quinta-feira, 17 de março de 2011

O BRASIL NA THE ECONOMIST

IN APRIL 2009, shortly after becoming president of the United States, Barack Obama attended a 34-country Summit of the Americas in Trinidad where he charmed those present—even Venezuela’s Hugo Chávez—with a call for the often fractious relationship between the United States and its neighbours to become an “equal partnership”. Two years on Mr Obama remains wildly popular with ordinary Latin Americans. But as he sets off on March 19th for his first trip to South America, he will find it hard to shake off a familiar air of mutual frustration.

For a start, part of Mr Obama’s mind will surely be elsewhere, on the wrangling in Washington over the budget and on the events in the Arab world and Japan. It must once have seemed a good idea to spend a weekend in Rio de Janeiro, watching a song-and-dance show in a favela. But to his domestic opponents it may not appear so.

For many South Americans, the United States is no longer the only game in town (if it ever was). Trade with China is booming. Many South American countries feel increasingly confident that they can make their own mark in the world. That is especially true of Brazil, the most important leg of Mr Obama’s trip.

Relations between the two countries have long been beset by minor niggles. But last year saw a big falling-out over policy towards Iran. Brazil, along with Turkey, voted against the UN resolution that tightened sanctions against Iran’s nuclear programme. Luiz Inácio Lula da Silva, Brazil’s then president, had earlier tried to broker a deal with Iran.

Brazil’s new president, Dilma Rousseff, is a protégée of Lula. But American diplomats are heartened by signs that she wants a fresh start. She has distanced herself from Iran, saying that she disagreed with Brazil’s previous abstention on votes condemning the country’s human-rights record. In a cabinet with many holdovers from Lula’s day, one change stands out: Celso Amorim, who was closely associated with the Iranian adventure, has been replaced as foreign minister by Antonio Patriota, a former ambassador to the United States who is married to an American.

Mr Obama and Ms Rousseff have potentially important business to do. They will sign agreements on scientific co-operation and the cross-recognition of patents. They will also talk of weightier matters. Mr Obama will want to push business opportunities for American firms; the United States has a rising trade surplus with Brazil and the White House is selling the visit as part of its efforts to revive the economy. Although Ms Rousseff has postponed a $6 billion order for fighter jets, Mr Obama will press the merits of Boeing F-18s (rather than France’s Rafale). The Brazilians want technology transferred in the eventual deal; they also want to sell to the Americans their own military-transport aircraft.

The Americans would like Brazil’s backing for their calls for China to revalue the yuan, though Brazil’s policymakers also blame the Federal Reserve’s loose monetary policy for the overvaluation of the real. Brazil wants the United States to end its subsidy to its inefficient corn-ethanol producers. That would open the market for Brazil’s sugar ethanol.

Brazil craves American support for its claim to a permanent seat on the UN Security Council. In November Mr Obama gave explicit backing to India’s claim. But the mistrust sown by Lula’s Iranian gambit means that the furthest the administration has gone is to say that it “admires” Brazil’s “growing global leadership” and “aspiration” to the seat, as Hillary Clinton, the secretary of state, put it last month.

Mr Obama’s next stop, in Chile, was to see an agreement on nuclear co-operation. But Chile, subject to earthquakes and tsunamis, is fast reconsidering the idea of nuclear power. Mr Obama’s last stop is El Salvador. Its president, Mauricio Funes, is a moderate, pro-American leftist; and Central America is beset with drug violence.

In Santiago Mr Obama is to give a speech setting out his vision of relations with Latin America. It will not be easy. The issues that matter most south of the border are migration, curbing America’s demand for drugs and export of guns, expanding trade and ending the American embargo against Cuba. On all of these the president is circumscribed by political deadlock in Washington.

The United States still matters in many ways in Latin America. Mr Obama’s own story inspires many in a region where blacks and indigenous people are often disadvantaged. He can be a powerful voice for democracy and human rights. But unless his words are backed up with some substance his appeal may fade.

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quarta-feira, 16 de março de 2011

2011

Novamente DELFIM NETTO, direto do VALOR, escreve sobre a economia em 2011.

O esporte nacional é estimar (ou melhor, "prever") qual será o nível do crescimento do PIB, da taxa de inflação e do deficit em conta-corrente neste ano.

Os economistas que estão fora do restrito círculo dos que formulam as políticas (os "policy makers", que têm suas "teorias", suas ideologias e idiossincrasias) as veem sob diferentes ângulos: com outras "teorias", ideologias e idiossincrasias e, portanto as avaliam diferentemente. É preciso paciência e lucidez para aceitar esse fato.

