domingo, 9 de novembro de 2014
sábado, 1 de novembro de 2014
Thomas Piketty: O Capital no século XXI.
Finalmente, a edição brasileira com a tradução da competente colega Monica Baumgarten de Bolle, do mais recente fenômeno editorial no mundo da economia: Thomas Piketty e O Capital no século XXI.
sexta-feira, 24 de outubro de 2014
Aécio Neves e Dilma Rousseff: a grande final em 26/10/2014.
Dia 26 de outubro, neste próximo domingo,
milhões de brasileiros terão a oportunidade de escolher o novo Presidente da
República.
É um momento muito importante e, apesar de
discordar do voto obrigatório, entendo que cada eleitor deva manifestar
democraticamente a sua preferência.
Para que o Brasil continue consolidando a sua
jovem democracia, avalie com muita atenção cada candidatura e faça a sua
escolha pensando no futuro.
Boa sorte aos candidatos e aos eleitores.
E que DEUS abençoe o BRASIL.
O voto dos economistas.
Pesquisa realizada pelo VALOR ECONÔMICO mostra
como votam os economistas em nossos departamentos de Economia.
quarta-feira, 22 de outubro de 2014
Salve o Nobel.
Delfim Netto, hoje na FOLHA DE S. PAULO.
O estudo do funcionamento econômico da
sociedade pode ser convenientemente dividido em dois ramos: a macroeconomia e a
microeconomia.
A macro procura entendê-lo e criar instrumentos
para que seu administrador (o governo eleito periodicamente) possa produzir um
bom equilíbrio interno e externo. Durante muito tempo os economistas
acreditaram --e alguns ainda acreditam-- que, com uma adequada âncora cambial
(o "padrão ouro"), o sistema deixado a si mesmo ("laissez
faire") produziria "naturalmente" aqueles equilíbrios. A
variável de ajuste "natural" era o aumento do desemprego e a redução
do salário real, que se tornou politicamente inaceitável pelo avanço do
sufrágio universal.
Mas o fato importante é que mesmo uma
macroeconomia virtuosa não garante uma alocação eficiente dos fatores de
produção disponíveis se não forem dados estímulos adequados aos agentes
econômicos. Quem cuida do crescimento e sugere instituições e mecanismos que
aumentam a produtividade de todo o sistema econômico é a microeconomia. Ela tem
avançado dramaticamente desde a exploração do uso da teoria dos jogos, da
teoria dos leilões e dos estudos sobre a formação de preços em mercados
especiais, onde há necessidade de submeter à maior concorrência monopólios e oligopólios
de forma a proteger os consumidores com bons serviços e "modicidade
tarifária". Esta aproximação da teoria com a realidade foi, justamente,
premiada com o Nobel de economia de 2014 a Jean Tirole.
O governo Dilma chegou ao diagnóstico correto
em 2011 quando anunciou que a aceleração do investimento público era a boa
saída para a volta ao crescimento. Foi lento, entretanto, em entender que o
sucesso das concessões de infraestrutura, por serem transferências de
monopólios públicos para o setor privado, envolvem contratos necessariamente
"abertos" que duram de 20 a 30 anos e exigem: 1) bons projetos
executivos que especifiquem claramente a qualidade dos serviços que se espera
delas ao longo do tempo; 2) a construção de leilões adequados --tarefa de profissionais
especializados-- para estabelecer a taxa de retorno e 3) agências reguladoras
de Estado competentes e estáveis para garantir a integridade econômica e
financeira dos contratos. Quando se nomeia um "companheiro de
passeata" para uma agência de Estado aumenta-se o "risco" da
concessão e, portanto, sua taxa de retorno.
É por isso que talvez ninguém tenha mais
necessidade do que o governo brasileiro de aprender na obra fundamental do novo
Nobel sobre a formação de preços em mercados especiais. A presidente Dilma
precisa incorporar Tirole às suas leituras após domingo...
A curva de Rousseff.
ALEXANDRE SCHWARTSMAN, 51, é doutor em economia
pela Universidade da Califórnia (Berkeley), ex-diretor de Assuntos
Internacionais do Banco Central do Brasil, sócio-diretor da Schwartsman &
Associados Consultoria Econômica e professor do Insper.
Não tenho, é claro, a menor ilusão de que a
presidente da República leia minhas colunas. Aliás, considerados seus
maus-tratos à língua, não tenho a menor ilusão que leia qualquer coisa.
Ainda assim continua a ser surpreendente (ou
seria "estarrecedor"?) sua insistência em temas há muito demonstrados
equivocados, em particular a suposta oposição entre inflação e desemprego, como
explorado neste espaço em meados do ano.
À época ela alegou que a fixação da meta de
inflação em 3% levaria o desemprego "lá pelos 8,5%, 9%, 10%, 11%, 12%. Por
aí". Como se depreende da afirmação acima, precisão não parece ser
exatamente o forte da presidente, mas, mais recentemente, voltou à carga, agora
argumentando que o desemprego chegaria a 15%, aumentando assim o intervalo de
confiança de suas "projeções" de 3,5 para inimagináveis 6,5 pontos
percentuais, uma margem de erro de fazer corar qualquer pesquisa eleitoral.
As implicações da peculiar matemática
presidencial podem não ter ficado claras à primeira vista, mas são
contundentes.
