terça-feira, 2 de junho de 2009

REVISTA EXAME: UM NOVO CAPITALISMO?

A edição atual da CEO EXAME que está nas melhores bancas de revistas do Brasil, traz como capa o tema "Um novo capitalismo?". E acrescenta: Um dos defeitos mais imediatos da atual crise foi colocar o sistema capitalista sob feroz ataque. E pergunta: Há alternativas reais à nossa frente OU a solução passará pela purgação de nossos próprios excessos?".
Somente a leitura do artigo de PAUL KENNEDY, Professor de História na Universidade Yale e bastante conhecido pelo seu famoso livro "Ascensão e Queda das Grandes Potências", vale o preço pago pela revista. Em resumo, Kennedy afirma que o capitalismo está longe de acabar. Ele está convicto, (assim como este aprendiz) que "o sistema baseado no poder da iniciativa privada ressurgirá mais forte após a atual crise, pois tem sido assim nos últimos 500 anos e não há nada que indique o contrário".   
Alguém aposta o contrário? 

PESAR E FALAR SEM PENSAR

Este blog não poderia deixar de registrar sua tristeza pelo acidente, em 31/05/09, com o voo 447 da Air France e seus prováveis 228 desaparecidos. 
Porém, consideramos infeliz declaracões do tipo "um país que acha petróleo a 6.000 metros de profundidade, pode achar um avião a 2.000 metros", emitidas pelo nosso Presidente Lula. E que venha 2010...   

O MUNDO CONTINUA CAPITALISTA

Recordo de uma antiga piada que diz "coloque dois economistas numa sala de debates e teremos três opiniões diferentes." Na realidade isso não é uma piada: basta uma rápida leitura nos jornais, revistas e pela nossa conhecida internet e cada colega registra a sua opinião sobre determinado problema econômico como se fosse a palavra do próprio Caio Júlio César ou, para alguns, de um Napoleão Bonaparte (de hospício, of course). 
Registro isso por discordar completamente de certos textos que afirmam o fim do capitalismo. É impressionante ler determinada argumentação e não ter o estômago embrulhado. É verdade, sim, que a economia mundial está em crise, como já esteve outras vezes. Porém, para responsabilizar o capitalismo pela situação atual existe uma longa distância. E nela, a falha foi do Estado.

DA SÉRIE: LEITURA INEVITÁVEL

Da Folha de S. Paulo de 29/05/09, lemos Krugman: o grande medo da inflação:

Repentinamente parece que todos estão falando de inflação. Artigos de opinião severos alertam que a hiperinflação está próxima. E os mercados podem estar ouvindo estes alertas: as taxas de juros sobre títulos do governo de longo prazo estão em alta, com o temor da futura inflação sendo um motivo possível para a alta dos juros.

Mas este medo de grande inflação faz algum sentido? Basicamente, não - com um porém que discutirei mais à frente. E suspeito que o medo está, ao menos em parte, ligado mais à política do que à economia.

Mas vamos começar do início. É importante entender que não há indício de pressões inflacionárias na economia no momento. Os preços ao consumidor estão mais baixos agora do que estavam há um ano, e os aumentos salariais estagnaram diante do alto desemprego. Deflação, e não inflação, é o perigo real e imediato.

Logo, se os preços não estão subindo, por que o temor de inflação? Alguns alegam que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) está imprimindo muito dinheiro, o que deve ser inflacionário, enquanto outros alegam que os déficits orçamentários no final forçarão o governo americano a promover a inflação para administrar sua dívida.

A primeira história está simplesmente errada. A segunda poderia estar certa, mas não está.

Agora, é verdade que o Fed adotou medidas sem precedente ultimamente. Mais especificamente, ele tem comprado muita dívida tanto do governo quanto do setor privado, e pagando por estas compras creditando aos bancos reservas extras. Em tempos comuns, isso seria altamente inflacionário: os bancos, cheios de dinheiro, aumentariam os empréstimos, que aumentariam a demanda, que pressionariam os preços para cima.

