Até mestre Sinfrônio, lá no Diário do Nordeste, está rindo do US$. Afinal, é sempre assim: enquanto uns riem, outros choram.
sábado, 24 de agosto de 2013
O dólar e a desconfiança.
Editorial do ESTADÃO em 21.08.2013 e a recorrente preocupação com a situação cambial.
Desejada
por muitos industriais como alavanca da exportação e barreira protetora do
mercado interno, a desvalorização do real é acima de tudo, neste momento, um
fator de incerteza e de agitação financeira. Quando o câmbio se acomodar,
ninguém sabe onde, será possível um balanço mais claro dos ganhos e perdas. O
País poderá estar um pouco mais competitivo, pelo menos por algum tempo, mas as
pressões inflacionárias terão aumentado. Problemas de custos serão mais graves
tanto para produtores como para consumidores. Mas a instabilidade cambial ainda
poderá durar meses. A insegurança continuará, com intensidade variável, mas
sempre com estragos, enquanto se esperam as prometidas alterações na política
americana de afrouxamento monetário.
Alguma
nova indicação sobre a mudança poderá surgir com a divulgação da ata da
última reunião do comitê de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco
central americano). A emissão de dólares deve ser reduzida quando os dirigentes
do Fed julgarem bastante firme a recuperação econômica dos Estados Unidos.
Ninguém pode dizer com certeza quando isso ocorrerá.
Enquanto
a agitação continua, as autoridades brasileiras tentam, em primeiro lugar,
conter a excessiva instabilidade do câmbio e limitar seus efeitos sobre a
inflação, ainda muito longe da meta de 4,5%. O governo tenta evitar um novo
estouro do limite de tolerância, de 6,5%.
Da
perspectiva do Palácio do Planalto, é muito importante conter, em primeiro
lugar como estratégia eleitoral, a crise de confiança em relação à política
econômica e às perspectivas da economia. A alta de preços é um dos principais
fatores de desconfiança dos investidores e o Executivo sabe disso, embora
continue pouco disposto a adotar uma política séria de estabilização. Isso
envolveria, entre outros pontos, um controle efetivo dos gastos públicos.
Com
reservas na vizinhança de US$ 370 bilhões, o Banco Central (BC) tem bom estoque
de munição para intervir no mercado, mas, como sempre, com resultado muito
incerto. No fim das negociações de 20.08.2013, o dólar comercial era vendido a R$
2,394. Depois de dois leilões promovidos pelo BC com oferta de US$ 4 bilhões, a
cotação havia caído para R$ 2,396, voltado a R$ 2,40 e novamente baixado. No
fechamento do dia anterior, a moeda americana havia sido vendida a R$ 2,414.
Mesmo com algum recuo, o dólar ainda acumulava ontem uma alta considerável,
cerca de 7% em apenas 30 dias.
Apesar
da depreciação do real neste ano e mesmo nos últimos 12 meses, as contas
externas continuaram em deterioração. De janeiro até a terceira semana de
agosto, o País acumulou um déficit de US$ 4,731 bilhões no comércio de
mercadorias. As exportações renderam US$ 146,693 bilhões e as importações
custaram US$ 151,424 bilhões. Pela média dos dias úteis, 0 valor exportado foi
1,6% menor que o de igual período do ano anterior. O valor importado, 10,4%
maior.
O
descompasso é indisfarçável. Parte das importações de combustíveis do ano
passado só foi contabilizada em 2013 e isso afetou o resultado geral. Mas, se
esse valor tivesse entrado nas contas de 2012, o superávit do ano teria sido
muito menor, De qualquer forma, a piora do comércio exterior do País estaria
bem caracterizada.
Para
este ano, especialistas consultados no fim da semana passada pelo BC, em soa
pesquisa Focus, projetam saldo comercial de US$ 4,35 bilhões, 77,6% menor que o
de 2012. Essa é a mediana das estimativas coletadas pelos pesquisadores. O
mesmo levantamento indica a expectativa de um déficit de US$ 77 bilhões na
conta corrente do balanço de pagamentos.
A
firme deterioração dessas contas é um dos fatores de insegurança dos
investidores financeiros e dos empresários industriais. Com a esperada mudança
no mercado financeiro - dólares mais escassos e mais caros -, especialistas
mostram-se preocupados com o financiamento das contas externas brasileiras.
Somem-se a isso a desconfiança em relação às contas públicas e o temor de mais
inflação e o quadro torna-se facilmente compreensível A mudança na política do
Fed é só um componente a mais de um cenário ruim.
Causas internas da desvalorização do real.
Editorial do "O
Globo" em 23.08.2013 e o atual momento da economia brasileira.
O
fato de a desvalorização do real não ser algo isolado, fazer parte de um movimento
planetário que atinge economias emergentes, parece álibi perfeito para a reação
típica de autoridades de culpar causas externas por problemas domésticos. Mas
não é bem assim.
Por
trás de tudo, está a proximidade do fim do "relaxamento monetário",
instituído pelo banco central americano (Fed) para recuperar a economia, por
meio da injeção periódica de bilhões de dólares, via recompra de títulos.
Depois de mais de US$ 3 trilhões colocados em circulação, a economia americana
firma uma tendência de recuperação. Para não gerar pressões inflacionárias
perigosas, o Fed suspenderá essas operações, e o capital financeiro que gira no
mundo, diante da perspectiva de alta dos juros americanos, começa a buscar
títulos do Tesouro dos EUA. Natural que economias emergentes percam
atratividade. Porém, há emergentes mais atingidos que outros. Por fragilidades
próprias, caso do Brasil.