Como o IPCA deve fechar o ano na casa de 6,5%,
buscar uma meta de 3% corresponderia a uma redução de 3,5 pontos percentuais da
inflação. Por outro lado, dado que o desemprego se encontra na faixa de 5%, sua
elevação para 8,5% corresponderia também a 3,5 pontos percentuais, ou seja, na
"estimativa" mais otimista, cada ponto percentual a menos de inflação
"custaria" um ponto percentual a mais de desemprego.
Já no caso mais pessimista, a elevação do
desemprego atingiria dez pontos percentuais (de 5% para 15%) para a mesma
redução (de 6,5% para 3%) da inflação, ou seja, cada ponto percentual a menos
de inflação "custaria" 2,9 pontos percentuais a mais de desemprego!
Em outras palavras, o coeficiente que captura a
presumida troca entre inflação e desemprego implícita na curva de Rousseff
varia de 1 a 2,9, uma diferença abissal (alguns diriam
"estarrecedora").
À parte o erro conceitual primário (não há
troca persistente entre inflação e desemprego, conforme estabelecido por mais
de 40 anos de pesquisa na área), as afirmações presidenciais transparecem um
descaso desumano ("estarrecedor", talvez) com os números.
Fosse eu um diplomata, diria que as estimativas
poderiam ser melhoradas; como não sou, posso afirmar: trata-se de números
chutados (isso mesmo, c-h-u-t-a-d-o-s!), sem a menor preocupação com qualquer
referência à realidade, sem base estatística e, portanto, desprovidos da mínima
relevância.
Mesmo com o devido desconto que se dá à verdade
no período eleitoral (coisa triste de se dizer), essa posição é reveladora. A
atual administração demonstra o mais profundo desprezo para com os números.
Estatísticas só valem se corroborarem a visão preexistente, jamais como forma
de testá-la e assim permitir, caso necessário, correção dos rumos.
Insistimos há anos que o atual arranjo de
política econômica (a tal "nova matriz macroeconômica", algo sumida
de retórica governamental recente) redundaria apenas em menos crescimento,
inflação mais alta e desequilíbrios externos crescentes.
As evidências a esse respeito eram visíveis
desde 2012, ao menos, expressas no então "pibinho" de 1% (que hoje
seria motivo de comemoração) e na inflação que já então teimava em não retornar
à meta. Mesmo assim, foram ignoradas.
Dados ruins das contas fiscais têm sido
escamoteados e agora até mesmo os números de distribuição de renda se tornaram
sujeitos a interesses políticos de curto prazo, culminando com a postergação da
divulgação de pesquisas do Ipea sob o ridículo argumento de que violariam as
leis eleitorais.
O resultado é que, cada vez mais, temos que
navegar sem instrumentos, enquanto se nega à população a possibilidade de
avaliar os rumos do país. Nesse sentido, as "estimativas" dos
parâmetros da "curva de Rousseff" não são a exceção, mas a regra no
modelo de condução desastrada de política econômica no Brasil.
Edmar Bacha: Por que voto em Aécio.
EDMAR BACHA, 72, economista, é membro da
Academia Brasileira de Ciências e sócio-fundador do Instituto de Estudos de
Política Econômica - Casa das Garças. É autor de "Belíndia 2.0" e de
"O Futuro da Indústria no Brasil" (Civilização Brasileira)
Meu voto em Aécio se justifica de duas
maneiras. A primeira é que, se Dilma tiver mais quatro anos, acabará de quebrar
o país e nos encaminhará para uma séria crise política e social. Não é difícil
ver o porquê. Nos quatro anos de seu governo, o crescimento da economia foi o
menor de todos os períodos presidenciais completos de nossa história
republicana desde Floriano Peixoto.
A culpa desse desempenho medíocre não vem de
fora, pois nossos vizinhos sul-americanos (exceto pela Argentina e Venezuela
que seguem políticas parecidas com as de Dilma) vão muito bem, obrigado. Neste
ano, o crescimento do PIB brasileiro deverá ser zero, algo inédito na história
do país em períodos sem crise cambial.
A culpa também não é da equipe econômica, pois
ela apenas executa com docilidade a política determinada em cada detalhe pela
presidente. Foi Dilma quem retirou a autonomia do Banco Central; criou um
orçamento paralelo de alquimias contábeis entre o Tesouro e os bancos públicos;
destruiu a capacidade de investimento da Petrobras e da Eletrobras; aparelhou
partidariamente as agências reguladoras; fez os leilões de concessão de
infraestrutura se tornarem um fiasco quando não uma fonte adicional de
corrupção.
O resultado disso é a queda do PIB, a alta da
inflação, a derrubada do investimento, a desindustrialização, o deficit externo
e o aumento da dívida pública.
Dilma promete um governo novo, com ideias
novas. Mas como faria isso se está convencida de estar no caminho certo? Se
fosse reeleita, continuaria colocando em prática suas arraigadas convicções
equivocadas sobre economia e administração pública. O resultado seria manter o
país ladeira abaixo, com frustração popular, recessão, desemprego e inflação.
Felizmente, isso não vai acontecer porque tem
Aécio Neves no meio do caminho.
Após 12 anos de "nós contra eles",
que lembram o "ame-o ou deixe-o" da ditadura, Aécio é a esperança de
reconciliação nacional. Sua história política é similar à de seu avô, Tancredo
Neves, que sempre buscou a união dos extremos, o apaziguamento das diferenças,
o convencimento pelo argumento, e não pela força.
