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sexta-feira, 21 de junho de 2013

Ressaca monetária.

Editorial da FOLHA e a ressaca monetária. E as previsões são pessimistas para o que vem por aí. E ainda estamos em 2013...

Dólar sobe no mundo todo após anúncio de reviravolta do Fed, e efeito no Brasil se agrava com as deficiências da política econômica de Dilma

Se o governo Dilma Rousseff antes perdia o sono com o "tsunami monetário" -- como caracterizava o fluxo de entrada de capitais resultante da política do Fed (banco central americano) de inundar o mercado com recursos --, sobram agora razões para se preocupar com a retração da onda.

Os sinais de reversão da maré estão à vista de todos. Há mais otimismo com a recuperação da economia americana, que deve crescer 2% neste ano e talvez bem mais que isso em 2014. Com a melhora, o estímulo monetário deixaria de ser necessário.

O Fed já navega nessa direção. Seu presidente, Ben Bernanke, disse que as compras de títulos no mercado -- hoje no ritmo de US$ 85 bilhões ao mês -- serão contraídas em breve e suspensas até meados de 2014. Para prevenir sobressaltos, disse que a retirada será gradual e que a taxa de juros deve permanecer perto de zero até 2015.

O mercado financeiro não tem paciência com detalhes. Quando identifica mudanças como essa, antecipa as consequências: menos recursos no mercado global, juros em alta nos EUA e valorização do dólar perante outras moedas, especialmente de países emergentes.

No caso do Brasil, há o fator agravante da política econômica errática, em particular na questão da austeridade fiscal, que prejudica a imagem do país. Acentua-se, com isso, o temor pela perda de valor dos investimentos aqui realizados, o que provoca a saída de dólares e a consequente desvalorização da moeda nacional.

A cotação do real frente ao dólar fechou em quase R$ 2,26, ontem, mesmo após o Banco Central comprometer US$ 3 bilhões para conter a desvalorização. Foi o pior nível desde abril de 2009, quando a crise internacional estava no auge.

Um sintoma da deterioração do cenário foi o adiamento da oferta de ações da Votorantim Cimentos na Bolsa, que deveria levantar até R$ 10 bilhões. É notável o contraste com a situação de abril passado, quando a BB Seguridade conseguiu captar R$ 11,4 bilhões.

Salvo uma improvável grande decepção com a economia americana, nos próximos anos haverá um enxugamento do capital farto em circulação pelo mundo.

O Brasil está mais preparado que no passado para enfrentar a turbulência: tem US$ 375 bilhões em reservas, e a dívida em dólar do governo foi eliminada, entre outros fatores. Mas aproveitou mal a liquidez externa: não aumentou a taxa de investimento, não ajustou as contas públicas como deveria e não reforçou a competitividade da economia para enfrentar a saída de capitais.

A alta do dólar encarece importações e incentiva aumentos de preços domésticos, realimentando a inflação. O Banco Central se vê forçado a elevar ainda mais os juros. Nesse mar revolto, vai a pique o otimismo postiço do governo federal nos últimos anos


domingo, 9 de junho de 2013

Dilma ensaia retorno à receita de FHC.

Hoje, na FOLHA, um "resumo" da atual situação da economia brasileira e a necessidade do retorno ao que era observado nos governos de FHC e Lula. 

Com a inflação ameaçando sair do controle e a popularidade em queda, a presidente Dilma Rousseff vem promovendo uma mudança na sua política econômica ao elevar os juros e soltar as amarras da taxa de câmbio.

Economistas renomados avaliam que o governo vem sendo obrigado a adotar, parcialmente, a receita que garantiu a estabilidade de preços nos governos FHC e Lula.

Com exceção do controle de gastos públicos, pouco a pouco o governo retoma as outras duas bases do tripé econômico: metas de inflação e câmbio flutuante.

"O Banco Central resolveu se mexer e isso representa um reforço ao tripé", disse à Folha o ex-presidente do BC, Armínio Fraga, que instalou o sistema de metas de inflação no Brasil em 1999.

Nas duas últimas semanas, o BC apertou o ritmo de elevação da taxa básica de juros e o governo baixou impostos para atrair investidores estrangeiros em renda fixa. Dilma frisou publicamente que "o câmbio é flutuante".

O discurso marca uma diferença em relação ao que vinha sendo praticado até então. O governo havia flexibilizado o tripé em direção ao que chamou de "nova matriz econômica": juros baixos, câmbio forçadamente desvalorizado e desonerações.

Para economistas, as mudanças promovidas pelo governo não estão sendo feitas por convicção, mas por necessidade, por conta do aumento dos preços e do movimento global de apreciação do dólar.

