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sexta-feira, 22 de maio de 2020

VEJA: Os loucos para reviver Roosevelt e Keynes na era do vírus.



Tanto para os fãs quanto para os desafetos, John Maynard Keynes legou uma obra de respeito e tiradas preciosas pela capacidade de síntese e simplicidade de estilo.
Uma delas, para terminar: “O maior problema político da humanidade é combinar três coisas: eficiência econômica, justiça social e liberdade individual”.

segunda-feira, 31 de julho de 2017

John Maynard Keynes sempre atual.

“Uno debe entrar a una librería vagamente, casi como en un sueño, y permitir que los libros que están allí atraigan nuestra atención en forma libre. Caminar por estos negocios, dejándonos llevar por nuestra curiosidad, es una muy buena forma de entretenerse una tarde”.   

domingo, 11 de junho de 2017

Keynes e a sua atualidade neste ano de 2017.


Paul Krugman e as conclusões do clássico Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda:

1 - As economias podem sofrer, e muitas vezes sofrem, de uma deficiência geral da demanda, que leva ao desemprego involuntário.

2 - A tendência automática da economia para corrigir as carências da demanda, se existe, opera lenta e dolorosamente.

3 - As políticas adotadas pelo governo para aumentar a demanda, pelo contrário, podem reduzir o desemprego rapidamente.


4 - Por vezes, expandir a oferta de dinheiro não será suficiente para convencer o setor privado a gastar mais, e as despesas públicas terão de preencher a lacuna. 

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

sábado, 20 de agosto de 2016

O debate KEYNES X HAYEK na análise do biógrafo Nicholas Wapshott.



Muito boa a matéria da FOLHA DE S. PAULO sobre o conhecido livro do Nicholas Whapshott: KEYNES X HAYEK

John Maynard Keynes (1883-1946)
Nacionalidade
Britânico
Formação
Estudou no Colégio Eton e formou-se em economia no King's College, da universidade de Cambridge
Principal mentor
Alfred Marshall
Carreira
Funcionário do Tesouro britânico. Participou das negociações pós-Primeira Guerra, em Versailles. Professor do King's College, Universidade de Cambridge. Diretor do Bank of England. Foi um dos principais idealizadores do acordo de Bretton Woods, pprogressista e pragmático
Principais contribuições
Fator multiplicador (investimentos impulsionam novos investimentos, o que multiplica seu efeito)
Preferência pela liquidez (em momentos de insegurança, os agentes preferem ficar com o dinheiro líquido, abrindo mão de gastá-lo ou emprestá-lo)
Modelo AD-AS (curva de demanda e oferta agregadas)
Macroeconomia (a economia pode ser mais bem entendida compreendendo-se o quadro geral, olhando-se agregados da economia, como oferta, demanda e taxas de juros)
Quem influenciou
John Kenneth Galbraith, Paul Samuelson, Amartya Sen, Joseph Stiglitz, Paul Krugman, Thomas Piketty

Friedrich von Hayek (1899-1992)

Nacionalidade
Austríaco
Formação
Filosofia, psicologia e economia na Universidade de Viena, doutorados em direito e ciência política
Principal mentor
Ludwig von Mises
Carreira
Professor na London School of Economics (LSE), na Universidade de Chicago e na Universidade de Freiburg. Prêmio Nobel de Economia em 1974

Principais contribuições
Ciclo de negócios (ocorre quando a taxa de juros, preço que equilibra decisões de poupadores e investidores, se desajusta)
Conhecimento disperso (nenhum agente econômico tem todas as informações)
Livre mercado (preço formado sem intervenção é principal informação sobre decisões dos agentes)
Microeconomia (entender a economia como um todo é impossível; é preciso estudar a ação de indivíduos no mercado, a partir de itens como custos e valor)

Quem influenciou
Milton Friedman, Arthur Betz Laffer, Sir Karl Raimund Popper e George Stigler 

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Macroeconomia do Desenvolvimento - Uma perspectiva keynesiana.



