quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Mendonça de Barros: "Meu conselho: muito juízo e Lexotan".

Coluna Exame 6 de novembro 2017- Meu conselho: muito juízo e lexotan.
Na minha coluna de hoje quero trazer ao leitor da Exame alguns conselhos de um velho analista das coisas brasileiras na economia e na política: nos próximos seis meses tenham muito juízo para enfrentar o que vamos viver no Brasil. 
Além de muito juízo, principalmente na avaliação dos eventos na economia e nos mercados financeiros, nos momentos mais difíceis um comprimido de Lexotan vai ajudar muito a não tomar atitudes insensatas e que podem trazer muito arrependimento no futuro. Os últimos dias que vivemos nos mercados financeiros, com uma alta volatilidade na Bovespa, nos mercados futuros de juros e de cambio, já são manifestações claras destes dias tormentosos que vamos viver. 
E porque eu, que tenho sido extremamente otimista nos últimos dois anos, estou assumindo esta posição de extrema cautela para os próximos seis meses? 
Porque vamos viver um período em que o vazio político que antecede a definição do verdadeiro quadro eleitoral que vai existir a partir de junho do próximo ano vai levar ao extremo as especulações sobre os resultados das eleições de outubro. Aliás isto já começou com as primeiras pesquisas eleitorais que tem aparecido na imprensa e nas análises dos especialistas. 
A polarização entre Lula e Bolsonaro tem sido tomada pelo seu valor nominal, projetando um quadro caótico para nosso futuro. No fundo estes candidatos representam duas utopias do passado e que se mostraram altamente destrutivas para a democracia brasileira. Não acredito que elas cheguem ao fim do processo eleitoral da forma que se apresentam hoje. Esta posição radical nas pesquisas deve ajudar os partidos de centro e de centro direita - que poderiam mudar esta polarização ao abrir uma alternativa terceira força – a construir ao longo dos próximos meses um candidato com viabilidade eleitoral. O mais importante deles - que é o PSDB - vive hoje seu inferno astral em função da sua divisão entre duas posturas radicais em relação ao governo Temer. Fortalece este conflito, idiota e infantil, a falta de lideranças claras e com uma visão estratégica sobre a responsabilidade do partido no cenário eleitoral de 2018. Espero que esta convergência ocorra a partir da eleição do novo presidente do partido em dezembro próximo.
Este cenário é perfeito para que o especulador nos mercados financeiros se sinta poderoso para explorar as manchetes diárias produzida por uma imprensa sedenta por cenários extremos. Por isto espero um aumento importante na volatilidade dos mercados financeiros no Brasil.
Por isto na coluna de hoje – além do conselho que dei acima - quero chamar a atenção do leitor para o fato de que nos próximos meses teremos uma ação política dos partidos de centro na construção de uma candidatura alternativa à polarização revelada pelas pesquisas, e com condições de vencer as eleições. Neste sentido a divulgação das pesquisas nestes próximos meses, ao mostrar a força de duas utopias regressivas de nossa história – a ditadura militar e o petismo deletério - serão cruciais para pôr um pouco de juízo no PSDB e nos partidos mais à direita em sua busca por um candidato de consenso. Se isto acontecer como espero, o quadro eleitoral de hoje é apenas mais uma manifestação do que se chama hoje de Fake News.

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Do manifesto de apoio a Tasso Jereissati a atuação do Governo em matéria econômica.

Manifesto de Apoio a Tasso Jereissati pelos competentes Bolivar Lamounier, Edmar Bacha, Elena Landau, Luiz Roberto Cunha, Persio Arida:

Visão de Brasil
• Uma economia sustentável, moderna, competitiva e aberta ao mundo.
• Um governo ágil, eficiente e capaz de responder aos anseios dos cidadãos.
• Políticas públicas focadas em educação, saúde e segurança pública.
• Uma sociedade democrática, fundada no respeito aos direitos humanos, na liberdade de expressão e respeito aos direitos das minorias.
• Um sistema político que represente seus eleitores de forma efetiva.