"Está começando a pegar fogo na sala, então jogam um balde de água", diz Affonso Celso Pastore, ex-presidente do BC. A inflação acumulada em 12 meses até abril está em 6,5% --teto da meta do BC.

Pastore avalia que a política econômica de Dilma não gerou crescimento e, sim, inflação. "O governo ficou preso num dilema: crescimento baixo e inflação alta."

Apesar dos sinais de mudança, o mercado financeiro ainda não está convencido de que é para valer, por conta da resistência do governo em controlar seus gastos.

Sem reduzir as despesas públicas é mais difícil conter a inflação e o BC tem que elevar ainda mais os juros. Há uma descrença no mercado de que o governo está disposto a subir a taxa o suficiente para trazer a inflação de volta para a meta (4,5%).

Na quinta-feira à noite, a S&P ameaçou rebaixar a classificação do Brasil, citando a "perda de credibilidade" da política econômica.

Segundo a Folha apurou, a avaliação no Ministério da Fazenda é que a política fiscal "já é austera, anticíclica e vai continuar sendo".

Para Armínio Fraga, o tripé econômico não tinha sido abandonado, mas "flexibilizado". "A inflação foi saindo de controle e o governo respondeu com medidas pontuais, que mascaram o problema. Agora o BC agiu."

Para ele, o mercado teve a impressão que o dólar estava "tabelado" em torno de R$ 2, mas isso foi "desmentido pelos fatos". "O que me preocupa é que a política fiscal segue expansionista e isso prejudica o trabalho do BC".

Luiz Gonzaga Belluzzo, professor da Unicamp e conselheiro da presidente Dilma, concorda que o governo está economizando menos.

Mas, para ele, isso é resultado da queda da arrecadação, provocada pela fraqueza da economia, e das reduções de impostos para recuperar o crescimento.

"O BC está elevando os juros porque o ajuste fiscal é mais difícil. E isso é o preço que pagamos pelo desarranjo do passado", afirma, referindo-se aos efeitos da valorização do dólar por anos sobre a indústria brasileira.

Para o ex-ministro Luiz Carlos Bresser-Pereira, o governo está aproveitando o momento de alta global do dólar, provocado pela recuperação da economia americana, e permitindo minidesvalorizações do real.

"Há uma pressão de depreciação no mercado, devido ao deficit comercial e à redução de entrada de capital, e o governo deixou o dólar chegar a R$ 2,15", disse Bresser.

O ex-ministro tem críticas ao tripé macroeconômico. Segundo ele, nesse regime, o dólar barato foi o principal instrumento contra a inflação. Tampouco prevê como exitosa a estratégia de Dilma:


"Com essa política, não vamos retomar o crescimento, porque a taxa de câmbio continua apreciada."

domingo, 2 de junho de 2013

Um plano Dilma.

Editorial de hoje da FOLHA DE S. PAULO mostra como a presidente Dilma pode preparar a economia para retomar o crescimento.

A decepção com o crescimento da economia brasileira no início deste ano evidenciou o impasse da política econômica do governo Dilma Rousseff. Ao final de três anos de mandato, o PIB não terá crescido mais que 2% ao ano, metade do que o Planalto por tanto tempo apontou ser o mínimo aceitável.

O Brasil poderia ter crescido os mesmos 2% destes anos sob Dilma, e ainda assim seu governo teria triunfado caso desvencilhasse o país dos excessos do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. A economia estaria agora mais preparada para retomar o crescimento.

Até aqui os problemas se acumularam, contudo. Havia assuntos urgentes: custos de produção em alta, famílias endividadas, consumo demasiado aquecido. Na ânsia de estimular o crescimento, o governo criou novos estorvos. Passou a gastar mais, a incentivar o crédito, a alimentar mais inflação.

Frustradas as investidas, o governo recorreu a iniciativas fortuitas e atrabiliárias. Tentou controlar preços e lucros por meio de pressões políticas. Reduziu impostos de modo desorganizado. Distorceu estatísticas fiscais e acuou o Banco Central. Custos altos e insegurança deprimiram investimentos.

Perdeu-se tempo e mais tempo vai se perder com o rescaldo dessa agitação sem sentido aparente.

Como primeira tarefa, o governo deve renunciar à insensatez de tentar estimular a economia com gastos públicos enquanto o BC se dedica à missão contrária de desincentivar crédito e consumo, necessária para debelar a inflação.

O controle da alta de custos será mais rápido e menos custoso se o governo poupar mais. O compromisso não pode ser provisório nem improvisado: é preciso declarar que se cumprirá a meta fiscal na íntegra e sem truques até 2015.

