terça-feira, 10 de março de 2009

IV ENCONTRO DE PENSADORES LIBERAIS

O Professor Adolfo já puxou minha orelha, mas ele tinha razão: nunca devemos interromper uma atividade por motivos que você pode contornar. Ele continua em Brasilia, na nossa Universidade Católica de Brasília e, para quem for possível participar, é altamente recomendável o encontro abaixo, principalmente pelo tema a ser discutido.

IV Encontro de Pensadores Liberais - A Crise Internacional e a Atuação do Estado Brasileiro

Meus Caros,

Convido-os ao IV Encontro de Pensadores Liberais. Dessa vez com o tema: A CRISE INTERNACIONAL E A ATUAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO

Data: 28/03/2009 (Sábado) - Horário: 14:00 às 18:00 horas

Local: Universidade Católica de Brasília (916 norte)

LULA NO FINANCIAL TIMES - CAPITALISMO

É claro que não poderia deixar de postar o artigo do nosso Presidente Lula, publicado no Financial Times. Divergências a parte, tenho sempre o hábito de ler os dois lados da moeda. E penso que não pode ser diferente, até para poder conhecer o outro lado.

The future of human beings is what matters By Luiz Inácio Lula da Silva Published: March 9 2009 19:52

For me, capitalism has never been an abstract concept. It is a real, concrete part of everyday life. When I was a boy, my family left the rural misery of Brazil’s north-east and set off for São Paulo. My mother, an extraordinary woman of great courage, uprooted herself and her children and moved to the industrial centre of Brazil in search of a better life. My childhood was no different from that of many boys from poor families: informal jobs; very little formal education. My only diploma was as a machine lathe operator, from a course at the National Service for Industry.

I began to experience the reality of factory life, which awoke in me my vocation as a union leader. I became a member of the Metalworkers’ Union of São Bernardo, in the outskirts of São Paulo. I became the union’s president and, as such, led the strikes of 1978-1980 that changed the face of the Brazilian labour movement and played a big role in returning democracy to the country, then under military dictatorship.

The impact of the union movement on Brazilian society led us to create the Workers’ party, which brought together urban and rural workers, intellectuals and militants from civil society. Brazilian capitalism, at that time, was not only a matter of low salaries, insalubrious working conditions and repression of the union movement. It was also expressed in economic policy and in the whole set of the government’s public policies, as well as in the restrictions it placed on civil liberties. Together with millions of other workers, I discovered it was not enough merely to demand better salaries and working conditions. It was fundamental that we should fight for citizenship and for a profound reorganisation of economic and social life.

I fought and lost four elections before being elected president of the republic in 2002. In opposition, I came to know my country intimately. In discussions with intellectuals I thrashed out the alternatives for our society, living out on the periphery of the world a drama of stagnation and profound social inequality. But my greatest understanding of Brazil came from direct contact with its people through the “caravans of citizenship” that took me across tens of thousands of kilometres.

When I arrived in the presidency, I found myself faced not only by serious structural problems but, above all, by an inheritance of ingrained inequalities. Most of our governors, even those that enacted reforms in the past, had governed for the few. They concerned themselves with a Brazil in which only a third of the population mattered.

The situation I inherited was one not only of material difficulties but also of deep-rooted prejudices that threatened to paralyse our government and lead us into stagnation. We could not grow, it was said, without threatening economic stability – much less grow and distribute wealth. We would have to choose between the internal market and the external. Either we accepted the unforgiving imperatives of the globalised economy or we would be condemned to fatal isolation.

Over the past six years, we have destroyed those myths. We have grown and enjoyed economic stability. Our growth has been accompanied by the inclusion of tens of millions of Brazilian people in the consumer market. We have distributed wealth to more than 40m who lived below the poverty line. We have ensured that the national minimum wage has risen always above the rate of inflation. We have democratised access to credit. We have created more than 10m jobs. We have pushed forward with land reform. The expansion of our domestic market has not happened at the expense of exports – they have tripled in six years. We have attracted enormous volumes of foreign investment with no loss of sovereignty.

All this has enabled us to accumulate $207bn (€164bn, £150bn) in foreign reserves and thereby protect ourselves from the worst effects of a financial crisis that, born at the centre of capitalism, threatens the entire structure of the global economy.

