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sexta-feira, 29 de maio de 2020

InfoMoney: PIB dos EUA cai 5% no 1º trimestre, resultado pior que o esperado pelos economistas.

https://www.infomoney.com.br/economia/pib-dos-eua-cai-5-no-1o-trimestre-resultado-pior-que-o-esperado-pelos-economistas/?fbclid=IwAR2NE62u66IvbdOMFkgygBZy0MXZFZV_FRwMAIjawRFKAETn7QTVa0DmVxc

SÃO PAULO – O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos registrou queda anualizada de 5% no primeiro trimestre deste ano de acordo com a segunda estimativa do indicador, resultado pior que o recuo de 4,8% projetado pelos analistas consultados pela Bloomberg.

Este foi o pior desempenho da economia americana desde 2008, durante a crise financeira, confirmando o forte impacto da pandemia na atividade conforme o país teve que fechar estabelecimentos e parar os negócios.

Esta também foi a primeira queda do PIB dos EUA desde o recuo de 1,1% no primeiro trimestre de 2014.


segunda-feira, 2 de março de 2020

Statement from Federal Reserve Chair Jerome H. Powell.

The fundamentals of the U.S. economy remain strong. However, the coronavirus poses evolving risks to economic activity. The Federal Reserve is closely monitoring developments and their implications for the economic outlook. We will use our tools and act as appropriate to support the economy.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

O cenário econômico americano e os impactos no Brasil.

Em um mundo extremamente globalizado precisamos analisar a situação do Estados Unidos e outras nações para determinar as oportunidades e ameaças da economia brasileira neste ano de 2019. Reflexos externos ecoarão na nossa economia e influenciarão o comportamento dos mercados financeiros e principais ativos.
Para 2019, a expectativa é que a economia do Estados Unidos desacelere por vários fatores: anos contínuos em crescimento, a desaceleração da economia mundial e o impacto dos aumentos da taxa de juros básica da economia. Vale lembrar que a discussão dos economistas é de quantos aumentos serão feitos em 2019, talvez 02 ou 03? Aumentos de 0.25%, sucessivos, representam um imenso efeito cascata, reduzindo a capacidade das empresas investirem, aumentando o endividamento e reduzindo o poder de compra dos consumidores. A boa notícia é que ainda existe expectativa de crescimento positivo, mesmo menor do que anos anteriores, e as chances maiores são contra a entrada da economia dos EUA em uma área de recessão ainda neste ano.
Ao mesmo tempo, da redução nos mercados de ações e commodities, além da remoção gradual de estímulo por parte de alguns bancos centrais, significa que as condições financeiras em todo o mundo estão reduzindo. Combinado com maior incerteza política, esses riscos apontam para uma desaceleração. A expectativa é que o dólar mantenha-se nos atuais níveis elevados durante grande parte de 2019, ou seja, valorizado frente ao resto do mundo e inclusive frente às moedas emergentes.
Já a moeda brasileira deve ser atrativa, pois a taxa Selic no menor patamar do plano real reduz o ímpeto de investidores estrangeiros na busca de rentabilidade na renda fixa. Portanto, caso o Brasil consiga fazer as reformas de previdência e fiscal, podemos ser afetados por um fluxo positivo de investimentos no médio e longo prazo. Mas o dólar hoje, com a expectativa de aumentos de juros nos EUA, tende a se valorizar frente às moedas no mundo. Não seria diferente para o Real. Pelo menos no primeiro semestre veremos muita volatilidade na moeda, mas não temos expectativa de fortes apreciações do real x dólar.
A economia global começou em 2018 com um crescimento forte e sincronizado, mas a dinâmica diminuiu com o avanço do ano e as tendências de crescimento divergiram. Notavelmente, as economias da zona do euro, do Reino Unido, do Japão e da China começaram a enfraquecer. Em contraste, a economia dos EUA acelerou, graças ao estímulo fiscal. O crescimento dos EUA permanecerá acima da tendência, com os fundamentos econômicos permanecendo razoavelmente sólidos.
Para a economia brasileira a expectativa é de crescimento. As disputas comerciais no mundo podem ser fatores positivos para as exportações do país. O Brasil é o melhor dos maiores emergentes e o que oferece neste instante as melhores condições de investimentos: o tamanho do mercado, a estabilidade política, a não restrição a entrada e saída de investimentos e principalmente alta taxa de retorno. Seu patamar da taxa de juros em um nível considerado baixo, comparado a anos anteriores, faz com que o risco de pressão inflacionária seja alto. Nunca o brasileiro teve a taxa básica a um nível tão baixo. Porém visualizamos o Bacen diligente e apto a fazer mudanças rápidas e eficientes, podendo em 2019 ter aumentos graduais de juros.
Julio Lage, sócio e CEO do grupo Belvedere.