Mas estes não são tempos comuns. Os bancos não estão emprestando suas reservas extras. Eles estão apenas sentados sobre elas -na prática, eles estão enviando o dinheiro de volta ao Fed. Logo, o Fed não está realmente imprimindo dinheiro.

Mesmo assim, essas ações não seriam inflacionárias cedo ou tarde? Não. O Banco do Japão, diante de dificuldades econômicas não muito diferentes daquelas que enfrentamos hoje, comprou dívida em grande escala entre 1997 e 2003. O que aconteceu aos preços ao consumidor? Eles caíram.

No geral, muito da atual discussão a respeito da inflação faz lembrar o que aconteceu durante os primeiros anos da Grande Depressão, quando muitas pessoas influentes alertavam sobre a inflação enquanto os preços despencavam. Como escreveu o economista britânico Ralph Hawtrey, "temores fantásticos de inflação foram manifestados. Foi como um grito de Fogo, Fogo, no Dilúvio de Noé". E ele prosseguiu: "É depois de cederem a depressão e o desemprego que a inflação se torna perigosa".

Há um risco de que teremos inflação após a economia se recuperar? Esta é a alegação daqueles que olham para projeções de que a dívida federal poderá crescer para mais de 100% do PIB e dizem que os Estados Unidos terão que inflacionar para se livrar da dívida - isto é, elevar os preços para que o valor real da dívida seja reduzido.

Coisas como esta aconteceram no passado. Por exemplo, a França usou esse recurso para se livrar de grande parte da dívida que contraiu enquanto travava a Primeira Guerra Mundial.

Mas faltam exemplos mais modernos. Nas últimas duas décadas, a Bélgica, Canadá e, é claro, o Japão passaram por episódios em que a dívida ultrapassou 100% do PIB. E os próprios Estados Unidos saíram da Segunda Guerra Mundial com uma dívida ultrapassando 120% do PIB. Em nenhum desses casos os governos recorreram à inflação para solucionar seus problemas.

Logo, há algum motivo para achar que a inflação está chegando? Alguns economistas defendem uma inflação moderada como política deliberada, como uma forma de encorajar o empréstimo e reduzir o fardo da dívida privada. Eu tenho simpatia por estes argumentos e fiz um argumento semelhante para o caso do Japão nos anos 90. Mas o argumento em prol da inflação nunca foi acolhido pelos autores de políticas japoneses naquela época, e não há sinal de que está ganhando força juntos aos autores de políticas americanos agora.

Tudo isso gera a pergunta: se a inflação não é um risco real, por que todas estas alegações de que é?

Bem, como você deve ter notado, os economistas às vezes discordam. E grandes discordâncias são especialmente prováveis em tempos estranhos como o presente, quando muitas das regras normais não mais se aplicam.

Mas é difícil escapar da sensação de que a atual disseminação do medo da inflação é em parte política, vinda principalmente de economistas que não tinham problema com déficits causados por reduções de impostos, mas repentinamente se tornaram rabugentos fiscais quando o governo começa a gastar dinheiro para resgatar a economia. E a meta deles parece ser pressionar o governo Obama a abandonar os esforços de resgate.

Não é preciso dizer, o presidente não deve se deixar pressionar. A economia ainda se encontra em profundas dificuldades e precisa de ajuda contínua.

Sim, nós temos um problema orçamentário de longo prazo, e precisamos começar a preparar o caminho para uma solução de longo prazo. Mas quando se trata de inflação, a única coisa que temos a temer é o próprio medo da inflação.