Todo o ódio que o marqueteiro de Dilma fez
destilar nessa campanha eleitoral sórdida será apagado, e Aécio, como fez em
Minas Gerais, governará com competência, sem rancores ou partidarismos.
Por sua experiência no governo de Minas, Aécio
sabe que políticas de inclusão social são um imperativo. Apesar da propaganda
do governo sobre "a nova classe média", o Brasil continua a ser uma
Belíndia --uma mistura da pobreza da Índia com a riqueza da Bélgica. Dados do
Banco Mundial mostram que o Brasil mantém uma das mais desiguais distribuições
de renda no mundo.
As informações que a Receita Federal finalmente
começa a liberar revelam que a concentração de renda no país é bem maior do que
a indicada pelas pesquisas domiciliares (Pnad) e ela não está sendo reduzida,
ao contrário do que dizem os arautos do governo Dilma.
Aécio sabe também que para superar a pobreza,
ao lado de uma política de transferência de renda, é fundamental ter uma
estratégia de crescimento --equitativa e sustentável-- que leve o país, ao
longo de uma geração, ao nível de renda do mundo desenvolvido.
Para isso precisamos restabelecer a
estabilidade econômica e o equilíbrio das contas públicas e externas.
Precisamos atrair o setor privado para investimentos maciços em infraestrutura,
dar a nossas indústrias condições de competir no mercado internacional e,
principalmente, melhorar nossos sistemas de educação, segurança e saúde.
Em seu programa de governo, Aécio tem propostas
exequíveis para enfrentar esses desafios. Contará com uma equipe de auxiliares
à altura da nobre tarefa de refazer a união entre os brasileiros e recolocar o
país na rota do desenvolvimento.
domingo, 19 de outubro de 2014
9º SIAC, dia 6 de Novembro, em São Paulo - ACREFI
O ex-Ministro da Fazenda, Economista Antonio
Delfim Netto, ministrará palestra dia 06 de Novembro, no 9º SIAC (Seminário
Internacional Acrefi - Associação Nacional das Instituições de Crédito,
Financiamento e Investimento), no Hotel Renaissence, em São Paulo.
O evento será realizado uma semana depois das
eleições e trará ao centro do debate não só a analise do desafio do País, mas
também de uma visão clara dos novos movimentos que tornará a economia
interna.
Além de Delfim Neto, o Encontro reunirá também
especialistas como Luiz Carlos Mendonça de Barros, Economista e ex-presidente
do BNDES; Alexandre Schwartsman, ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco
Central; William R. Rhodes, ex-negociador da dívida externa do Brasil; Barry
Naughton, especialista na economia chinesa.
Eleições 2014: um brinde ao senso de humor cearense.
Nos cearenses O POVO e o DIÁRIO DO NORDESTE o
humor peculiar para conseguirmos chegar ao dia 26, próximo domingo, com muita calma nesta hora.
Desilusões.
Na Folha de S. Paulo de hoje, uma bela reflexão do atual momento econômico e político.
Solicito ao meu e-leitor uma leitura isenta e que possa melhor colaborar com as suas ideias no próximo dia 26.
Um ótimo domingo a todos.
No que depender dos debates entre os candidatos
a presidente da República ou de suas propagandas políticas em horário pago pelo
contribuinte, o eleitor votará no próximo domingo (26) pouco esclarecido a
respeito dos estreitos limites econômicos dentro dos quais o Brasil precisará
ser governado.
Tão certa quanto as dificuldades presentes,
porém, é a necessidade de o país registrar taxas de expansão condizentes com o
futuro que a nação enxerga para si.
As coisas não vão bem. De 2011 a 2014, nossa
economia terá crescido à média anual de 1,6%. A renda por habitante terá
avançado 0,7% ao ano -- nesse ritmo, dobrará de tamanho somente após um século.
Talvez não seja grande problema para países
cujo PIB per capita supera US$ 40 mil anuais, como os EUA, a Alemanha e a
Suécia. Para o Brasil e seus medianos US$ 11 mil, ter passado quatro anos perto
da estagnação é uma lástima.
A fim de enfrentar os desafios de
desenvolvimento de uma sociedade que se aproximará dos 230 milhões de
habitantes em 30 anos, a marcha da renda per capita brasileira precisaria
quadruplicar. Isso significa elevar o incremento do PIB para 3,5% ao ano, em
média.
As candidaturas finalistas desta eleição
presidencial por certo concordam com tal diretriz. Quando, contudo, deveriam
consignar os meios que defendem e os compromissos que se dispõem a assumir para
chegar a esse resultado, nenhuma oferece resposta suficiente.
Veio da presidente Dilma Rousseff (PT) a
iniciativa mais frustrante. As peças que fez publicar e os textos que veiculou
a título de programa de governo não se distinguem da panfletagem publicitária.
A autocrítica à condução equivocada da economia
nos últimos quatro anos apenas se entrevê no palavrório estéril de slogans como
"Governo novo, ideias novas" ou "Mais mudanças, mais
futuro". Insinua-se também no gesto inusitado de anunciar a troca do
ministro da Fazenda em caso de reeleição.
No plano entregue à Justiça Eleitoral,
destaca-se, por ironia, a ideia de uma política econômica sólida,
"intransigente no combate à inflação e que proporcione um crescimento
econômico e social robusto e sustentável". A diretriz da candidata trai a
gestão da presidente.
