sábado, 4 de abril de 2009
G20 EM LONDRES - CÚPULA DE EGOS
DELFIM PREOCUPADO? VAMOS ENTENDER O PORQUE.
Em sua última coluna na Folha de São Paulo, o Economista ANTONIO DELFIM NETTO, já chama atenção para o título de seu texto: PREOCUPAÇÕES.
VERÍSSIMO TAMBÉM É ECONOMIA.
Essa eu li em 02/04/09 e fiquei curioso, pois o autor desta crônica “Respeitável", Luis Fernando Veríssimo, não faz parte da minha lista de preferidos. Porém, vindo dele, claro que tinha que ter uma crítica ao capitalismo... De qualquer maneira, sempre sou favorável a "ouvir ambas as partes"...
Hyman Minsky morreu em 1996 mas está sendo muito lembrado, e citado, agora. Era um economista e acadêmico americano que destoava da ortodoxia neo-clássica dominante de Milton Friedman e seus discípulos e combateu a desregulação do mercado que desmantelou o capitalismo auto-controlado montado pelos keynesianos depois da Grande Depressão - e acabou dando no atual desastre. Minsky previu o que ia acontecer mas na época do pensamento único e indiscutível ninguém lhe deu muita atenção. Agora o profeta está recebendo as honras devidas. Num trecho de um dos seus livros sobre a instabilidade da economia americana reproduzido recentemente pela revista "The Nation", Minsky escreveu que "o fracasso de políticas desde a metade dos anos 60 tem relação com a banalidade da análise econômica ortodoxa. Apenas uma análise crítica do capitalismo pode ser guia para uma política capitalista bem sucedida". Quer dizer, a análise acritica ou invariavelmente a favor ameaça o capitalismo mais do que qualquer pregação de esquerda. Minsky estava escrevendo para a grande imprensa americana e, sem saber, para a grande imprensa brasileira.
RICOS X POBRES: SEMPRE A MESMA COISA
Enquanto no Brasil os 10% mais ricos detem 75% da riqueza, lá no Clube do G20 não é muito é diferente: nada mais nada menos do que 90% do PIB mundial estavam em Londres.
Análise feita pela Miriam Leitão afirma que do grupo do G8, que inclui a Rússia entre as nações mais ricas, praticamente todos já estão em recessão ou tiveram PIB negativo no 4º trimestre de 2008. São eles: Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Canadá, Itália e Rússia.
Além deles estão reunidos os países que fazem parte da União Europeia e também o grupo de 11 nações emergentes, que inclui Brasil, Argentina, México, China, Índia, Austrália, Indonésia, Arábia Saudita, África do Sul, Coreia do Sul e Turquia.
Nota: e o que acontece com os quase 200 países que possuem APENAS 25% da riqueza?
O DÓLAR AINDA É MOEDA FORTE?
Clóvis Rossi é um dos jornalistas mais respeitados no meio e em seu texto de 27/03/09 na Folha de S. Paulo, traz mais uma preocupação para os tempos atuais. Para os meus quase dois leitores, o título do texto é bastante sugestivo "Aquelas notas verdes". E como gostamos dela...
LONDRES - Editorial desta Folha demonstrava faz pouco a fortaleza do dólar, apesar de toda a crise, apesar de todo o colossal déficit externo norte-americano. Um número bastava: o mundo comprou no ano passado US$ 815 bilhões em títulos norte-americanos. Significa, grosso modo, transferir para os EUA três quartas partes de tudo o que o Brasil produz por ano de bens e serviços. Mas as coisas começam a ficar esquisitas. Primeiro foi o premiê chinês, Wen Jiabao, a desconfiar publicamente da solvência dos EUA. Depois foi outro líder chinês, o presidente de seu Banco Central, a sugerir a troca do dólar pelos Direitos Especiais de Saque (moeda contábil do FMI) como moeda de reserva do planeta.
Ontem, foi a vez de Andrei Denisov, vice-ministro russo de Exteriores, a endossar a proposta chinesa. Denisov foi além: propôs uma conferência internacional para estudar a adoção da nova moeda, o que, de quebra, já mina a cúpula do G20 marcada para dia 2
Em tempo: Atualizando a nota acima, o presidente Lula já propôs ao seu colega chinês Hu Jintao a utilização de suas respectivas moedas, real e yuan no comércio.(Não acredito na "quebra" do dólar, apesar do estado atual da economia norte-americana). A confirmar.
quinta-feira, 2 de abril de 2009
OS MAIS RICOS DO MUNDO - RESULTADOS?