No
inventário de decisões erradas na condução da economia, que hoje cobram um
preço na forma de desvalorização exacerbada da moeda, está a
"contabilidade criativa", idealizada para, ingenuamente, tentar
camuflar uma política fiscal expansionista enquanto o discurso oficial é o
oposto. Relacionado a esta "criatividade", há o uso desregrado do
endividamento público para capitalizar BNDES, BB, CEF, aumentando o risco
fiscal. Tudo mina a credibilidade do país diante do investidor externo - e
interno -, problema amplificado pela leniência demonstrada com a inflação. Há,
ainda, o intervencionismo na formatação de leilões de concessão, com o tabelamento
de taxas de retorno. Bem como o dirigismo estatal no congelamento de
combustíveis, dramático para o caixa da Petrobras, quando a empresa precisa de
recursos para ampliar a fronteira de exploração do pré-sal.
Ainda
no quesito da formação artificial de preços, há um subsídio na conta de luz, a
fim de bancar o corte predefinido de 20% no custo final da energia. Nele, há o
risco de se criar no Tesouro um daqueles "esqueletos" fiscais
descobertos quando o Plano Real estabilizou a economia.
Há
entre os agentes econômicos a correta percepção de que os subsídios apenas
reprimem inflação. Formam no subsolo da economia uma tsunami de inflação
represada.
Pode
ser que o governo já tenha se convencido de alguns desses erros. O mal, porém,
no entendimento do mercado, está feito. E como a percepção dos descaminhos na
política econômica coincidiram com o início da contagem regressiva do fim da
política do Fed de "relaxamento monetário", a fuga de divisas para o
mercado americano pune o Brasil mais que outros países, inclusive
latino-americanos. Claro que quanto mais cedo os rumos da política econômica
forem ajustados, também mais cedo a dose extra de punição será atenuada. O
mundo acompanhará com atenção as próximas reuniões do Copom e as licitações de
portos, estradas e ferrovias que se aproximam.
Dólar em alta traz desafios para a política monetária.
Editorial do VALOR ECONÔMICO de 23.08.2013 analisa a atual situação da economia brasileira.
A acelerada desvalorização do real, se não for parcialmente revertida logo, fará
estragos nos índices de preços, que há tempos não vão bem. O país estava diante
de opções ruins, agora exacerbadas pelo descolamento do câmbio - um ciclo de
alta de juros para derrubar a inflação, com efeito contracionista em uma
economia que relutava em crescer bem.
O
câmbio maltrata países e economistas igualmente. É ainda mais difícil fazer
prognósticos em meio a uma mudança dos padrões monetários do porte da que fará
o Federal Reserve americano, em meio a turbulências e mercados nervosos. Nessas
circunstâncias, "overshootings" são inevitáveis e a moeda brasileira
está perto deles, após o uso de cerca de US$ 40 bilhões em swaps e, em dose
pequena, linhas de câmbio. Uma parte da sobrevalorização do real já fora
descontada com a correção de cerca de 20% realizada em 2012. Com os
desequilíbrios já existentes na economia brasileira e outros amplificados pela
dinâmica da instabilidade movida pela reversão de fluxos de capital, a cotação
do dólar tem, sem dúvida, combustível para subir até onde a irracionalidade
permitir, para depois se acomodar. O que interessa é o novo ponto de equilíbrio
- um enigma.
Com
a cotação de fim de período do mês de julho, de R$ 2,2897 ou pela média do mês,
de R$ 2,2522, a moeda brasileira estava bem perto de zerar sua valorização. O
índice da taxa efetiva real (com IPCA de deflator) naquele mês foi de 94, já
próximo dos 100 de 2005 ou de junho de 1994. Isto é, uma diferença de 6,3%, o
que pode sugerir, a grosso modo, que por esse parâmetro uma "boa"
cotação estaria na casa dos R$ 2,40 a R$ 2,45. O Fundo Monetário Internacional
estimou valorização de 10% a 15% do real em relação à cotação de maio, de R$
2,03, indicando uma posição de algum equilíbrio com o dólar entre R$ 2,25 e R$
2,35.
Há
outros cálculos mais sofisticados e números para variados gostos. As previsões
são feitas sob terrenos movediços, ao suporem que os juros dos títulos do
Tesouro americano, que subiram para 2,88%, estacionem aí. O Itaú projeta câmbio
a R$ 2,45 no fim do ano, com inflação de 6,1% e o Bradesco, em R$ 2,30 com os
preços correndo a 5,9%. Ou seja, parece razoável supor que o câmbio pode
momentaneamente escapar bastante dessas duas balizas, mas depois estacionará
entre elas.
Os
problemas causados por essa correção, porém, são desagradáveis. A correção dos
combustíveis parece ser inevitável, como já se convenceu o governo, e só com
esse reajuste, dificilmente a inflação será inferior aos 5,8% de 2012, uma meta
que o Banco Central vem perseguindo com o ciclo de alta de juros. Ao que tudo
indica, o esforço dos juros terá de ser maior para obter esse mesmo resultado.
Dólar em alta costuma ser acompanhado por commodities em baixa, mas não foi
isso que ocorreu em julho e no trimestre, quando o índice elaborado pelo BC
evoluiu 2,27% e 8,32%, respectivamente. Não há disparada à vista, mas há pouca
chance de recuos relevantes, que ajudem a conter os índices de preços.