Sobre a Belvedere Investimentos
A Belvedere Investimentos é parte do Grupo Belvedere, criado em 2014 pelos sócios Júlio César Lage, Marco Hascal e Ricardo Bueno. Neste período, outros sócios se juntaram à partnership, entre eles o ex-BTG Luis Miranda para ser o estrategista chefe da operação no Brasil. O grupo, que tem sede nos Estados Unidos, e operações em Portugal e Brasil, é uma holding de participações no setor financeiro atuando em wealth management, investment banking, corretora de valores e gestora de patrimônio (asset management).
No Brasil, a Belvedere Investimentos é uma gestora de recursos que possui escritórios em cinco capitais brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Vitória e Recife. Com o objetivo de administrar investimentos de seus clientes no mercado financeiro no Brasil ou no exterior, é voltada a quem busca gestão de investimentos líquidos e ilíquidos, passivo ou ativo. Atualmente, administra 3 bilhões de reais de seus clientes. Sua operação no território brasileiro representa cerca de 40% das receitas da operação do Grupo. Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA), a Belvedere é uma das gestoras de recursos que mais cresce no país.
Julio Lage, sócio e CEO do grupo Belvedere.

Contatos - Belvedere Investimentos
Site: http://www.belvinvest.com.br/
E-mail: belvinvest@belvinvest.com.br
Telefone: (11) 3168-9660

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Enquanto a taxa de desemprego brasileira de 11,8% continua seu viés de alta, a americana está em 4,9%.



The October jobs report shows that the American economy continued its solid recovery from the worst economic crisis of our lifetimes in October, with the addition of 161,000 jobs. All told, American businesses have added 15.5 million jobs since February 2010, and we are in the longest streak of overall job growth on record. Additionally, the unemployment rate ticked down slightly to 4.9 percent.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

USA: the unemployment rate is 4.9 percent in June 2016.

The American economy added 287,000 jobs in June. All told, since early 2010, American businesses have added 14.8 million jobs. The unemployment rate is 4.9 percent – down from 10 percent at the height of the recession. 

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Taxa de desemprego Brasil 11,2% X 4,7% Estados Unidos. Quando a "depressão econômica absoluta" acordará a sociedade brasileira?

The unemployment rate declined by 0.3 percentage point to 4.7 percent in May, and nonfarm payroll employment changed little (+38,000), the U.S. Bureau of Labor Statistics reported today. Employment increased in health care. Mining continued to lose jobs, and employment in information decreased due to a strike.

terça-feira, 5 de março de 2013

Política antieconômica.


Editorial da FOLHA DE S. PAULO comenta a situação econômica americana. 

"Tola, arbitrária." Assim o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, definiu a atitude do Partido Republicano de rejeitar a renegociação da lei que impõe reduções automáticas do deficit do governo até 2021. Os cortes deste ano, de cerca de US$ 85 bilhões, entraram em vigor na semana passada.

O impasse é mais um capítulo de três anos de confrontos entre Obama e a oposição republicana, que desde 2011 controla a Câmara. O conflito indica que nem sempre partidos fortes - poucos e ideologicamente coesos - e um sistema eleitoral propenso a maiorias estáveis garantem governabilidade.

Um aspecto dessa crise é o próprio acirramento ideológico; o confronto se deve também ao método de eleição dos deputados, em pequenos distritos eleitorais.

O Partido Republicano tornou-se mais duro em sua posição de reduzir o governo. E, mesmo com o apoio da maioria da população a Obama, deputados republicanos relutam em aderir à opinião predominante, pois temem perder a indicação do partido ou a eleição em seus distritos. Por outro lado, analistas políticos e mesmo democratas consideram que o presidente carece de habilidade e inclinação para negociar com o Congresso.

Em 2011, o governo esteve à beira da inadimplência, pois a maioria republicana se recusava a aumentar o limite do endividamento federal. Um acordo de última hora resultou na lei que, entre outras determinações, previa a formação de um "supercomitê" bipartidário.

O grupo foi encarregado de estudar maneiras de reduzir o deficit - se com mais impostos, menos gastos ou uma combinação de ambos. Sem acordo, os cortes seriam automáticos. Foi o que ocorreu.

Metade dos cortes incidirá sobre o orçamento de defesa; outra metade, sobre despesas discricionárias. Funcionários federais entrarão em licença não remunerada. De parques federais a agências de proteção do consumidor, do ambiente e de pesquisa, todos terão orçamentos menores.

Tal redução de despesas terá, sim, algum efeito no crescimento americano. As estimativas, porém, variam de uma redução de 0,3 ponto percentual a 1 ponto percentual do PIB, que não deve crescer mais do que em 2012 (2,2%).

Provavelmente não haverá dano econômico crítico, mas a capacidade decisória do sistema político americano fica mais reduzida. Dado o peso dos Estados Unidos no mundo, o torniquete deve diminuir ainda mais as chances de uma recuperação global. 

domingo, 11 de novembro de 2012

Keynes, o retorno.


Exclusivamente para o colega de CAEN, atualmente estudando em Portugal, Alexandre Fermanian, a análise de LUIZ FELIPE DE ALENCASTRO, hoje na FOLHA DE S. PAULO, sobre as eleições americanas.  

A reeleição de Obama, na terça passada, deveu-se à radicalização conservadora de seu adversário, que selou o apoio aos democratas de imigrantes, mulheres e jovens, mas sobretudo às políticas sociais e à intervenção estatal para enfrentar a crise econômica, devolvendo à pauta as ideias do economista J.M. Keynes.

Passadas as surpresas de 6/11, parte dos comentaristas banaliza os resultados das eleições americanas. Assim, a campanha de 2012 não teria mudado nada em Washington. Barack Obama permanece na Casa Branca e o Congresso continua dividido como antes: maioria republicana na Câmara e democrata no Senado. Uma manchete do site do "New York Times" resumiu essa interpretação: "Obama obtém uma nítida vitória, mas a balança do poder não mudou em Washington".