Não se trata, necessariamente, de má-fé. É apenas consequência natural da complexidade dos fenômenos econômicos. Criaram-se "escolas" cujo sucesso relativo depende da sua retórica e de sua capacidade de "explicar" convincentemente certos "fatos" históricos.

É exatamente essa possibilidade de múltiplas visões (cada uma delas pretendendo o monopólio da "verdade") que dá "atratividade" às projeções dos mais diferentes analistas.

Cada um usa os seus conhecimentos como oráculos que transmitem ao público os impactos que as medidas econômicas tomadas pelo governo terão no futuro, o que tem enorme poder de influenciar a "mídia".

A diferença entre as medidas gradualistas do governo (que pode cometer erros) e as agressivas sugeridas por alguns analistas (que também erram) é que as primeiras são frequentemente condicionadas pela factibilidade política (e outros compromissos como a contínua redução da pobreza). Já as segundas são condicionadas só pelos valores dos autores no seu papel predileto, mas nunca explicitamente revelado, de "déspotas esclarecidos" portadores da "ciência" econômica salvadora...

Como é evidente, o que será o ano de 2011 não está dado.

Ele dependerá da qualidade e da credibilidade das políticas internas e dos avanços que pudermos implementar no nível micro e macroeconômicos.

São muitos e necessários, como o estrito cumprimento do ajuste proposto (que parece razoável), da manipulação criteriosa da taxa de juros, do uso subsidiário de medidas macroprudenciais, da melhoria da gestão pública, do enfrentamento definitivo dos mecanismos de autoalimentação inflacionária da multitude de indexações, do problema da previdência pública, da flexibilização do juro real da caderneta de poupança e da evolução da economia mundial.

Este ano não depende apenas de fatores objetivos, mas das "expectativas" que se formarão em torno deles e da capacidade do governo de cooptar o setor privado sobre a qualidade de sua ação.

Alerta na USP.

Recebe-se com estranheza a notícia: cresce o número dos alunos que, aprovados no vestibular, não se animam a matricular-se na USP (Universidade de São Paulo).

Estima-se, num cálculo ainda sujeito a correções, que 25% dos estudantes admitidos em primeira chamada não se apresentam para o curso. Eram 13% em 2005.

Vários fatores, segundo os especialistas, influem no fenômeno. Haveria alunos, por exemplo, optando por cursos pagos em faculdades de elite, mais prestigiosos que os da USP em algumas áreas.

Na outra ponta do espectro social, estudantes de poucos recursos podem preferir uma universidade menos reconhecida sob o ângulo acadêmico, mas situada em área mais próxima dos locais de trabalho e moradia. Ou então: a perspectiva de inserção rápida no mercado de trabalho seria mais interessante, para determinados jovens, do que a obtenção de um diploma de excelência.

Observe-se que, nas faculdades particulares, um fenômeno paralelo tem ocorrido: aumentou o número de alunos que desistem de cursá-las, a meio do caminho. A decepção com a qualidade do ensino e a dificuldade em arcar com os custos do curso, nesses casos, são as explicações mais comuns.

Diversos fatores econômicos se acrescentam ao quadro. A vantagem da gratuidade do ensino, na USP, perde importância diante do aumento de vagas nas escolas federais e da disseminação de mecanismos como ProUni (bolsas na rede privada) e Fies (financiamento estudantil do governo federal).

Torna-se difícil, sem pesquisa detalhada, distinguir o que há de positivo e de negativo no fenômeno. Não deixa de ser boa notícia, de ponto de vista mais geral, que alunos se deem ao luxo de dispensar a vaga na USP, preferindo algo ainda melhor. A interpretação inversa não é menos plausível: por necessidade, e não luxo, contentarem-se com ensino inferior.

Em qualquer das alternativas, todavia, um problema de base persiste. É o de uma certa falta de adequação entre demanda e oferta, que a estrutura esclerosada da USP contribui para agravar.

Sem agilidade para criar vagas em cursos mais procurados, reduzindo-as proporcionalmente em outras disciplinas, cria-se em toda a universidade processo de acomodação e falta de criatividade, que a experiência da USP Leste não foi capaz de reverter.

Apesar do prestígio ainda intacto, e de sua colocação no "ranking" nacional (os internacionais, mesmo entre países emergentes, não registram nada de tão alvissareiro), a USP corre, há tempos, o risco da estagnação. Os números agora divulgados podem servir como um novo alerta.

terça-feira, 15 de março de 2011

Cuidado com os falcões.

No VALOR ECONÔMICO de hoje, Antonio Delfim Netto alerta para o “cuidado com os falcões.” Embora não concorde com grande parte do artigo, este blog publica por ter certeza que todo conhecimento é válido para uma discussão.