O
aumento dos juros busca contrair a demanda em uma economia que tem mostrado
pouca disposição para elevar seu ritmo de crescimento. A disparada do dólar
trouxe um ingrediente de pessimismo adicional aos já baixos índices de
confiança de empresários e consumidores, que provocaram retração da demanda e,
até certo ponto, também dos investimentos. Como os fatores negativos, nessas
circunstâncias, aparecerão antes que os positivos - aumento das exportações,
que tirará a indústria de sua letargia, fim da fogueira de preços no setor de
serviços, por exemplo - é possível que a política de aperto terá de sacrificar
mais o crescimento do que se previa antes das tempestades nos mercados de
moedas.
O
rearranjo do dólar e dos juros no mercado internacional, por outro lado, tornou
mais difíceis as captações externas e reduziu muito o fluxo de ingressos no
país em um momento em que o déficit em conta corrente sobe e a balança
comercial arrasta um déficit ao longo do ano. Com isso, ficará mais trabalhoso
fechar as contas externas, embora não haja, de novo, desastres à vista.
Na
véspera de grandes guinadas na economia global, o Brasil parece estar sempre
com a casa desarrumada. Na crise de 2008, o desequilíbrio se exprimia em juros
lunares e taxa de câmbio apreciada. Agora, vive-se os efeitos de uma errada
política fiscal cíclica e de tolerância com a inflação.
segunda-feira, 19 de agosto de 2013
A conta de luz e a baderna fiscal.
Editorial do "O
Estado de S. Paulo" e a piora nas contas públicas.
A
redução da conta de luz, um dos truques do governo para maquiar as pressões
inflacionárias, poderá custar ao Tesouro Nacional R$ 17 bilhões, segundo
cálculo da consultoria PSR, de Mário Veiga, um respeitado especialista em
energia.
Se
o cálculo estiver correto, o governo terá de gastar com essa política o dobro
do estimado no começo do ano, de acordo com reportagem publicada no Estado na
sexta-feira passada. Relatório distribuído pela consultoria a seus clientes
apontou falhas importantes nas projeções oficiais: faltou acrescentar o custo
adicional das térmicas, ligadas mais tempo do que o normal, e o aumento de
preço da eletricidade comprada pelas distribuidoras. Esse documento é mais um
de uma série de más notícias sobre as condições reais das contas públicas.
Bastaria
esse gasto a mais com a política da conta de luz para neutralizar quase toda a
economia de R$ 10 bilhões anunciada na última revisão bimestral do Orçamento. A
maior parte dessa economia será provavelmente um corte de vento, mas está
incluída nas novas estimativas do resultado fiscal.
Essas
estimativas já haviam sido prejudicadas, logo depois do anúncio, pela decisão
da presidente Dilma Rousseff de liberar R$ 6 bilhões para emendas de senadores
e deputados ao Orçamento-Geral da União (OGU).
Essa
liberação é parte do costumeiro toma lá dá cá entre o Executivo e a base
aliada, uma barganha para obtenção de apoio em votações importantes para o
Palácio do Planalto.
Ninguém
deveria criminalizar as emendas, disse recentemente secretário-geral da
Presidência, Gilberto Carvalho. Mas não se trata de criminalizar. As emendas,
geralmente usadas para atender a interesses eleitorais dos parlamentares,
independem de objetivos próprios da administração federal Na prática, são uma
forma de apropriação de recursos para fins privados.
Apesar
da prometida liberação de verbas, a base abandonou o governo em duas questões
importantes: a destinação dos royalties do petróleo e a proposta de emenda
constitucional para adoção do orçamento impositivo, aprovada há poucos dias na
Câmara.
Se
esse projeto for sacramentado nas duas Casas do Parlamento, a presidente Dilma
Rousseff poderá, como último recurso, tentar derrubá-lo na Justiça, mas
enfrentará resistência política e precisará arregimentar mais forças. Se a
emenda entrar em vigor, o Tesouro será forçado, provavelmente já no próximo
ano, a soltar mais dinheiro para as emendas. Isso resultará em mais
pulverização e mais desperdício de verbas e, naturalmente, em piora das contas
públicas.
A
iniciativa dos parlamentares, nesse caso, é apenas uma contribuição adicional à
demolição das contas fiscais. Sem essa ajuda, o Executivo já tem feito mais que
o suficiente para bagunçar a política orçamentária e enterrar todo compromisso
com a disciplina fiscal.
Democraticamente,
a presidente Dilma Rousseff e sua equipe econômica têm procurado abrir espaço para
também os governos estaduais e municipais participarem da farra. A ampliação de
limites de endividamento é uma eficiente forma de inclusão nessa festa, mas é
também uma forma de afrouxar as normas da gestão pública.
Autoridades
têm exibido, no entanto, pouca preocupação com essas normas, apesar de alguma
encenação, como a proposta, formulada pela presidente, de um pacto de
responsabilidade fiscal. Não há como levar a sério essa proposta, quando se
considera a prática efetiva.
Até
o fim do ano haverá ocasiões para novos golpes contra as finanças públicas. O
presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),
Luciano Coutinho, anunciou negociações para obter mais dinheiro do Tesouro.
Essa ajuda, segundo informação extraoficial, poderá ficar entre R$ 20 bilhões e
R$ 30 bilhões. Para isso, o Tesouro emitirá títulos e aumentará sua dívida.
O
mercado anotará o desmando, mas o governo continuará agindo como se nada
importante houvesse ocorrido. Em breve, a Lei de Responsabilidade Fiscal será
menos seguida que o Código de Hamurabi.
domingo, 18 de agosto de 2013
Brasil: o reino da burocracia.