Todavia, outros artigos do jornal nova-iorquino - e da mídia americana - alteram tal perspectiva. Efetivamente, como nas grandes viradas políticas geradas por um forte reposicionamento eleitoral, a vitória de Obama tem uma dupla dimensão: ela provoca a debandada de seus adversários republicanos e reforça o Partido Democrata.

Para além da contagem dos votos de uns e de outros no Congresso, um Partido Democrata renovado enfrenta agora um Partido Republicano apoplético: a balança do poder mudou, sim, em Washington. As longas e polêmicas primárias republicanas fragilizaram a candidatura Romney.

Em campanha há seis anos, desde as primárias para a eleição de 2008, o republicano teve primeiro que terçar armas no seu próprio partido. Na sequência da radicalização inaugurada por Sarah Palin em 2008, o sucesso de Rick Santorum entre os partidários do Tea Party e das teses mais conservadoras, levou a campanha republicana muito para a direita.

Romney teve de correr atrás dos votos de Santorum, fazendo declarações que queimaram seu prestígio junto aos republicanos mais liberais, aos latinos e aos trabalhadores das indústrias socorridas pelo governo federal. Aproveitando essas derrapadas e as controvérsias sobre o passado empresarial de Romney, os marqueteiros democratas pegaram pesado, apresentando-o como um ricaço insensível aos pobres.

No meio do ano, um anúncio da campanha de Obama na TV responsabilizava Romney pelo fechamento de fábricas e entrevistava metalúrgicos desempregados que o chamavam de "vampiro".

Houve também uma radicalização de Romney nos temas relativos à política externa e às suas ameaças diretas à Rússia e à China. Sobretudo ficou patente sua hesitação na política interna e sua inexperiência diplomática. Chamando Romney de "volúvel" ("ever-changing"), a revista conservadora britânica "The Economist" declarou seu apoio à reeleição de Obama.

Perdendo o pé junto aos latinos - que anteriormente pesavam menos no eleitorado e, em boa parte, votavam republicano -, afastados do eleitorado feminino e dos jovens, os republicanos saem das eleições enfraquecidos e desorientados. Para alguns comentaristas, a viabilidade nacional do partido está agora posta em questão.

Tais circunstâncias permitiram que Obama se situasse como um líder mais coerente na política econômica e mais moderado no campo internacional. No discurso da vitória, em Chicago, Obama sublinhou dois pontos que considerava como trunfos de seu primeiro mandato: "a economia está se recuperando" e "uma década de guerras está terminando", referindo-se à retirada das tropas americanas do Afeganistão.

A força e o vigor do partido democrata nascem do enraizamento da aliança social e política que levou Obama à Casa Branca quatro anos atrás. Como notaram os editorialistas americanos, o erro mais importante da direção republicana consistiu em considerar que Obama havia sido eleito meio por acaso. Para esses dirigentes, o início da Grande Recessão e o estrondo de setembro de 2008, com a bancarrota do Lehman Brothers, teriam baqueado o governo Bush e entregado a Casa Branca de bandeja para Obama.

Depois disso sua vitória teria virado pó. A prova? Obama sofrera uma pesada derrota nas legislativas de 2010 e, num contexto econômico ainda difícil, não teria condições de se reeleger. A taxa de desemprego beira 8% nos EUA e, desde os anos 1930, nenhum presidente havia conseguido se reeleger com essa taxa acima de 7,2%. A fieira de dirigentes europeus derrubados pela crise nas eleições dos últimos anos parecia confirmar o raciocínio dos republicanos.

Em maio, o portal de notícias "Examiner", baseado em Denver, perguntou: "A eleição de Obama em 2008 foi um golpe de sorte ("fluke")"? Agora, do jornal "Washington Post", numa análise de escopo nacional, ao "Richdmond Times Dispatch", num balanço sobre a Virgínia (Estado vezeiro no cerceamento do voto das minorias, onde Obama venceu pela segunda vez), a maioria dos editorialistas constata: 2008 não foi um "fluke", a reeleição demonstra que o presidente construiu uma base política consistente.

As mulheres solteiras, os jovens, os latinos, os negros, os asiáticos, os trabalhadores industriais e setores liberais dos Estados situados nos litorais oceânicos americanos reelegeram Obama. Essa coalizão deu novo impulso aos democratas, até porque a maioria democrata no Senado também evoluiu.

Conhecido como "Blue Dog", o grupo de senadores democratas conservadores ou moderados reduziu-se, cedendo lugar para senadores mais próximos dos princípios de solidariedade social e de regulação econômica que têm sido esconjurados desde a era Reagan (1981-89). Outros pontos do novo perfil democrata são mais sutis.

Ainda em maio, numa entrevista exclusiva à rede ABC, concedida a uma jornalista amiga, Robin Roberts, Obama declarou-se favorável ao casamento gay. Ele tomou a iniciativa de caso pensado, sabendo que a militância mais jovem, essencial na sua campanha, apoia amplamente tal declaração. Sabia também que a porcentagem dos americanos favoráveis a essa forma de união passou de 27% em 1996 a 53% em 2012, segundo pesquisa do Gallup, e que os casais gays são importantes doadores do Partido Democrata.

A análise detalhada dos resultados eleitorais imprime um significado histórico à vitória democrata. Tome-se o caso de dois Estados-chave nesta e noutras eleições, cujo resultado decide a parada no nível nacional, Ohio e Flórida.