Lançamento de "Macroeconomia do desenvolvimento - uma  perspectiva keynesiana", de José Luis Oreiro, na Livraria Travessa, da Voluntários da Pátria, no próximo 20 de junho de 2016, das 19h às 21h30,  seguido de coquetel.


sábado, 14 de maio de 2016

Keynes x Hayek de Nicholas Wapshott agora no Brasil pela Editora Record.


Na Saraiva o ótimo lançamento da Editora Record "Keynes X Hayek" de Nicholas Wapshott.

Dois dos maiores economistas da história, John Maynard Keynes e Friedrich von Hayek estiveram em lados opostos da maior batalha econômica de todos os tempos: se os governos deveriam ou não intervir nos mercados. Nas ruínas da Primeira Guerra Mundial, ambos estudaram o crescimento e a queda do ciclo de negócios, chegando a conclusões muito diferentes: Hayek achava que alterar o “equilíbrio natural” da economia resultaria em inflação galopante, enquanto Keynes acreditava que o desemprego em massa e a miséria que marcavam o fim de um ciclo poderiam ser encurtados com gasto governamental. Os dois discordariam pelo resto de suas vidas. E suas ideias ganhariam e perderiam o apoio de políticos – de Franklin Roosevelt a George W. Bush –, além de influenciar a vida e o sustento de milhões. Da Grande Depressão à Segunda Guerra Mundial, e da recuperação do pós-guerra aos dias atuais, o veterano jornalista Nicholas Wapshott examina, neste “Keynes x Hayek”, os animados debates entre esses dois gigantes do século XX cujas visões divergentes moldaram a ascensão e a queda de economias em todo o mundo.


terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Keynes: A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda - 80 anos.


Publicado inicialmente em fevereiro de 1936, um pouco antes da XX Guerra Mundial, "A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda" de John Maynard Keynes completa 80 anos e continua sendo um marco na história da Economia. 

Como escreveu Keynes, "porém, cedo ou tarde, são as ideias, e não os interesses adquiridos, que representam um perigo, seja para o bem, seja para o mal."

Totalmente atual neste complicado 2016!    

sábado, 2 de maio de 2015

John Maynard Keynes em 2015.

Keynes (1883-1946) foi o inglês mais inteligente de sua geração.

Ele tinha uma capacidade analítica incomum, abordava os problemas por ângulos sempre novos e não receava mudar de ideia.

Foi dono de um poder de persuasão poucas vezes visto na história.

Richard Davenport-Hines em entrevista a VEJA.  

domingo, 14 de setembro de 2014

A Argentina usa e abusa de Keynes.

Do Project Syndicate, matéria especial sobre a Argentina. 

Em 1971, Richard Nixon, presidente republicano dos Estados Unidos, disse numa frase célebre: "Somos todos keynesianos agora". Hoje, o peronista Axel Kicillof, ministro da Economia da Argentina, ecoa este sentimento. Ele está certo?

Kicillof ganhou reconhecimento internacional como a face pública da luta argentina contra os chamados fundos abutres que querem extorquir o pagamento integral de títulos argentinos comprados por centavos de dólar. Mas, antes de entrar para o gabinete da presidente Christina Fernández de Kirchner, Kicillof era conhecido nos círculos intelectuais argentinos como o autor do livro Volver a Keynes (Voltar a Keynes).

Na semana passada, dirigindo-se a um salão dourado, lotado pela elite argentina dos negócios, Kicillof explicou as políticas do governo como uma aplicação prática das teorias keynesianas. Em um discurso de uma hora, ele ressaltou dois pontos-chave.

Primeiro, Kicillof atribuiu o rápido crescimento econômico da Argentina, nos anos entre 2001, do calote da dívida, e 2008, da crise financeira global, à uma reativação keynesiana de demanda agregada doméstica. Keynes fez uma tremenda colaboração intelectual ao mostrar que a oferta em uma economia de mercado não necessariamente cria sua própria demanda, e que déficits de demanda podem causar recessões evitáveis. Esta lógica está em curso na Argentina?

Em 2001, quando a economia argentina implodiu, os cidadãos perderam seus empregos e as empresas o acesso ao crédito, levando a demanda interna ao colapso.

