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domingo, 5 de fevereiro de 2017

José Roberto Mendonça de Barros e o PIB brasileiro em 2017.

José Roberto Mendonça de Barros deu cinco motivos para acreditar que o PIB crescerá mais do que o previsto:

1 – “Deveremos colher neste ano uma excelente safra agrícola.

2 – “Haverá uma razoável injeção de recursos na economia com a liberação do saque das contas inativas do FGTS".

3 – “A desaceleração da inflação está sendo bem maior do que se esperava".

4 – “Projetamos juros de 9,25% para o fim do ano e um número inferior a 9% para 2018”.


5 – “Veremos alguma recuperação dos investimentos na área de petróleo e em transmissão de energia em alta tensão”.

domingo, 16 de outubro de 2016

O PIB brasileiro em 2017 crescerá 2%?

Segundo o competente José Roberto Mendonça de Barros em sua coluna de hoje no ESTADÃO, o crescimento do PIB brasileiro em 2017 será de 2% e, se revisto, será ainda maior

Considerando que em seu texto ele elenca uma série de razões para estar tão otimista neste 16 de outubro de 2016, esperamos que realmente o Brasil saia do buraco em 2017. 

quinta-feira, 5 de abril de 2012

O que fazer? Gastar!


José Roberto Mendonça de Barros e Sergio Vale no Globo de hoje perguntam e respondem: O que fazer? Gastar!

Todo ano repete-se a discussão sobre o governo conseguir ou não fechar o superávit do setor público em 3,1% do PIB. Antes costumávamos duvidar da capacidade do governo em atingir tal objetivo, mas agora acreditamos 100% que o governo fará esse resultado. Como? Com a criatividade usual, que vai de jogar investimentos e custeio em restos a pagar cada vez maiores a manobrar com dividendos das estatais.

Mas essa discussão não depende apenas desses movimentos. Grande parte disso vem da expansão das receitas além do crescimento do PIB, algo que temos tido recorrentemente nos últimos anos. Em termos práticos, a cada aumento de 1% no PIB a receita real tem crescido em torno de 1,7% sistematicamente nos últimos anos. Isso se explica por vários motivos. Primeiro, nosso sistema tributário é progressivo nos impostos diretos e o aumento da classe média num ritmo maior do que o resto da economia ajuda a explicar parte do aumento de receita. Segundo, nosso sistema também tributa mais via impostos indiretos do que diretos, algo diverso do resto do mundo, mas dado que são esses setores que mais crescem na economia, como telecomunicações, combustíveis, financeiro e energia, é natural que contribua com maior arrecadação do que setores industriais tradicionais, por exemplo. Terceiro, a formalização tem aumentado ano a ano e permitindo aumento além da média tradicional do imposto de renda e outros tributos. Quarto, mesmo com perda de impostos importantes, como a CPMF, o governo achou um substituto à altura no IOF, que já tem nível de arrecadação semelhante ao finado "imposto do cheque". Como se espera que esse imposto vá aumentar pelas majorações recorrentes de alíquota, também é mais uma receita que cresce acima da média do PIB. Não podemos esquecer que o governo aproveitou o momento para trazer à discussão novamente aumentos de alíquotas de IPI de bebidas e cigarros, algo compensador das desonerações recentes.

Tudo isso fica mais evidente quando um setor como a indústria sofre mais do que o resto da economia como aconteceu em 2008/2009: a receita tributária acaba crescendo num ritmo ainda maior do que o PIB comparado com momentos sem crise. Nesses dois momentos, o governo tem optado pelo caminho mais prejudicial para o crescimento, que é aumentar os gastos num momento em que havia a oportunidade de desonerar de forma mais ousada a economia. Ou seja, mudamos de patamar de gastos, que se tornam rígidos, e não ajudam a indústria no longo prazo. Agora isso ocorre da mesma forma. A oportunidade perdida aqui não é simplesmente de se pensar num superávit primário maior do que já temos. Com 3,1% do PIB em 2016 chegamos a uma dívida líquida de 32% do PIB, um número bastante baixo sob qualquer critério. O que se perde é a possibilidade de pensar numa desoneração mais ampla e ousada que de fato significasse redução de custos para as empresas. Isso não acontece em grande parte porque o governo tem uma visão equivocada de acreditar que o câmbio é o grande vilão industrial. Algo que ficou muito claro no anúncio da nova política industrial. Além disso, acredita que parte do problema também é falta de financiamento, aportando mais recursos no BNDES.