Tal compromisso será ainda mais crível se o governo baixar o centro da meta de inflação para 2014 ou 2015, ainda que apenas de 4,5% ao ano para 4,25%. As expectativas estão deterioradas demais.

Tão cedo o setor público não deve recuperar sua capacidade operacional e financeira de investir. O governo deve, portanto, concentrar energias em conceder à iniciativa privada, mais rapidamente, as obras de infraestrutura. Mais que recuperar o exasperante atraso nas concessões de aeroportos e estradas já prometidas, é preciso esquadrinhar o país em busca de oportunidades para privatização.

O ânimo econômico pode ser revivido, além disso, se o Planalto se dedicar a remover empecilhos burocráticos à atividade. São reformas que não custam nada -- além de trabalho e discernimento. É uma oportunidade para a presidente restaurar a fama de gerente.

Mais que gerente, porém, a presidente Dilma precisa liderar um grande esforço político de mudança, para remover outro empecilho quase feudal à operação eficiente da economia. Trata-se da cobrança de impostos interestaduais, vale dizer, da reforma do ICMS, que naufraga a olhos vistos no Congresso.

É certo que Dilma Rousseff terá de negociar com governadores de escasso espírito público, mas presidentes da República devem conduzir pessoalmente as transformações importantes, em vez de atulhar sua agenda cotidiana com a engenharia de usinas hidrelétricas ou décimos de percentual da taxa de retorno em editais de licitação de projetos de infraestrutura.

A Petrobras é a maior investidora do país, responsável por liderar o único grande novo projeto econômico nacional em quase 30 anos, o do pré-sal. Mas a empresa continua encalacrada por controles de preços, investimentos politizados e um programa de reserva de mercado para insumos nacionais que atrasa e encarece sua operação. É fundamental dar-lhe mais desenvoltura e agilidade.

Este roteiro pode ser complementado pela revisão da política comercial do país. O Brasil vai sendo aos poucos escanteado nos acordos internacionais. Corre o risco de ficar à margem das redes transnacionais de produção. Os países mais avançados ou dinâmicos contornam a falência da Organização Mundial do Comércio (OMC), enquanto o Brasil se enreda nas negociações infrutíferas do Mercosul e dos Brics.

Trata-se, enfim, de estipular e fazer cumprir um rol de metas mínimo, não tanto um plano ambicioso de reformas. Um programa factível de remoção de obstáculos mais imediatos, de restauração da racionalidade econômica elementar, da recuperação da confiança nas possibilidades da economia.


Uma verdadeira faxina, preliminar e possível, que entregaria uma casa mais arrumada para o próximo governo, com Dilma Rousseff ou outro presidente.

domingo, 5 de maio de 2013

Inflação: tolerância zero hoje e boas notícias em 2014.



Em recente pronunciamento no Dia do Trabalho, a presidente Dilma Rousseff disse que "o Brasil seguirá na rota de crescimento com estabilidade, distribuição de renda e diminuição das desigualdades, lutando pela redução de impostos e pela diminuição dos custos para o produtor e o consumidor".

“É mais do que óbvio que um governo que age assim e uma presidenta que pensa desta maneira não vão descuidar nunca do controle da inflação. Esta é uma luta constante, imutável, permanente. Não abandonaremos jamais os pilares da nossa política econômica, que têm por base o crescimento sustentado e a estabilidade”, afirmou.

Esperamos que sim, presidente, pois como nos alerta o genial Sinfrônio no nosso cearense Diário do Nordeste, a inflação não dorme em serviço e com ela não podemos ter uma conversa amigável. Se tivermos hoje tolerância zero com a inflação, boas notícias teremos para 2014.  


sábado, 20 de abril de 2013

Os economistas que disputam 2014.


Com a campanha presidencial em andamento e como economia e política são dois assuntos  importantes demais, vale a leitura do artigo de Maria Cristina Fernandes no VALOR ECONÔMICO de ontem.

Aécio Neves e Eduardo Campos formaram-se em economia na década da hiperinflação.

Aécio entrou para o curso de Economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio aos 19 anos. Transferiu-o para a PUC de Minas onde se formaria em 1984, aos 24 anos.

Eduardo Campos entrou para o curso de economia da Universidade Federal de Pernambuco em 1982, aos 16 anos e se formaria quatro anos depois.

Aécio dividiu-se entre a faculdade e o governo do avô, eleito em Minas em 1982.