Nobody dares to predict today what will be the future of capitalism.

As the governor of a great economy described as “emerging”, what I can say is what sort of society I hope will emerge from this crisis. It will reward production and not speculation. The function of the financial sector will be to stimulate productive activity – and it will be the object of rigorous controls, both national and international, by means of serious and representative organisations. International trade will be free of the protectionism that shows dangerous signs of intensifying. The reformed multilateral organisations will operate programmes to support poor and emerging economies with the aim of reducing the imbalances that scar the world today. There will be a new and democratic system of global governance. New energy policies, reform of systems of production and of patterns of consumption will ensure the survival of a planet threatened today by global warming.

But, above all, I hope for a world free of the economic dogmas that invaded the thinking of many and were presented as absolute truths. Anti-cyclical policies must not be adopted only when a crisis is under way. Applied in advance – as they have been in Brazil – they can be the guarantors of a more just and democratic society.

As I said at the outset, I do not give much importance to abstract concepts.

I am not worried about the name to be given to the economic and social order that will come after the crisis, so long as its central concern is with human beings.

The writer is president of Brazil.

INDICAÇÃO - FINANCIAL TIMES - CAPITALISMO 2009

Aproveitando a dica do Nelson de Sá na Folha de S. Paulo, recomendo a leitura, direto no site do "Financial Times", da série "O futuro do capitalismo", com textos dos "maiores políticos, pensadores e analistas financeiros do mundo". O modelo de livre mercado que dominou o pensamento por 30 anos foi desacreditado. O Estado está de volta aos negócios e a sobrevivência de uma economia mundial aberta está em questão. Para onde ir?

Para não deixar dúvidas, mais à frente: A fé na ideologia do livre mercado que dominou o pensamento ocidental por uma geração foi destruída. Mas o que pode e deve tomar seu lugar? Editorial e coluna de Martin Wolf abriram a série e ontem apareceu no alto da home o link "Lula da Silva": "O futuro dos seres humanos é o que importa". Ele escreve de sua mãe, do sindicato de São Bernardo, para argumentar que, "para mim, o capitalismo nunca foi abstrato". E para indicar "o futuro do capitalismo" na recompensa à produção, não à especulação; sem protecionismo no comércio internacional; com um sistema democrático de governança global etc.

COMENTÁRIO DO BLOGUEIRO DA SELVA

Nestes tempos de PIB negativo está ficando cada dia mais difícil o meu acesso à internet. As obrigações profissionais avolumam-se e o tempo reduz para o prazer de postar aos amigos e, principalmente, de ler os meus excepcionais colegas blogueiros. E como tem blog que é fantástico de se ler. Tenho procurado alternativas e mudanças de rotina, mas lamentavelmente ainda não descobri o famigerado caminho das Índias. Claro que estou referindo-me às Índias do Oceano Índico (antigo Mar das Índias), pois o caminho das índias daqui da floresta amazônica, nesse eu sou muito bem tratado.

De qualquer maneira, não ficarei afastado do meu blog e dos meus amigos. Irei buscar uma solução, nem que seja do outro mundo, e continuarei participando destes excelentes encontros que mantemos e no qual aprendemos bastante. Caso algum dos meus quase dois leitores tenham alguma idéia de como incluir mais horas no meu dia, agradeço antecipadamente as indicações.

domingo, 1 de março de 2009

PAUL KRUGMAN - LIVRO NOVO NO MERCADO

Aproveitei alguns dias em férias e li quase de um vez o último livro do Paul Krugmam: "A crise de 2008 e a economia da depressão". Com prefácio do Economista André Lara Resende, seu colega de doutorado no MIT, repito o que ele escreveu nesse prefácio à edição brasileira: o livro é muito bom.

O Nobel de Economia 2008 Paul Krugmam mostra como a incapacidade dos reguladores de acompanhar os avanços de um sistema financeiro cada vez mais fora de controle predispôs os Estados Unidos e todo o mundo a afundar na mais grave crise financeira desde a década de 1930.