A maioria dos comentaristas concorda que a vitória de Obama em Ohio (nenhum republicano venceu a corrida presidencial sem ganhar neste Estado), e no vizinho Michigan (onde o pai de Romney foi governador, onde ele cresceu e tem parentes) deveu-se à intervenção e aos empréstimos do governo federal para salvar um milhão de empregos da indústria automobilística combalida pela crise.

Na hora em que escrevo, a contagem de votos ainda não terminou na Flórida e o resultado do escrutínio ali tornou-se irrelevante: Obama ganhou a parada, mesmo perdendo na Flórida. Mas a apuração indica a vitória democrata. Além disso, num referendo estadual, os eleitores da Flórida repudiaram restrições ao "Obamacare", a reforma do sistema de saúde que favorece os pobres e regula as empresas do setor.

Na Flórida, e mais incisivamente na Virgínia e noutros Estados onde os democratas venceram, pesou o voto dos latinos e de outras minorias assustadas com a política anti-imigratória apregoada por Romney. Mas há camadas sociais mais densas que ajudaram a reeleger o presidente.

As pesquisas de boca de urna mostraram que Obama venceu entre os eleitores de menor renda (abaixo dos US$ 50.000 anuais) e que sua vantagem é ainda maior entre os mais pobres. Nesse contexto, sua reeleição permite avançar na implementação do novo sistema de saúde, consolidando a reforma e a base social dos democratas.

O apoio mais amplo do eleitorado às intervenções do governo federal na defesa dos empregos industriais e na proteção social, reabilita os investimentos e as políticas públicas.

Considerado peça de museu por boa parte dos economistas e dos ideólogos, o keynisianismo está de novo na ordem do dia nos EUA.

domingo, 16 de setembro de 2012

FED e política monetária.


Li na FOLHA a análise do GUARDIAN sobre a atual "política monetária" americana. 

Bancos centrais precisam de credibilidade. A habilidade de se comprometer de modo firme com uma determinada política monetária produz expectativas nos mercados e transmite sinais importantes para a economia real.

Além disso, a credibilidade do Fed, o banco central norte-americano, permite que ele use suas ferramentas de comunicação para moldar essas expectativas, o que deveria favorecer a atividade econômica como um todo.

Desse ponto de vista, fica bastante claro que o Fed tinha de anunciar uma nova rodada de relaxamento monetário ("quantitative easing", a prática de compra de títulos do Tesouro que injeta dinheiro na economia) ao final da sua reunião de ontem.

Como havia sido demonstrado pelos quatro últimos relatórios sobre desemprego nos EUA - nenhum deles mostrou crescimento no emprego, na renda ou na força de trabalho - as condições da economia do país são frágeis.

Além disso, os americanos ainda estão tendo de se haver com a retração no crescimento mundial e com o fantasma de possíveis choques financeiros advindos da Europa.

Se o Fed tivesse deixado de agir, os mercados só poderiam concluir que ou o banco central americano não compreende as condições da economia - o que é improvável - ou que sua credibilidade foi minada. E o Fed não se arriscaria a esse ponto.

Isso não significa, no entanto, que novas intervenções do banco central serão capazes, por si sós, de estimular o crescimento do país.

O próprio presidente do Fed, Ben Bernanke, disse que "a política monetária não pode, sozinha, obter os mesmos efeitos de um conjunto maior e mais equilibrado de medidas econômicas; em especial, ela não é capaz de neutralizar os riscos fiscais e financeiros que o país enfrenta".

Os EUA precisam de reformas fiscais e orçamentárias, que são fundamentais, especialmente em setores como saúde e aposentadorias.

Pode-se dizer que as medidas de política monetária resultam em poucos benefícios, mas vale a pena implantá-las. O custo delas, porém, é considerável, e vai de inflação ao risco de politização do Fed.

domingo, 15 de julho de 2012

A reinvenção dos Estados Unidos.


Editorial de hoje na FOLHA DE S. PAULO mostra que a economia mais rica do mundo ainda busca novas fontes de dinamismo para manter criação de empregos e enfrentar rivais asiáticos

Apesar das seguidas frustrações das expectativas de que, enfim, a economia dos EUA retomava seu ritmo normal, após a tragédia de 2008, o desempenho é melhor que o de outras economias avançadas.

Descartou-se nova catástrofe, risco ao qual a Europa se sujeita a cada semestre. Tampouco se cogita uma estagnação à moda japonesa.

Mais versátil, flexível e competente ao lidar com problemas do seu sistema financeiro, a economia americana será ao final deste ano 2,8% maior do que era em 2007. Parece pouco, mas a produção econômica na eurozona ainda será cerca de 1% menor.

Embora previsões de longo prazo sejam ainda menos confiáveis neste início de século de convulsões econômicas frequentes, estima-se que, do início da crise até o ano 2020, os Estados Unidos cresçam mais de 21%. A zona do euro, 7% -menos de um ano de crescimento do PIB chinês.

Ainda assim, os americanos estão atônitos diante da mais lenta reação a uma crise desde a Segunda Guerra Mundial, excetuada a recessão de 1980, no entanto menos profunda. A taxa de desemprego de longa duração é a maior desde os anos da guerra.