O senador Aécio Neves (PSDB), por sua vez,
preocupou-se em satisfazer o direito do eleitor de conhecer parte do que o
candidato pretende fazer na economia.
Compromete-se, por exemplo, com garantir
autonomia ao Banco Central, perseguir o centro da meta da inflação e diminuí-la
ao longo do mandato, além de equacionar arrecadação e gastos (inclusive com
subsídios camuflados nos bancos públicos) com o propósito de reduzir a dívida
pública.
O tucano, entretanto, tenta iludir o público
com a ideia de que sua simples chegada ao poder provocaria um choque de
confiança capaz de bem encaminhar os principais problemas econômicos do país. É
uma falácia que ajuda a lançar uma cortina de fumaça sobre sua verdadeira
agenda de governo.
A semiestagnação produtiva e os desequilíbrios
da atual política econômica demandarão decisões custosas e impopulares de
qualquer um que seja eleito.
Diante da candura ora demonstrada por Aécio e
Dilma, e considerando a divisão do eleitorado, pode-se prever uma onda de
decepção popular com o presidente nos próximos dois anos, pelo menos.
A decepção virá, por exemplo, porque a escolha
de recuperar o dilapidado índice de poupança do governo federal (o chamado
superavit fiscal) implica aumentar a coleta de impostos dos contribuintes.
A carga tributária já é elevadíssima, mas
deixar tudo como está acarretará deterioração adicional das finanças públicas,
crescimento da dívida do governo e aumento dos juros para toda a sociedade.
Outro dilema cuja resolução produzirá
descontentamento envolve energia elétrica e combustíveis. Parece inevitável um
aumento significativo na conta de luz e na bomba de gasolina, o que produz
impactos importantes também na inflação.
Os candidatos contornam o assunto agora para
ganhar os votos daqueles que, no futuro, poderão vir a criticá-los pela
desfaçatez.
Se a gestão imediata dos assuntos econômicos já
se revela desgastante, que dirá dos temas estruturais do desenvolvimento. Nem
Aécio Neves nem Dilma Rousseff dizem como lidarão com a Previdência. Trata-se,
todavia, da maior fonte de despesas sociais do Brasil.
A necessidade de recursos e a dificuldade de
encontrá-los só aumentarão com o envelhecimento da população; há distorções
claras, como no dispêndio com pensões por morte e aposentadoria de servidores;
o regime de reajustes vinculados ao salário mínimo implica elevação obrigatória
da parcela do PIB destinada ao governo.
Como se isso fosse irrelevante, os candidatos
silenciam. Entretanto, se nada for feito em relação a todos esses pontos, o
Brasil vai crescer menos no futuro próximo, porque faltará dinheiro para
investir na produção e na educação, para citar dois setores diretamente
associados a um ciclo virtuoso.
O Brasil só se livrará da enrascada do baixo
crescimento -- e da maldição de atravessar este século aferrado ao clube dos
países de renda apenas média -- com um contínuo e significativo incremento na
quantidade de bens e serviços produzidos por trabalhador.
Não será fácil, e a omissão risonha e o
descompromisso que os candidatos demonstram na campanha só tornarão mais amargas
as desilusões dos próximos anos.
sábado, 18 de outubro de 2014
Armínio Fraga: para que o Brasil cresça 4% ao ano.
Armínio Fraga, economista, ex-presidente do Banco Central e, em caso de vitória de
Aécio Neves, anunciado como futuro ministro da Fazenda, defende nesta artigo para a ÉPOCA a economia com Aécio Neves.
Acreditamos ser imperativo colocar o país numa trajetória de
crescimento. A estratégia começa por acertar a macroeconomia: as metas de
inflação e fiscal (ajuste das contas públicas) precisam ser atingidas. Na meta
fiscal, é necessário avançar na direção de total transparência. A meta de superavit primário
– o saldo nas contas públicas antes do pagamento de juros – deveria ser em
torno de 3% do PIB. Seria razoável buscar o cumprimento dessa meta, sem
artificialismos, no período de dois a três anos, a depender das circunstâncias
e do quadro geral que um novo governo encontre. A inflação também está acima da
meta. Mas não faz sentido tentar chegar ao centro da meta, 4,5% ao ano pelo
IPCA, num período muito curto. Seria mais razoável chegar lá em dois a três
anos. Esse conjunto de ajustes reduziria muito a incerteza, e isso ocorreria de
forma virtuosa. O país sairia da recessão. O lado da oferta e do investimento
produtivo, hoje travado, começaria a apresentar resultado. Acredito que as
taxas de juros de longo prazo cairiam muito. Hoje, o Brasil tem taxas de longo
prazo bem altas, entre 5,5 e 6 pontos percentuais acima da inflação. Posta em
andamento, a mudança de regime faria cair a taxa de juro de longo prazo. Trato
isso como mudança de regime, para diferenciar de um conjunto de medidas. Não é
por falta de medidas que estamos onde estamos. Na mudança de regime, buscamos
atingir no Brasil taxas de juros e de inflação normais, parecidas com a da
maioria de países como o Brasil, sem que isso ocorra de forma voluntarista –
portanto, sem abrir mão da inflação baixa e de um balanço de pagamentos (contas
com o exterior) razoável.