Mas, quando o país abandonou a paridade cambial de um por um em relação ao dólar americano, a taxa de câmbio real sofreu uma forte desvalorização. Isto desviou a demanda por importações para os produtos internos. Em seguida, a alavancada do preço das exportações de alimentos, taxadas pesadamente na Argentina, aumentou a receita do governo,  provendo o dinheiro para financiar os gastos orçamentários inflacionados. Dado o isolamento da Argentina dos mercados financeiros mundiais, o banco central do país pôde cortar as taxas de juros internas com temor limitado de evasão de capital. O impulso fiscal e monetário sustentou uma recuperação rápida.

À primeira vista, Kicillof parece estar certo: este parece um caso exemplar da reativação keynesiana. Mas Keynes não aprovaria as políticas macroeconômicas aplicadas por Christina e por seu predecessor e marido, o falecido Néstor Kirchner.

Uma abordagem keynesiana asseguraria que a oferta não ficasse aquém da demanda. Os Kirchner fizeram com que a demanda superasse largamente a oferta. O fato de a taxa inflacionária anual da Argentina ter-se mantido em 20% ou mais, por mais de uma década, ilustra isto claramente - e isto não pode ser ocultado por taxas de serviço congeladas e manipulação constante do índice de preços ao consumidor.

O segundo ponto de Kicillof foi que as empresas e os consumidores argentinos não devem sucumbir ao pessimismo. Aludindo às teorias de Keynes sobre expectativas autossatisfatórias, ele alertou que, se as pessoas esperam que as coisas deem errado, elas vão dar.

Keynes disse mesmo - e foi uma visão muito importante - que a economia capitalista assemelha-se a um concurso de beleza, com juízes votando não na competidora mais bonita, mas na competidora que eles acreditam que os seus colegas vão achar mais bonita. Mudanças nas expectativas, portanto, podem alterar o resultado.

Mas os argentinos não são pessimistas em relação à economia porque outros argentinos são pessimistas. Eles são pessimistas porque as bases da economia são fracas - uma diferença fundamental.

Em 1991, o economista Paul Krugman, vencedor do Nobel e talvez o mais proeminente keynesiano no mundo hoje, mostrou que o fato de as expectativas serem ou não autossatisfatórias depende das condições econômicas subjacentes. Se as bases da economia são muito fracas, uma crise inevitavelmente irá acontecer mais cedo ou mais tarde. Se as bases são muito fortes, uma crise jamais acontece. E se elas são intermediárias, uma crise só acontece se - e apenas nessas condições - as pessoas esperam que ela aconteça.

Há alguns anos, a zona do euro estava nesta situação. É por isso que o apelo de Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu, para salvar o euro imediatamente, "custe o que custar", deteve a crise da dívida (a crise de crescimento, é claro, ainda não foi resolvida).

Mas a Argentina não é a zona do euro. Não há nada que Kicillof possa dizer hoje que tenha o mesmo efeito tranquilizador que a promessa de Draghi. Os argentinos hoje sentem-se muito como Dorothy, quando ela aterrissou em Oz pela primeira vez - não estão mais no seguro e familiar "Kansas". Mas Keynes não é o culpado. Kicillof e Kirchner, sim.

Andrés Velasco, ex-ministro das Finanças do Chile, é professor convidado na Universidade de Columbia.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Livros para gestores: de Keynes a Sun Tzu.

Recentemente li no VALOR ECONÔMICO uma excelente matéria sobre LIVROS que devem estar na biblioteca básica de gestores. E do que li, constam grandes mestres da nossa Economia. 

A presença de peso de John Maynard Keynes na biblioteca básica dos gestores também é um sintoma do interesse pelas crises. Como autor ou tema, o economista inglês aparece na lista de dois gestores, com três obras. "O mundo em que estamos vivendo hoje é muito keynesiano", afirma Luiz Carlos Mendonça de Barros, diretor-estrategista da Quest Investimentos. A crise americana, considera, se encaixa bem nesse arcabouço teórico. "Um período de boom leva a uma série de exageros dentro do próprio sistema, vinculados à ganância e à especulação, que acabam criando uma crise que interrompe esse processo de crescimento", explica Mendonça de Barros.