A GAP
é o maior grupo de vestuário dos Estados Unidos e o terceiro do mundo. Fundada
em 1969 e presente em 90 países, espera-se que em setembro desembarque em São Paulo.
O
Diretor de Alianças Estratégicas da GAP comentou na VEJA que “o mercado
brasileiro foi aquele que mais demandou tempo de pesquisa. Foram seis anos ao
todo. Há muita regulação e muita tributação no Brasil.”
É
ou não é a cara do Brasil?
Quem irá desenvolver o Pará em 2014?
Em recente palestra em Belém
do Diretor de Política Econômica do BACEN, utilizando dados do IBGE de 2010 ele informou que o
estado do Pará detém o maior
percentual do PIB de toda a região Norte: 39%.
Enquanto isso, o estado do
Pará apresenta o pior
PIB per capita entre os sete estados da região: R$ 10.300,00.
Indiferente do governador ou governadora de plantão, o estado do Pará merece MAIS.
Lira Neto faz a união de Fernando Henrique e Lula.
No segundo volume da
excelente trilogia sobre Getúlio Vargas, Lira Neto simplesmente consegue obter
o consenso de FHC e Lula para o seu livro.
Fernando Henrique Cardoso: “Li
quase de um fôlego só o primeiro volume do livro de Lira Neto sobre Getúlio.”
Luiz Inácio Lula da Silva: “Poucas
vezes vi alguém descrever tão bem a história de Getúlio Vargas e do povo gaúcho
como o Lira Neto na primeira parte da sua trilogia.”
quinta-feira, 15 de agosto de 2013
Mudanças.
Leio na FOLHA de S. PAULO, o otimismo de Delfim Netto, embora não acredite em tudo que o mestre escreveu.
Na
última semana, alguma coisa se moveu. No campo político, assistimos à redução
de dois estresses institucionais que devem trabalhar na direção de diminuir a
angústia depressiva que se apropriou da sociedade.
Primeiro,
a presidente tomou a iniciativa do diálogo e diminuiu a tensão entre o
Executivo e o Legislativo, que ameaçava tornar-se um cabo de guerra na
apreciação de cada projeto e de seus vetos. Segundo, o Supremo Tribunal Federal
reconheceu que pode eventualmente condenar membros do Legislativo, mas que a
cassação do mandato obtido na urna deve ser feita pelo Congresso.
Dois
movimentos no sentido do mútuo respeito à independência harmônica dos Poderes
da República e, portanto, no sentido da consolidação institucional.
No
campo econômico externo algumas notícias como a aceleração das exportações
chinesas e coreanas, e o aumento dos indicadores de compras industriais nos EUA
e Europa, parecem dar alento a uma recuperação ainda que lenta da produção. No
interno, tem havido uma mudança no comportamento do governo em relação à
cooptação do setor privado para competir nas obras de infraestrutura cuja
eficácia será testada nos próximos leilões de concessões de rodovias,
ferrovias, portos e energia.
Talvez
nada indique melhor a confusão que está levando os agentes econômicos a cultivarem
um desânimo devastador do que a sua reação à situação externa mencionada acima.
Em resposta ao que pode ser um movimento pontual aleatório das exportações
chinesas, a Bovespa subiu 3,12%. Até a ação da OGX-ON subiu 9,25% (infelizmente
para R$ 0,50!).
Isso
revela que boa parte do pessimismo é, seguramente, exagerado. É claro que nossa
situação não é confortável: crescimento medíocre por falta de investimento
público e dificuldade de cooptar o do setor privado; taxa de inflação no teto
superior da "meta" e um déficit em conta corrente de mais de 75
bilhões de dólares. Mas deve ser claro, também, que não há qualquer ameaça à
estabilidade de nossa economia.
Recentes
mudanças na política econômica: 1º) a melhoria da interlocução do governo e o
reconhecimento de que ele deve melhorar a qualidade dos leilões nas concessões;
2º) o reconhecimento de que não há mais espaço para a política fiscal e que
empréstimo interno do Tesouro não é recurso, a não ser quando financiado com
superavit fiscal; 3º) a nova disposição do Banco Central de buscar a
"meta" da inflação num prazo adequado, mas não indefinidamente
prorrogável e 4º) Tudo isso e mais a flutuação da taxa de câmbio, que deverá
aliviar a indústria, sugerem que estamos nos preparando para melhorar.
PIB prévia 2º trimestre de 2013: 0,89%.
Conforme
o BACEN através do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central), uma prévia do PIB, a economia brasileira cresceu 1,13% em junho em comparação com maio, o
que resulta numa alta do PIB de 0,89% neste 2º trimestre de 2013, na comparação com o
1º trimestre.
O pessimismo neste 2013 continua em alta...
terça-feira, 13 de agosto de 2013
Mansueto Almeida no Brasil Econômico.
O colega economista e blogueiro Mansueto Almeida não está para brincadeira. Em longa entrevista ao BRASIL ECONÔMICO ele é um duro crítico da atual política econômica. Abaixo uma prévia do que ele afirma.
O senhor comunga da ideia
de que o governo abandonou o tripé macroeconômico de câmbio flutuante, meta de
inflação e superávit primário?
Não diria que abandonou,
mas tenho convicção de que a gestão do tripé macroeconômico piorou bastante,
especialmente na questão fiscal e nas metas de inflação. Nos últimos cinco
anos, com exceção de 2009, a inflação vem ficando próxima a 6% ao ano. Antes,
quando a inflação esperada para o ano seguinte se distanciava da meta, o Banco
Central (BC) tomava medidas para aproximar a taxa para o centro.
