir o gasto público, desonerar setores produtivos, ampliar o crédito através dos bancos públicos, etc. Em situações extraordinárias, medidas extraordinárias. Mas o cachimbo foi entortando a boca: a discricionariedade governamental tornou-se a regra desde então. Com isso, a credibilidade do BC foi posta em xeque, a transparência das contas públicas também. Cresceram as dúvidas sobre a inflação futura e sobre o compromisso do governo com a responsabilidade fiscal.

Não há que exagerar na crítica: por ora, o trem não descarrilou. Mas as balizas que asseguraram crescimento com estabilidade, (câmbio flutuante, metas inflacionárias e responsabilidade fiscal), mesmo ainda em pé, se tornam cada vez mais referências longínquas. A máquina governamental está enguiçada como o próprio governo sente; e sua incapacidade para consertá-la é preocupante. Os expedientes utilizados até agora com o propósito de acelerar o crescimento deram em quase nada (o Pibinho). Na ânsia de acelerar a economia, o governo beijou a cruz e apelou para as concessões (portos, aeroportos, estradas) e mesmo privatizações (de partes da distribuição energética). Mas a viseira ideológica, o hábito de fechar-se em pequenos grupos, a precariedade gerencial não permitem dar efetividade a decisões que ferem o coração de suas crenças arcaicas.

Enquanto a China puxar as exportações de matérias-primas e de alimentos, tudo vai se arranjando. Mesmo assim, a produção industrial torna-se menos competitiva e perde importância relativa no processo produtivo. A balança comercial já deixou de ser folgada, mas com o financiamento estrangeiro as contas vão fechando. No curto prazo, tudo bem. A prazo mais longo, volta a preocupar o fantasma da “vulnerabilidade externa”.

Já se veem no horizonte sinais de retomada na economia mundial. Não me refiro a uma incerta recuperação do emprego e do equilíbrio fiscal, este em alguns países da Europa, aquele nos Estados Unidos. Refiro-me ao que Schumpeter salientava para explicar a natureza do crescimento econômico, uma onda de inovações. Provavelmente serão os Estados Unidos que capitanearão a nova investida capitalista mundial. O gás de xisto e os novos métodos de extração de petróleo tornarão aquele país a grande potência energética. Junto com ele, Canadá, México, Argentina e Brasil podem ter um lugar ao sol. De ser isso verdade, uma nova geopolítica se desenha, com, por um lado, um polo chinês-asiático e outro americano. Isso em um contexto político e cultural que não aceita hegemonias, no qual, portanto, a multiplicidade de polos e subpolos requer uma nova institucionalidade global.

Diante disso, como ficará o Brasil: pendendo para a Alba, de inspiração chavista? À margem da nova aliança atlântica proposta pelos Estados Unidos que, por agora, contempla apenas a América do Norte e a Europa? Iremos fortalecer nossos laços com o mundo árabe longínquo, ou este terminará por se aconchegar na dupla formada pela China e pela Índia, ambos países carentes de energia? E como nos situaremos na dinâmica da nova fase do capitalismo global? Ao que eu saiba, ela continuará dependendo do aumento contínuo de produtividade para assegurar as bases do bem-estar social (que não será decorrência automática disso, mas de políticas adequadas). Como, então, querer acelerar o crescimento utilizando truques e maquiagens, do tipo subsídios tópicos, exceções de impostos setoriais, salvamento de empresas via Hospital BNDES ou Caixa Econômica?

Quando o PSDB fez o Plano Real percebeu as oportunidades que se abriam para o Brasil com a globalização, desde que ajustássemos a economia e iniciássemos políticas de inclusão social. Na época o PT não entendeu do que se tratava. Queria dar o calote da dívida externa e sustentava o inadequado programa Fome Zero que jamais saiu do papel. Foram as bolsas que o PSDB introduziu que salvaram o PT quando este, tardiamente, se deu conta de que era melhor fazer uma política de transferência direta de rendas. Em geral se aferrou à ideia de que a globalização seria uma ideologia – o neoliberalismo – e não a maneira contemporânea de organizar a produção com base em novas tecnologias e novas normas. Não estará o PT repetindo o equívoco, com uma leitura míope do mundo e distorcida do papel do Estado? A resposta cabe ao governo. Ao PSDB cumpre oferecer a sua visão alternativa e um programa contemporâneo que amplie as possibilidades de realização pessoal e coletiva dos brasileiros. Sem esquecer o passado, mas com os olhos no futuro.

sábado, 2 de março de 2013

PIB em xeque.