Tudo isso apenas ajuda a distorcer mais o sistema fiscal, premiando uns em detrimento de outros, e amarrando ainda mais o financiamento de longo prazo no BNDES, um aporte que se torna um custo relevante para o Tesouro por se financiar pela Selic. Por mais relevante que seja o banco, e acreditamos que o seja, seu foco recente tem sido apoiar grandes campeões nacionais de forma pouco eficiente deixando de lado o que deveria ser um objetivo natural, que é o financiamento da inovação.

Daí a alusão no título ao fato de o governo amarrar as novas receitas com mais gastos. Mas não necessariamente gastos em si. O gasto aqui é de tempo desperdiçado ao não pensar em uma estratégia de longo prazo para a indústria. Países como Coreia do Sul e Taiwan não viram suas indústrias florescerem com políticas curto-prazistas. Ao fazer isso o governo joga fora novamente a oportunidade de estimular a indústria voltando a dar diretrizes para o setor. Um saudosismo das câmeras setoriais dos anos 80 que não nos cheira bem.

domingo, 18 de dezembro de 2011

2012: previsões econômicas brasileiras.


Mais previsões para 2012: agora de quatro conceituados economistas que enviaram as mesmas para a EXAME.com.  Last but not least, previsões devem sempre serem consideradas. 

Os maias, alguns místicos e até Hollywood, todos já anunciaram que 2012 deve ser um ano apocalíptico. Por mais cético que se possa ser, olhar para a situação econômica da Europa, por exemplo, chega mesmo a levantar leves suspeitas. Mas quando se fala em Brasil, grandes economistas apostam que o próximo ano não chega a ter ares de “fim de mundo”.

Um time de especialistas formado por Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda e sócio da consultoria Tendências; José Roberto Mendonça de Barros, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda e sócio da MB Associados; Octávio de Barros, economista-chefe do Bradesco; e Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú-Unibanco, enviaram a EXAME.com suas projeções para os principais indicadores econômicos em 2012.

Em 2011 a economia brasileira caminhou por um caminho mais complicado do que no ano anterior e deve crescer menos que 3% - bem abaixo dos 7,5% em 2010. Esta queda em grande parte foi causada pelos impactos da piora nas condições da economia mundial.

Além disso, o ciclo de aperto monetário iniciado pelo governo no começo do ano ajudou a desacelerar a economia. Entretanto, a previsão é que o crescimento do país seja maior em 2012, ganhando ainda mais força em 2013.

PIB
O crescimento da economia em 2012 deve ficar acima dos 3%. A maior projeção é de Octávio de Barros, do banco Bradesco, 3,7%. Já Maílson da Nóbrega estima o menor crescimento, de 3,2%

Economista                           PIB
Octávio de Barros               3,7%
J.R. Mendonça de Barros  3,5%
Ilan Goldfajn                        3,5%
Maílson da Nóbrega           3,2%

Todos os economistas ouvidos por EXAME.com fizeram projeções para inflação acima do centro da meta, que é de 4,5%. Entretanto, nenhum deles acredita que o IPCA, índice oficial de inflação calculado pelo governo, vá passar do teto da meta, que é de 6,5%.

Economista                             IPCA
Octávio de Barros                 5,3%
J.R. Mendonça de Barros    5,5%
Ilan Goldfajn                          5,20%
Maílson da Nóbrega             5,40%

Taxa Selic
Em 2011 o comportamento da Selic teve duas fases distintas. Até agosto, o governo mantinha um ciclo de alta que fez a taxa básica pular de 10,75% ao ano em janeiro para 12,50% em julho.

Em agosto, porém, sob o argumento de piora na economia global, o Banco Central não só interrompeu o ciclo de alta, como também começou a cortar os juros. A taxa fechou o ano em 11%. No fim de 2012, o esperado é que a Selic esteja por volta dos 9% ao ano.