Teríamos de trabalhar em mais duas frentes: aumentar o investimento
e voltar a ter ganhos de produtividade. Nossa meta, ambiciosa, é elevar o
investimento de 16,5% do PIB para 24%. A principal locomotiva para isso é a
infraestrutura, cujas necessidades se percebem a olho nu. Estamos falando de
rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, hidrovias, saneamento, energia – que
deveriam ser um espaço fantástico para o Brasil investir. Isso requer mais
clareza de regras, para atrair o capital. O governo não tem dinheiro para fazer
tudo. Seria preciso trabalhar com o setor privado, sob a supervisão do governo,
de forma competitiva. Para incentivar o investimento, também temos de incluir
uma agenda de reformas microeconômicas. No topo da lista está a reforma
tributária. Ela começa por tratar da tributação indireta no Brasil, onerosa e
complexa demais. Ela encarece a vida das empresas. É um sistema cheio de
distorções. Os impostos cumulativos punem a exportação e o investimento. Isso
seria eliminado nessa reforma. Estamos na fase final de desenhar essa
estratégia. A ideia é apresentar isso quanto antes, caso vençamos a eleição.
Sob o nome “custo Brasil”, há dezenas, centenas de pequenos tópicos que
dificultam a atuação do empreendedor. Incluo nessa categoria a necessidade de,
ao longo do tempo, redesenhar a estratégia de inserção do Brasil na economia
internacional. Hoje, isso tem sido um problema. O Brasil ficou paralisado ao
longo dos anos e muito focado em parcerias exóticas, quando deveria abrir
espaço para nossas empresas e exportações nos grandes mercados do mundo.
Depois, existe uma agenda de produtividade. Inclui temas como
educação, que deveriam ser mencionados sempre quando se fala em economia. A
mudança não acontecerá da noite para o dia, mas o investimento nas pessoas é o
melhor que existe. Tem impacto também na distribuição de renda. Meu otimismo
sobre a possibilidade de melhorar nessa frente vem da constatação de que a
produtividade no Brasil é bem mais baixa que em outros países do mundo.
Outro tema importante, que gera mal-entendidos, é o mercado de
capitais e a intermediação financeira em geral. O Brasil hoje põe peso demais
sobre o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). É
importante o BNDES ter mais critério nos empréstimos. É dinheiro subsidiado,
público, que poderia entrar no orçamento para educação e saúde. O BNDES deve
começar a exigir contrapartida de financiamento privado, porque muitos desses
subsídios não têm justificativa clara. Muitas vezes nos acusam de querer
fechar o BNDES – ao contrário, o BNDES deve ter papel crescente na
infraestrutura e decrescente nos casos que mencionei. Os outros dois grandes
bancos federais devem continuar a fazer seu trabalho, com governança melhor,
para não ficar fragilizados. Eles têm de funcionar de modo cada vez mais
meritocrático e transparente, cada vez menos politizado e aparelhado. Ser
politizado e aparelhado é diferente de ter política pública. Ter política
pública definida é essencial.
O principal ponto forte da economia brasileira é ser grande e diversificada. Tem tudo aqui. Não dá para dizer ao Brasil para exportar só matérias-primas. O país tem de ter peso no agronegócio, na indústria, nos serviços. O potencial que temos é desperdiçado neste momento. Hoje, há países crescendo 7% ao ano e países crescendo zero. Por que o Brasil tem de ser o zero? O Brasil tem uma agenda paralela de desmontar o que está errado. Só isso já é uma oportunidade. É como no futebol. Você pensa em fazer gol, mas é importante não levar gol. O Brasil vem levando gol em algumas áreas econômicas. Vamos parar de levar gol e começar a atacar na outra ponta. A agenda macroeconômica e de infraestrutura deve ser apresentada o mais rapidamente possível. Não há razão para esperar. A agenda microeconômica segue em paralelo. Essas agendas têm princípio, meio e fim. Com elas, teríamos todas as condições de levar o Brasil a uma taxa de crescimento do PIB de 4%, 4,5% ao ano. A meta não é fácil, mas a considero possível ao longo de alguns anos.
O principal ponto forte da economia brasileira é ser grande e diversificada. Tem tudo aqui. Não dá para dizer ao Brasil para exportar só matérias-primas. O país tem de ter peso no agronegócio, na indústria, nos serviços. O potencial que temos é desperdiçado neste momento. Hoje, há países crescendo 7% ao ano e países crescendo zero. Por que o Brasil tem de ser o zero? O Brasil tem uma agenda paralela de desmontar o que está errado. Só isso já é uma oportunidade. É como no futebol. Você pensa em fazer gol, mas é importante não levar gol. O Brasil vem levando gol em algumas áreas econômicas. Vamos parar de levar gol e começar a atacar na outra ponta. A agenda macroeconômica e de infraestrutura deve ser apresentada o mais rapidamente possível. Não há razão para esperar. A agenda microeconômica segue em paralelo. Essas agendas têm princípio, meio e fim. Com elas, teríamos todas as condições de levar o Brasil a uma taxa de crescimento do PIB de 4%, 4,5% ao ano. A meta não é fácil, mas a considero possível ao longo de alguns anos.
Aloizio Mercandante: como crescer com inclusão social.
Aloizio Mercadante, economista, ministro da Casa Civil e coordenador de campanha de
Dilma Rousseff, defende neste artigo para a ÉPOCA, a economia com Dilma Rousseff.