Cinco pilares para a atuação do Governo em matéria econômica
(A) Austeridade Fiscal
• O governo nem deve nem precisa aumentar a carga tributária. Se a alíquota de um imposto aumentar a de outro deve ser reduzida.
• Programa anual de revisão dos gastos. Eliminar estruturas ociosas; aumentar a concorrência nos processos de compra; inovar na contratação de serviços e obras públicas assegurando processos transparentes na licitação, autorizando a entrada de capital estrangeiro e coibindo práticas viciadas como aditivos desprovidos de racionalidade técnica.
• Programa anual de revisão de isenções tarifárias, isenções tributárias e benesses de toda ordem que impactam as finanças públicas. Todo subsídio deve constar da previsão orçamentária, eliminando-se todo e qualquer subsídio implícito.
(B) Redefinição do papel do Estado: do produtor/financiador para o regulador e planejador
• Na economia brasileira de hoje o Estado não precisa nem produzir nem financiar a produção. A meta é liberar o capital hoje alocado nas estatais, bancos e empresas públicas para usos socialmente mais legítimos ou para reduzir o endividamento público. Programa radical de privatização.
• O Estado precisa sim regular as atividades produtivas do setor privado para assegurar a concorrência e a prestação adequada dos serviços públicos a cargo de concessionárias com controle privado. Para tal é urgente acabar com a captura política das agências reguladoras.
• O Estado precisa sim planejar a infraestrutura e o desenho dos mecanismos de atração do capital privado.
• O Estado deve também fixar a política de preservação e uso sustentável do meio ambiente, em busca de uma economia de baixo carbono, evitando a dilapidação do nosso patrimônio natural na busca por lucros.
(C) Postura não intervencionista
• Respeitar contratos.
• Aumentar a previsibilidade do quadro legal e regulatório.
• Não intervir na formação de preços através de congelamentos de tarifas ou de preços administrados.
• Evitar regras que criem proteção artificial a determinados setores ou atividades (lei do similar nacional, requisito de competência técnica para ganhar concessões etc.).
(D) Abertura
• Diminuição de barreiras e entraves à importação, com redução gradual de todas as tarifas de importação e eliminação de entraves burocráticos.
• Acordos de livre comércio com os parceiros relevantes abrindo espaço para produtos brasileiros no exterior e reduzindo os custos de importação, em especial dos insumos importados utilizados como insumos na produção e nas exportações.
• Simplificação e eliminação das barreiras burocráticas que limitam o fluxo migratório de estrangeiros ao Brasil.
(E) Reformas para modernizar o ambiente de negócios
• Estimular a livre iniciativa e o empreendedorismo.
• Estimular o investimento estrangeiro.
• Simplificar a vida dos cidadãos e das empresas reduzindo o custo de conformidade com as leis e consequentemente o contencioso.
• Desburocratizar, tratar os iguais como iguais, evitar regulamentação excessivamente minuciosa.

sábado, 4 de novembro de 2017

Folha de S. Paulo: Os livros mais vendidos da semana - 04/11/2017.

Veja os livros mais vendidos da semana:

Prática E Pessoas
1º (1º) Seja Foda! - Caio Carneiro (Buzz)- R$ 39,90
2º (3º) O Poder da Ação - Paulo Vieira (Gente) R$ 29,90
3º (-) Vicente Falconi - O que importa é o resultado - Cristiane Correa (GMT) R$ 39,90
4º (-) Qual é a tua obra? - Mário Sérgio Cortella (Vozes)- R$ 29,90
5º (1º) Como Usar a Internet para Alavancar sua Vendas ou Criar um Negócio Digital do Zero - Érico Rocha (Buzz) - R$ 39,90


Teoria e Análise
1º (-) História da Riqueza no Brasil - Jorge Caldeira (Estação Brasil) - R$ 69,90
2º (-) Por que o Brasil é um país atrasado? - Luiz Phillipe de O. e Bragança (NC) R$ 44,90
3º (-) O que os donos do poder não querem que você saiba - Eduardo Moreira (Alaude) R$ 24
4º (-) Elite do Atraso: da Escravidão à Lava Jato - Jesse Souza (Texto)- R$ 39,90
5º (1º) Marketing 4.0 - Philip Kotler, Hermawan Kartajaya e Iwan Setiawan (Sextante) - R$ 49,90 

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Tom Kirkman para presidente do Brasil em 2018!