No último ano do curso, Campos presidiu o Diretório Acadêmico da Faculdade de Economia. O brasilianista Werner Baer percorria escolas brasileiras e oferecia bolsas de pós-graduação na Universidade de Illinois. Tentado, Eduardo optaria por ficar em Pernambuco para assessorar o avô.

Tivesse aceito, seria colega de outro economista brasileiro formado naquela atribulada década de 1980, Alexandre Tombini. Depois de concluir economia na Universidade de Brasília em 1984, Tombini foi levado por Baer no ano seguinte para Illinois de onde sairia PhD.

Quando os três economistas da mesma geração deixavam a universidade, Dilma Rousseff, outra economista, assumia a Secretaria de Finanças da Prefeitura de Porto Alegre.

Daquela atribulada década de 1980 até hoje, dois momentos passaram à história como aqueles em que o adiamento de medidas econômicas pelo calendário eleitoral mais impacto tiveram sobre a política e a economia.

Os três economistas que devem se encontrar em 2014 assistiram àqueles momentos em postos distintos.

A história é conhecida. Em 1986 José Sarney via o Plano Cruzado vazar por todos os lados com o fracasso do congelamento. Seis dias depois da eleição que deu ao PMDB de Sarney 22 dos 23 governos estaduais e mais da metade das cadeiras da Câmara dos Deputados, veio o Plano Cruzado II, que liberou a inflação represada e afundou os anos finais do sarneísmo.

Aécio foi um dos 260 deputados eleitos na esteira do Plano Cruzado. No meio do mandato constituinte entraria como fundador no partido que até hoje tem no combate à inflação seu mais importante ativo eleitoral.

A mesma eleição levaria Miguel Arraes de volta ao governo do Estado e, com ele, o neto se tornaria chefe de gabinete. A crise aberta com o fracasso do Plano Cruzado faria sangrar o PMDB. Arraes deixaria o partido em direção ao PSB levando o neto.

O fracasso do Plano Cruzado II também precipitaria a candidatura de Leonel Brizola à Presidência na qual Dilma se engajaria, aproximando-se dos petistas gaúchos no segundo turno com o apoio a Luiz Inácio Lula da Silva.

Doze anos e muitos planos depois o Brasil mais uma vez via coincidirem calendário eleitoral e a premência de medidas econômicas impopulares.

Fernando Henrique Cardoso disputou a reeleição em 1998 com sinais evidentes de deterioração do Real. Seus efeitos só chegariam à população dois meses depois da reeleição quando o governo se decidiu pela desvalorização da moeda.

Naquele ano Aécio seria reeleito à Câmara dos Deputados com a maior votação nominal do país e, neste mandato, chegaria à Presidência da Casa.

Em 1998, depois de passar quatro anos em oposição a FHC e enfrentar o desgaste da operação capitaneada pelo neto na emissão de precatórios judiciais, Arraes perderia a reeleição.

Naquela eleição o PT conquistaria o governo gaúcho e convidaria a então doutoranda em economia na Unicamp, Dilma Rousseff, para a secretaria de Minas e Energia, cargo que exercia ao conhecer Lula.

Um economista que gere uma das maiores carteiras de investimento do país e não frequenta a Casa das Garças diz que desde a chegada do PT ao poder este é o momento que mais se assemelha àqueles vividos em 1986 e 1998.

Não vê como o que chama de desalinhamento de juros, câmbio e salários possa chegar até o fim deste governo sem cobrar um preço exageradamente alto em 2015.

Desta vez, a encruzilhada de calendário eleitoral e política monetária atingem mais definitivamente Aécio e Campos. Os dois contendores de Dilma distinguiram-se em suas reações ao Copom.

Talvez protegido pelo colchão de segurança de seu partido no mercado, Aécio classificou de "lamentável" os 0,25% do Copom, associando a alta à falta de compromisso da presidente com os pilares da economia estabelecidos no governo tucano.

Um economista foi contratado para encontrar-se semanalmente com Aécio. Ainda não se conhecem suas ideias de política econômica mas sabe-se que, no governo, o senador mineiro seria mais próximo dos pais do Real do que o candidato tucano que o antecedeu, José Serra.

Campos não goza das mesmas referências de seu provável adversário de 2014. Os encontros já havidos entre o governador e economistas da Casa das Garças foram negados por estes últimos. Talvez por isso precise ser mais claro sobre o que pensa.

Depois de tergiversar nos últimos tempos sobre o tema, o governador deu uma sinalização que não o distancia da atual condução ao dizer que um aumento na taxa básica de juros não seria um desastre.

"A política monetária tem que funcionar na direção de preservar uma conquista brasileira, que foi a contenção da inflação". A frase é de Campos, mas poderia ser de Dilma.