É TENTAÇÃO POLÍTICA COM IMITAÇÃO

Não creio que o Nosso Guia tenha realmente o perfil que ele está vendo no espelho. Tentadoras são as propostas para um terceiro mandato, beneficiado ele por uma forte popularidade, mas, mesmo sendo no Brasil, ainda temos pessoas que confiam num Estado Democrático de Direito.
Mais uma do nosso colega cearense Sinfrônio, no Diário do Nordeste. 

segunda-feira, 1 de junho de 2009

COMUNICADO - BLOG

Aviso aos meus quase dois (milhões de) leitores que devido a problema com a conexão, aliado a uma viagem extraordinária, ficamos sem postar diversos assuntos em maio passado. Espero recuperar o atraso agora em junho, incluindo as leituras atrasadas dos posts dos meus colegas blogueiros. 
E um excelente mês para todos, preferencialmente, sem crises... 

    sábado, 16 de maio de 2009

    A POUPANÇA DO BRASILEIRO NÃO É MAIS A MESMA

    A mexida do governo na poupança do brasileiro foi o fato mais comentado desta semana: quem te viu, quem te vê ô PT: tributar a poupança nem o PSDB...
    De qualquer maneira, meu colega cearense Sinfrônio, no nosso Diário do Nordeste, não poderia deixar passar esta importante notícia. Valeu Sinfrônio, divertindo e criticando.

    DÁ SÉRIE: LEITURA INEVITÁVEL

    Para os meus quase dois leitores, um texto de Luiz Carlos Mendonça de Barros, publicado na Folha de S. Paulo em 15/05/2009.
    Os analistas econômicos estão rapidamente mudando o foco de suas preocupações em relação à economia americana. Consolidada a ideia de que finalmente ela encontrou um nível mínimo de atividade, outro conjunto de variáveis entrou no radar do mercado. O centro das atenções -e das especulações- está voltado agora para o consumidor. Todos sabem que seu comportamento vai definir a forma de recuperação da economia nos próximos trimestres, seja ela em V, em U ou em L. 
    A expressiva alta dos preços das ações e de outros ativos financeiros nas últimas semanas reflete essa sensação de que o pior da crise financeira já passou. O risco de cairmos em um buraco sem fim -que prevaleceu até recentemente- foi afastado, segundo a opinião majoritária dos investidores. Com isso voltaremos a um cenário em que as questões macro e microeconômicas vão prevalecer. Por acreditar nisso, eu não tenho dúvidas de que a volatilidade dos mercados vai diminuir ainda mais. Por mais complexo que seja o quadro da economia para o restante de 2009, ele apresenta uma previsibilidade muito maior do que a que prevaleceu durante a crise financeira que vivemos nos últimos meses. 
    Se estiver certo nesta minha leitura, as atenções estarão agora voltadas prioritariamente para três grupos de indicadores econômicos. No primeiro, que procura medir os gastos correntes dos consumidores, estão os elementos de informação sobre o valor das vendas no varejo -"retail sales"- e o indicador de vendas no índice ISM Serviços. O segundo grupo é formado pelos dados relacionados à atividade no mercado de residências, tais como volume de vendas de casas novas e já construídas, indicadores de novos projetos de construção e, principalmente, de preços das casas negociadas. 
    A importância desses dados deriva principalmente do fato de que a estabilização dos preços das residências dos americanos é condição necessária para que ocorra um aumento do consumo. A casa própria é a grande âncora da confiança do americano médio e, na situação atual, em que ele não tem um valor confiável de referência entre seu patrimônio e o valor de sua hipoteca, a insegurança domina seu comportamento como consumidor. A partir do momento em que ele recuperar a confiança perdida nos últimos dois anos, poderemos ter uma situação mais sólida para a retomada de seus gastos. Eu diria que a volta da confiança representa a condição necessária para a retomada da economia. 
    Finalmente os analistas e investidores estarão monitorando de perto o comportamento dos bancos no financiamento ao consumidor. Principal elemento na febre de consumo da última década, o crédito ao consumo precisará voltar a ter um mínimo de funcionalidade. Até agora o corte do crédito é um elemento importante da desaceleração dos gastos de consumo nos últimos trimestres. Sem uma recuperação nos próximos meses, dificilmente teremos uma mudança de comportamento do consumidor. 
    Para definirmos a forma da retomada da economia americana, será preciso uma clareza maior sobre esses pontos levantados. Para mim, os dados sobre o mercado imobiliário é que nos darão primeiro uma ideia do comportamento das vendas no varejo. Se o fortalecimento dos preços das residências não ocorrer nos próximos meses, será muito difícil que o crescimento volte ainda neste ano de 2009 nos Estados Unidos.  