Nos últimos anos, isso não
ocorreu. Ninguém acreditava que o BC iria tomar as medidas necessárias para
trazer a inflação para o centro da meta. E quando isso ocorre num mercado de
trabalho aquecido, você causa um problema, porque as pessoas vão demandar
reajustes salariais baseados não no centro da meta, mas numa taxa de 6%. O
custo disso é muito alto.
O último dado de inflação
(variação do IPCA em apenas 0,03% em julho), que é muito bom, eu diria que é um
ponto fora da curva. Os preços livres nos últimos meses estão rodando a 8% ao
ano. O que trouxe a inflação para baixo foi o preço administrado. Combustível,
tarifa de transporte urbano. São coisas que conseguem segurar por algum tempo,
mas não por muito tempo.
A última vez que teve
aumento de tarifa de transportes em São Paulo foi em 2011. Ano passado não
teve, este ano não teve, próximo ano é eleitoral, provavelmente não terá. Mas
em algum momento vai ter que reajustar, ou vai causar um prejuízo brutal para o
setor privado. Você tem hoje um fato novo que é a desvalorização do real. E
isso também contribui para aumentar um pouco a inflação.
A inflação de julho foi um ponto fora da curva.
Graças ao nosso CORECON PA, quem esteve ontem em Belém foi Carlos Hamilton, diretor de política econômica do BACEN.
Segundo o VALOR, quando questionado
sobre os comentários de que membros do governo viram esse dado com um sinal de
que o BC poderia relaxar a condução da política monetária, Hamilton disse que
“não fala sobre esse tipo de comentário”.
E completou afirmando que “Acho que
a inflação de julho foi de fato baixa, bastante baixa, mas é um ponto fora da
curva. Inflação próxima de zero é exceção, não regra”, enfatizou durante
entrevista após a divulgação do Boletim Regional do BC, completando que em
agosto e nos próximos meses as taxas mensais serão mais elevadas.
segunda-feira, 12 de agosto de 2013
Olhem o balanço de pagamentos.
Fabio Giambiagi, especialista em Finanças Públicas, hoje no O GLOBO.
Lester
Thurow, antigo professor do MIT, dizia que "as sociedades têm uma
tendência a cometer erros fundamentais a intervalos de 60 anos, uma vez que
todo mundo com idade bastante para se lembrar do engano anterior a essa altura
já está morto ou senil". Já nosso Ivan Lessa disse a mesma coisa, mas com
outra métrica, quando escreveu que "de 15 em 15 anos, o Brasil se esquece
do que aconteceu nos últimos 15 anos".
Independentemente
do intervalo de tempo em que as sociedades esquecem o passado, é natural que
aqueles que vivenciamos as agruras dele observemos o presente com olhos
diferentes daqueles que só conhecem o passado pelos livros de História. E,
nesse sentido, para os mais velhos, a trajetória recente do nosso balanço de
pagamentos é bastante preocupante.
É
verdade que o funcionamento da economia em um regime de câmbio flutuante é
muito diferente da forma em que uma economia opera com câmbio fixo ou rígido.
Basicamente, com câmbio flutuante, na presença de uma desvalorização entram em
jogo estabilizadores automáticos que não estão presentes quando a política
cambial é rígida. Primeiro, pela mudança da paridade cambial em si, que altera
os preços relativos de exportações e importações e modifica com o passar do
tempo o resultado da balança comercial. E, segundo, porque enquanto que numa
economia com câmbio fixo ou semifixo, há um certo valor em US$ de diversos
itens da despesa, com câmbio flutuante tal valor é uma função da própria
cotação cambial. Um exemplo simples ajuda a entender isso: se há R$ 30 bilhões
a serem remetidos por conta de lucros e dividendos a uma cotação de R$ 2 por
dólar, a remessa dessa rubrica será de US$ 15 bilhões, mas, se a cotação pular,
só como hipótese de raciocínio, para R$ 3, o mesmo valor na moeda local, se
medido em dólares, passa a ser de US$ 10 bilhões.
De
qualquer forma, qualquer que seja a política cambial, desequilíbrios elevados
na conta corrente de um país submetem este a um risco importante: o de o
financiamento externo "secar". Nesse caso, o país terá que se
ajustar, tão rapidamente quanto for a intensidade do movimento da conta de
capitais.
O
que nos mostram os números? Vejamos a trajetória do déficit em conta corrente
do país. Até 2007, tinhamos um pequeno superávit. Em 2008, tivemos um déficit
de US$ 28 bilhões, contido no ano seguinte para US$ 24 bilhões por conta da
crise. Depois, ele só fez aumentar, chegando a US$ 54 bilhões em 2012, com
perspectiva de chegar perto de US$ 80 bilhões em 2013.
Esses
números, que em épocas anteriores teriam ligado o sinal vermelho da política
econômica, são vistos com tranqüilidade tanto pelos gabinetes oficiais como por
analistas privados, com dois argumentos. Um, de que haveria financiamento
externo disponível. E o segundo, de que em termos relativos seria da ordem de
3% do PIB - percentual considerado aceitável. O problema é que ambos argumentos
têm sua dose de vulnerabilidade. O financiamento externo existe até que deixa
de existir - e, muitas vezes, isso ocorre subitamente. E o percentual do déficit
é ele mesmo função da taxa de câmbio: se a fonte externa de recursos secar e o
câmbio se desvalorizar, o valor do PIB em US$ cai e 3% do PIB podem virar 4% do
PIB em pouco tempo - entrando em terreno mais delicado. Além disso, o déficit
em dólares continua aumentando.