O sócio da Quest diz que seu otimismo quanto à recuperação da economia dos Estados Unidos está ligado ao fato de considerar que o governo do país tem seguido a cartilha keynesiana. Na lista recomendada por Mendonça de Barros, chama a atenção a indicação de "A Arte da Guerra", do chinês Sun Tzu. O livro ensina as técnicas para vencer um conflito bélico. "Porque investir ou gerir fundos é uma guerra, é bom estar esperto", brinca o economista que, em tempos de novas tecnologias, ainda é apegado ao livro de papel. Em viagens longas, entretanto, ele faz uma concessão às obras digitalizadas. "Viajar para fora e levar livro virou um negócio de velho reacionário. E isso eu não sou."


Keynes também está na lista indicada por Arminio Fraga. Não na versão macroeconomista, mas na pele de investidor. Biógrafos contam que ele fez fortuna com ações, em uma faceta menos conhecida. Sobre períodos de estresse, o fundador da Gávea indica "Manias, Panics and Crashes", de Charles Kindleberger (Manias, Pânico e Crashes, na tradução para o português). É um clássico sobre crises financeiras, diz Fraga, baseado em eventos históricos e inspirado em Hyman Minsky, economista que estudou o surgimento da instabilidade a partir da estabilidade, "visão hoje muito em voga por razões óbvias", diz Fraga.

sábado, 31 de agosto de 2013

Argentina: nas universidades mais Marx, Keynes e Prebisch.

Matéria no ESTADÃO, informa que o ministro da Economia da Argentina, Amado Boudou, e seu vice, Roberto Feletti, defendem que as faculdades federais de economia do país modifiquem a atual grade escolar para dar "mais espaço" para as teorias do alemão Karl Marx, do inglês John Keynes e do argentino Raul Prebisch (fundador da Cepal), segundo confirmou à BBC Brasil o subsecretário de Coordenação Econômica do Ministério da Economia, Alejandro Robba.

"As faculdades argentinas hoje apresentam grades mais ortodoxas e nós apoiamos que elas sejam mais heterodoxas", disse.

"Além de Karl Marx, de Keynes e de Prebisch, o ministro apoia a maior presença de textos do professor (brasileiro) Franklin Serrano e do (polaco Michal) Kalecki, entre outros", disse.

E agora colegas brasileiros?

sábado, 1 de junho de 2013

Keynes é nosso.

Localizei em meus arquivos este artigo do Gustavo Franco, o qual compartilho com os meus quase, ainda, espero, dois fiéis leitores. 

Há muita gente celebrando o fim do capitalismo, ou do neoliberalismo, os termos são usados como sinônimos.

Mas é verdade também que todos os celebrantes estão com muito medo, por causa de ao menos uma de três razões: não têm idéia do que está se passando, não sabem o que vem "depois" e, como as pessoas comuns, têm dúvidas sobre suas poupanças, sua aposentadoria, essas coisas materiais que afetam até mesmo os grandes poetas.

Embora a atmosfera esteja carregada demais para vaticínios, parece razoável supor que o capitalismo não vá acabar. E mais: como disse recentemente Paul Samuelson, a economia de mercado tem cerca de mil anos de serviços prestados, ao passo que os experimentos sob os auspícios de Marx, Lênin, Stálin, Fidel, Chávez são nada menos do que trágicos. Tal como a democracia, o capitalismo tem muitos defeitos, mas bate a concorrência por ampla margem.

Vale lembrar que as crises financeiras existem desde sempre, e que invariavelmente são combatidas por intervenções salvadoras dos governos, que terminam fazendo o sistema mais robusto. John Maynard Keynes, tão lembrado recentemente, foi um dos heróis na vitória sobre uma grande crise e estava muito longe de ser hostil ao que hoje se chama de neoliberalismo.

Muito ao contrário, desprezava os heterodoxos e dizia que a luta de classes sempre o encontraria ao lado da burguesia educada.