Para concluir, o autor afirma acreditar que vivemos numa nova era de economia da depressão e que John Maynard Keynes é hoje mais importante do que nunca. E para o meu prazer cita a minha frase econômica preferida desde que iniciei a minha graduação: "NÃO HÁ ALMOÇO DE GRAÇA", conforme nos lembrou Milton Friedman.

Altamente recomendável a leitura do livro nesta época de tantos eventos inesperados.

LIVROS DE ECONOMIA NA REDE

Como é bom retornar a ler os blogs dos colegas da área. Cada qual à sua maneira buscam informar e levar o conhecimento da Economia, da melhor maneira possível, a um universo maior de leitores. Por exemplo, no blog do Josué Jonas de Lima http://economiapoliticabrasil.blogspot.com/ o leitor consegue acesso para download da excelente coleção "Os Economistas", que vai lá de Adam Smith à W. Stanley Jevon.

DA SÉRIE "TEXTO DE QUEM ESCREVE BEM"

Este blog é a minha casa na internet e quando leio um texto que, discordando ou não, considero inteligente, tenho o prazer de divulgar integralmente aos meus leitores, sem link para facilitar o acesso. Com vocês, artigo de GUSTAVO FRANCO na Folha de S. Paulo de hoje, comentando sobre os 15 anos do Plano Real.

PLANO REAL, 15

ONTEM, dia 28 de fevereiro de 2009, completamos 15 anos da publicação da medida provisória nº 434, que introduziu a URV (Unidade Real de Valor), uma formidável inovação que assumiu a forma de segunda moeda nacional, porém, como uma moeda apenas de conta - ou "para servir exclusivamente como padrão de valor monetário".

Em seu artigo 2º, a MP 434 já determinava que, quando a URV fosse emitida em forma de cédulas - e assim passasse a servir para pagamentos -, o cruzeiro real seria extinto e a URV teria seu nome mudado para real. A URV, portanto, era o real, que nasceu naquele momento e, quatro meses depois, em 1º de julho, teve a sua graduação bem-sucedida quando as novas cédulas e moedas do real foram colocadas em circulação.

Na época, dizia-se que o Plano Real, diferentemente dos outros planos econômicos, era um processo e que compreendia uma extensa agenda de ações contemplando os chamados fundamentos econômicos da estabilização e do desenvolvimento. Era uma linguagem inovadora para uma época em que as pessoas ainda acreditavam em milagres. Essa agenda era o cerne do programa. A passagem do tempo e a alternância no poder só tornaram mais claro que estávamos adotando paradigmas já bem assentados no tocante à disciplina monetária, à responsabilidade fiscal e à sustentabilidade financeira do Estado.

Não eram princípios tão polêmicos como a crítica da época fazia supor que fossem e, possivelmente, alguns de seus desdobramentos mais importantes naquelas difíceis circunstâncias - como a privatização, a reforma na Previdência e o Proer - poderiam ter passado mais tranquilamente, sobretudo se a oposição soubesse que governaria a seguir e que desfrutaria dos benefícios desses programas.

Mas a política é o reino das versões retorcidas, uma das quais - a tese da "herança maldita"- seguramente merece o Oscar no quesito efeitos especiais maliciosos e na categoria ingratidão. O fato é que, quando a oposição efetivamente virou governo, em 2002, e nada mudou nas linhas básicas dos princípios e programas acima enunciados, ficou claro que tínhamos experimentado uma espécie de convergência no plano das políticas macroeconômicas. Na verdade, esse foi o grande enredo do décimo aniversário em 2004: tínhamos uma moeda digna desse nome sem que isso se transformasse em evento partidário.

Aos 15 anos, tudo isso é ainda mais verdadeiro - e confuso. Permanece ainda mais desafiador um sofisma de autoria que pode ser descrito nos seguintes termos: o PT construiu uma versão falsa do que foi a coisa, que o partido atacou e depois, ao herdá-la, "consertou" para o que é hoje e, assim, toma a obra como sua. Já o PSDB gagueja ao reafirmar que a coisa era o que realmente era - e que era sua - e era o que é hoje, pois, ao defender o que é seu, alinha-se ao que o PT hoje tem como seu. Complexo, não?

