terça-feira, 9 de novembro de 2010

A THE ECONOMIST NO BRASIL.

A publicação mais influente e lida entre os empresários e líderes políticos de todo o mundo é a conhecida revista britânica THE ECONOMIST. Defensora do liberalismo e criada em 1843, a "Economist" é chefiada desde 2006 por John Micklethwait, que está em São Paulo para participar de um debate sobre o potencial brasileiro. Abaixo comentários do mesmo sobre assuntos que hoje dominam o mundo:

Pressão brasileira

Não sou pessimista com o G20 porque minhas expectativas com o sucesso desse encontro são bem baixas. Mas o Brasil deveria pressionar mais a China, junto com os demais emergentes.

Mas a China foi bem eficiente em culpar exclusivamente os EUA. A emissão de dólares dos EUA certamente não ajuda, mas o Brasil precisa lembrar a responsabilidade chinesa, pois as manufaturas muito baratas prejudicam a indústria brasileira. O desequilíbrio é culpa dos dois, não só dos EUA.

Potência regional

Por enquanto, Brasil, China e Índia criaram uma situação em que todos ganham. O que o Brasil vende eles não têm. E a agricultura brasileira é muito mais produtiva que a chinesa ou a indiana.

Dependência chinesa

A balança brasileira está muito dependente da China. O Brasil precisa de produtos de maior valor agregado. A agricultura é fantástica, então tem que fazer produtos finalizados, ter marcas.

O setor de serviços pode se internacionalizar. O sistema bancário pode ser muito forte na América Latina.

Declínio americano

É muito cedo para decretar o declínio absoluto dos EUA. Estão em meio a uma recessão séria, mas onde as pessoas mais talentosas do mundo querem estudar? Em que empresas querem trabalhar?

É sério que houve mudanças. Reagan falava coisas extremas, mas tinha lido Hegel, algo que não posso falar de Sarah Palin.

O achado de Murdoch foi criar uma rede de comunicação para um público conservador que era sub-representado na mídia.

Sempre suspeito quando dizem que em 2025 a China será o maior império do mundo. Não será uma evolução em linha reta. Há desafios na urbanização, na religião e choques com os vizinhos, muitas dificuldades no caminho.

Europa subestimada

Também acho que muita gente está subestimando a Europa. Ela tem um problema sério de pessimismo, mas tem os trabalhadores mais qualificados. Se desregular seu setor de serviços, ele vai virar um gigante.

A Europa já sofreu grandes problemas e tem uma capacidade de se reinventar e de reconstrução enormes.

Alemanha e Europa anglosaxônica avançarão mais. Mesmo os franceses, que foram às ruas lutar contra a aposentadoria mínima aos 62 anos, também sabem que precisam mudar.

Inteligência de massa

O fenômeno da globalização ajuda muito a "The Economist". Nossa tiragem tem crescido muito, já supera 1,5 milhão por semana.

Temos 30 correspondentes internacionais, uma cobertura realmente global, então é normal que muitos brasileiros ou indianos nos leiam.

Vivemos a ascensão da "inteligência de massas". Reclamamos do sucesso das revistas de celebridades e fofocas, do baixo nível da TV, mas nunca tanta gente no planeta foi à universidade, leu ou teve tanto acesso à informação.

Jornalismo Estamos virando blogueiros e aprendendo multimídia. Mas, para 90% da equipe, o que busco são as habilidades do jornalismo de sempre: inteligência para pensar em novas dimensões sobre tudo.

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