Leio na FOLHA que o Banco Central estima crescimento do PIB de 1,6% em 2012, o menor resultado desde 2009.
O fraco desempenho da produção industrial e a desaceleração das vendas no varejo fizeram com que a economia crescesse pouco em dezembro e fechasse o ano com o pior resultado desde 2009, ano em que o país sofria os efeitos da crise financeira internacional.
É o que mostrou o IBC-Br (índice de atividade calculado pelo Banco Central para estimar o comportamento do Produto Interno Bruto).
Segundo esse indicador, a economia brasileira cresceu 1,6% em 2012. Mas o índice oficial do PIB, computado pelo IBGE a partir de dados colhidos dos setores da economia, só sai em 1º de março.
Economistas estimam que o resultado oficial tenha ficado abaixo do calculado pelo BC. As estimativas de analistas de consultorias e bancos giram em torno de 1%.
Silvia Matos, da FGV, observa que o descompasso entre o indicador do BC e o PIB do IBGE ocorre desde o segundo semestre de 2011.
Naquele período, o termômetro do BC apontava uma desaceleração maior da economia, o que não foi comprovado no PIB oficial. Em 2011, a economia cresceu 2,7%.
Ao longo do ano passado, entretanto, o indicador do BC apresentou resultados superiores aos do IBGE. Isso explica a discrepância entre o indicador do BC e o que esperam os analistas para o PIB.
"[O IBC-Br] É um indicador válido para se avaliar a tendência da atividade mês a mês, mas não deve ser observado isoladamente de outros dados da economia", diz ela.
Por isso, o dado divulgado ontem não alterou as expectativas de analistas de um "pibinho" no ano passado.
"O resultado de 2012 foi muito frustrante em termos de atividade. Não houve sinais de recuperação até agora. E, por enquanto, não há indícios de retorno dos investimentos", afirma Rafael Bacciotti, da Tendências.
Em dezembro, segundo o IBC-Br, a economia cresceu 0,26%, menos do que em novembro (0,57%).
A desaceleração do ritmo de expansão era esperada diante dos indicadores de atividade industrial e do varejo.
As vendas do varejo restrito (sem contar automóveis e construção civil) recuaram 0,5% em dezembro ante novembro. Mesmo com vendas recordes de veículos, o desempenho do varejo ampliado ficou aquém do esperado.
A produção industrial ficou estável em dezembro, mas no ano o resultado foi de queda de 2,7% ante 2011.
O resultado do varejo, apesar de positivo, não foi suficiente para levantar o PIB.
"Houve antecipação da produção e das compras por conta da expectativa do fim dos descontos no IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados]", diz Luis Otávio Leal, banco ABC Brasil.
Silvia Matos, da FGV, afirma que dados de sondagens com empresários deste início de ano ainda não sugerem que a retomada tenha se firmado. "Embora haja indícios de que janeiro foi melhor para a indústria, temos certa cautela sobre o que virá nos próximos meses."