Economista                          Selic
Octávio de Barros              9,5%
J.R. Mendonça de Barros  9%
Ilan Goldfajn                        9%
Maílson da Nóbrega           9,5%

O último boletim Focus publicado pelo Banco Central, na segunda-feira, trazia a projeção dos analistas para o câmbio entre real e dólar no fim de 2011 em R$ 1,80. Já para 2012, a menor projeção, de Maílson da Nóbrega, é de R$ 1,65. A maior é de R$ 1,80, feita por J.R. Mendonça de Barros.

Economista                          Câmbio
Octávio de Barros               R$1,7
J.R. Mendonça de Barros  R$1,8
Ilan Goldfajn                        R$1,75
Maílson da Nóbrega           R$1,65

Balança comercial
Ilan Goldfajn, do Itau-Unibanco, projeta um saldo positivo de 15 bilhões de dólares para a balança comercial brasileira em 2012. A projeção de Maílson da Nóbrega é bem superior: 28 bilhões.

Economista                         Balança Comercial
Octávio de Barros              US$ 23 bilhões
J.R. Mendonça de Barros         --
Ilan Goldfajn                       US$ 15 bilhões
Maílson da Nóbrega          US$ 28 bilhões

domingo, 7 de fevereiro de 2010

AULA DE ECONOMIA REAL.

Recebi hoje e-mail do Professor CARLOS PIO, com o 1º artigo publicado pelo JOSÉ ROBERTO MENDONÇA DE BARROS no ESTADÃO. José Roberto é irmão do nosso colega LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS, que postamos neste espaço sempre que possível. Abaixo o texto do JOSÉ ROBERTO com as nossas boas vindas.

Inicio hoje minha colaboração com O Estado de S. Paulo e a faço com muita satisfação. Conheço boa parte dos jornalistas da área econômica e também acompanhei a construção da nova fase do Caderno de Negócios e de Economia. Poucas vezes conseguiu-se reunir um time tão parrudo de profissionais.

Nos artigos, tratarei de três temas complementares: macroeconomia, análise setorial dos segmentos mais relevantes da economia brasileira e, cada vez mais importante num mundo incerto, de questões ou exigências estratégicas que se colocam para as empresas.

Existe uma linha importante a ligar essas três abordagens, que, na verdade, são complementares. Como me foi dito recentemente por Fábio Barbosa (do Santander), o volume e as incertezas futuras são de tal natureza que se exige dos países e das empresas, antes de tudo, flexibilidade para que o custo do ajuste a uma situação imprevista seja o mais reduzido possível.

A proposta de elaborar uma regra rígida para distribuição de lucro das empresas, tentando transformá-las numa repartição pública, vinda dos Ministérios da Justiça e do Trabalho e das centrais sindicais, é o último dos exemplos de como construir uma perda de flexibilidade e competitividade da economia, como analisado por José Pastore nesta semana.

O que mais chama a atenção quando se analisa a economia internacional é a enorme disparidade de situações no que tange ao crescimento econômico. De fato, em algumas regiões prevalece a mais profunda recessão, enquanto em outras a recuperação está tão rápida que coloca riscos inflacionários a serem combatidos.

China, Índia, Austrália, Vietnã, Noruega e Brasil são os casos mais relevantes. Todos eles já começaram a reverter os incentivos concedidos logo no início da crise, seja elevando as taxas de juros, seja aumentando os depósitos compulsórios, controlando crédito, etc.

Mesmo essa situação favorável não é totalmente segura, uma vez que as autoridades devem operar com cuidado a velocidade de retirada dos incentivos para não matar a recuperação. Além do mais, todos sofrerão caso a economia americana venha a mergulhar na temida segunda recessão.

No caso chinês em particular, alguns analistas temem que, findo o programa de gastos fiscais, a economia passe a viver um grave problema de realização, ou seja, de insuficiência da demanda interna e externa frente a capacidade produtiva. Não acredito nessa segunda possibilidade, uma vez que a maior parte dos programas de investimentos chineses está na infraestrutura e busca uma elevação da produtividade sistêmica da economia. Mesmo onde o sol brilha, remanescem incertezas que geram volatilidade.