A depressão no setor imobiliário é a maior de que se tem registro. A venda de casas caiu a um quarto do pico de 2006, tendo baixado desde 2008 a níveis verificados nas recessões de 1982 e 1970, quando o país era bem menor.

Há controvérsia acerba sobre os motivos do desemprego persistente, ainda na casa dos 8,2%. É quase o dobro do verificado nos melhores momentos da década passada.

De um lado, economistas consideram que parte das profissões se tornou obsoleta. O desemprego será maior -"estruturalmente maior", diz-se- enquanto não houver mudança geracional ou requalificação dos trabalhadores.

Na oposição à tese estão aqueles para os quais o desemprego é cíclico, derivado do baixo crescimento, por sua vez devido à falta de demanda, de consumo. No momento, apenas o governo poderia incentivá-la, com um aumento transitório da dívida pública.

Posto desse modo, o debate se esquiva da pergunta óbvia a respeito da sustentabilidade do crescimento anterior à recessão.

O desemprego então baixara de modo impressionante, com inflação e taxas de juros contidas. Mas o país financiava seu consumo com bolhas financeiras, excesso de dívidas privadas e públicas e gastos militares crescentes, além de deficit externos. Os americanos sustentavam parte importante de seu consumo com crédito estrangeiro, da China em particular.

Mais americanos passaram a trabalhar em tempo parcial. O salário médio cresceu lentamente. Benefícios sociais foram cortados.

Mesmo economistas mais favoráveis a uma economia aberta e flexível passaram a reconhecer, pouco antes da crise, que a globalização tinha seu preço, pago pelo trabalhador comum. Empregos industriais, e mesmo de serviços, foram e são transferidos para nações ditas emergentes.

Parece evidente que parte do desemprego, do achatamento salarial e do baixo crescimento se deve à conjuntura. Governo e famílias ainda reduzem dívidas. O mundo cresce mais devagar, e as recaídas europeias abalam a confiança de empresários e consumidores.
Outro fator de desemprego e redução da população economicamente ativa talvez seja mais duradouro. A geração do "baby boom" (nascimentos no pós-Guerra) se aposenta em massa; parte dela desistiu de procurar novo emprego.

Os trabalhadores mais antigos restantes, mesmo que retreinados, iriam empregar-se onde? E os jovens? Qual seria o novo setor dinâmico, capaz de atrair maciços investimentos para liderar o crescimento em geral da economia?

O setor mais inovador, de tecnologia, cria poucos empregos. E a industrialização da vizinhança da China, ainda mais atrasada, continuará a prejudicar fábricas americanas dos ramos convencionais.

O investimento insuficiente é um fator importante da lenta recuperação. Grandes empresas relutam em investir, apesar de seus balanços saudáveis, pois temem o retraimento do consumidor.

A redução dos gastos federais e os brutais cortes de despesas em Estados e cidades afetam tanto a contratação de empresas quanto o consumo das famílias. A poupança baixa desde os anos 1980.

A demanda externa não se apresenta como alternativa, pois a Europa estará em crise por vários anos, e a China continuará a reduzir seu ritmo de crescimento.

Fatores estruturais afetam, sim, o potencial de crescimento. O ritmo de ampliação da mão de obra cai, dados o envelhecimento da população e a redução da taxa de nascimentos. Tudo o mais constante, parece que a nova normalidade americana será de crescimento em ritmo mais baixo.

Os EUA têm pela frente ao menos meia década de ajustamento das contas públicas, demografia menos favorável, gastos crescentes com idosos e concorrência externa que pode tragar empregos em setores tradicionais.

A economia americana, contudo, reagiu nos anos 1980 à onda japonesa. Reinventou-se, e ao mundo, com as inovações de suas empresas de tecnologia de informação. Por ora, no entanto, a perspectiva mais normal para os EUA aponta para uma economia entrando na terceira idade: madura e mais lenta, embora ainda saudável -e extremamente rica.

terça-feira, 10 de abril de 2012

The Two Economies.

David Brooks, no NYT de hoje, nos faz acreditar que tempos melhores virão: 

"The creative dynamism of American business is astounding and a little terrifying. Over the past five years, amid turmoil and uncertainty, American businesses have shed employees, becoming more efficient and more productive. According to The Wall Street Journal on Monday, the revenue per employee at S.&P. 500 companies increased from $378,000 in 2007 to $420,000 in 2011."

E com base num artigo de TYLER COWEN cita que "If Cowen’s case is right, the U.S. is not a nation in decline".  


sexta-feira, 30 de março de 2012

Ben Bernanke, herói ou vilão?


Comentário no Valor Econômico de hoje sobre a política econômica de Ben Bernanke.

Ben Bernanke ainda tem quase dois anos pela frente no comando do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), mas o seu legado já começa a ser escrito, num momento em que a economia americana dá sinais de se recuperar de forma mais forte do que o esperado, impulsionando a candidatura de Barack Obama para um segundo mandato.

Em palestras e entrevistas, Bernanke tem procurado acrescentar algumas linhas à narrativa sobre seu trabalho à frente do Fed, que está sendo escrita num ambiente de alta temperatura. Republicanos o acusam de empurrar os EUA à beira de um abismo inflacionário. A esquerda diz que ele é fraco porque não foi mais ousado para baixar o desemprego. Muitos, porém, avaliam que, no futuro, Bernanke será julgado de forma generosa. Já há o que mostrar: os bancos americanos estão funcionando, enquanto na Europa o crédito segue obstruído. Os EUA poderão crescer mais de 3% neste ano, melhor do que o risco de recessão europeu. Além disso, as empresas criam empregos e os preços dos imóveis parecem ter parado de cair.