Mais complexo é atinar para o seguinte: se os governos são difíceis de serem diferenciados quando se trata de princípios macroeconômicos básicos, se o Banco Central e o Tesouro não são cargos partidários, onde está, afinal, a diferença? Agora que já estamos aquecendo os motores para a sucessão do presidente Lula, essas perguntas se tornam mais pertinentes. E as respostas precisam começar com as circunstâncias, que, na política, são tudo ou 80% de tudo.

Os governos bons acabam sendo do tamanho dos desafios que enfrentam, exceto quando ganham na loteria e praticam o surfe. É claro que o surfe é popular, basta olhar à nossa volta, na vizinhança latina, e ver as flores da bolha internacional, a plêiade de fanfarrões e populistas torrando o que poderia ser a oportunidade de um salto qualitativo. Felizmente, não é o nosso caso.

A despeito de alguns pecadilhos, é bastante claro o compromisso do presidente Lula nos terrenos da disciplina monetária, da responsabilidade fiscal e da sustentabilidade financeira do Estado. Uma expressão operacional desse compromisso - a "tríade" que compreende metas de inflação, câmbio flutuante e superávit primário- vinha e vem sendo adotada à risca desde que foi introduzida em 1999 no contexto do acordo com o FMI.

É claro que Lula, como FHC, tem prioridades adicionais no campo social, mas ambos aprenderam que nenhuma política social terá efetividade se produzir, simultaneamente, um imposto sobre o pobre na forma de inflação. É fato que, até agora, estamos nos saindo relativamente bem na crise, mas não devemos perder de vista que isso tem pouco a ver com o PAC ou com o Fundo Soberano do Brasil: tem a ver com o fato de termos seguido políticas ortodoxas e reformas gerais e setoriais, com destaque para o Proer, que vem melhorando nossos fundamentos há 15 anos.

Essa consistência, nada comum na nossa história recente, vale celebrar sem preconceitos.

GUSTAVO FRANCO , economista e empresário, doutor em economia pela Universidade de Harvard (EUA), é sócio e diretor da Rio Branco Investimentos e professor do Departamento de Economia da PUC-RJ. Foi diretor de assuntos internacionais (1993-1997) e presidente do Banco Central do Brasil (1997-1999).

DOMINGO - 1º DE MARÇO DE 2009

Como é bom ler citações que nos levam a viajar pela vida. Neste reinício, deixo ao meus quase dois leitores (espero que não tenham esquecido deste blog), cinco especiais para hoje:

- "O SENTIDO DA VIDA É QUE ELA ACABA" de Franz Kafka - escritor tcheco.

- "VIU MUITO QUEM HÁ MUITO VIVE" de Johann Wolfgang von Goethe - poeta e dramaturgo alemão.

- "MELHOR MORRER DE VODCA DO QUE DE TÉDIO" de Vladimir Maiakovski - poeta russo.

- "NADA É TÃO DIFÍCIL QUANTO NÃO SE ENGANAR A SI PRÓPRIO" de Ludwing Wittgenstein - filósofo inglês.

- "POR MAIS PARADOXAL QUE PAREÇA, A VERDADE É QUE A VIDA IMITA MAIS A ARTE DO QUE A ARTE IMITA A VIDA" de Oscar Wilde, escritor, poeta e dramaturgo irlandês.

RETORNO - ANO NOVO DEPOIS DO CARNAVAL

Retornei ao trabalho na quarta-feira de Cinzas, porém por motivos variados não foi possível postar antes. Vejamos: que bom reiniciar meu blog no dia 1º de março de 2009, data na qual a cidade do Rio de Janeiro completa 444 anos. PARABÉNS minha cidade maravilhosa. Como estamos no Brasil, após o Carnaval, agora de verdade o ano de 2009 começa. E lá vem a Economia e todos os desdobramentos que, se em épocas normais são complexos, agora com uma crise chegando a uns 41º de febre, resulta em preocupação mundial.