O Brasil criou as bases para um novo ciclo de desenvolvimento. Nos
últimos 12 anos, passamos a ser uma sociedade mais próspera e justa. Elegemos o
social como eixo estratégico do desenvolvimento econômico, sustentado por
inovadoras políticas de transferência de renda, ampliação maciça do emprego,
aumento real dos salários e diversas políticas de inclusão social.
O novo padrão de desenvolvimento que estamos construindo mostrou
que é possível conciliar crescimento com inclusão social. E também que a
construção de um vigoroso mercado interno de consumo de massa abriu novas
possibilidades de investimento para as empresas, além de ser decisivo para
amortecer o impacto da crise internacional.
O Brasil se tornou não apenas referência mundial no combate à
desigualdade, à miséria e à fome, como tem sido um dos países mais
bem-sucedidos no enfrentamento da atual crise, a maior desde 1929. Diante dela,
preservamos a estabilidade macroeconômica. Optamos por uma política econômica
em favor do crescimento e da geração de mais de 12 milhões de novos empregos.
Paralelamente, acumulamos US$ 376 bilhões de reservas cambiais e reduzimos a
dívida pública líquida de 60% do PIB para 35% do PIB.
A política econômica ortodoxa do governo anterior produziu baixo
crescimento, altas taxas de desemprego e mais desigualdade social. Desde então,
já crescemos 46% em relação a 2002, e o PIB per capita aumentou 29,6%. De 2003
a 2013, a produção anual de veículos passou de 1,6 milhão para 3,7 milhões de
unidades; o número de passageiros de avião passou de 36 milhões para 109
milhões; e a safra agrícola, que era de 123 milhões de toneladas, deve atingir
195 milhões de toneladas. Com isso, o Brasil saltou da 13a para a sétima
posição na economia mundial.
No mesmo período, reduzimos a taxa de desemprego para os atuais 5%,
a menor taxa da série histórica; o salário mínimo cresceu 71,5%; e os programas
de transferência de renda, como o Bolsa Família, retiraram o Brasil do Mapa da
Fome, elaborado pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Quando começamos a governar, tivemos de enfrentar a fragilidade das
contas externas e das contas públicas, além de enormes gargalos em
infraestrutura.
Retomamos a capacidade do Estado de planejar, investir e regular o
setor de infraestrutura. São exemplos disso o Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC) e o fortalecimento dos bancos públicos, em especial do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Em 2012, lançamos um ousado
plano de concessão que abarca portos, aeroportos, rodovias e ferrovias.
Nos transportes, adotamos um novo modelo de concessão e
investimentos no setor ferroviário e aprovamos um novo marco regulatório dos
portos. Só no governo Dilma, foram concedidos ao setor privado quase 5.000
quilômetros de rodovias, com um novo padrão que reúne mais investimentos,
qualidade do serviço e tarifas justas. Desde 2007, foram concluídos quase 2.000
quilômetros de novas ferrovias, metade deles no governo Dilma. Em portos, serão
investidos R$ 25 bilhões. A concessão de aeroportos permitiu uma expansão de
capacidade de 69 milhões de passageiros por ano, com investimentos da ordem de
R$ 26 bilhões.
No setor energético, reorganizamos a geração e a transmissão de
energia elétrica. Na atual estiagem, não falta energia, graças à ampliação de
nossa capacidade de geração, em 48,8 gigawatts, e de transmissão de energia,
com mais 47.600 quilômetros de novas linhas de transmissão.
Na infraestrutura social, o programa Minha Casa Minha Vida já
entregou e contratou 3,7 milhões de unidades habitacionais. Na mobilidade
urbana, estamos investindo R$ 143 bilhões em metrôs, BRTs, VLTs e corredores de
ônibus.
Impulsionamos o setor produtivo, por meio de políticas de crédito,
apoio à inovação, desonerações, simplificação tributária e compras públicas com
exigência de conteúdo local. Enfraquecer os bancos públicos, neste cenário de
crise internacional, desarmaria nossa indústria para uma competição com países
que adotam políticas industriais ativas.
Também demos prioridade ao investimento em educação. O orçamento do
Ministério da Educação triplicou. Passou de R$ 35,3 bilhões, em 2002, para R$
118 bilhões, em 2014. Também vinculamos os recursos dos royalties do petróleo,
incluindo o pré-sal, à educação. Nossas ações estendem-se da creche à
pós-graduação. Basta lembrar a expansão das universidades federais e das
escolas técnicas, o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), o Prouni (Programa
Universidade para Todos) e o Fies (Programa de Financiamento Estudantil), além
do Ciência sem Fronteiras e do enorme sucesso do Pronatec (Programa Nacional de
Acesso ao Ensino Técnico e Emprego), com mais de 8 milhões de matrículas em
cursos profissionalizantes.
Esses indicadores mostram que, apesar de nossas dificuldades e de
ajustes necessários, estamos prontos para um novo ciclo de desenvolvimento,
impulsionado pela força da nossa agricultura, pela diversidade da nossa
indústria e de nossos serviços, pelos avanços na educação e pela riqueza do
pré-sal. Não podemos retroceder.
As diferenças nas ideias econômicas de Aécio e Dilma.
Texto na revista ÉPOCA desta semana, relaciona as as diferenças nas ideias econômicas de Aécio Neves e Dilma Rousseff e isso é muito importante neste momento de eleições.
Para os meus ainda fiéis leitores e eleitores, uma boa reflexão ainda nesta semana, antes do dia 26.