Mas se Paul Volcker é visto como o presidente do Fed que empurrou a América Latina para a crise da dívida, com juros altos, a política monetária de Bernanke é criticada pelo Brasil como peça da "guerra cambial": o dinheiro impresso pelo Fed estaria levando à depreciação do dólar ante moedas de emergentes.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

O armário econômico de Romney.


PAUL KRUGMAN, na Folha de S. Paulo, num texto que não dá para não ler.   

De acordo com Michael Kinsley, uma gafe é o que acontece quando um político acidentalmente fala a verdade. Foi sem dúvida o que aconteceu com Mitt Romney na terça, quando, em um momento de franqueza ele acabou por se entregar.

Falando no Michigan, Romney ouviu uma pergunta sobre redução do deficit e disse em resposta algo inteiramente razoável: "Se você apenas cortar, se você pensar unicamente em reduzir gastos, à medida que reduzir os gastos você vai desacelerar a economia".

Como se poderia prever, a polícia ideológica da direita ficou horrorizada; o Clube para o Crescimento imediatamente denunciou a declaração, dizendo que ela mostra que Romney não é "um conservador que defende o governo limitado".

E um porta-voz de Romney tentou retirar o que o pré-candidato havia dito, afirmando: "O que o governador quis dizer foi que apenas cortar o Orçamento, sem políticas afirmativas em prol do crescimento, é insuficiente para imprimir uma virada na economia".

Sabemos com quem Romney vai buscar conselhos econômicos; lideram a lista Glenn Hubbard, da Universidade Columbia, e N. Gregory Mankiw, de Harvard. Embora eles sejam partidários republicanos leais, ambos também possuem longos históricos como economistas profissionais. E o que esses históricos profissionais deles sugerem é que nenhum dos dois acredita em nenhuma das proposições que viraram provas decisivas para os pré-candidatos republicanos.

Considere-se o caso de Mankiw, em especial. Os republicanos modernos detestam Keynes; Mankiw é editor de uma coletânea de artigos intitulada "New Keynesian Economics". Numa das primeiras edições de seu livro didático, que é um best-seller, ele descreveu a economia baseada no estímulo à oferta -a doutrina à qual aderiu o endeusado Ronald Reagan- como sendo a criação de "excêntricos e charlatães". E, em 2009, ele pediu por inflação mais alta como solução para a crise, posição que é terminantemente rejeitada por republicanos como Paul Ryan, presidente do Comitê de Orçamento da Câmara.

Em vista de seus assessores, portanto, parece seguro supor que aquilo que Romney falou sem querer reflita suas ideias econômicas reais.

Então será que aqueles que não compartilham as crenças da direita deveriam sentir-se reconfortados com as evidências de que Romney não acredita em nada que anda dizendo? Em especial, deveríamos presumir que, uma vez eleito, ele adotaria políticas econômicas sensatas? Lamentavelmente, não.

Pois o cinismo e a falta de coragem moral que têm estado tão evidentes na campanha não desapareceriam assim que Romney pusesse os pés na Casa Branca. Se ele não ousa discordar das bobagens econômicas agora, por que imaginar que se disporia a contestá-las no futuro? E vale lembrar que, se for eleito, ele será observado estreitamente, em busca de sinais de qualquer apostasia, pelas próprias pessoas que agora se esforça para agradar.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Romney não está preocupado.


Paul Krugman, no The New York Times, aqui publicado pela FOLHA. 

Se você é norte-americano e está enfrentando um período de dificuldades, Mitt Romney tem uma mensagem a lhe transmitir: ele não se incomoda com o seu sofrimento.

No começo da semana, Romney declarou a um entrevistador da rede de notícias CNN que "não estou preocupado com os muito pobres. Temos uma rede de segurança para atendê-los". O entrevistador não conseguiu ocultar seu espanto.

Diante das críticas que a declaração causou, o candidato alegou que não tinha querido dizer o que pareceu ter dito, e que suas palavras haviam sido tiradas do contexto. Mas era evidente que ele quis dizer o que disse. E quanto mais você considerar o contexto da declaração, pior a situação fica para ele.

Primeiro, alguns dias antes Romney negou que os programas de assistência aos pobres que ele posteriormente mencionaria como motivo para não se preocupar estivessem ajudando de maneira significativa.

Em 22 de janeiro, ele declarou que os programas de rede de segurança --sim, foram suas palavras liberais-- tem "imensos custos fixos" e que, devido ao custo de uma imensa burocracia, "parte relativamente pequena do dinheiro necessário àqueles que realmente precisam de ajuda, aqueles que não têm como cuidar de si mesmos, chega realmente a eles".

A alegação, como boa parte do que Romney diz, é completamente falsa.

Os programas norte-americanos de assistência aos pobres não têm burocracia ou custos fixos excessivos, ao contrário, por exemplo, das companhias privadas de seguros.

Como documentou o Centro de Prioridades Orçamentárias e Políticas, de 90% a 99% do dinheiro destinado aos programas de rede de segurança chegam realmente aos beneficiários.