É isso mesmo: com crise ou sem, vamos é trabalhar para mudar e fazer um ótimo 2009. Para recordar das férias, uma foto de uma das cidades onde estive.

sábado, 31 de janeiro de 2009

NOTA À IMPRENSA - COMUNICADO - 2009

Hoje, 31/01/2009 é o fim do primeiro mês deste conturbado ano de 2009. A partir de amanhã, fevereiro, este blog completa um ano de criação e esta engatinhando entre blogueiros que já estão no PhD. Por alguns meses deixamos de postar por absoluta falta de tempo, mas reavaliamos a situação e conseguimos, de certa maneira, mantê-lo atualizado dentro do possível.

Foi um período muito proveitoso, tivemos acesso a muitas informações econômicas importantes, aprendemos e conhecemos diversos colegas que são verdadeiros Doutores em Economia, além de excelentes pessoas.

No entanto, de hoje até meados do Carnaval/2009, este blog estará em recesso constitucional, cumprindo fielmente o que determina a legislação. Nesse período, pretendemos ir do Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico, numa viagem que somente deve acontecer em épocas de crise. Afinal, não é durante as crises que surgem as melhores soluções? Quem sabe, após o retorno, tenhamos encontrado a solução para a crise.

Até breve,

João Melo, direto da floresta amazônica.

Nota: Na verdade, esse ser humano na canoa na foto acima, não sou eu. Ou será que é? De qualquer maneira, a princípio, a viagem não será realizada utilizando uma canoa.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

ECONOMIA TAMBÉM É HUMOR

Esta eu pesquei no blog http://outrafacedamoeda.wordpress.com/ do colega Renato Byrro:

"Devido à quebra de bancos, queda nas bolsas, cortes no orçamento, crise nos combustíveis e pelo racionamento mundial de energia, informamos que a famosa luz no fim do túnel será desligada.”

Mas, afinal, quem "a pagará" a última conta de luz?

DIRETO DE DAVOS - DOIS LADOS NO MESMO LADO

Li hoje na Folha de S. Paulo, a coluna do CLÓVIS ROSSI "O capitalista e o comunista" e recomendo aos meus quase dos leitores, pela visão entre dois conceitos tão diferentes.

DAVOS - Pode-se acusar George Soros de tudo ou de quase tudo, menos de não saber ganhar dinheiro. Mesmo sabendo, é o único grande capitalista que tem feito críticas sólidas ao capitalismo.

Sua análise sobre a presente crise é irrebatível nesse aspecto. Começa por dizer que a decantada eficiência do mercado "foi desmentida", assim como foi desmentida a tese de que os mercados, deixados por sua conta, "tendem ao equilíbrio". Na verdade, Soros usou o verbo "desproved", que, em português, seria "não provado/a", mas fica esquisito, não é?O megainvestidor lembra, de novo com toda a razão, que não foi um "choque exógeno" que levou aos "distúrbios" no sistema financeiro.

Ou seja, os "distúrbios" nasceram no próprio sistema financeiro e acabaram por levá-lo ao "colapso", sempre na análise de Soros. Ele se recusa a fazer previsões sobre o tamanho e o tempo de duração da recessão provocada pelos "distúrbios" (ou "colapso", você escolhe). Diz que não é importante.Ou que de fato importante seria reconstruir o sistema que entrou em colapso, o que exige uma fantástica, quase incalculável, injeção de dinheiro para capitalizar os bancos em coma. De onde virá o dinheiro? Óbvio: de papai-Estado, o único que tem recursos para fazê-lo, nem que seja preciso imprimi-lo.

Soros também defende o que a maioria de seus pares rejeita: a regulação do sistema financeiro. Não que acredite na capacidade de o Estado fazer direito as coisas. Mas "tem que fazê-lo, mesmo que tenda ao erro, porque, se errar, o mercado reage e permite corrigir o erro", que no caso seria de calibragem da regulação.Prefiro Soros a um suposto comunista, o premiê chinês Wen Jiabao, que só ontem se lembrou de que, ao reler os dois clássicos de Adam Smith, encontrara apenas uma única menção à justiça social.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

FÓRUM SOCIAL MUNDIAL - BELÉM 2009

Estou aqui neste momento no interior da floresta ou selva amazônica, imerso em como colaborar com BARACK OBAMA na reconstrução mundial, quando penso em Belém e no Fórum Social Mundial que lá está acontecendo em sua 9ª edição.