Editorial de hoje da FOLHA comenta o fraco desempenho do PIB em 2012.

O crescimento do PIB no ano passado, de apenas 0,9%, foi pífio, mas não uma surpresa. Há vários meses já ficara claro que 2012 seria um ano quase perdido e que a retomada seria bem mais lenta que a apregoada pelo governo.

O crescimento derivou dos fatores de sempre: consumo das famílias e gastos do governo. Ambos tiveram alta pouco superior a 3%.

Do lado do consumo, o impulso foi possível por causa do desemprego baixo e dos salários ainda em alta - mas não teve a exuberância do passado. Depois de anos de forte expansão, o crédito mais escasso e o alto endividamento do consumidor já atuam como freios.

O grande vilão foi o investimento, que caiu 4% e deve encerrar o ano abaixo de 18% do PIB.

Sob a ótica setorial, o quadro é o mesmo. Os serviços continuaram a se expandir (1,7%), ao passo que o PIB industrial, que tem forte correlação com a taxa de investimento, mostrou queda de 0,8%.

O ambiente externo ruim contribuiu para o fraco desempenho verificado nesse quesito, mas não há dúvida de que os principais problemas são domésticos. A questão essencial é de custos e competitividade, que continuam a piorar em relação a outros países. Entre 2006 e 2012, a produtividade da indústria cresceu apenas 10%.

A dicotomia entre consumo, emprego e renda bem sustentados, de um lado, e produção em baixa, de outro, persiste e surpreende. Como entender que o emprego se mantenha, num quadro de PIB indigente e aparente desindustrialização?

Uma explicação possível seria a alta dos preços de commodities e a abundância de capitais externos dos últimos anos, que ensejam um fluxo constante de divisas para o país. O Brasil, grande exportador daqueles produtos, teve um ganho estimado em 2% do PIB ao ano.

O resultado, típico de países submetidos a tal experiência, é um surto de liquidez interna. Mal canalizada, ela acaba desaguando em alta de consumo, gastos públicos e bolhas de preços de ativos, como terras e imóveis.

Com muitos recursos em circulação, vicejam por alguns anos o emprego e a renda, acompanhados porém de erosão na capacidade de competir no mercado internacional. Os salários aumentam além da produtividade, em especial no setor de serviços. A indústria, que não tem a mesma liberdade para ajustar preços (pois está submetida à concorrência de importados), fica cada vez mais pressionada.

Com o passar do tempo, porém, o empuxo externo arrefece. Ficam apenas os custos internos mais elevados. O crescimento murcha, e o modelo centrado no consumo entra em xeque. Tal é o quadro atual.

Os frutos fáceis de colher se acabaram. É chegada a hora de trabalhar para restaurar a competitividade e impulsionar o investimento - algo bem mais difícil de alcançar.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Matutando!


E fevereiro terminou e chegou março. De repente tomamos conhecimento que estamos sem o Papa, mas a nossa rotina diária continua sem alterações. Sir Elton John cantou agora à noite em São Paulo e Argo, o vencedor do Oscar 2013, retornará neste final de semana às telas de Belém. Apesar de a presidente Dilma afirmar que manterá os pilares da estabilidade econômica, alguns sinais da equipe econômica não refletem o compromisso férreo que deveriam ter na manutenção da flutuação cambial, no cumprimento da meta de inflação e na responsabilidade fiscal. Dilma e Fernando Henrique não estão em sintonia e todos os olhos parecem se voltar para 2014. Lamentavelmente o horizonte não mostra candidatos à Presidência com perfil de estadista. No máximo, visões de curto prazo, sempre com o apoio dos eternos profissionais da política. É uma pena. O brasileiro, que trabalha uns cinco meses para pagar impostos que, na maioria das vezes, não são direcionados para as necessidades reais da sociedade e, como sempre, sustenta uma burocracia irritante, não merece sobreviver assim.