Neste início de novembro de 2017 o cenário político brasileiro para as eleições de 2018 é tão incerto que talvez o candidato ideal a ser eleito presidente fosse mesmo o Tom Kirkman. 
Para quem sobrevive na complexa Washington, D.C. após um ataque terrorista que devastou a cúpula dos três poderes, instalar-se no Palácio do Planalto a partir de 01/01/2018 não será assim tão diferente. 
Afinal, aqui como lá, precisamos de reconstrução now!     
De qualquer maneira, se os nossos candidatos de agora mantivessem pelo menos a honestidade de Kirkman e a vontade de trabalhar pelo país, provavelmente teríamos alguma esperança na maneira de se fazer uma nova política no Brasil.      

Folha de S. Paulo: Comparando recessões.


Sabe-se o que é uma recessão –a queda aguda, ampla e prolongada da atividade econômica. Nem sempre se pode determinar com exatidão, entretanto, o momento em que uma se inicia ou se encerra.
Torna-se consensual, de todo modo, o diagnóstico de que chegou ao fim o devastador ciclo recessivo experimentado pelo Brasil. Documento recém-elaborado por um comitê de estudiosos, reunido na Fundação Getulio Vargas, avalia que o período de contração estendeu-se do segundo trimestre de 2014 ao fim de 2016.
A demora em se chegar a tal conclusão dá ideia de como o setor produtivo ainda está debilitado. Investimentos empresariais se mantêm em baixa; a expansão da indústria e do comércio é tíbia; o desemprego cai, mas graças à criação de vagas sem carteira assinada.
Uma crise tão brutal deixa sequelas duradouras, que transcendem o campo econômico.
Até onde os dados alcançam, a recessão que ficou para trás figura entre as quatro maiores vividas pelo país desde o século 20 –e é candidata à condição de pior delas.
Não há mais do que estimativas precárias acerca da derrocada de 1930-31, quando a Grande Depressão americana derrubou as exportações do café. Mas não restam dúvidas quanto a seu impacto: findava ali a República Velha, baseada no poder agrário.
Comparações mais precisas se podem fazer a partir dos anos 1980, quando o Produto Interno Bruto nacional começou a ser medido em bases trimestrais. O período compreende ainda a ruína do modelo de desenvolvimento fomentado pela intervenção estatal.
De acordo com os critérios do Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace, abrigado pela FGV), somente a retração de 1981-83 rivaliza em intensidade com a de 2014-16, quando o PIB encolheu assustadores 8,6%. Em duração, o ciclo recessivo mais recente iguala o recorde de 11 trimestres apurado entre 1989 e 1992.
O cotejo merece ressalvas, contudo, dado que o cálculo do produto passou por expressivas mudanças de metodologia no período. Ademais, o crescimento populacional acelerado nas décadas anteriores implicava taxas maiores de queda da renda por habitante.
Fato é que recessões de tal calibre escancaram profundas fragilidades e equívocos da gestão econômica, dos quais resultam desequilíbrios como excesso de dívidas ou descontrole da inflação.

No caso presente, um colapso orçamentário ainda a ser superado –o que não se dará sem conflitos e transformações políticas.

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Jerome H. Powell será o novo presidente do Federal Reserve.

https://www.nytimes.com/2017/11/02/business/economy/jerome-powell-federal-reserve-trump.html

https://www.federalreserve.gov/aboutthefed/bios/board/powell.htm





Gustavo Franco: A Moeda e a Lei - Uma história monetária brasileira: 1933-2013.