Interessante, mas muito interessante como se vestem grande número de participantes desse evento. Também estranho a necessidade da distribuição, pelo governo do estado do Pará, de 600.000 camisinhas aos cerca de 20.000 jovens que irão participar de atividades "extras". Além de atrapalhar o trânsito e perturbar o sossego de moradores, quanto é gasto com um fórum que bem poderia ser utilizado em determinadas escolas ou hospitais públicos/maternidades?

Gostaria muito de ler sobre os resultados, as propostas, as sugestões dos milhares de participantes do FSM que efetivamente produzam ou agreguem algo na solução dos diversos problemas que o mundo hoje enfrenta. Afinal, qual o resultado que o FSM apresentará ao mundo? Qual a alternativa ao capitalismo que possa ser imediatamente implantada? O que festejam os participantes do Fórum? Afinal, parece-me que todos estão a favor do meio ambiente e contrários a riqueza, porém, na hospedagem, sempre preferem um cinco estrelas...

sábado, 24 de janeiro de 2009

DA SÉRIE "TEXTO DE QUEM ESCREVE BEM"

SE até o Nobel PAUL KRUGMAN está considerando-se PERDIDO neste início de 2009, nesta crise que a cada dia aparece com uma notícia ruim, imagine nós, aprendizes na arte da Economia, procurando o ponto de equilíbrio para solucionar esta situação.

Com vocês, um GRANDE MESTRE, direto do The New York Times, já colando sua forte crítica nas costas do poderoso BARACK OBAMA. Trata-se de mais um texto inteligente, com uma argumentação que traz a todos uma preocupação com o estado REAL da Economia, além de procurar resumir todo o quadro atual. Uma excelente leitura para os meus dois quase leitores. O final do texto é dramático, porém é o mundo no qual vivemos hoje.

Krugman: perdido na confusão Como qualquer pessoa que presta atenção nas notícias financeiras e de negócios, eu encontro-me em um estado de alta ansiedade econômica. E, como qualquer indivíduo de boa vontade, eu esperava que o discurso de posse do presidente Barack Obama restaurasse um pouco da confiança e indicasse que o governo tem controle sobre o problema.

Mas não foi isso o que ocorreu. Terminei a terça-feira menos confiante do que me encontrava pela manhã em relação ao rumo da política econômica.

Apenas para esclarecer, não havia nada de escandalosamente errado com o discurso - embora para aqueles que ainda esperam que Obama seja o líder que criará um serviço universal de saúde, foi desapontador o fato de ele ter falado apenas do custo excessivo dos serviços médicos e de não ter mencionado uma vez sequer o sofrimento dos que não têm plano de saúde nenhum ou dos que têm planos cuja cobertura é insuficiente.

Além disso, era de se esperar que os redatores do discurso apresentassem algo mais inspirador do que um apelo por uma "era de responsabilidade" - que, sem querer ser muito detalhista, foi o mesmo que George W. Bush pediu oito anos atrás.

Mas o que me desagradou sobremaneira em relação ao discurso, no que se refere à questão econômica, foi a sua convencionalidade. Em resposta a uma crise econômica sem precedentes - ou, para ser mais preciso, uma crise cujo único precedente real foi a Grande Depressão -, Obama fez aquilo que os indivíduos de Washington fazem quando querem parecer sérios: ele falou, de forma mais ou menos abstrata, sobre a necessidade de fazer escolhas difíceis e enfrentar os interesses especiais.

Isso não é suficiente. Na verdade, não é sequer correto.

Assim, no seu discurso, Obama atribuiu a crise econômica em parte ao "nosso fracasso coletivo no que se refere a fazer escolhas difíceis e preparar a nação para uma nova era" - mas eu não faço a menor ideia do que ele quis dizer com isso. Esta é, acima de tudo, uma crise provocada por uma indústria financeira descontrolada. E, se nós não conseguimos controlar essa indústria, não foi porque os norte-americanos recusaram-se "coletivamente" a fazer escolhas difíceis; o povo norte-americano não fazia a menor ideia do que estava se passando, e a maioria das pessoas que sabiam o que se passava acreditava que a desregulação era uma excelente ideia.