    REVISTA ECONOMIST - EDIÇÃO SEMANAL

    Na influente  "Economist", que está nas bancas, sob o título "US$ 3 trilhões depois...", responde "O que aprendemos sobre como administrar bancos". Em suma, "Não existe um grande remédio único para as falhas dos bancos, mas regras melhores e mais capital podem ajudar". Para o futuro, a revista recomenda REGULAÇÃO E CAPITALIZAÇÃO."

    NOURIEL ROUBINI E A PIADA DO ANO

    Uma das piadas favoritas do "Dr. Apocalipse" NOURIEL ROUBINI, 50 anos, é a seguinte:
    "Encontrei certa vez, num evento internacional, uma senhora russa que me disse que ECONOMISTAS são como terapeutas sexuais: conhecem mil posições, mas nunca as praticaram. Eu respondi a ela: 'Minha senhora, eu faço ECONOMIA APLICADA'."
    Não é a toa que atualmente ele passa 25 dias por mês viajando pelo mundo a convite de empresas, bancos e instituições que pagam pelo menos 75.000 dólares para ouvi-lo falar. 

    REVISTA PIAUÍ - CARTA PUBLICADA

    Para quem ler a revista piauí, edição de maio - nº 32 que está nas bancas, localizará na página 65 um comentário deste blogueiro sobre o que ele leu na edição anterior.
    Trata-se de uma revista que fazia falta no mercado editorial brasileiro, porém sob a direção do competente Mario Sergio Conti, revela ao leitor brasileiro matérias excepcionais.  

    BRASIL - INFRAESTRUTURA

    Para os meus amigos/as de Belém do Pará, lemos na EXAME que está nas bancas a triste notícia que avaliados 79 municípios com mais de 300.000 habitantes, BELÉM ficou com a 74ª posição entre as PIORES cidades brasileiras com relação ao saneamento básico. Para os meus quase dois leitores terem uma idéia, APENAS 6% da cidade possui cobertura da rede de esgoto, enquanto o tratamento de esgoto apresenta o ínfimo índice de 1% de desejos tratados. LAMENTÁVEL.  Será possível que os governantes não percebam este estado de calamidade pública em épocas não eleitorais e façam alguma coisa? Agora entendo a causa raiz da minha recente queda em um quase bueiro em dia de chuva... Nesse dia, eu quase que ia junto com a água...    

    domingo, 10 de maio de 2009

    BANCO CENTRAL - INDEPENDÊNCIA

    Como já postei anteriormente, sou totalmente favorável a um Banco Central INDEPENDENTE, não refém das pressões de quem senta na cadeira nº 1 do Palácio do Planalto. 
    Por isso fico contente quando leio que EDMUND PHELPS, prêmio Nobel de Economia, em entrevista ao jornal Valor Econômico afirma: "Acho que o Banco Central brasileiro é provavelmente um dos que possuem julgamento mais sólido, um dos mais capazes entre os banco centrais."
    E para quem não gostou do tema, estude o assunto e reveja como éramos quando, por exemplo, os grandes bancos estaduais estavam em poder de "certos" governadores...   

    DICA DE BELÉM DO PARÁ - LAZER

    Para os meus quase dois (milhões? rsrsr) fiéis leitores no estado do Pará, não posso deixar de divulgar a nova Drogaria BIG BEN localizada na Praça Batista Campos. É claro que drogaria é somente o nome pois a loja parece um shopping. E tem uma livraria e um café que, somente por isso, já vale a visita.
    Drogaria altamente recomendada para quem ainda acha que o melhor remédio é rir, (mesmo em época de crise econômica e pandemia), de preferência com um bom livro e um delicioso café. 
    No entanto, como nem tudo é perfeito, este Economista "thrifty" avaliou que os preços na lanchonete estão mais para Tóquio do que para Belém do Pará. O que fazer? Trabalhar mais para ganhar mais $$$.    