Do blog do Joemir Beting, um comentário sobre a reunião de hoje do G-20, em Londres:
Os países ricos vão ficar 4,3% menos ricos em 2009. Vulgo recessão em bloco dos 30 países mais desenvolvidos economicamente, politicamente, socialmente. E os 30 maiores países emergentes? Também estão em marcha à ré? Não! Estão em desaceleração, como que rodando em terceira ou segunda marcha e não mais em quinta ou sexta. O Brasil estaria ou já teria passado da quinta para a segunda. A crise é dos ricos - diria o presidente Lula. Eles produziram a bolha e explodiram a bolha. Os países emergentes - sem contar os submergentes, os que ainda não emergiram - acabaram atingidos, em maior ou menos escala, pelos estilhaços da bolha financeira nos flancos da economia real de cada um. O dado curioso é que os emergentes perderam os dedos, enquanto os opulentos perderam os dedos, as mãos e os braços. . Nesta crise, os emergentes passaram a ter uma fatia maior no bolo da economia mundial, recalculado na semana passada, a dólar de hoje, em US$ 62 tri. O planeta China, por exemplo, já é a terceira maior economia do mundo e ensaia ganhar a medalha de prata, já em 2011 ou 2012. É do Banco Central da China comunista a maior reserva internacional do capitalismo. Ou, se preferem: os EUA, primeira potência, desfilam dívida externa de US$ 4,4 tri. E o seu maior credor, brandindo cobrança de US$ 786 bi, é justamente o Tesouro Nacional da China. Pois o acordo global do G-20, afinal, tem apenas um defeito: entra hoje em órbita, com pelo menos 20 anos de atraso. Mas quais são os parceiros do G-20? Os do G-8 e os do G-12. No G-8, os 7 países ricos,m dando carona à Rússia do poder nuclear. No G-12, os emergentes de maior afluência no mercado globalizado. Anote aí: no G-8, pela ordem de tamanho do PIB, EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Canadá e Rússia. No G-12, China, Brasil, Índia, Coréia do Sul, México, Austrália, Turquia, Indonésia, Arábia Saudita, África do Sul e Argentina. Na soma de 2008, o PIB conjunto do G-20 foi de exatos US$ 45 tri., sendo US$ 31,5 tri do G-8 e US$ 10,5 tri do G-12.
A MELHOR REVISTA DO MUNDO
DO INTERIOR DO BRASIL AO MUNDO
domingo, 29 de março de 2009
PREVISÕES: ACERTOS E ERROS
Esta está no site/blog do KANITZ http://brasil.melhores.com.br/ e, de verdade, gostaria de saber a opinião dos meus colegas econometristas blogueiros. Então vamos lá:
"Previsões são meros exercícios de vontade, cujo resultado depende da disposição psicológica mais ou menos otimista dos seus autores. Não existe nenhum mecanismo de 'previsor antecedente' [de um ano] aceitável. Na melhor das hipóteses, pode-se estimar precariamente o crescimento do PIB num trimestre quando SE ESTÁ NA METADE dele". (Delfim Netto, na Folha de São Paulo, de 25 de Março de 2009.)
Então por que continuamos a publicar estas previsões de economistas neo-clássicos, monetaristas e keynesianos, se o melhor economista deste país afirma que são meros exercícios de vontade? Atenção jornalistas econômicos e professores de jornalismo: esta frase do Delfim diz muita coisa e precisa ser lembrada.
Vai ser um verdadeiro "choque": o crescimento anual do primeiro trimestre de 2009 será muito próximo de zero, mas isso não nos permite saber o que serão os próximos nove meses. Logo, não podemos saber qual será o crescimento do ano.
Portanto leitores de O Brasil Que Dá Certo: não se assustem nem se desesperem.
Segundo Delfim, publicar na manchete de um jornal a previsão de queda no crescimento do PIB não é informação, e sim barulho. Falou de Delfim Netto, o economista-chefe deste país
Nota deste blog: Eu não concordo integralmente com o texto acima.
DA SÉRIE "TEXTO DE QUEM ESCREVE BEM"
A mística do mercado é o título do artigo publicado por PAUL KRUGMAN no "NEW YORK TIMES" e aqui no Brasil na FOLHA DE S.PAULO. Nada como um Nobel para facilitar e apontar como esta a crise atualmente, apesar de não necessariamente todo Nobel esteja correto em seu entendimento econômico. Nem mesmo um KRUGMAN...