Mas, mesmo desconsiderada a desonestidade de sua alegação inicial, como pode um candidato primeiro declarar que os programas de rede social não ajudam e depois, dez dias mais tarde, dizer que eles cuidam tão bem dos pobres que não há motivo para preocupação quanto ao bem-estar destes?

Além disso, se considerarmos essa imensa mancada quanto ao funcionamento real dos programas de rede de segurança, como poderíamos confiar na declaração de Romney de que consertaria a rede de segurança caso ela precisasse de reparos, depois que ele afirmou não estar preocupado com a situação dos mais pobres?

A verdade quanto a isso é que a rede de segurança precisa de reparos.

Ela oferece grande ajuda aos pobres, mas ainda assim não o suficiente.

O programa federal de saúde Medicaid, por exemplo, oferece tratamentos essenciais a milhões de cidadãos desafortunados, especialmente crianças, mas muita gente passa sem assistência.

Entre os norte-americanos cuja renda anual fica abaixo dos US$ 25 mil, mais de um quarto --28,7%-- não contam com qualquer forma de seguro-saúde. E não, eles não podem compensar essa falta de cobertura recorrendo aos prontos-socorros.

Da mesma maneira, os programas de assistência alimentar ajudam muito, mas um em cada seis dos norte-americanos que vivem abaixo do limiar da pobreza sofre de "baixa segurança alimentar".

A definição para essa condição é a de que "o consumo de alimentos é reduzido em determinados períodos do ano porque os domicílios não dispõem de dinheiro ou outros recursos para comprar comida". Em outras palavras, essas pessoas passam fome.

Por isso, precisamos reforçar nossa rede de segurança. Mas Romney deseja, na realidade, enfraquecê-la ainda mais.

Especificamente, o candidato apoia o plano do deputado Paul Ryan para cortes drásticos nos gastos federais, e dois terços desses cortes aconteceriam em detrimento dos norte-americanos de baixa renda.

E, se Romney diferenciou sua postura da adotada por Ryan, foi no sentido de cortes ainda mais severos na assistência aos pobres: sua proposta para o Medicaid parece envolver redução de 40% nas verbas, ante a distribuição atual.

Assim, a posição de Romney parece ser a de que não precisamos nos preocupar com os pobres graças a programas que ele insiste, falsamente, não ajudarem os necessitados, e que de qualquer modo ele pretende destruir.

Ainda assim, acredito em Romney quando ele se declarara despreocupado quanto aos pobres.

O que não acredito é quando ele se declara igualmente despreocupado quanto aos ricos, que estão "se saindo bem", segundo ele. Afinal, se ele acredita realmente nisso, por que propõe lhes dar ainda mais dinheiro?

E estamos falando sobre muito dinheiro. De acordo com o Centro de Política Tributária, uma organização apartidária, o plano tributário de Romney na prática elevaria os impostos de muitos norte-americanos de renda mais baixa e reduziria acentuadamente os impostos dos mais ricos.

Mais de 80% da redução de impostos beneficiaria pessoas que ganham mais de US$ 200 mil ao ano; e cerca de metade se destinaria àqueles que ganham mais de US$ 1 milhão ao ano.

O benefício tributário médio para os membros do clube do milhão seria uma redução de US$ 145 mil em seus impostos anuais.

E essas grandes isenções criariam um enorme rombo no orçamento, elevando o deficit em US$ 180 bilhões ao ano --o que tornaria necessários os severos cortes nos programas de rede de segurança.

O que nos conduz de volta à despreocupação de Romney. Podemos afirmar, sobre o ex-governador de Massachusetts e presidente da Bain Capital, que ele está desbravando fronteiras na política norte-americana.

Até mesmo os políticos conservadores costumavam considerar necessário fingir preocupação com os pobres. Vocês se lembram do "conservadorismo compassivo"? Romney, porém, deixou de lado esse fingimento.

Se as coisas continuarem assim, logo teremos políticos que admitem aquilo que parece óbvio há muito tempo: eles tampouco se preocupam com a classe média, e não estão e nunca estiveram preocupados com a vida dos norte-americanos comuns.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Os impostos dos ricos.


Leio PAUL KRUGMAN, hoje na FOLHA DE S. PAULO e o seu entendimento que os ricos devem pagar mais impostos. Espero que Krugman lembre-se que "quando o gravame do imposto vai além de uma importância suportável, torna-se insolúvel o problema de criar impostos que não desencorajem e desorganizem a produção". Isso escreveu Henry Hazlitt em meados de 1946, o que não o torna desatualizado.  

Vocês podem me achar esquisito, mas estou me divertindo com o espetáculo de Mitt Romney fazendo a dança dos sete véus -em parte por voyeurismo, claro, mas também porque é hora de discutir esse assunto.

O tema da dança são os impostos. Ainda que divulgar declarações de renda seja prática padrão entre candidatos, Romney jamais o fez.

Declarou que acredita pagar apenas 15% de sua renda em impostos e deu a entender que talvez divulgue sua declaração de 2011.

A questão mais ampla não é aquilo que as declarações de renda de Mitt Romney têm a dizer sobre ele, e sim o que elas têm a dizer sobre a política tributária dos Estados Unidos. Existe algum bom motivo para que os ricos arquem com uma carga tributária surpreendentemente leve?

Pois é o que acontece. Se Romney estiver dizendo a verdade, ele representa exemplo bem típico de norte-americano muito rico.