Na verdade, para os que acreditam em mercados e no capitalismo, o pragmatismo se chama Keynes. É dele que as pessoas falam quando é preciso inovar e produzir uma "resposta criadora" diante de uma urgência grave e inesperada. Podiam invocar também Schumpeter, a quem pertence esta linguagem, mas dá no mesmo. Ambos eram homens do sistema, e não "rebeldes".

O fato é que, na presença de crises bancárias, sempre há intervenção governamental, e não é preciso ir longe para atestar: aqui mesmo, durante uma época que se dizia haver um "interlúdio neoliberal", entre 1995 e 1998, o Banco Central do Brasil fez cerca de 80 intervenções em bancos, metade no contexto de regimes especiais, o resto no contexto de mudanças de controle acionário com variado grau de incentivo ou empurrão.

Graças a estas intervenções não tivemos crise bancária na ocasião, e chegamos a este momento com o sistema em excelentes condições.


Fica-se com a impressão de que "intervenções do Estado no domínio econômico" têm mais chances de funcionar quando feitas por gente que acredita em mercados e que vê a intervenção como exceção, não como regra.

domingo, 11 de novembro de 2012

Keynes, o retorno.


Exclusivamente para o colega de CAEN, atualmente estudando em Portugal, Alexandre Fermanian, a análise de LUIZ FELIPE DE ALENCASTRO, hoje na FOLHA DE S. PAULO, sobre as eleições americanas.  

A reeleição de Obama, na terça passada, deveu-se à radicalização conservadora de seu adversário, que selou o apoio aos democratas de imigrantes, mulheres e jovens, mas sobretudo às políticas sociais e à intervenção estatal para enfrentar a crise econômica, devolvendo à pauta as ideias do economista J.M. Keynes.

Passadas as surpresas de 6/11, parte dos comentaristas banaliza os resultados das eleições americanas. Assim, a campanha de 2012 não teria mudado nada em Washington. Barack Obama permanece na Casa Branca e o Congresso continua dividido como antes: maioria republicana na Câmara e democrata no Senado. Uma manchete do site do "New York Times" resumiu essa interpretação: "Obama obtém uma nítida vitória, mas a balança do poder não mudou em Washington".

Todavia, outros artigos do jornal nova-iorquino - e da mídia americana - alteram tal perspectiva. Efetivamente, como nas grandes viradas políticas geradas por um forte reposicionamento eleitoral, a vitória de Obama tem uma dupla dimensão: ela provoca a debandada de seus adversários republicanos e reforça o Partido Democrata.

Para além da contagem dos votos de uns e de outros no Congresso, um Partido Democrata renovado enfrenta agora um Partido Republicano apoplético: a balança do poder mudou, sim, em Washington. As longas e polêmicas primárias republicanas fragilizaram a candidatura Romney.

Em campanha há seis anos, desde as primárias para a eleição de 2008, o republicano teve primeiro que terçar armas no seu próprio partido. Na sequência da radicalização inaugurada por Sarah Palin em 2008, o sucesso de Rick Santorum entre os partidários do Tea Party e das teses mais conservadoras, levou a campanha republicana muito para a direita.

Romney teve de correr atrás dos votos de Santorum, fazendo declarações que queimaram seu prestígio junto aos republicanos mais liberais, aos latinos e aos trabalhadores das indústrias socorridas pelo governo federal. Aproveitando essas derrapadas e as controvérsias sobre o passado empresarial de Romney, os marqueteiros democratas pegaram pesado, apresentando-o como um ricaço insensível aos pobres.

No meio do ano, um anúncio da campanha de Obama na TV responsabilizava Romney pelo fechamento de fábricas e entrevistava metalúrgicos desempregados que o chamavam de "vampiro".

Houve também uma radicalização de Romney nos temas relativos à política externa e às suas ameaças diretas à Rússia e à China. Sobretudo ficou patente sua hesitação na política interna e sua inexperiência diplomática. Chamando Romney de "volúvel" ("ever-changing"), a revista conservadora britânica "The Economist" declarou seu apoio à reeleição de Obama.