Pensa Brasil!           

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Oscar 2013.


Hoje é a noite mais importante do cinema mundial. Então, logo mais, todos ligados no Oscar 2013.   


sábado, 23 de fevereiro de 2013

Tecnologia social?


Em recente evento no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff disse que “nós estamos diante da possibilidade de dar o grande salto na qualidade da inovação e da ciência no nosso país. Sem ciência, tecnologia e inovação, nós não seremos essa nação desenvolvida, e esse país que sepultou em definitivo a pobreza extrema e a pobreza”.

Também nesta semana que finda, a presidente destacou durante evento queo Brasil vira uma página decisiva na nossa longa história de exclusão social. Nessa página está escrito que mais 2,5 milhões brasileiras e brasileiros estão deixando a extrema pobreza”.

Hoje, em Abuja, na Nigéria, afirmou que “nós queremos uma parceria em igualdade de condição, uma parceria que leve ao desenvolvimento e a melhoria de vida. Tem alguma coisa que nós podemos dar e, é claro, além de todas que eu falei na área de energia, do etanol. Sabe qual é? Tecnologia social. Nós sabemos como se tira a sua população da pobreza extrema. Nisso, o Brasil é imbatível. E isso eles querem, todos querem”.

É fato que após 1994, com o fim da hiperinflação, o Brasil iniciou um novo ciclo em sua economia, o que vem resultando, acredito, na maior inclusão social da história. O forte crescimento da classe média resulta em, por exemplo, que em janeiro passado os gastos de brasileiros em viagem ao exterior foram de US$ 2,293 bilhões, o maior resultado registrado pelo Banco Central na série histórica iniciada em 1947. No entanto, o endividamento das famílias bate recordes históricos e a inflação, sempre ela, há muito tempo esqueceu a meta de 4,5% ao ano.

Isso posto, gostaria de crer que realmente o Brasil virou a página da exclusão social, mas a realidade social ainda permite visualizar inúmeras situações de pobreza e, pior ainda, de desigualdade econômica, o que faz o Brasil  continuar sendo um dos países mais desiguais do mundo. Como não existe almoço grátis, a conta da gestão pública será cobrada em algum momento. E, então, todo o esforço que vem sendo realizado pelo governo visando à inclusão social poderá resultar num retrocesso que a sociedade brasileira não deve aceitar. 

Neste momento a gestão econômica deve ser inflexível na manutenção da flutuação cambial, no cumprimento da meta de inflação e na responsabilidade fiscal. Com o dever de casa sendo realizado acredito que realmente o Brasil poderá acabar com a pobreza. Enquanto isso, penso que ainda é cedo para exportar a nossa “tecnologia social”, mas muito tarde para fazer da educação a base para o verdadeiro desenvolvimento do país.                            

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

B de Brasil ou de BMW?


Leio na sempre bem informada coluna do Felipe Patury, na ÉPOCA, que a nossa Caltabiano é a maior revendedora de motos BMW do mundo. Os resultados da Caltabiano são 40% maiores que os da segunda colocada, a italiana BMW Roma. E, para completar, o Brasil é representado no terceiro, o quarto, o quinto, o nono e o décimo lugar.

Como escreve o Ricardo Amorim, "sinal dos tempos".    

Cenário de estagnação.


Pessimista editorial do ESTADÃO de hoje sobre a economia brasileira neste 2013. Vamos aguardar os próximos sinais do governo e a reação do mercado.   