Se a política monetária for capaz de segurar a inflação, a presidente ganha tempo para não colocar a questão fiscal em jogo. Daqui até a eleição de 2014 a curiosidade dos investidores em saber onde e como os gastos públicos serão cortados aumentará tanto quanto a disposição dos postulantes em não se pronunciar sobre o tema.

Se o Copom continuar nessa toada os extraordinários 96,5% de reajustes salariais acima da inflação em 2012 (Dieese) podem não se repetir este ano. Mais difícil é conter a pressão de gastos públicos atrelados ao salário mínimo.

O contrato social em vigor prevê carga tributária elevada para financiar a expansão do consumo e dos investimentos, mas apenas o primeiro quesito foi alcançado. Não se espere que os candidatos economistas respondam se será possível fazê-lo sem revogar a lei que indexa o salário mínimo.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Os economistas que almoçam com Dilma.


Uma notícia que pode mudar o rumo da política econômica... 

Li no VALOR que "a presidente Dilma Rousseff almoçou ontem, em Brasília, com seus dois principais conselheiros - o ex-ministro Delfim Netto e o professor Luiz Gonzaga Belluzzo - e com um novo convidado, o professor Yoshiaki Nakano, da Fundação Getulio Vargas (FGV) de SP. Nenhum dos três se opõe ao aumento da taxa de juros, agora, como instrumento de controle da inflação. Sobre a posição da presidente, Belluzzo comentou: " Ela não tem esse tipo de dogma"."

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Tecnologia social?


Em recente evento no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff disse que “nós estamos diante da possibilidade de dar o grande salto na qualidade da inovação e da ciência no nosso país. Sem ciência, tecnologia e inovação, nós não seremos essa nação desenvolvida, e esse país que sepultou em definitivo a pobreza extrema e a pobreza”.

Também nesta semana que finda, a presidente destacou durante evento queo Brasil vira uma página decisiva na nossa longa história de exclusão social. Nessa página está escrito que mais 2,5 milhões brasileiras e brasileiros estão deixando a extrema pobreza”.

Hoje, em Abuja, na Nigéria, afirmou que “nós queremos uma parceria em igualdade de condição, uma parceria que leve ao desenvolvimento e a melhoria de vida. Tem alguma coisa que nós podemos dar e, é claro, além de todas que eu falei na área de energia, do etanol. Sabe qual é? Tecnologia social. Nós sabemos como se tira a sua população da pobreza extrema. Nisso, o Brasil é imbatível. E isso eles querem, todos querem”.

É fato que após 1994, com o fim da hiperinflação, o Brasil iniciou um novo ciclo em sua economia, o que vem resultando, acredito, na maior inclusão social da história. O forte crescimento da classe média resulta em, por exemplo, que em janeiro passado os gastos de brasileiros em viagem ao exterior foram de US$ 2,293 bilhões, o maior resultado registrado pelo Banco Central na série histórica iniciada em 1947. No entanto, o endividamento das famílias bate recordes históricos e a inflação, sempre ela, há muito tempo esqueceu a meta de 4,5% ao ano.

Isso posto, gostaria de crer que realmente o Brasil virou a página da exclusão social, mas a realidade social ainda permite visualizar inúmeras situações de pobreza e, pior ainda, de desigualdade econômica, o que faz o Brasil  continuar sendo um dos países mais desiguais do mundo. Como não existe almoço grátis, a conta da gestão pública será cobrada em algum momento. E, então, todo o esforço que vem sendo realizado pelo governo visando à inclusão social poderá resultar num retrocesso que a sociedade brasileira não deve aceitar. 

Neste momento a gestão econômica deve ser inflexível na manutenção da flutuação cambial, no cumprimento da meta de inflação e na responsabilidade fiscal. Com o dever de casa sendo realizado acredito que realmente o Brasil poderá acabar com a pobreza. Enquanto isso, penso que ainda é cedo para exportar a nossa “tecnologia social”, mas muito tarde para fazer da educação a base para o verdadeiro desenvolvimento do país.                            

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

De Obama@org para Dilma@gov.


Elio Gaspari, esta semana, na FOLHA DE S. PAULO.

De Obama@org para Dilma@gov

COMPANHEIRA DILMA,

Permita-me esse tratamento, apesar de estar atravessada na minha memória aquele dia de caça aos ovos de Páscoa nos jardins da Casa Branca em que a senhora veio aqui me dar aula de economia. Resta-lhe o crédito das minhas filhas terem adorado seu palácio, que o Ronald Reagan achou parecido com sede de empresa de seguros do Texas.