Nos últimos oito anos, a despeito das profundas mudanças no sentimento nacional, a economia brasileira cresceu muito pouco: cerca de 4% ao ano, praticamente o mesmo que a economia mundial (3,8%). Mas no período houve uma importante diferença como se vê na primeira tabela abaixo.

Ela explica-se, basicamente, por dois motivos: 1º) pela ênfase no Programa de Aceleração do Crescimento (o PAC) que reacendeu a partir de 2006 o "espírito animal" do próprio governo, dos trabalhadores e dos empresários que havia sido anestesiado pela falsa proposição (aceita pelo Banco Central sob o estímulo do sistema financeiro) que o "produto potencial" do Brasil permitia, apenas, um crescimento de 3,5% ao ano e, para não produzir uma aceleração da taxa de inflação, deveria praticar uma "taxa neutra" de juros real quase quatro vezes a mundial; e, 2º) pela maior rapidez com que o Brasil superou a crise produzida pelo desastroso comportamento do sistema financeiro internacional: no período 2008/09 o mundo cresceu em torno de 1% ao ano, e o Brasil cresceu em torno de 2,3%. Talvez uma visão um pouco melhor dos dois períodos possa ser apreciada na segunda tabela abaixo.

Nada recomenda ou exige, como afirmam alguns "falcões" do mercado financeiro, um ajuste dramático da situação fiscal e monetária. Algumas de suas sugestões são sensatas, como o controle das despesas de custeio e das transferências voluntárias, impondo-lhes um crescimento sistematicamente menor do que o do PIB. Outras são absurdas, como executar uma combinação de política fiscal super-restritiva, uma política monetária que racione o crédito com aumentos "musculosos" da taxa de juro real (colocando-a ainda mais longe da taxa de juro real do mundo) e liberdade para o câmbio valorizar-se "naturalmente", de acordo com os "fundamentais"... Infelizmente a taxa de câmbio (como um ativo financeiro) tem pouca relação "natural" com os "fundamentais"!

Muitos devem ter assistido a um desses "falcões", respeitado analista do mercado financeiro (que pretensiosamente acredita-se portador da "verdadeira" ciência econômica), afirmar num programa de televisão, que aquela "receita" é o "único caminho para reduzir o crescimento do PIB em 2011 para 3% e, assim, terminar o ano com uma inflação de 4,5%"... Ao contrário, o mais provável é que sua sugestão não apenas destruiria o "ajuste" (fiscal, monetário e cambial) que está sendo feito, como anestesiaria o ressuscitado "espírito animal" que tem animado o recente crescimento da economia.

Não deixa de ser um pouco extravagante a ideia que numa economia de mercado temos o poder de "fixar" o crescimento do PIB que desejamos. Este depende, basicamente, das "expectativas" sobre a demanda futura por parte dos empresários (que avaliam a oportunidade de novos investimentos) e dos trabalhadores (que avaliam a probabilidade e a qualidade de seu emprego), o que determina o nível de seu consumo.

Pode-se admitir que o governo cometeu alguns exageros e pecados veniais. Por exemplo, não ter eliminado todos os mecanismos de indexação quando a expectativa inflacionária estava bem ancorada nos 4,5% e não ter perseguido algumas reformas necessárias. Ou ter insistido (pela necessidade de dar maior velocidade à ampliação da demanda) numa política anticíclica de gastos correntes permanentes. A verdade, entretanto, é que ele levou o Brasil a superar mais rapidamente do que seus parceiros a crise internacional de 2008/09. Nada, afinal, que não possa ser corrigido com cuidadosas políticas fiscal, monetária e cambial críveis e bem coordenadas.

A inflação que está aí depende de fatores internos (de um aumento ainda não bem avaliado da demanda global sobre a oferta global, da estacionalidade, da acidentalidade, da fundamental e proposital redistribuição de renda que alterou a estrutura da demanda, da construção de monopólios protegidos na oferta de insumos básicos, da péssima qualidade dos serviços públicos que dissipam a produtividade do setor privado etc). E de fatores externos, como prova a co-variação da nossa taxa de inflação com relação à de todo o mundo emergente.

Porém, três coisas são certas: 1º) não devemos acreditar cegamente que o crescimento de 7,5% em 2010 representou uma dramática divergência entre a oferta e a demanda globais. Em boa parte foi produto de um "artefato" estatístico; 2º) o governo tem mesmo que reduzir a taxa de crescimento do consumo e aumentar sua eficiência; e 3º) que 2011 não está dado. Temos uma nova política fiscal, uma nova política monetária e uma maior coordenação entre elas. 2011 será o que formos capazes de fazer dele!

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...