    ECONOMIA E SAÚDE - DUAS CRISES

    E agora que temos também a preocupação com a "gripe suína", nada como analisar a charge do nosso cearense SINFRÔNIO, no Diário do Nordeste, grande Mestre na arte de dizer tudo sem escrever quase nada.
    Afinal, com o Nosso Guia no comando, realmente a situação está sob controle. Lembram da "marolinha?" 
     

    DÁ SÉRIE: ECONOMIA - VOCÊ SABIA?

    1 - Que aos 14 anos ADAM SMITH - o Economista da "mão invisível", ingressou na Universidade de Glasgow, onde foi um excelente aluno?
    2 - Que para SMITH não se deve intervir nas leis de mercado: deixada a a si mesma, a economia caminha para o melhor dos resultados, conduzida por uma espécie de 'mão invisível'?
    3 - E que em 1776, ADAM SMITH já escrevia que cabe ao Estado proteger a sociedade contra os ataques externos; estabelecer a justiça;  e manter obras e instituições necessárias à sociedade, que não fossem realizadas pelo mercado?
    Como foi brilhante esse moço ao prever a força do livre mercado e o papel que compete realmente ao Estado. E que mesmo após mais de 233 anos de suas idéias, o assunto ainda resulta em inúmeras polêmicas no mundo da Economia.        

    DICAS DE ECONOMIA - MANUAL

    ECONOMIA: ERROS DE PREVISÕES

    Principalmente agora com esta grave crise econômica que estamos no centro, muitos questionam a falta de acerto nas previsões dos Economistas. A Economia realmente é uma ciência, porém nela está incluído o comportamento do HOMEM. E como lembra ironicamente o colega DELFIM NETTO, "o problema da Economia é que os átomos berram, gritam, protestam, fazem revoluções, fazem passeatas, PENSAM etc." No entanto, os átomos da Física, por exemplo, não fazem isso.  
    O estudo econômico é muito importante mesmo e jamais deve ser deixado de lado ou de ser devidamente analisado e levado em consideração. Porém, nunca devemos esquecer dos "Cisnes Negros" do Taleb. Afinal, como escreveu o poeta latino Terêncio: "Homo sum, humani a me nil alienun puto - Sou um homem, e nada humano me é estranho," Taleb conclui que "no final de contas, estamos sendo conduzidos pela história, enquanto todo o tempo achamos que somos nós que estamos no controle." 

    SINAIS DE VIDA NA ECONOMIA - EXAME

    A revista EXAME que está nas bancas, oferece aos seus leitores numa reportagem de capa com o título "SINAIS DE VIDA NA ECONOMIA", uma excelente análise da situação econômica atual, esclarecendo o que há de real e o que é ilusório, nestes primeiros indícios de recuperação da economia mundial.  Foram ouvidos nove dos mais influentes e prestigiados economistas da atualidade, entre eles três ganhadores do prêmio Nobel. O grupo é composto pelo Jeffrey Sachs - Edward Prescott - Joseph Stiglitz - Raghuram Rajan - Moisés Naím - Robert Mundell - Martin Wolf - Kenneth Rogoff e o brasileiro, Mestre e Ph.D em Economia, atualmente Professor na Universidade Princenton, nosso colega JOSÉ ALEXANDRE SCHEINKMAN.  Tem muita coisa boa na matéria para reflexão e pistas do que precisaremos olhar daqui para a a frente. Especialmente gostei de uma resposta do Naím quando questionado sobre "quais são as regiões ou países mais ameaçados hoje pela crise". Vejam o nível da resposta: "Como Tolstói escreveu no romance Anna Karenina, todas as famílias felizes são iguais, mas toda família infeliz o é de uma maneira diferente. Os países emergentes apresentam, uma imensa diversidade. Eu diria que a Rússia, em razão de sua enorme dependência do petréleo, será o emergente mais negativamente afetado pela crise."  Nós que estamos por aqui, vamos mais é torcer para que o BRASIL (ainda emergente? Até quando?consiga atravessar este período com os menores prejuízos possíveis.          