Decidi escrever-lhe porque há tempo suspeito que a senhora cometeu o mesmo erro que eu. Dispondo de três nomes para o Ministério da Fazenda, nomeei os três. Pus o Timothy Geithner no Tesouro, o Paul Volcker num conselho e o Larry Summers numa assessoria. 
(Imagine o que esse gênio de Harvard mandou pedir: um carro, presença em eventos e convites para jogar golfe comigo.) Deu tudo errado. Summers e Volcker foram-se embora e, se Deus me ajudar, troco o Geithner no ano que vem.

Esses jornalistas que sabem tudo dizem que eu quase capotei na curva por causa desse erro. Não foi assim. O Geithner garantiu-me um norte: a busca obsessiva pela confiança do empresariado. Sem isso, o país teria ido à breca. Sinceramente, sua turma está espancando essa gente. Aí, como cá, o sujeito tem uma sala no palácio e pensa que manda. Eu não sei o que a senhora quer fazer com as concessionárias de energia e de portos, mas sei que conseguiram produzir uma enorme confusão.

Lá pelo final de 2009, durante a discussão da política nacional de saúde, caiu-me a ficha. Meu problema não estava na economia, mas naquilo que vocês chamam de Casa Civil. A máquina da Presidência simplesmente não funcionava. Livrei-me de dois.

Sei que a senhora não tem sorte nesse tipo de escolha. Agora sua chefe da Casa Civil é candidata ao governo de um Estado. Essa é a receita da encrenca. Os êxitos caem por gravidade no colo do presidente, mas os fracassos dão-lhe a impressão que vão para a conta dos outros. É engano, companheira. Os fracassos grudam na gente com mais força que os sucessos. Enquanto estamos no palácio, todos nos dizem que isso não acontece. 

Quando vamos para rua pedir votos, vemos o tamanho do erro.

Redesenhe seu palácio, fuja dessas salas de eventos, vá para a rua, siga seus instintos, enquadre os ministros candidatos a governos. Sua tarefa é muito mais fácil que a minha. Se aqui houvesse uma oposição como a que há aí, eu passaria metade do meu tempo jogando basquete ou paparicando a Michelle. Antes que eu me esqueça, não perca tempo com a "The Economist". Desde 1848, quando foi fundada, ela ensina ao mundo que não há salvação fora da ortodoxia liberal. Que ninguém me ouça: a Inglaterra provou esse remédio e cada dia se parece mais com a Holanda.

Finalmente, um palpite, sem qualquer vestígio de torcida: admita que seu rival em 2014 será o juiz Barbosa. Quando eu lancei minha candidatura, o Vernon Jordan, respeitado líder negro, apoiava minha rival. A certa altura trocou de posição a explicou-se: "É duro disputar 
contra um movimento".

Lula, "o cara", representou um movimento.

Michelle, Malya e Sasha mandam-lhe um abraço. Marian, minha sogra, de quem talvez a senhora se lembre, acompanha-as, mas fala todo dia nesse juiz Barbosa.

Do companheiro Barack. 

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Delfim sobre Dilma no "El País".


Antonio Delfim Netto comenta hoje na FOLHA DE S. PAULO recente entrevista da presidente Dilma ao jornal espanhol "El País".

A entrevista deve ser um breviário para mitigar a desconfiança que cerca seu governo por parte de importantes setores industriais e financeiros.

Alguns não creem que ela, sem abandonar o objetivo de desejar uma sociedade mais razoável onde se persegue a igualdade de oportunidades, tenha mudado sua visão do mundo.

"Com os anos -disse a presidente- comprovei o excesso de ingenuidade e romantismo e falta de compreensão da realidade". No fundo sua grande "certeza" sobre a reconstrução do mundo evoluiu para a "dúvida criadora" indispensável para melhorá-lo.

Nos seus discursos na Espanha a presidente defendeu a posição liberal (da esquerda americana) de Paul Krugman e outros keynesianos, que o excesso de "austeridade" acabará levando todos os países a uma espiral descendente e poderá destruir o euro, que classificou como "uma das maiores conquistas da humanidade, mas um projeto ainda inacabado".

A presidente recusou-se, no fundo, a aceitar a ideia dos conservadores (da direita americana e dos alemães), que o problema é o "tamanho do Estado" e, também as velhas posições monetaristas e o novo "monetarismo de mercado", que não acreditam na capacidade do investimento público de estimular o crescimento.

Um magnífico artigo de cinco excelentes economistas (Almunia, M. e outros -"From Great Depression to Great Credit Crisis", "Economic Policy", vol. 25, 2010) usando história e econometria, comprova a existência -em condições fáticas adequadas- do poder do multiplicador keynesiano.