Ou, observem esta declaração de Obama: "Os nossos trabalhadores não são menos produtivos do que eram quando a crise começou. As nossas mentes não são menos criativas, os nossos produtos e serviços não são menos necessários do que eram na semana passada, no mês passado ou no ano passado. A nossa capacidade não diminuiu. Mas a nossa época de resistir às mudanças, de proteger interesses estreitos e de descartar decisões desagradáveis - essa época sem dúvida passou".

É quase certo que a primeira parte desse trecho do discurso teve como objetivo parafrasear as palavras escritas por John Maynard Keynes quando o mundo mergulhava na Grande Depressão - e foi um grande alívio, após décadas de denúncias automáticas contra o governo, ouvir um novo presidente fazer um elogio a Keynes.

"Os recursos da natureza e os instrumentos do ser humano continuam exatamente tão férteis e produtivos quanto eram. O ritmo do nosso progresso na tarefa de resolver os problemas materiais da vida não é menos rápido. Somos tão capazes quanto antes de proporcionar a todos um alto padrão de vida... Mas atualmente nos envolvemos em uma confusão colossal, tendo cometido um erro grave no controle de uma máquina delicada, cujo funcionamento não entendemos".

Mas algo perdeu-se na tradução. Tanto Obama quanto Keynes afirmam que nós estamos fracassando na tarefa de usarmos a nossa capacidade econômica. Mas a percepção de Keynes - de que estamos imersos em uma "confusão" que precisa ser consertada - foi de alguma forma substituída pela mensagem padronizada do tipo "a culpa é nossa, sejamos mais rigorosos com nós mesmos".

Lembrem-se de que Herbert Hoover não tinha problemas quanto a tomar decisões desagradáveis: ele teve a coragem e a firmeza para reduzir os gastos e aumentar os impostos diante da Grande Depressão. Infelizmente, isso só fez com que as coisas piorassem.

Mesmo assim, um discurso é apenas um discurso. Os membros da equipe econômica de Obama sem dúvida entendem a natureza extraordinária da bagunça em que estamos metidos. Portanto, o tom do discurso da terça-feira pode não significar nada em relação à futura política do governo Obama.

Por outro lado, Obama é, conforme disse o seu antecessor, a pessoa que decide. E ele terá que tomar algumas grandes decisões muito em breve. Para ser mais específico, ele terá que decidir o grau de ousadia das suas medidas para sustentar o sistema financeiro, cujo cenário deteriorou-se tão drasticamente que uma quantidade surpreendente de economistas, nem todos eles particularmente liberais, afirma agora que uma nacionalização temporária de alguns dos maiores bancos será necessária para que se resolva a crise.

E, então, Obama está pronto para isso? Ou as banalidades do seu discurso de posse foram um sinal de que ele esperará até que o saber convencional alcance o patamar dos acontecimentos? Se for este o caso, o governo dele estará perigosamente atrasado em relação aos fatos.

E nós não desejamos ver a nova equipe em tal situação. A cada semana a crise piora e a sua solução fica mais difícil. Se não contarmos logo com ações drásticas, poderemos nos ver atolados nesta confusão por um período bem longo.

ECONOMIA AMERICANA - AFTER BUSH

Esta charge está SENSACIONAL e somente poderia sair da pena de meu conterrâneo, o famoso cearense SINFRÔNIO.

Desde os meus tempos de Fortaleza e do meu jornal O POVO, Mestre Sinfrônio brilhava diariamente com suas figuras. Direto dos meus colegas de blogosfera Daniel Simões e David Sacramento, http://academiaeconomica.blogspot.com/ cada um tire suas próprias conclusões.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

20/01/2009 - UM ESPECIAL DIA NO MUNDO

Como não poderia deixar de ser, hoje, dia de São Sebastião, Padroeiro de uma das cidades mais lindas do mundo, o nosso Rio de Janeiro, é o dia da posse de BARACK OBAMA como Presidente dos Estados Unidos da América. Este blog, direto da selva amazônica, deseja de todo o coração e com muita esperança, votos de muito sucesso para seu governo. E que os anjos digam AMÉM. GOD bless the United States of America.