A economia brasileira continuará travada em 2013, crescerá pouco mais que 3% no ano e menos que 7% no primeiro triênio da presidente Dilma Rousseff, segundo projeções captadas na semana passada pela pesquisa Focus, do Banco Central (BC). Se as estimativas estiverem certas, o Brasil se manterá como o menos dinâmico dos Brics e um dos menos ágeis entre os países em desenvolvimento. As previsões talvez melhorem nos próximos meses, mas os dados conhecidos até agora confirmam o desempenho muito fraco em 2012 e são pouco animadores em relação às perspectivas de curto prazo.

A informação mais recente é o índice de Atividade Econômica do BC (IBC-BR), publicado mensalmente. Para os analistas, esse dado serve como antecipação, embora imperfeita, do PIB calculado a cada trimestre pelo IBGE. Aquele indicador cresceu 0,26% de novembro para dezembro, descontados os fatores sazonais, e acumulou no ano uma expansão de 1,35%.

Este número é maior que as estimativas de aumento do PIB, quase todas em tomo de 1%, mas, apesar disso, também é muito ruim. Informações mais detalhadas e mais completas sobre a economia brasileira só serão publicadas dentro de algum tempo pelo IBGE, mas dificilmente surgirá um quadro muito diferente daquele conhecido até agora e confirmado, de modo geral, pelo índice mais recente do BC. O IBGE divulga todo mês levantamentos nacionais da produção industrial e das vendas do comércio varejista, além de informações sobre o emprego.

Os últimos dados, referentes a dezembro, confirmaram, de modo geral, o cenário observado ao longo do ano. O emprego se manteve elevado e a massa de rendimentos à disposição das famílias continuou maior que a de um ano antes. Essa condição, somada à expansão do crédito e aos estímulos fiscais ao consumo, permitiu a expansão do comércio. O volume dás vendas do varejo restrito (sem veículos, peças e materiais de construção) diminuiu 0,5% de novembro para dezembro, mas acumulou no ano um crescimento de 8,4%. No caso do varejo ampliado, as vendas de 2012 foram 8% maiores que as do ano anterior. Os resultados do emprego e do consumo privado contrastaram fortemente, no entanto, cóm os da produção industrial.

Segundo o IBGE, a indústria ficou estável de novembro para dezembro e acumulou em 12 meses uma redução de 2,7% em relação ao período anterior. No resultado global de 2012 houve queda em todas as grandes categorias de bens industriais até porque uma parte relevante do consumo foi suprida por mercadorias importadas. Mas o dado mais preocupante quando se tenta avaliar a perspectiva de expansão econômica é o recuo da fabricação de bens de capital, isto é, de máquinas e equipamentos destinados à reposição e à ampliação da capacidade produtiva e, em geral, à modernização tecnológica. 

Em dezembro, a produção desses bens foi 0,8% menor que no mês anterior e 14,7% inferior à de igual mês de 2011. A redução acumulada no ano chegou a 11,8%. A importação de máquinas e equipamentos foi obviamente insuficiente para compensar a retração das compras de bens de capital nacionais.

A queda do investimento limita fortemente a capacidade de crescimento do País. A expansão do PIB poderá ser um pouco maior a curto prazo, mas o impulso logo se esgotará, por falta de capacidade produtiva. Se o consumo privado e o custeio do governo continuarem aümentando, haverá um aumento das pressões inflacionárias, combinado, provavelmente, com uma piora das contas externas.

Uma sondagem do clima econômico da América Latina, realizada em janeiro, mostrou melhora na avaliação das condições imediatas em 5 dos 11 países cobertos. Em relação às perspectivas, a avaliação melhorou em 7. Nas duas listas, o Brasil aparece do lado da piora. Apesar disso, o índice de expectativas dos especialistas brasileiros entrevistados ficou em 7,2, acima da média de 10 anos (6). Esse otimismo pode ajudar. Difícil mesmo é explicá-lo, diante dos dados - especialmente dos investimentos - conhecidos até agora.    
 

PIB 2012: 1,6%?

Leio na FOLHA que o Banco Central estima crescimento do PIB de 1,6% em 2012, o menor resultado desde 2009.