EXAME: O poder do conhecimento - edição 1149/02.11.2017.


https://exame.abril.com.br/

Piauí edição 134: Henrique Meirelles - A política do banqueiro.



Economia comportamental: curso em Brasília em 18/11/2017.

Quais os principais motores da decisão individual e organizacional?

Que fatores-chave consideramos quando fazemos escolhas?

Quais pequenos detalhes podem causar grandes mudanças?

Quanto o contexto da escolha afeta nossas decisões?

Que vieses sistematicamente observamos na decisão do consumidor?

E, mais importante, como agir para trabalhar esses vieses ou ajustar produtos e serviços usando a Economia Comportamental? 

Isso e muito mais em Brasília no próximo dia 18, com a professora Flávia Ávila. 

The Economist: Do social media threaten democracy? - Nov 4th 2017.



https://www.economist.com/printedition/2017-11-04

sábado, 28 de outubro de 2017

iPhone: preços no Brasil neste final de 2017.

Com a entrega prevista só para a próxima sexta-feira (3), o iPhone 8 e o iPhone 8 Plus já estão em pré-venda em sites de varejistas brasileiros. A página oficial da Apple não vai disponibilizar os modelos antes do lançamento na próxima semana.
A faixa de preço para o iPhone 8, já considerando descontos para compras à vista, varia entre R$ 3.500, para versão de 64 GB, e R$ 4.800, para a de 256 GB, segundo lojas on-line como Fast Shop, Lojas Americanas, entre outras.
O iPhone 8 Plus é encontrado com valores entre R$ 4.600 e R$ 5.400.
O modelos foram lançados globalmente em 22 de setembro, e parte do mercado considerou o desempenho das vendas decepcionante —o resultado oficial ainda não foi divulgado pela fabricante.
Os rumores de baixa demanda teriam inclusive levado a uma queda das ações da Apple em meados de outubro.
Há, porém, uma grande expectativa em relação ao próximo modelo a ser lançado neste ano, o iPhone X -que custa a partir de US$ 999, no site oficial da Apple. O valor equivale a R$ 3.240 na cotação atual, mas deverá subir ao chegar ao Brasil.
As pré-vendas do novo iPhone começaram na sexta-feira (27) em alguns países.
No Brasil, a previsão é que o lançamento ocorra até o fim deste ano, mas ainda não há data definida. 

Folha: Os livros mais vendidos na semana - 28.10.2017.

MAIS VENDIDOS

Veja os livros mais vendidos na semana
Teoria e Análise
1º (1º) Marketing 4.0 - Philip Kotler, Hermawan Kartajaya e Iwan Setiawan (Sextante) - R$ 49,90
2º (2º) Rápido e Devagar - Daniel Kahneman (Objetiva) - R$ 54,90
3º (4º) Previdência Particular - Marcos Silvestre (Faro) - R$ 39,90
4º (-) A Era do Capital Improdutivo - Ladislau Dowbor (Autonomia Literária) - R$ 40
5º (3º) Organizações Exponenciais - vários autores (HSM) - R$ 54,90

Práticas e Pessoas
1º (-) Como usar a Internet para Alavancar suas Vendas ou Criar um Negócio Digital do Zero - Erico Rocha (Buzz) - R$ 39,90
2º (-) Seja Foda! - Caio Carneiro (Buzz) - R$ 39,90
3º (2º) O Poder da Ação - Paulo Vieira (Gente) - R$ 29,90
4º (3º) Pai Rico, Pai Pobre - Robert T. Kiyosaki e Sharon L. Lechter (Alta Books) - R$ 79,90
5º (5º) Por que Fazemos o que Fazemos? - Mario Sergio Cortella (Planeta) - R$ 31,90
Lista feita com amostra informada pelas livrarias Saraiva, Curitiba, Martins Fontes, Fnac, Livraria da Vila, Livraria Cultura e Argumento; os preços são referência do mercado e podem variar; semana entre 15/10 e 21/10; entre parênteses, a posição na semana anterior 

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Revista Exame: Mulheres no topo.