O
país, que fez um ótimo ajuste externo na década passada, a ponto de ter
eliminado a dívida externa líquida, parece ter se deixado seduzir pelo
"canto de sereia" do financiamento externo. Tomás Eloy Martinez,
autor de "La novela de Perón", coloca em boca deste a frase que ele
teria dito ao afirmar que "a História é uma piranha", pois
"sempre fica com quem paga mais". E quem paga mais é sempre o último,
porque o relato que conta na História é sempre o derradeiro. Desde 2004, a
demanda doméstica avançou na frente da produção, "festa" essa
financiada pelo resto do mundo. Se essa relação não for revertida, cedo ou
tarde teremos uma crise. O Governo precisa tomar cuidado: se o financiamento
externo "secar", a história das gestões Lula-Dilma acabará sendo
reescrita - e, se tanta gente foi para a rua mesmo com desemprego baixo, dá
para imaginar o tamanho da confusão se tivermos uma crise para valer.
O esquecimento de Tombini.
Editorial do ESTADÃO revela que se por um lado o Brasil tem um sistema financeiro seguro, por outro lado o BACEN, em ligação direta com o governo, vem colaborando com antigas práticas que colocam em dúvida diversos dados econômicos.
Faltou
o capítulo mais picante - sobre o Tesouro Nacional, os bancos públicos e a
política federal de crédito - na exposição sobre o sistema bancário brasileiro
apresentada sexta-feira passada pelo presidente do Banco Central (BC),
Alexandre Tombini, na abertura do seminário internacional sobre Riscos,
Estabilidade Financeira e Economia Bancária, em São Paulo. Ele teve bons
argumentos para descrever o sistema nacional como um dos mais regulados e mais
controlados do mundo. A palestra principal seria a do presidente do Banco
Central da Suécia, Stefan Ingves, também presidente do Comitê de Basiléia para
Supervisão Bancária. Mas o anfitrião poderia, desde logo, e sem a arrogância de
alguns colegas de Brasília, exibir um bom exemplo cie regulação e supervisão,
testado com sucesso em 2007-2008, no estouro da última grande bolha de crédito.
O
Brasil, disse Tombini, tem hoje uma capacidade diferenciada de monitoramento do
sistema financeiro, graças ao registro obrigatório de todas as operações de
crédito e de derivativos. Nenhum outro mecanismo de supervisão é mais amplo. De
fato, instituições brasileiras dificilmente poderiam ter ido tão longe quanto
as americanas e europeias nas operações originadas do financiamento
imobiliário. Não havia, no caso brasileiro, áreas tão escuras e tão fora de
controle quanto nos mercados financeiros do mundo rico. Os mecanismos de
controle se estendiam, e assim continuam, muito além das transações dos bancos
comerciais.
Além
disso, regras até mais severas que as desenhadas pelo Banco de Compensações
Internacionais (BIS), de Basiléia, têm sido adotadas há muitos anos no Brasil. Graças aos mecanismos de controle e às ações de prevenção de risco, o sistema
tem-se mantido saudável e o País poderá adotar sem dificuldade, como disse
Tombini, as normas de Basiléia III.
A
exposição de Tombini foi irretocável pelo menos sob um aspecto: descreveu com
fidelidade o trabalho das autoridades monetárias e financeiras para tornar o
sistema confiável e seguro. Mas o cenário seria um tanto diferente se ele se aventurasse,
em sua palestra, pelo terreno bem menos seguro das relações entre o governo e
as instituições sob seu controle.
Nesse
caso, um de seus problemas seria mostrar onde fica a fronteira entre a área
fiscal e a do crédito. Teria dificuldade para traçar uma linha precisa, por
causa da crescente promiscuidade entre o Tesouro e as instituições financeiras
da União.
Desde
os primeiros impactos da crise internacional, o governo reconstruiu, sem usar
esse nome, os processos da velha conta movimento, uma aberração fiscal e
monetária mantida por muitos anos e extinta no final dos anos 80. Na primeira
etapa, recursos fiscais foram usados em escala crescente para reforçar o caixa
dos bancos federais e facilitar o crédito para investimentos. Na segunda, o
Tesouro passou a recorrer, também de forma crescente, a dividendos dessas
instituições para arrumar suas contas e garantir, na aparência, a realização do
superávit primário programado para o ano.
Só
no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Tesouro
injetou 285 bilhões entre 2009 e 2012. Essas e outras operações com os bancos
federais foram realizadas por meio de aumento da dívida bruta da União.
Ainda
em junho, o governo aumentou sua dívida para passar R$ 15 bilhões ao BNDES e
R$ 8 bilhões à Caixa. Parte das transferências ao BNDES foi para mantê-lo
enquadrado nos padrões de Basiléia. Mas esse cuidado tem sido insuficiente para
preservar a imagem do banco.
Essa
imagem, tem sido severamente prejudicada por várias operações mal concebidas, malsucedidas
e destinadas, em geral, a favorecer grupos selecionados para tornarem-se
campeões nacionais. Os mais de R$ 10 bilhões aplicados no Grupo X7 do
empresário Eike Batista, apenas alongaram uma enorme lista de ações muito
discutíveis.
Regras
de Basiléia, como disse o presidente Tombini, são apenas manifestações de bom
senso. Pouco valem, quando os desmandos partem do governo e envolvem o uso
voluntarista do Tesouro e dos bancos estatais.
Eliana Cardoso: Economista do Ano 2013.
Leio na FGV Notícias que a professora da Escola de Economia de São Paulo (EESP) Eliana Anastácia Cardoso é
a Economista Homenageada desta edição do Prêmio Economista do Ano - Excelência
em Economia 2013 pelo conjunto de sua obra.