A posição brasileira revela-se, portanto, tecnicamente bem ancorada e mais antenada com a realidade do que a dos "austerianos", que se recusaram a entender que o que pode ser verdadeiro para um país isoladamente -ajustar as suas finanças ("austeridade"), sustentar sua taxa de inflação com política monetária adequada e controlar o seu deficit em conta-corrente (com a desvalorização cambial)- não tem o menor risco de dar certo quando se aplica a um conjunto de países interconectados pelo câmbio fixo.

A solução é que os países credores concordem em ampliar a sua demanda interna, aumentar a sua taxa de inflação e eliminar o seu saldo em conta-corrente. Aqui também as considerações brasileiras foram corretas.

O sucesso do euro (ou melhor, da Comunidade Econômica Europeia) depende de um controle fiscal mais centralizado, de um controle central das instituições financeiras e de uma união bancária, exatamente o que fizemos no Brasil a partir da Lei de Responsabilidade Fiscal. 

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Dilma no Valor fala de economia.


Recentemente o VALOR ECONÔMICO entrevistou a presidente Dilma. Vide abaixo  comentários que mostram um pouco do que pensa a presidente.     

Valor: Seu governo também é pragmático?
Dilma: Acho que todo governo tem que ser pragmático. Um governo não pode achar que tem um receituário e que ele vai seguir esse receituário. Exemplo: eu vou fazer o ajuste mais austero do mundo e vai dar certo. O que vai acontecer? Meu crescimento cai e, então, aumenta meu déficit. Porque o denominador despenca, o PIB despenca e sobe a relação dívida pública/PIB. É isso eles estão vivendo aqui na Europa. E nós sabemos o que é porque nós já vivemos isso. A hora em que começa a crescer o seu Produto Interno Bruto, seu ajuste vai ficar mais fácil.

Valor: E por que a economia brasileira demora a reagir e crescer?
Dilma: Porque nós temos que fazer um esforço na área da competitividade. Isso não é uma figura de retórica, é real. Nós temos que diminuir o custo de capital, nós estamos tentando fazer isso, temos que aumentar as fontes de financiamento de investimento de longo prazo, não pode ser só o BNDES. Nós temos que ter um capital mais barato, vindo do mercado de capitais. O Brasil vai ter que sofisticar, temos que ter capitais, temos que ter produtos financeiros que viabilizem o investimento.

Valor: A questão macroeconômica é menos relevante hoje?
Dilma: Não, e aquela história de que a gente acabou os três pilares é absolutamente equivocada.

Valor: Mas o câmbio não está administrado?
Dilma: Não acho.

Valor: Não está nos R$ 2 a R$ 2,04 o dólar?
Dilma: Não acho, pela situação internacional ele está até... Ele esta mantendo um patamar, às vezes ele sobe, aí o pessoal fala "o Tombini vai fazer swap". Aí ele cai e o pessoal do mercado fala "vai cair"...

Valor: A senhora diria que o tripé superávit fiscal, meta de inflação e câmbio flutuante também pode ser administrado com pragmatismo?
Dilma: Não existe política que não seja pragmática. Me diz qual? Você vai ser ortodoxo e vai ver onde vai dar com os burros n'água. Você já viu momentos na história o povo ser muito ortodoxo? Nós estamos vendo agora, aqui. Já nos EUA eles nunca são. O Fundo Monetário Internacional na nossa época [nos anos 80 e 90] era de uma rigidez absoluta. Aí resolveu agora fazer uma avaliação de indicadores dos efeitos dos ajustes e percebeu o efeito negativo que têm sobre o crescimento. O problema daqui [dos países da zona do euro] é que tem problema político também. O euro não é uma obra completa. Você começa pela moeda, moeda exige Estado e exige um emprestador de última instância e exige emissão de título. Então, enquanto não teve crise eles seguraram. Agora tem que negociar e como é que você negocia com 17 Parlamentos? Tem um problema político. É a chamada "armadilha do consenso". E eu acho que tem uma especulação muito forte contra o euro.

sábado, 8 de setembro de 2012

Economistas discutem a economia de Dilma.


Na FOLHA, matéria sobre a atual política econômica e, como não poderia deixar de ser, com economistas em posições opostas.   

O Brasil está fadado a ter crescimento medíocre no governo Dilma Rousseff, porque o modelo econômico dos últimos anos está esgotado. Esse é o argumento do economista Samuel Pessôa, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, no artigo "O contrato social da redemocratização e seus limites", publicado na revista "Interesse Nacional".