Por outro lado, a recuperação americana deverá ser sustentada, porém lenta. Ao longo de 2010, passado o ajuste de estoques que inflou o crescimento no fim de 2009, a economia americana deve convergir para um crescimento de algo como 2,5%. Entretanto, mesmo esse crescimento enfrenta dúvidas, pois muitos analistas acreditam que teremos uma segunda recessão, e não apenas uma desaceleração, à medida que se esgotem os incentivos fiscais com uma situação de alto desemprego. Temos aqui apenas duas certezas: o melhor cenário é o de crescimento baixo por alguns anos; e a volatilidade seguirá alta, tal é o volume de desafios a enfrentar (redução do desemprego, estratégia fiscal e redução do déficit, enxugamento adequado do excesso de liquidez, retomada do crédito, regulação do sistema financeiro, etc).

O terceiro e maior bloco de países é o da recessão, capitaneados por Japão e Europa. O caso do Japão é extremamente significativo, pois o país parece estar saindo do jogo ao completar a segunda década sem crescimento. Como todos percebem, já não se trata da purga de um período de excesso, curável com uma dose de restrição fiscal e de gastos de consumo. Fatores mais permanentes estão presentes: um sistema político envelhecido, sem liderança e criatividade; uma dinâmica demográfica horrível, com forte queda da natalidade e envelhecimento da população, resultando numa trajetória de redução absoluta do tamanho da população. A questão populacional fica ainda mais perversa pela absoluta antipatia e rejeição aos imigrantes, mesmo quando esses tem antepassados japoneses. O resultado é uma fraqueza do mercado de consumo que o governo tenta compensar, sem nenhum sucesso, com gasto e elevação da dívida pública. Com o consumidor retraído, as empresas não têm estímulo para investir, especialmente quando o mercado externo se torna mais competitivo e restrito, acumulando-se recursos líquidos direcionados ao mercado financeiro. Nessa sociedade não existe volta da confiança que possa trazer a retomada do crescimento; tudo indica que o país seguirá envelhecido, rico e estagnado.

Na Europa, os problemas se acumulam. A Europa oriental tem de digerir uma crise de excesso de dívidas denominadas em moeda estrangeira. Ao mesmo tempo, a fragilidade da situação fiscal da Grécia levantou o espectro de um default soberano. Não acredito nessa ocorrência, mas ela contaminou os riscos de vários países, como Irlanda, Portugal, Espanha, Itália, e vai exigir uma prolongada recessão nos mercados antes que se volte à normalidade.

O que completou o quadro ruim foi o recente enfraquecimento de Alemanha e França. Recentemente, a chanceler alemã levantou, em um discurso, o risco de o país iniciar uma trajetória à la Japão, com uma demanda interna estagnada, externa fraca e empresas sem vontade de investir, mesmo com caixa. No geral, a falta de confiança no futuro é generalizada: apesar de uma vigorosa expansão monetária na comunidade (de 12%), o crédito não cresce. Nem bancos nem as empresas e os consumidores estão dispostos a correr riscos.

O cenário internacional aponta para uma leve recuperação do Produto Interno Bruto (PIB) global, uma valorização do dólar muito mais decorrente da fraqueza da Europa e do Japão e razoáveis preços de commodities (peso da China e Índia). O euro pode vir abaixo de 1,30 por dólar e o real deve se desvalorizar para a faixa de 1,90/1,95, como resultado da tendência internacional, da piora acelerada do déficit em conta corrente e das incertezas políticas.

Finalmente, existe uma grande lição dessa crise para a nossa política comercial. Uma das forças do Brasil é ser um global trader, pois permite manter as exportações crescendo mesmo em crise. Exportar muitos produtos para muitos mercados é um grande ativo. Daí porque ser lamentável que um antiamericanismo infanto-juvenil tenha colocado a busca por mercados na última prioridade do Itamaraty, em parte responsável pela redução do peso das exportações para os EUA a meros 10% do total.

domingo, 6 de setembro de 2009

DA SÉRIE: TEXTOS INTERESSANTES - MENDONÇA DE BARROS

Neste caso, vamos ler e apostar como estará o dólar ao final de 2009? Direto do ESTADÃO, o colega José Roberto Mendonça de Barros, irmão do também colega Luiz Carlos, comenta "O Real e o futuro da produção".