Perdendo o pé junto aos latinos - que anteriormente pesavam menos no eleitorado e, em boa parte, votavam republicano -, afastados do eleitorado feminino e dos jovens, os republicanos saem das eleições enfraquecidos e desorientados. Para alguns comentaristas, a viabilidade nacional do partido está agora posta em questão.

Tais circunstâncias permitiram que Obama se situasse como um líder mais coerente na política econômica e mais moderado no campo internacional. No discurso da vitória, em Chicago, Obama sublinhou dois pontos que considerava como trunfos de seu primeiro mandato: "a economia está se recuperando" e "uma década de guerras está terminando", referindo-se à retirada das tropas americanas do Afeganistão.

A força e o vigor do partido democrata nascem do enraizamento da aliança social e política que levou Obama à Casa Branca quatro anos atrás. Como notaram os editorialistas americanos, o erro mais importante da direção republicana consistiu em considerar que Obama havia sido eleito meio por acaso. Para esses dirigentes, o início da Grande Recessão e o estrondo de setembro de 2008, com a bancarrota do Lehman Brothers, teriam baqueado o governo Bush e entregado a Casa Branca de bandeja para Obama.

Depois disso sua vitória teria virado pó. A prova? Obama sofrera uma pesada derrota nas legislativas de 2010 e, num contexto econômico ainda difícil, não teria condições de se reeleger. A taxa de desemprego beira 8% nos EUA e, desde os anos 1930, nenhum presidente havia conseguido se reeleger com essa taxa acima de 7,2%. A fieira de dirigentes europeus derrubados pela crise nas eleições dos últimos anos parecia confirmar o raciocínio dos republicanos.

Em maio, o portal de notícias "Examiner", baseado em Denver, perguntou: "A eleição de Obama em 2008 foi um golpe de sorte ("fluke")"? Agora, do jornal "Washington Post", numa análise de escopo nacional, ao "Richdmond Times Dispatch", num balanço sobre a Virgínia (Estado vezeiro no cerceamento do voto das minorias, onde Obama venceu pela segunda vez), a maioria dos editorialistas constata: 2008 não foi um "fluke", a reeleição demonstra que o presidente construiu uma base política consistente.

As mulheres solteiras, os jovens, os latinos, os negros, os asiáticos, os trabalhadores industriais e setores liberais dos Estados situados nos litorais oceânicos americanos reelegeram Obama. Essa coalizão deu novo impulso aos democratas, até porque a maioria democrata no Senado também evoluiu.

Conhecido como "Blue Dog", o grupo de senadores democratas conservadores ou moderados reduziu-se, cedendo lugar para senadores mais próximos dos princípios de solidariedade social e de regulação econômica que têm sido esconjurados desde a era Reagan (1981-89). Outros pontos do novo perfil democrata são mais sutis.

Ainda em maio, numa entrevista exclusiva à rede ABC, concedida a uma jornalista amiga, Robin Roberts, Obama declarou-se favorável ao casamento gay. Ele tomou a iniciativa de caso pensado, sabendo que a militância mais jovem, essencial na sua campanha, apoia amplamente tal declaração. Sabia também que a porcentagem dos americanos favoráveis a essa forma de união passou de 27% em 1996 a 53% em 2012, segundo pesquisa do Gallup, e que os casais gays são importantes doadores do Partido Democrata.

A análise detalhada dos resultados eleitorais imprime um significado histórico à vitória democrata. Tome-se o caso de dois Estados-chave nesta e noutras eleições, cujo resultado decide a parada no nível nacional, Ohio e Flórida.

A maioria dos comentaristas concorda que a vitória de Obama em Ohio (nenhum republicano venceu a corrida presidencial sem ganhar neste Estado), e no vizinho Michigan (onde o pai de Romney foi governador, onde ele cresceu e tem parentes) deveu-se à intervenção e aos empréstimos do governo federal para salvar um milhão de empregos da indústria automobilística combalida pela crise.

Na hora em que escrevo, a contagem de votos ainda não terminou na Flórida e o resultado do escrutínio ali tornou-se irrelevante: Obama ganhou a parada, mesmo perdendo na Flórida. Mas a apuração indica a vitória democrata. Além disso, num referendo estadual, os eleitores da Flórida repudiaram restrições ao "Obamacare", a reforma do sistema de saúde que favorece os pobres e regula as empresas do setor.