The Economist: A tsar is born - October 28th 2017.


Jorge Caldeira: História da Riqueza no Brasil.



A antropologia lhe permitiu se aproximar do passado, iluminando objetos como a família, a mestiçagem, atitudes econômicas, as alianças de poder, revelando sua surpreendente permanência ao longo de cinco séculos. Quanto a econometria, essa forneceu medidas e estatísticas mal e pouco conhecidas de grande parte dos historiadores, para apreender fatos que só mediante esta abordagem são capturáveis." - Mary del Priore

"(Caldeira) ressalta, o que para poucos era claro, que o mercado interno sempre teve importância maior do que lhe foi atribuída por muitos autores, mesmo de livros clássicos. Não que se deixe de reconhecer o papel importantíssimo do mercado externo para a inserção mundial da economia, mas desaparece o retrato simplificador da sociedade brasileira do passado como se ela fosse formada apenas pela grande lavoura de exportação.

Em segundo lugar, trata-se de obra que traz uma abordagem metodológica rara: Caldeira introduz a referência a números, aos grandes números, na narrativa histórica e os usa para a comprovação de suas teses. Como se isso não bastasse para dar singularidade e notoriedade ao livro, acrescente-se que suas páginas mostram o fracasso das tentativas de acelerar o crescimento econômico pela vontade política do Estado." - Fernando Henrique Cardoso.

http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/10/1930315-em-novo-livro-historiador-explica-economia-brasileira.shtml


https://www.livrariacultura.com.br/p/livros/historia/historia-do-brasil/historia-da-riqueza-no-brasil

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Luiz Carlos Mendonça de Barros: O Nobel de Economia de 2017.


Nesta coluna vou deixar de lado o foco principal das minhas reflexões dos últimos meses - a defesa de que vivemos uma recuperação cíclica clássica iniciada no segundo semestre do ano passado - para discorrer sobre a importância do prêmio Nobel de economia deste ano. Como sabem os leitores do Valor, o prêmio foi para o economista americano Richard Thaler, professor da Universidade de Chicago.

O trabalho do professor Thaler, sobre o comportamento do que se convencionou chamar de Homo Econômicus, está inserido na chamada Escola de "behavioral economics". Seu foco principal é o de estudar o comportamento do indivíduo real nas suas decisões no âmbito de uma economia de mercado. Este grupo de economistas começou a questionar, a partir dos anos oitenta do século passado, a figura do "homo economicus" ultra racional como definido no arcabouço teórico da escola chamada de Neoclássica. Para este grupo, dominante no pensamento econômico por várias décadas, a decisão individual tinha sempre um caráter racional na busca de maximizar seu bem-estar econômico. Junto com a racionalidade das empresas na busca da maximização de seus lucros, formavam os pontos centrais dos modelos econômicos que explicavam o funcionamento das economias de mercado.

No início de sua caminhada intelectual os economistas que questionavam a premissa racional do comportamento do cidadão e das empresas foram tratados com desdém pela nata dos economistas americanos. Afinal, se eles estivessem certos em suas críticas toda uma teoria construída a partir da racionalidade do indivíduo teria que ser revista. Por outro lado, durante mais de vinte anos o arcabouço teórico dominante vinha conseguindo explicar, com grande êxito, a evolução conjuntural das maiores economias de mercado. Por que estariam errados perguntavam?

A resposta a esta questão veio com a crise do chamado sub prime, no final da primeira década do novo século nos Estados Unidos. Mais uma vez a chamada racionalidade do agente econômico - seja ele consumidor, investidor ou banqueiro - ficou ridicularizada de um dia a outro. A melhor forma de constatar o ridículo do conceito do Homo Economicus racional que prevalecia então pode ser vista e sentida no filme The Big Short.