Desde 1992, o serviço de receita vem divulgando os dados de renda e impostos dos 400 norte-americanos com as declarações de valor mais elevado. Em 2008, o ano mais recente para o qual dados estão disponíveis, esse grupo pagou apenas 18,1% em imposto de renda federal.

O motivo principal para que os ricos paguem tão pouco é que a maior parte de sua receita toma a forma de ganhos de capital, tributados à alíquota máxima de 15%, bem abaixo da alíquota mais alta sobre os salários. Assim, a questão é determinar se os ganhos de capital de fato merecem tratamento tributário especial.

Os defensores dos baixos impostos sobre os ricos empregam basicamente dois argumentos: o de que impostos baixos sobre os ganhos de capital são uma norma estabelecida há muito tempo e que são necessários para promover o crescimento econômico e a criação de empregos. As duas alegações são falsas.

Quando você se informa sobre os impostos baixíssimos pagos por gente como Romney, é importante saber que nem sempre foi assim.

Os dias em que os muitos ricos pagavam impostos altos não são coisa do passado distante. Em 1986, Ronald Reagan -sim, Reagan- assinou uma reforma tributária que adotava a mesma alíquota máxima para os impostos de renda e sobre ganhos de capital: 28%.

As alíquotas baixíssimas hoje vigentes, as mais baixas desde os dias de Herbert Hoover, datam apenas de 2003, quando o presidente George W. Bush forçou a aprovação de um corte nos impostos sobre ganhos de capital e nos impostos sobre dividendos pelo Congresso, algo que ele conseguiu explorando a ilusão de um triunfo rápido no Iraque.

Existem argumentos teóricos para o tratamento especial aos ganhos de capital, mas também existem argumentos contrários.

No primeiro mandato de Bill Clinton, quando os muito ricos pagavam impostos bem mais altos do que agora, a economia criou 11,5 milhões de empregos, o que apequena qualquer ganho obtido até mesmo nos melhores anos do governo Bush.

Assim, a dança dos impostos de Romney está nos fazendo um favor ao destacar os favores insensatos, injustos e dispendiosos que a classe mais alta vem recebendo.

Em um momento no qual pessoas que se declaram sérias nos dizem que os pobres e a classe média têm de sofrer em nome da probidade fiscal, impostos assim tão baixos sobre os mais ricos são indefensáveis.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Melhoria nos EUA.


Editorial da FOLHA DE S. PAULO DE HOJE, comenta que "dados mais recentes sobre economia norte-americana são positivos, mas devem ser vistos com cautela, pois problemas graves persistem." Pelo menos, uma esperança nestes tempos de crises.  

O ano se inicia com renovada esperança de uma recuperação mais consistente da economia norte-americana. Com efeito, depois da decepção da primeira metade do ano passado, quando os EUA cresceram menos de 1%, muito abaixo das expectativas, os resultados relativos aos últimos seis meses têm sido vistos como sinal de alento.

O PIB teve alta de 1,8% no terceiro trimestre e espera-se algo próximo a 3,5% nos três meses finais de 2011. A geração de emprego também ganhou fôlego, atingindo a marca de 200 mil novas vagas em dezembro, o que permitiu uma queda da taxa de desocupação de 9,2%, em junho, para 8,5%.

Mesmo assim, se a estimativa do quarto trimestre se confirmar, os EUA terão crescido apenas 1,7% no ano passado, pouco mais da metade do prognóstico inicial. Espera-se uma taxa de expansão do PIB perto de 2% para este ano, o que não é um desastre, mas está longe de repetir o padrão habitual de recuperação -que apontaria para crescimento pelo menos duas vezes mais elevado que o atual.

A performance fraca de 2011 foi fruto de vários fatores. Com as informações disponíveis hoje, é possível concluir que o crescimento da primeira metade do ano viu-se comprometido por alguns choques em sequência, em especial a alta de 30% dos preços do petróleo, que reduziu a renda disponível dos consumidores, e o terremoto no Japão, que interrompeu os fluxos de produção global em cadeias industriais importantes.

Nos últimos meses, a despeito do agravamento da crise europeia, é possível que esteja em curso uma compensação desses efeitos, que, por sua natureza, são temporários. Convém, portanto, cautela para não tomar os dados recentes como prenúncio de vigor prolongado ou definitivo "descolamento" dos EUA da crise mundial.

Ao menos por ora, o peso das dívidas imobiliárias e a situação desfavorável dos balanços dos bancos e do bolso dos consumidores conspiram para conter uma aceleração mais forte.

Uma boa notícia para 2012 foi a renovação dos estímulos fiscais para a geração de novos postos de trabalho e a extensão do seguro-desemprego, aprovadas no fim do ano passado. O Congresso tem dois meses para confirmar se elas valerão para o restante de 2012. Se isso ocorrer, como parece provável, permitirá ao governo Obama pelo menos evitar um indesejável aumento do aperto fiscal.

Com este pano de fundo, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) tem mantido viva a possibilidade de estímulos adicionais e deverá reforçar perante o mercado sua disposição em manter os juros próximos de zero pelo menos até o fim de 2013.

Politicamente, a recuperação recente pode melhorar as chances de Obama nas eleições presidenciais de novembro. Mesmo com crescimento baixo, é possível que o alívio gradual das condições de emprego faça a diferença em uma eleição que, apesar da aparente inexistência de um oponente republicano de peso, se anuncia tensa e concorrida.

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...