Os candidatos Aécio Neves, do PSDB, e Dilma Rousseff, do PT,
rolaram na lama nos últimos dias, atracados numa violenta briga eleitoral.
Acusações e denúncias têm seu papel no debate. Parte dos eleitores decide o
voto na suposição de que um candidato seja mais honesto que outro. Mas a parte
dos eleitores que prefere escolher ideias se sente abandonada, ao tentar
encontrar algum diamante no meio do lamaçal. Por isso, vale a pena avaliar com
carinho as ideias em confronto. Os dois candidatos e seus partidos representam
hoje visões bem distintas sobre como funciona a economia e como um governo pode
contribuir com a prosperidade dos cidadãos. Para esclarecê-las, convidamos
economistas ligados às duas campanhas a explicar suas ideias.
Tanto o ideário econômico de Aécio como o de Dilma resultam da
interação de diferentes correntes de pensamento. No caso de Aécio, a mais
evidente no momento é o princípio do liberalismo econômico. Na tradição
brasileira, liberais defendem que o Estado seja comedido. Cabe ao governo
cumprir funções fundamentais, como prover segurança, educação, ou garantir a
estabilidade econômica – controlar a inflação, dar bom rumo às contas públicas
e revelar com transparência como cumpre essas tarefas. “O PSDB de hoje acredita
que cabe ao mercado usar os recursos da melhor forma possível e ao Estado criar
regras apenas para corrigir as falhas de mercado”, diz o economista Fernando
Holanda Barbosa Filho, professor do Ibre-FGV.
Liberal em economia, no Brasil, é o governo que dá o máximo de
liberdade possível aos agentes, como os profissionais e as empresas. Por esse
credo, se o cenário econômico for estável e as regras claras, as empresas farão
planos, investirão e criarão empregos. O grande nome dessa corrente no Brasil é
o economista Eugênio Gudin (1886-1986). Mas não há sentido em chamar Aécio e o PSDB de
economicamente liberais, muito menos xingá-los de “neoliberais”. O liberalismo
é um princípio, não um programa de governo. Pode-se usá-lo com diferentes
intensidades. No Brasil, uma boa dose seria bem-vinda, pois nossa economia
ainda é fechada ao mundo, tem presença exagerada do Estado em comparação com
países desenvolvidos e barra com burocracia o caminho dos empreendimentos.
Resolver esses entraves exige uma aplicação bem calibrada de liberalismo.
A influência dos economistas liberais no PSDB começou no governo
Itamar Franco, em 1993. O então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso,
incumbido de enfrentar a hiperinflação, reuniu um grupo deles. A reunião
resultou no Plano Real e no fim da hiperinflação. Esses economistas mantiveram
sua influência no governo Fernando Henrique, a partir de 1994. Eles
apresentaram ao país conceitos importantes de gestão pública, como
responsabilidade fiscal, metas de inflação e agências reguladoras com
autonomia, de que nos beneficiamos até hoje. O pensamento econômico liberal
deverá se manter em alta no partido, caso Aécio seja eleito, porque se opõe
frontalmente à estratégia econômica do governo Dilma. “Há duas visões do que é
incentivo a quem produz e cria empregos. Para o PT, é dar dinheiro, subsídio,
financiamento. Para o PSDB, é criar regras atraentes, inspirar credibilidade,
confiança”, diz a economista Monica de Bolle, doutora em economia pela London
School of Economics. Pesquisadora visitante no Wilson Center, nos Estados
Unidos, ela hoje prepara um livro crítico sobre o governo Dilma Rousseff.
O liberalismo dos economistas que apoiam Aécio é temperado com a
social-democracia. Trata-se de uma ideia nascida na Europa, na segunda metade
do século XIX. Originalmente, defendia uma transição pacífica do capitalismo
para o socialismo. Ao longo do século XX, evoluiu. Deixou para trás conceitos
empoeirados, como o conflito de classes e a vilipendiação do empresário. Na
concepção moderna, busca justiça social sem abrir mão da economia de livre
mercado. Esse conceito fundamental norteou a criação do PSDB, em 1988.
Dilma também se alimentou de duas fontes principais para formar seu
credo econômico. Ela é uma desenvolvimentista. Essa corrente de pensamento
surgiu em países subdesenvolvidos, em reação à Grande Depressão, iniciada em
1929. A crise varreu o mundo – no Brasil, sumiram os empregos na lavoura
cafeeira, principal atividade do país naquela época. Nesse cenário, surgiram
economistas dispostos a não dar chance ao acaso e garantir o desenvolvimento
por meio de planejamento estatal. No Brasil, o principal nome dessa escola
econômica foi Celso Furtado (1920-2004). Dilma, como boa desenvolvimentista,
acredita que cabe ao governo mais que regular e garantir estabilidade. Por essa
visão de mundo, cabe ao Estado fazer o que for necessário para promover o
crescimento – investir, contratar, emprestar ou produzir ele mesmo. A “nova
matriz econômica” defendida pelo governo Dilma nos últimos anos consistiu em
tolerar mais inflação, oferecer mais crédito e estimular o consumo. Essa
receita deveria incentivar as empresas a investir mais, para atender os
consumidores. Esse resultado, até o momento, não apareceu. O governo passou
também a agir de maneira pontual, com subsídios e intervenções em setores que
considerou estratégicos e com apoio a grandes empresas que considerou ter
chances de se tornar multinacionais com poder de fogo global. Esse curso de
ação manteve empacados o investimento e a produtividade. Seu efeito positivo
foi disseminar o surgimento de empregos, mesmo que de baixa remuneração e
qualificação. A combinação de baixo desemprego, aumento real do salário mínimo,
expansão do Bolsa Família e da oferta de crédito teve efeito poderoso no
bem-estar dos brasileiros durante a maior parte dos 12 anos de governo petista.