    sexta-feira, 8 de maio de 2009

    DA SÉRIE: LEITURA INEVITÁVEL

    Hoje, direto da Folha de S. Paulo, Luiz Carlos Mendonça de Barros explica "O BRASIL EM RECESSÃO TÉCNICA". Boa leitura. 
    EXISTE UMA convenção para caracterizar uma recessão nas economias de mercado. Segundo essa norma, a recessão acontece quando o PIB se reduz em dois trimestres consecutivos. Como toda norma geral, esse critério tem pontos fortes e fracos. Não quero discuti-los neste espaço hoje. Apenas quero informar o leitor de que a economia brasileira está em recessão técnica. 
    Os dados já disponíveis para o período janeiro/março, quando utilizamos a metodologia de cálculo do IBGE, apontam para uma queda do PIB da ordem de 1,3%. Com a redução de 3,5% verificada no quarto trimestre de 2008, temos a recessão caracterizada. Feita essa observação, devemos agora fugir do entendimento burocrático da regra acima citada e procurar entender o que se esconde atrás dos números. A principal fonte de informação do IBGE para a construção do PIB são os dados da indústria. Ao contrário de outros países, nos quais há uma vasta gama de indicadores de salários, gastos das famílias e investimentos realizados, no Brasil são poucas as informações disponíveis.
    Então, o IBGE utiliza o que chamamos "PIB pela oferta", que é a soma entre o que foi produzido pela indústria mais o valor das importações menos o das exportações. Somente quando o IBGE realiza pesquisas periódicas mais abrangentes é que temos um retrato mais realista da atividade econômica. 
    A indústria caiu 9,5% no final de 2008 e quase 8% neste primeiro trimestre. Segundo números do comércio exterior divulgados e ajustados pelos economistas da Quest Investimentos, as exportações caíram 8% nesses mesmos dois períodos. A queda do PIB só será menos intensa que a do final do ano passado porque as importações caíram quase 17%. Com esse desempenho, o setor externo deverá acrescentar cerca de um ponto ao PIB do primeiro trimestre, revertendo a tendência que ocorre desde 2007. Com indústria e importações fracas, é certo que o comportamento do consumo foi decepcionante também. Mas a queda do investimento impressiona mais. A produção de máquinas caiu 9,5% no último trimestre de 2008 e, agora, outros incríveis 19%! A principal decepção da próxima divulgação do PIB serão, sem dúvida, as taxas de investimento. 
    Para não ficarmos apenas nas grandes decepções, vamos às pequenas alegrias: se a indústria como um todo caiu menos do que a indústria de máquinas, então algum setor ficou de lado ou caiu menos. Isso aconteceu com a indústria de bens para o consumo. Por conta do salário médio que ainda cresce e dos estímulos para a compra de automóveis (redução do IPI), houve crescimento de 0,7% na produção de bens duráveis. Já a produção de bens semi e não duráveis -como roupas e alimentos- reduziu-se em "apenas" 2% nesse mesmo período. 
    Resumindo, os números do IBGE mostrarão que realmente estamos em recessão técnica, causada, principalmente, pelo valor dos investimentos privados em queda livre. Já o consumo, na análise mais otimista, ficou de lado ou apresentou pequena queda. Por fim, a retração do PIB só não será mais violenta porque o que importamos cairá mais do que o que exportamos. Ou seja, depois de quase dois anos, estamos crescendo por conta da demanda existente em outras economias. 
    Esse é um mau resultado na medida em que dependeu de um ritmo menor de atividade em nossa economia e, portanto, da geração de riqueza para os brasileiros. 
    LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS, 66, engenheiro e economista, é economista-chefe da Quest Investimentos. Foi presidente do BNDES e ministro das Comunicações (governo Fernando Henrique Cardoso).

    A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

    Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...