Concedido pela Ordem dos Economistas do Brasil (OEB), o prêmio reconhece há mais de 50 anos os profissionais e alunos que se destacaram por sua contribuição para o desenvolvimento econômico do país ao proporem análises críticas e inovadoras para a Economia nacional.
PhD em Economia pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), Eliana Cardoso é professora titular na Universidade de Tufts, nos Estados Unidos, e professora visitante no MIT, em Yale, Georgetown e também na USP. No Banco Mundial, trabalhou como Lead Economist na China e como Chief Economist na Ásia do Sul, além de ter sido Secretária de Assuntos Internacionais no Ministério da Fazenda do Brasil e Conselheira no Departamento de Pesquisa do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Eliana Cardoso também escreveu mais de 100 artigos em revistas profissionais no exterior no Brasil e á autora de livros como “Latin America's Economy: Diversity, Trends and Conflicts” – que em 1992 recebeu a menção honrosa da Association of American Publishers –, “Fábulas Econômicas” e “Mosaico da Economia”.
A professora ainda é colunista do jornal Valor Econômico e faz diversos artigos de opinião para o Estado de São Paulo.
A cerimônia de entrega do Prêmio Economista do Ano acontece hoje, às 18h30, no espaço Rosa Rosarum, em São Paulo.
Concedido pela Ordem dos Economistas do Brasil (OEB), o prêmio reconhece há mais de 50 anos os profissionais e alunos que se destacaram por sua contribuição para o desenvolvimento econômico do país ao proporem análises críticas e inovadoras para a Economia nacional.
PhD em Economia pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), Eliana Cardoso é professora titular na Universidade de Tufts, nos Estados Unidos, e professora visitante no MIT, em Yale, Georgetown e também na USP. No Banco Mundial, trabalhou como Lead Economist na China e como Chief Economist na Ásia do Sul, além de ter sido Secretária de Assuntos Internacionais no Ministério da Fazenda do Brasil e Conselheira no Departamento de Pesquisa do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Eliana Cardoso também escreveu mais de 100 artigos em revistas profissionais no exterior no Brasil e á autora de livros como “Latin America's Economy: Diversity, Trends and Conflicts” – que em 1992 recebeu a menção honrosa da Association of American Publishers –, “Fábulas Econômicas” e “Mosaico da Economia”.
A professora ainda é colunista do jornal Valor Econômico e faz diversos artigos de opinião para o Estado de São Paulo.
A cerimônia de entrega do Prêmio Economista do Ano acontece hoje, às 18h30, no espaço Rosa Rosarum, em São Paulo.
domingo, 11 de agosto de 2013
Evento em Fortaleza: I Semana da Liberdade.
A colega
blogueira economista cearense Cibele Bastos é a organizadora da I Semana de
Liberdade - "Os 25 Anos de Constituição Federal: Do Estado Social ao Estado
Liberal – Mito ou Possibilidade?" que acontece na nossa querida Fortaleza dias 5 e 6 de setembro próximo.
Um evento que vai de Ayn Rand a Von Mises é mesmo
imperdível.
sábado, 10 de agosto de 2013
Na burocracia, boa parte da inibição ao crescimento.
Recente editorial do ESTADÃO e a confirmação para quem conhece o BRASIL: um país muito BUROCRÁTICO.
Nada
menos que 80% das pessoas entrevistadas para a publicação Retratos do Brasil, da
Confederação Nacional da Indústria (CNI), consideram que o País é burocrático
ou muito burocrático. E mais de 70% entende que a burocracia provoca alta do
preço de produtos e serviços, desestimula negócios e dificulta o crescimento
econômico, Ainda pior, burocracia de mais favorece a corrupção: além da questão
ética, a economia é afetada.
A
pesquisa confirma o que a maioria dos brasileiros sabe na prática. E ajuda a
explicar por que a energia perdida nos meandros oficiais resulta em taxas de
crescimento aquém do potencial brasileiro.
Interna
e externamente, o Brasil já é conhecido pelo excesso de burocracia. Em 2013, o
estudo DoingBusiness, do Banco Mundial, classificou o País no 121º lugar entre
aqueles onde é mais difícil empreender, de um total de 185 países analisados.
Em 2012, o País ocupou a 122º colocação, ou seja, evoluiu apenas uma posição
neste ano.
Segundo
a CNI, a maioria acha difícil fazer um inventário, requerer aposentadoria,
fechar uma empresa e tirar passaporte. Também é difícil limpar o nome e até
alugar imóvel e tirar carteira de motorista. Os entrevistados também afirmam
que deveria ser prioritário combater a burocracia. Parece óbvio, mas não é.
No
passado, criar dificuldades para vender facilidades era a máxima adotada na
política e em grande parte dos serviços públicos. Mas ainda hoje 57% dos
brasileiros pensam que a burocracia é um mal necessário a ser tolerado e 63%,
que ela coíbe o mau uso de recursos públicos.
Na
verdade, excessos burocráticos elevam os custos das empresas e pesam nos
orçamentos domésticos. Perdem-se recursos que iriam para consumo ou
investimentos.
Entre
a penúltima e a última pesquisa semanal Focus a mediana das projeções para o
PIB deste ano caiu mais uma vez, de 2,28% para 2,24%.