“O PT dá mais ênfase às políticas sociais. Por essa visão, o Estado é
importante para contribuir com a redução das desigualdades sociais, porque o
mercado é incapaz de propiciar isso à população excluída do sistema. Estamos
num país com desigualdades muito gritantes”, afirma o economista Fabrício de
Oliveira, ex-professor da Unicamp e da UFMG. Oliveira foi um dos economistas a
assinar o manifesto “O Brasil não quer voltar atrás”, de apoio a Dilma,
publicado na terça, dia 14.
A outra fonte em que bebe o pensamento econômico de Dilma é o
trabalhismo. Ela iniciou carreira no PDT, representante de uma esquerda
moderada e pragmática, orientada para a conquista de resultados para os
assalariados. O PT nasceu em 1980, num momento em que o ideário socialista
ainda cativava, mundo afora, os idealistas ingênuos, os desiludidos com a
democracia e os desinformados de economia – ainda que já se comprometesse mais
com resultados práticos do que com princípios ideológicos. Mesmo assim, o PT
era um partido sectário, que tendia a dividir o mundo em explorados e
exploradores. Essa visão de mundo evoluiu gradualmente, à medida que ganharam
força, no exterior, movimentos trabalhistas mais dispostos a negociar e a
buscar resultados práticos. Formou-se nesse caldeirão o maior líder do PT, o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dilma ingressou no PT em 2001 e
mostrou-se mais apegada a ideologias que Lula. No momento, é difícil ver isso
como uma vantagem.
sexta-feira, 17 de outubro de 2014
Prêmio Jabuti 2014.
Romance
1º) "Reprodução" (Companhia das Letras), de Bernardo Carvalho;
2º) "A Maçã Envenenada" (Companhia das Letras), de Michel Laub;
3º) "Opisanie Swiata" (Cosac Naify), de Veronica Stigger
Contos e crônicas
1º) "Amálgama" (Nova Fronteira), de Rubem Fonseca;
2º) "Você Verá" (Record), de Luiz Vilela;
3º) "Nu, de Botas" (Companhia das Letras), de Antonio Prata, e
"Um Solitário à Espreita (Companhia das Letras), de Milton Hatoum
Poesia
1º) "Bernini" (Demônio Negro), de Horácio Costa;
2º) "Jardim das Delícias" (Kelps), de Marcus Vinicius Quiroga; e
3º) "Ximerix" (Cosac Naify), de Zuca Sardan
Juvenil
1º) "Fragosas Brenhas do Mataréu" (Ática), Ricardo Azevedo;
2º) "As Gêmeas da Família" (Globo), Stella Maris Rezende;
3º) "Uma Escuridão Bonita" (Pallas), de Ondjaki
Infantil
1º) "Breve História de um Pequeno Amor" (FTD), de Marina Colasanti;
2º) Da Guerra dos Mares e das Areias" (Quatro Cantos), de Pedro Veludo; e
3º) "Poema que Escolhi para Crianças" (Moderna), de Ruth Rocha
Biografia
1º) "Getúlio (1930-1045)" (Companhia das Letras), de Lira Neto;
2º) "Wilson Baptista: O Samba Foi Sua Glória" (Casa da Palavra), de
Rodrigo Alzuguir;
3º) "O Castelo de Papel" (Rocco), de Mary del Priore
Reportagem
1º) "1889" (Globo), de Laurentino Gomes;
2º) "Holocausto Brasileiro" (Geração Editorial), de Daniela Arbex;
3º) Um Gosto Amargo de Bala" (Civilização Brasileira), de Vera Gertel
Comunicação
1º) "Mídia e Política na América Latina" (Civilização Brasileira), de
Carolina Matos;
2º) "Comunicação Ubíqua" (Paulus), de Lucia Santaella;
3º) "O Rosto e a Máquina" (Paulus), de Ciro Marcondes Filho
Tradução
1º) "A Anatomia da Melancolia" (UFPR), de Guilherme Gontijo Flores;
2º) "Antologia da Poesia Clássica Chinesa" (Unesp), de Ricardo Primo Portugal;
3º) "O Capital: Crítica da Economia Política, Livro 1" (Boitempo), de
Rubens Enderle
Tradução do inglês
1º) "Vênus e Adônis" (Leya), de Alípio Correia de Franca Neto;
2º) "Contos da Cantuária" (Companhia das Letras), de José Francisco
Botelho;
3º) "Ao Farol" (L&PM), de Denise Bottmann
Capa
1º) "A São Paulo de German Lorca" (Imesp), por Edson Lemos;
"Graffiti Fine Art" (Sesi), por Raquel Matsushita; "Murphy"
(Cosac Naify), por Paulo André Chagas
Ilustração
1º) "Brasil" (Empresa das Artes), por Meire de Oliveira;
2º) "Storyinhas" (Companhia das Letras), por Laerte;
"Decameron" (Cosac Naify), por Alex Cerveny
quinta-feira, 16 de outubro de 2014
quarta-feira, 15 de outubro de 2014
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