Para sintetizar a data, transcrevo abaixo o editorial de hoje da FOLHA DE S.PAULO: A PROMESSA OBAMA:

A posse de Barack Obama como 44º presidente dos Estados Unidos constitui evento histórico cuja magnitude não se pode atenuar. Não só um político negro alcança o posto de governante mais poderoso do mundo, fato inédito a atestar a vitalidade daquela democracia, como o faz envolto em uma aura de otimismo que contrasta, frontalmente, com o panorama à sua volta.

No plano doméstico, como no internacional, grassa uma das maiores crises da economia moderna. Na política externa, às guerras inacabadas do Afeganistão e do Iraque se soma agora a chaga reaberta do conflito israelo-palestino. A China, potência em ascensão, se tornou a terceira maior economia mundial, ultrapassando a Alemanha. Não faltam desafios para Obama.

A esperança, noção vaga o bastante para servir de base ao discurso de propaganda eleitoral, inexoravelmente se converte em expectativas determinadas, com grande potencial para gerar frustração. Em nenhuma outra esfera essa ameaça é mais aguda do que na economia americana.

Desde a eleição do candidato democrata, a situação só fez deteriorar-se: taxa de desemprego a 7,2%, a pior em 16 anos, queda de 0,5% do PIB no quarto trimestre, vendas no varejo despencando 9,6% em dezembro, contra o mesmo mês de 2007.

Mesmo os poucos grandes bancos de varejo que pareciam resistir à debacle deslanchada em setembro começam a vacilar. O Bank of America, maior instituição daquele país, precisou ser socorrido com US$ 117,2 bilhões, entre injeção de capital e garantia de perdas. O terceiro no ranking, Citigroup, anunciou a própria partição em duas unidades, para garantir a sobrevivência.

Espectros similares rondam portentosos empregadores, como a General Motors. O presidente eleito, contudo, prometeu criar 3 milhões a 4 milhões de vagas. Ficaria com o prestígio devastado se principiasse sua administração com a quebra de um desses gigantes e a avalanche de desemprego que desataria.

Se dependesse só do novo presidente, ele assinaria as medidas do programa econômico já no dia de hoje. Mas Obama não conseguiu arrastar o Congresso, apesar da maioria democrata, na onda da expectativa popular. A aprovação das medidas pode demorar um mês ainda.

Espera-se também que Obama anuncie de pronto o cumprimento de outra promessa eleitoral, o fechamento da base em Guantánamo. O símbolo da perversão das liberdades e garantias individuais que a nação norte-americana tanto fez para consagrar como condição do Estado de Direito, porém, pode perdurar meses. Antes de esvaziar suas celas, há que encontrar solução e destino para centenas de prisioneiros até agora mantidos no limbo jurídico da base.

A atmosfera de confiança e esperança que cerca Obama em sua posse lhe garantirá um período de graça incomum. O porte e a multiplicidade dos desafios que o aguardam, entretanto, acumulam potencial para erodi-las com velocidade.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

EMPREGO: ESTADOS UNIDOS X BRASIL

Direto do Blog do Noblat http://oglobo.globo.com/pais/noblat/, o post abaixo traz um resultado, se já esperado, porém muito preocupante. Será que os problemas de lá irão acabar sobrando para o lado de cá?

A marolinha custou ao país só em dezembro a extinção de 654.946 empregos com carteira assinada.

No mesmo mês, nos Estados Unidos, a crise econômica acabou com 525 mil empregos.

sábado, 17 de janeiro de 2009

CARTA DE KRUGMAN A DEAR MR. PRESIDENT OBAMA

Com relação ao artigo do Paul Krugman no post abaixo, vide a carta que ele escreveu ao futuro Presidente Barack Obama, publicada na Rolling Stone e comentada no blog http://economistsview.typepad.com/economistsview/.

ESTE BLOG ESTA TOP NA TROPPO DO O LIBERAL

Meu muito obrigado a minha colega de blogosfera jornalista Rejane Barros pela citação do nosso blog em sua famosa coluna na revista TROPPO do O LIBERAL.

Leitor semanal de sua excelente coluna, onde ficamos atualizados com o que acontece de melhor em Belém, a Rejane tem agora a sua coluna virtual no http://colunadarejane.blogspot.com/ onde também brilha em seus posts.

Valeu Rejane.

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...