O fraco desempenho da produção industrial e a desaceleração das vendas no varejo fizeram com que a economia crescesse pouco em dezembro e fechasse o ano com o pior resultado desde 2009, ano em que o país sofria os efeitos da crise financeira internacional.

É o que mostrou o IBC-Br (índice de atividade calculado pelo Banco Central para estimar o comportamento do Produto Interno Bruto).

Segundo esse indicador, a economia brasileira cresceu 1,6% em 2012. Mas o índice oficial do PIB, computado pelo IBGE a partir de dados colhidos dos setores da economia, só sai em 1º de março.

Economistas estimam que o resultado oficial tenha ficado abaixo do calculado pelo BC. As estimativas de analistas de consultorias e bancos giram em torno de 1%.

Silvia Matos, da FGV, observa que o descompasso entre o indicador do BC e o PIB do IBGE ocorre desde o segundo semestre de 2011.

Naquele período, o termômetro do BC apontava uma desaceleração maior da economia, o que não foi comprovado no PIB oficial. Em 2011, a economia cresceu 2,7%.

Ao longo do ano passado, entretanto, o indicador do BC apresentou resultados superiores aos do IBGE. Isso explica a discrepância entre o indicador do BC e o que esperam os analistas para o PIB.

"[O IBC-Br] É um indicador válido para se avaliar a tendência da atividade mês a mês, mas não deve ser observado isoladamente de outros dados da economia", diz ela.

Por isso, o dado divulgado ontem não alterou as expectativas de analistas de um "pibinho" no ano passado.

"O resultado de 2012 foi muito frustrante em termos de atividade. Não houve sinais de recuperação até agora. E, por enquanto, não há indícios de retorno dos investimentos", afirma Rafael Bacciotti, da Tendências.

Em dezembro, segundo o IBC-Br, a economia cresceu 0,26%, menos do que em novembro (0,57%).

A desaceleração do ritmo de expansão era esperada diante dos indicadores de atividade industrial e do varejo.

As vendas do varejo restrito (sem contar automóveis e construção civil) recuaram 0,5% em dezembro ante novembro. Mesmo com vendas recordes de veículos, o desempenho do varejo ampliado ficou aquém do esperado.

A produção industrial ficou estável em dezembro, mas no ano o resultado foi de queda de 2,7% ante 2011.

O resultado do varejo, apesar de positivo, não foi suficiente para levantar o PIB.

"Houve antecipação da produção e das compras por conta da expectativa do fim dos descontos no IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados]", diz Luis Otávio Leal, banco ABC Brasil.

Silvia Matos, da FGV, afirma que dados de sondagens com empresários deste início de ano ainda não sugerem que a retomada tenha se firmado. "Embora haja indícios de que janeiro foi melhor para a indústria, temos certa cautela sobre o que virá nos próximos meses."

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

A ameaça dos juros.

Editorial da FOLHA de hoje alerta para alta da taxa básica de juros ainda neste ano.

A escalada da inflação parece ter surpreendido o governo, a julgar por alguns sinais de desconforto. O acumulado em 12 meses atingiu 6,15% em janeiro, taxa incomodamente vizinha do limite superior da meta adotada pelo Planalto (cujo alvo é de 4,5%, mas com tolerância de dois pontos percentuais).

Esse comportamento dos preços não está em desacordo com a previsão do Banco Central de alta no primeiro semestre, seguida no entanto de um recuo para cerca de 5% no final de 2013 - mas essa expectativa já é posta em dúvida.

Analistas privados vinham trabalhando com inflação anual de 5,7% em 2013, bem acima da esperada em Brasília. Agora o governo também começa a mudar de tom.

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, avisara no final de janeiro que estava preocupado e atento. Foi secundado tardiamente pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que descartou a valorização do real para conter preços (ao estimular a concorrência de produtos importados) e admitiu que a taxa de juros é o instrumento adequado para fazê-lo.