Com a frustração provocada pela desmoralização de parte importante da teoria econômica dominante à época, iniciou-se uma busca desesperada por uma nova referência para entender o que havia acontecido e, mais importante, sobre o que fazer para se enfrentar a crise gravíssima que atingiu a maior economia do mundo. A sombra do grande economista John Maynard Keynes, que havia sido enterrada intelectualmente pelo movimento Neo Clássico nos anos 60 do século XX, surgiu das trevas e passou a ser novamente uma referência. Em suas ideias sobre como se evitar depressão econômica, os desesperados membros da equipe do governo americano que estava de saída foram buscar elementos de ação totalmente fora dos padrões de Wall Street. 

Da mesma forma o governo Obama, que assumiu o comando dos Estados Unidos no olho do furacão da crise econômica e bancária, bebeu da mesma fonte. Um livro, já fora de circulação nos meios acadêmicos - "Stabilizing an Unstable Economy" -, de autoria de Hyman Minsky, um keynesiano assumido, passou a ser uma referência na terrível tempestade que se seguiu. 

A figura dos agentes econômicos racionais nas suas decisões econômicas foi colocada de lado e uma busca intelectual para substituí-lo, com alguém de carne e osso, começou. E foram os teóricos do "behavioral economics" que saíram na frente em suas pesquisas. Na busca comum de uma solução para resolver esta questão, o grupo de economistas dividiu-se em duas alas: uma delas mantinha a racionalidade estrutural do indivíduo, mas introduzia o conceito que haveria apenas um certo desvio nesta racionalidade. Portanto era fundamental modelar, com os instrumentos que a matemática disponibiliza ao pesquisador, e mensurar este desvio de racionalidade, recolocando o agente racional no modelo neoclássico.

Mas o grupo mais radical, na sua crítica ao agente econômico clássico, defendia que não seria possível separar o pedaço racional da parcela humana do Homo Econômicus. E para defender sua posição passou a escrever sobre os casos mais graves de irracionalidade que estavam presentes em ações usuais de certos grupos de cidadãos. Destruir a tese da racionalidade, mostrando a irracionalidade de padrões de comportamento considerados racionais pelo senso comum dos economistas, foi a arma escolhida por eles. Nesta batalha o professor Thaler foi um dos mais ativos elementos de seu grupo.

E o que prega como saída para este dilema do agente econômico humano e, portanto, cheio de defeitos tanto ao nível individual como coletivo? Acompanhar as economias de mercado com os instrumentos neoclássicos, mas sem cair na tentação de que tudo funciona sem descontinuidade. Portanto: estar atento a movimentos de euforia pois a probabilidade de que os sentimentos desestabilizadores ocorram em momentos como este é muito grande. 

Vale aqui o pensamento de um velho dirigente do Fed no pós-guerra, quando a economia americana viveu um boom muito forte por um período longo: "No auge da festa é sempre saudável esconder em algum lugar o pote de "punch". Aliás, se o governo da presidente Dilma, em 2011 tivesse escondido o "pote de caipirinha" que embebedava a todos, ainda estaria no poder.

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Richard Thaler - Nobel prize for economics 2017.


Behavioural economists rarely win the Nobel prize for economics. Richard Thaler, announced today as the newest such laureate, has joined their number. Mr Thaler is perhaps most famous as a pioneer of “nudging”. This is the use of behavioural insights as a public-policy tool, a practice followed by growing numbers of governments. Mr Thaler’s prize recognises not only his achievements but also the discipline’s newfound importance.

https://www.economist.com/blogs/freeexchange/2017/10/2017-nobel-prizes

The 2017 Prize in Economic Sciences: Richard H. Thaler, born 1945 in East Orange, NJ, USA, age 72. Professor @ChicagoBooth.



https://www.nobelprize.org/index.html

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...