Na Flórida, e mais incisivamente na Virgínia e noutros Estados onde os democratas venceram, pesou o voto dos latinos e de outras minorias assustadas com a política anti-imigratória apregoada por Romney. Mas há camadas sociais mais densas que ajudaram a reeleger o presidente.

As pesquisas de boca de urna mostraram que Obama venceu entre os eleitores de menor renda (abaixo dos US$ 50.000 anuais) e que sua vantagem é ainda maior entre os mais pobres. Nesse contexto, sua reeleição permite avançar na implementação do novo sistema de saúde, consolidando a reforma e a base social dos democratas.

O apoio mais amplo do eleitorado às intervenções do governo federal na defesa dos empregos industriais e na proteção social, reabilita os investimentos e as políticas públicas.

Considerado peça de museu por boa parte dos economistas e dos ideólogos, o keynisianismo está de novo na ordem do dia nos EUA.

sábado, 3 de novembro de 2012

Keynes X Hayek em 2012.


Estava viajando e somente hoje li a matéria que a ÉPOCA publicou sobre as ideias do austríaco Friedrich von Hayek, em pauta na eleição americana, graças ao Paul Ryan, o vice de Mitt Romney. O quadro com a batalha intelectual do século XX entre Friedrich von Hayek e John Maynard Keynes é bastante didático e traz surpresas para quem conhece apenas um dos economistas.

Assim como em 1930 a maioria dos economistas e políticos desprezava as ideias de Keynes e somente em 1950 elas se tornaram a ortodoxia reinante nos Estados Unidos, não é impossível que os estudos de Hayek sejam as próximas ideias na ortodoxia dominante. 

Indiferente de quem está correto, (afinal todos tem a sua razão de pensar), o importante é que são clássicos. Nestes tempos de graves crises econômicas na maior parte do mundo, é um luxo ter a colaboração de Keynes e Hayek na complexa resolução dos nossos problemas. 

domingo, 12 de agosto de 2012

Keynes, Hayek, Marx, Engels, Amartya Sen: a imaginação econômica.


Hoje, no caderno Ilustríssima da FOLHA DE S. PAULO, um aperitivo do novo livro da norte-americana Sylvia Nasar. "A Imaginação Econômica" é uma vibrante narrativa da evolução das ideias econômicas, de Marx e Engels a Amartya Sen. Abaixo, leia parte do capítulo sobre um dos protagonistas, John M. Keynes. A Companhia das Letras lança o livro no final do mês. Da autora eu li o ótimo "Uma Mente Brilhante", sobre o genial John Nash, depois no cinema com Russel Crowe no papel do gênio da Matemática. Imperdível leitura.  

O economista britânico John Maynard Keynes descreveu a viagem transatlântica com sua mulher Lydia no Queen Mary, em junho de 1944, semanas antes da conferência monetária internacional de Bretton Woods, New Hampshire, "como um momento extremamente tranquilo, mas também extremamente atarefado".

Viajava na companhia de Friedrich von Hayek e do agora amigo íntimo Lionel Robbins, além de 12 agentes governamentais britânicos. Keynes presidiu mais de 13 encontros a bordo e teve destaque na escrita de dois "rascunhos de bordo" sobre as duas principais instituições que administrariam os acordos monetários do pós-Guerra: o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial.

Nos momentos de folga, ele se estirava numa espreguiçadeira no convés e lia livros. Com uma nova edição da "República", de Platão, e uma biografia de seu ensaísta preferido, Thomas Babington Macaulay, ele leu "O Caminho da Servidão", de Hayek.

Em contraste com seus discípulos mais doutrinários, Keynes era um gênio capaz de defender, em pensamento, duas verdades opostas: "Moral e filosoficamente", ele escreveu numa longa carta a Hayek, "eu me vejo de acordo com quase tudo o que você escreveu; e não apenas de acordo, mas é um acordo que me envolve profundamente".

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...