O real voltou a se valorizar e tudo indica que irá para algo como R$ 1,75 por dólar em futuro próximo.
Desta vez, a valorização decorre muito mais de fatores externos que internos. Embora a taxa de juros ainda seja elevada, a atração da arbitragem (considerando os riscos) é muito menor do que antes, como mostram os dados do mercado cambial. Por outro lado, o dólar tem-se desvalorizado consistentemente contra diversas moedas, e todos os analistas esperam que isso continue nos próximos períodos. Neste caso, a busca por alternativas tem levado, entre outras coisas, a uma forte procura pelas chamadas moedas commodities, grupo que tradicionalmente inclui Austrália, Nova Zelândia, Noruega e Canadá.
A novidade recente é que o real foi incluído nesse clube, não só por conta da relativa resistência à crise, como especialmente porque o País é claramente ganhador na reestruturação produtiva global no quesito cadeias de recursos naturais. Daí decorre uma elevação do fluxo de exportações, nos investimentos diretos e na compra de ações de empresas brasileiras.
Muitos analistas e produtores se inquietam com o novo quadro, resgatando as teses de desindustrialização. Sigo acreditando que há muito exagero nessa percepção, inclusive porque não se pode projetar a frio um momento de ajuste à recessão mundial. Ademais, creio que existe uma clara subestimação do resultado da expansão das cadeias de recursos naturais no dinamismo do aparelho produtivo (revelado pelo breve período de aceleração do crescimento de 2007/2008), em termos de impactos na indústria de bens de capital, nas inovações da engenharia de produtos e de processos, na ligação com serviços de elevada produtividade e no emprego. Uma análise cuidadosa dos novos "players", das inovações e dos projetos que estão ocorrendo na cadeia da cana-de-açúcar certamente surpreenderia os mais afoitos.
Os analistas da desindustrialização também subestimam a relevância do tamanho do mercado interno, que permite a produção de muitos produtos de forma competitiva, bem como das dificuldades de ter fornecedores distantes quando se utilizam processos de "just in time". Essas dificuldades vão desde as maiores necessidades de capital de giro, do risco de flutuação das moedas, dos riscos de logística, etc.
É interessante que várias análises recentes apontam que a atual crise internacional está levando a uma revisão e a um encurtamento de certas cadeias de produção, afetando positivamente países como o México. Também é útil aqui lembrar que a queda das exportações de manufaturados brasileiros tem, além do câmbio e outras causas domésticas, muito que ver com a crise de nossos clientes, como atesta a crise da Argentina, o maior deles.
Mesmo após essas observações é evidente que muitos produtores menos competitivos sentem o aperto resultante do movimento do real. Muito mais que o câmbio, a questão central é que o País vem perdendo competitividade ao longo dos últimos anos. Sinais disso podem ser encontrados na contínua elevação da carga tributária e de sua complexidade administrativa, agravada pelo absurdo anúncio da tentativa de aprovação da nova CPMF. Reduções temporárias e localizadas de alíquotas não enfrentam minimamente a questão.
Em segundo lugar, é tedioso, porém necessário, relembrar a questão da infraestrutura logística brasileira. Nem com a avalanche de publicidade oficial dá para esconder que estradas e portos continuam a erodir a competitividade da produção brasileira. Na verdade, tirando a Petrobrás, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) é composto por algo como 80% de fumaça, pedras fundamentais, placas, obras não iniciadas, paralisadas ou atrasadas. Ademais, a energia elétrica está mais cara pela contínua criação de encargos adicionais, resultante, entre outras causas, da construção de usinas movidas a óleo. Na mesma direção vai a regulação complexa e muitas vezes de má qualidade. Em suma, nossa competitividade sistêmica está pior e isso se deve em muito a uma fantástica expansão dos gastos de custeio em vez do investimento, ocorrida nos últimos anos.
O Banco Central pode e deve continuar a elevar as reservas do País. Entretanto, intervenções no câmbio são ações de curto prazo que não encaminham a questão da competitividade ao longo do tempo, que é o que garante, de fato, o desenvolvimento.

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...