sábado, 1 de maio de 2010

AS CONTRADIÇÕES NAS MEDIDAS ECONÔMICAS.

No “O Estado de S.Paulo” de 29/04/10, vamos ler agora “as contradições nas medidas econômicas.

A condução da política econômica exige que as medidas adotadas não estejam em contradição com os objetivos anunciados anteriormente ou com as necessidades da conjuntura. Mas nas últimas semanas multiplicam-se medidas contrárias aos objetivos anunciados semanas atrás.

A contradição mais flagrante é a do uso do Fundo Soberano, criado para aplicações no exterior que, além de reduzir o risco cambial, oferece remuneração maior do que a dos títulos do Tesouro norte-americano. Todavia, uma Medida Provisória autoriza o fundo a participar do programa de capitalização de banco público, desrespeitando a legislação que o criou.

Há um superaquecimento da demanda doméstica que obriga as autoridades monetárias a elevar a taxa Selic. O superaquecimento da demanda é alimentado pelo uso dos cartões de crédito e financiamentos com prazos excessivamente generosos, o que justificaria a regulamentação dos cartões. Parece que o governo pensa em fazer essa regulamentação, pondo fim às taxas exigidas pelos bancos para a emissão dos cartões, o que favorecerá, na verdade, o aumento do seu uso. Não se fala em exigir que o financiamento das vendas a prazo fique claramente definido para que os portadores dos cartões se conscientizem do custo real das vendas a prazo longo "sem juros" e, assim, sejam levados a fazer sua própria poupança para comprar à vista.

Ao mesmo tempo vem a notícia de que os bancos pretendem ampliar seus prazos de financiamento às famílias, conscientes de que se trata de operações altamente rentáveis, num momento em que há consenso praticamente generalizado sobre a necessidade de reduzir o volume de crédito pessoal...

A indústria de autopeças, que se desenvolveu no País protegida por uma tarifa aduaneira elevada, está em crise. De fato, além de ver reduzida sua proteção, há um fortalecimento do real que favorece a importação de componentes.

Os exportadores podem, desde alguns dias atrás, utilizar o sistema de "drawback integrado", que suspende a cobrança de impostos na aquisição de insumos no mercado interno ou no exterior, para produção ou consumo no processo de produção de bens a serem exportados. Trata-se de uma medida adequada, embora fosse melhor ajudar a indústria de autopeças fixando prazo para sua modernização, para evitar fraudes, e levando em conta que ela se implantou no Brasil no quadro de um protecionismo que desapareceu e numa situação cambial bem diferente.

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