No momento em que se debate se a desaceleração da economia é conjuntural ou estrutural -o PIB cresceu menos de 1% no primeiro semestre, em comparação com o mesmo período de 2011-, o artigo gerou discussão nos meios econômicos.

O crescimento no período Lula foi calcado na redução do desemprego e na elevação da capacidade utilizada, dois fenômenos que não voltarão a ocorrer, diz Pessôa, que é colunista da Folha.

Ele afirma que, de 2005 até hoje, o crédito e o aumento da renda real das classes menos favorecidas alimentaram o consumo e foram o combustível do crescimento. A taxa de crescimento de consumo e investimento somados -taxa de absorção- ficou acima da taxa de crescimento da produção.

Esse modelo chegou a um limite porque eleva salários, corrói a competitividade e gera desindustrialização. "E Dilma é mais ideológica, faz a leitura de que a indústria é um setor especial, não vai permitir que a desindustrialização continue avançando."

Bráulio Borges, economista-chefe da LCA Consultores, é uma das vozes discordantes. "A ideia de que o modelo dos anos anteriores estaria esgotado não me convence", escreveu Borges em artigo na Folha semana passada.

"Primeiro, porque aqueles que advogam essa tese apontam que esse modelo teria se esgotado por ser baseado apenas em expansão do consumo, sem a contrapartida do investimento. Mas os próprios dados do IBGE mostram que esse não foi o caso: o peso do investimento no PIB, que foi de pouco mais de 16% na média de 2000 a 2007, saltou para cerca de 19% na média de 2008 a 2011."

Para Alexandre Schwartsman, professor do Insper e ex-diretor do Banco Central, o modelo só foi efetivo enquanto houve ganhos crescentes nos preços de commodities -que em 2011 atingiram um pico histórico. "Com a desaceleração global, não vamos manter esses ganhos ano após ano", diz o colunista da Folha. "O modelo não está necessariamente esgotado, mas, com a nova realidade, ficamos com um crescimento bem abaixo do teto de 3%, em vez de 4,5%."

Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central e fundador da Gávea Investimentos, concorda com Pessôa. "É natural e desejável que o consumo cresça, e que parte desse crescimento ocorra através do crédito, mas sem exageros. No entanto, o crescimento da demanda precisa vir acompanhado do crescimento da oferta, o que não vem acontecendo em ritmo suficiente para manter o crescimento do PIB em 4%, 5% ao ano", disse à FolhaSegundo o Banco Central, o endividamento das famílias é de 43,4% da renda.

No texto, Pessôa diz que uma das grandes bandeiras da presidente -a redução da taxa de juros- tem seus efeitos superestimados. Segundo ele, a redução do custo de rolagem da dívida pública terá impacto pequeno. O setor público paga cerca de 5% do PIB de juros. Descontada a correção monetária e a tributação sobre os juros, os ganhos não passariam de 1,5% do PIB. "O efeito não é desprezível, mas não é a salvação da lavoura que vem sendo anunciada."

Mais à esquerda, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, professor titular do Instituto de Economia (IE) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), vê simplismo nessa conclusão. "A queda da taxa de juros vai gerar outros benefícios além da economia com o pagamento, os bancos estão criando novos instrumentos financeiros mais compatíveis com financiamento de longo prazo, que terão impacto no crescimento", diz.

No artigo, Pessôa também afirma que a série de medidas de desoneração e conteúdo nacional adotadas pelo governo nos últimos anos para estimular a indústria e o consumo reduzem a eficiência e a produtividade.

Segundo Schwartsman, o governo tenta usar o mesmo remédio aplicado após a crise de 2008 -mas dessa vez não está funcionando. "Em 2008, as medidas de estímulo tiveram mais efeito porque saíamos de um nível de desemprego mais alto e utilização de capacidade mais baixa. Agora, a eficácia dessas mesmas medidas, que o governo tentou usar novamente, é limitada."

Luiz Fernando de Paula, presidente da Associação Keynesiana Brasileira e professor titular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), discorda"Dada a conjuntura atual, de forte tendência à desindustrialização, é melhor do que nada. Fundamental é mexer no binômio taxa de juros alta/câmbio apreciado, combinado com uma política industrial inteligente que estimule exportações de maior valor agregado."

Economistas à esquerda e à direita concordam em um ponto: o novo pacote de concessões anunciado pela presidente Dilma, caso bem executado, vai no caminho correto -aumentar investimentos, a capacidade de oferta da economia brasileira. É o contrário das medidas de estímulo dos últimos meses -mais focadas em aumentar o consumo com reduções de impostos.

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

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