Tradução: a alta dos juros neste ano não é mais descartada pelo governo. O mercado financeiro reagiu rapidamente, elevando a taxa de juros futura em seus negócios.

A aposta é que o BC dará um passo nessa direção na próxima reunião do Copom, em duas semanas, talvez omitindo do comunicado a indicação de que a taxa básica ficará em 7,25% por longo período.

Arrefece, assim, o otimismo artificial com o desempenho da economia. O governo, que já parecia resignado com um crescimento do PIB de 3%, agora se dá conta de que a inflação não cairá por si mesma para 5%, ou menos.

O problema não será resolvido com reduções de impostos na energia ou na cesta básica. Intervenções pontuais não têm o poder de desfazer a nociva associação de crescimento baixo (média de 1,8% no biênio) e inflação alta (6,15%).

Será muito positivo se o BC conseguir convencer o Planalto de que está perdendo a batalha das expectativas e que mais um ano de inflação tendendo para 6% (em 2012 foram 5,84%) traria efeitos graves na antevéspera de uma eleição.

O pior cenário para o governo seria ter de explicar à população por que seria imperativo elevar os juros numa economia que, segundo o próprio governo, ia tão bem.

Não há mais espaço para voluntarismo na política econômica. Desvalorização da moeda, relaxamento nos gastos públicos e busca de crescimento a qualquer custo desandam em inflação. Corrói-se o ânimo empresarial e o investimento. O aumento modesto da produção não aliviará tão cedo as pressões sobre os preços.

Não é certeza ainda que os juros subirão, mas esse risco agora cresceu - inclusive para o projeto eleitoral de Dilma Rousseff em 2014.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

O vaivém da moeda - Folha.


Editorial de hoje na FOLHA alerta para os riscos da atual política cambial.   

Um real forte demais decerto prejudica ao menos parte da indústria brasileira, pois barateia a compra de produtos importados.

Um real fraco demais tem efeito inflacionário, pois contribui para elevar ainda mais os preços domésticos. Na média, eles passam a avançar para um nível próximo do teto da meta oficial de inflação (ou 6,5%, uma vez que ela é de 4,5% ao ano, com tolerância de dois pontos percentuais).

A descrição dos efeitos mais simples e imediatos da variação do preço da moeda brasileira demonstra os limites da utilização da taxa de câmbio, apenas, como instrumento para lidar com as dificuldades da economia brasileira.

Alarmado com a pressão sobre os preços brasileiros de um dólar caro, que chegou a quase R$ 2,10, o Banco Central atuou no mercado para fortalecer o real.

Preocupado com a possibilidade de o dólar descer para um patamar próximo de R$ 1,85, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, informou que intervirá de modo a impedir tamanha valorização da moeda brasileira.

Dado este cabo de guerra, o dólar deverá variar em torno de um limite estreito, perto de R$ 2. É o que indica o Ministério do Desenvolvimento, que denominou o modelo de "câmbio vigilante", parente muito remoto do regime flutuante, extinto de fato entre 2011 e 2012.

Na prática, o preço do dólar não depende apenas das vontades do governo brasileiro. A redução dos juros, por exemplo, contribuiu para a desvalorização do real, com a queda na demanda pela moeda brasileira em consequência da saída de investidores estrangeiros (interessados em lucrar com a diferença entre a alta taxa brasileira e as de outros países, baixas).

Seja qual for o determinante da taxa de câmbio, porém, o preço da moeda por si só não é capaz de dar conta das insuficiências da política econômica. Não é possível controlar a inflação quando os juros estão baixos e os gastos são altos, ou tentar baixar custos desvalorizando o real e estimulando altas de salários.

Tais contradições só não resultam imediatamente em problemas críticos devido a remendos como controles de preços disfarçados (combustíveis, transportes públicos urbanos, reduções localizadas de impostos).

Remendos, por definição, são provisórios, assim como será provisório esse equilíbrio precário da nova política econômica. A conta chegará, um dia, por meio de juros mais altos, redução do consumo ou gradual deterioração das condições macroeconômicas do país.

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...