A
maioria dos economistas espera crescimento de apenas 2%. Há explicações para
isso: incertezas quanto à inflação e aos compromissos fiscais; dificuldades
externas; tributos altos; infraestrutura decadente; e, ao mesmo tempo,
aparelhamento do Estado por pessoal pouco qualificado, incapaz de atrair
investimento na magnitude de que o Brasil precisa para voltar a crescer.
O
excesso de burocracia é marca da péssima qualidade de grande parte dos serviços
públicos - geridos diretamente pelo Estado ou concedidos a companhias privadas.
E isso empurra o PIB para baixo.
Inflação em queda, Dilma em alta.
Enquanto
a oposição continua perdida, a inflação desacelera e a avaliação do governo
Dilma volta a subir.
Porém o mercado, mais atento, prevê aceleração do IPCA em agosto para 0,3% e projeta
que a inflação feche 2013 em torno de 6,0%, ainda dentro da meta.
Lamentavelmente
o país continua em baixo crescimento e, com otimismo, é possível que o PIB em
2013 chegue a apenas 2,3%, com uma previsão de 2,7% para 2014, um pouco maior que
2013.
O
Brasil precisa deixar de ser o eterno país do futuro e tornar-se, verdadeiramente,
o país do presente.
É o crescimento da renda, estúpido.
LUIZ
CARLOS MENDONÇA DE BARROS, economista-chefe da
Quest Investimentos, em mais um de seus ótimos artigos sobre a economia brasileira, ontem na FOLHA DE S. PAULO. E com uma visão otimista, que sempre é bem vinda nestes tempos de crise.
Embora
tenha durado apenas o tempo de uma flor de manacá, a exposição do aumento dos
índices de IDHM dos municípios do Brasil na mídia precisa ser recuperada.
Talvez tenha sido a notícia mais importante do ano para os analistas que
procuram olhar o Brasil sob a ótica das mudanças estruturais de nossa
sociedade.
Os
números são impressionantes e mostram um país que passa de uma posição
vergonhosa no campo de desenvolvimento social para a companhia de sociedades
mais justas e ricas. Mas essas informações entram em choque com o clima de que
estamos próximos de um desastre e que tomou conta de boa parte dos agentes
econômicos -- empresários e financistas -- nos últimos meses.
Não é possível que uma economia que fez com que a renda
média real da sociedade dobrasse em 17 anos esteja à beira do abismo, mesmo que
os resultados nos últimos três anos sejam decepcionantes.
Em
1993, a renda média anual do brasileiro era -- a valores reais de 2012 -- de R$
5.016,00, equivalentes ao câmbio também de 2012 a US$ 2.500. Em 2010, 17 anos
depois, esse número atingiu R$ 10.884,00, ou seja, próximo de US$ 5.500. Um
aumento de mais de 100% no período, o que corresponde a uma taxa anual composta
de 4,7%.
Mesmo
se tomarmos como base a renda média de 1994, início do período do real, os
números chamam a nossa atenção. Nesses 16 anos,
entre o início do período de estabilidade de nossa moeda e o fim do ciclo de
crescimento em 2010, o aumento real da renda média do brasileiro chegou a 64%,
ou seja, cresceu a uma taxa anual de 3,14%.
Todo economista sabe -- ou deveria saber -- que o fator mais
importante por trás das mudanças sociais é o crescimento econômico por um prazo
longo. Importa menos a taxa anual de crescimento e mais a duração do período em
que esse crescimento se sustenta.
Uma
segunda verdade em que acredito é a que nos diz que o principal -- e mais
difícil -- fator por trás do crescimento econômico sustentado é o aumento da
renda real das famílias. Isso é verdade principalmente em uma sociedade de
cigarras como a nossa, em que o consumo representa mais de 2/3 do PIB (Produto
Interno Bruto).
Por
isso, os dados do Pnud da ONU, publicados recentemente, não surpreenderam a
equipe de economistas da Quest Investimentos. Afinal, o quadro inicial das
apresentações institucionais aos nossos clientes, desde 2007, apresenta um
gráfico da renda real calculada pelo IBGE entre 1978 e 2013 e mostra, por meio
de uma linha de tendência, seu comportamento nesse período.
Em
1979, último ano do milagre econômico dos militares, a renda real anual era de
R$ 7.464,00. Em 1993, fim do período em que tivemos uma hiperinflação
histórica, o brasileiro médio ganhava anualmente apenas R$ 5.016,00. Ou seja,
uma queda de mais 30% em 14 anos. Podemos contar essa mesma terrível história
dizendo que, nesse período negro, o brasileiro empobreceu em média mais de 2%
ao ano.
A
mais importante consequência desse longo período de crescimento que tivemos depois
do Plano Real pode ser vista -- a olho nu -- em uma fotografia da sociedade
brasileira dividida em classes de renda. Ela também faz parte, desde 2006, das
apresentações da Quest como um de seus pontos centrais.
Para
chegar a ela, dividimos os brasileiros em apenas duas classes de renda: na
primeira estão aqueles que estão inseridos na economia de mercado, ou seja, têm
carteira de trabalho assinada, acesso a crédito bancário e no comércio e estão
protegidos por programas sociais como aposentadoria, seguro-desemprego e outros
que não o Bolsa Família. Na outra classe, estão os brasileiros que vivem na
informalidade e não têm acesso às instituições do mundo formal.
Em
1993, os brasileiros da classe formal representavam um terço da população,
ficando o grupo informal com os outros dois terços. Hoje temos a situação
oposta, ou seja, dois terços vivem no mundo formal e o outro terço no informal.
Uma mudança extraordinária e muito difícil de
ser encontrada na história das nações emergentes como a nossa.
Peço
agora ao leitor que volte ao título desta coluna.
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