Na segunda-feira, Lawrence Summers, o chefe do Conselho Econômico Nacional, respondeu às críticas ao plano do governo Obama para subsidiar a compra privada de ativos tóxicos. "Não conheço nenhum economista que não acredite que mercados de capitais funcionando melhor, nos quais os ativos possam ser negociados, não sejam uma boa ideia." Deixe de lado por um momento a questão de se um mercado em que os compradores têm de ser subornados para participar pode realmente ser descrito como "funcionando melhor". Mesmo assim, Summers precisa sair mais. Alguns economistas reconsideraram sua opinião favorável sobre os mercados de capitais e a negociação de ativos à luz da crise atual. Mas ficou cada vez mais claro nos últimos dias que autoridades graduadas do governo Obama ainda estão presas à mística do mercado. Elas ainda acreditam na magia do mercado financeiro e na proeza dos magos que a executam. A mística do mercado nem sempre dirigiu a política financeira. A América saiu da Grande Depressão com um sistema bancário rigidamente regulamentado, que fez das finanças um negócio sóbrio e até aborrecido. Os bancos atraíam os depositantes fornecendo localizações convenientes de agências e talvez uma ou duas torradeiras de brinde; usavam o dinheiro assim captado para fazer empréstimos, e era isso. E o sistema financeiro não era apenas aborrecido. Também era, pelos padrões de hoje, pequeno. Mesmo durante os "anos go-go", o mercado altista da década de 1960, finanças e seguros juntos representavam menos de 4% do PIB. A relativa desimportância das finanças se refletia na lista de ações que formavam a Média Industrial Dow Jones, que até 1982 não continha uma única companhia financeira. Tudo parece primitivo pelos padrões de hoje. Mas aquele sistema financeiro aborrecido e primitivo serviu a uma economia que duplicou os índices de padrão de vida no período de uma geração. Depois de 1980, é claro, surgiu um sistema financeiro muito diferente. Na era Reagan, de mentalidade desregulamentadora, a banca à moda antiga foi cada vez mais substituída pela especulação em grande escala. O novo sistema era muito maior que o antigo regime: à véspera da crise atual, finanças e seguros representavam 8% do PIB, mais que o dobro de sua participação nos anos 60. No início do ano passado, o Dow Jones incluía cinco companhias financeiras - entre elas gigantes como AIG, Citigroup e Bank of America. E as finanças tornaram-se nada aborrecidas. Atraíram muitas de nossas mentes mais agudas e fizeram algumas pessoas imensamente ricas. Sob o novo mundo glamouroso das finanças estava o processo de securitização. Os empréstimos não ficavam mais com o credor. Em vez disso, eram vendidos para outros, que cortavam em fatias, picavam e faziam purê das dívidas individuais para sintetizar novos ativos. Hipotecas "subprime", dívidas de cartão de crédito, empréstimos para carros - tudo entrava na processadora do sistema financeiro.Do outro lado, supostamente, saíam doces investimentos AAA. E os magos financeiros foram generosamente recompensados pela condução desse processo. Mas os magos eram fraudes, quer eles soubessem disso quer não, e sua magia veio a ser nada mais que uma coleção de truques baratos. Acima de tudo, a promessa chave da securitização - que tornaria o sistema financeiro mais robusto ao espalhar mais os riscos - veio a ser uma mentira. Os bancos usaram a securitização para aumentar seu risco, e não para reduzi-lo. Nesse processo tornaram a economia mais, e não menos, vulnerável aos distúrbios financeiros. Mais cedo ou mais tarde as coisas tinham de dar errado, e acabaram dando. O Bear Stearns faliu; o Lehman faliu; mas principalmente a securitização faliu. O que nos traz de volta à abordagem do governo Obama para a crise financeira. Grande parte da discussão sobre o plano de ativos tóxicos se concentrou nos detalhes e na aritmética, e com razão. Além disso, no entanto, o que é marcante é a visão manifestada tanto no conteúdo do plano financeiro como em declarações de autoridades do governo. Na essência, o governo parece acreditar que quando os investidores se acalmarem a securitização e os negócios financeiros poderão retomar de onde pararam um ou dois anos atrás. Para ser justo, as autoridades estão pedindo mais regulamentação. Na verdade, na quinta-feira Tim Geithner, o secretário do Tesouro, explicou planos para aumentar a regulamentação que teriam sido considerados radicais pouco tempo atrás. Mas a visão subjacente permanece a de um sistema financeiro mais ou menos igual ao que havia dois anos atrás, embora um pouco mais controlado por novas regras. Como você pode adivinhar, eu não compartilho essa visão. Não acho que isso seja apenas um pânico financeiro; eu acredito que representa o fracasso de todo um modelo de banca, de um setor financeiro que cresceu demais e causou mais dano que bem. Não acho que o governo Obama seja capaz de trazer a securitização de volta à vida, e não acredito que deva tentar isso.
REVISTA ÉPOCA - EDIÇÃO DE 30/03/2009
POLÍTICA BRASILEIRA - ELEIÇÕES 2010
quinta-feira, 26 de março de 2009
CRISE 2009 - BOAS NOTÍCIAS. E AINDA ESTAMOS EM MARÇO...
quarta-feira, 25 de março de 2009
BLOG NOVO NA REDE - LEIA E FIQUE FELIZ
Apesar de ser um brasileiro que procura ter os pés no chão e não se ufana com Copa do Mundo e casas populares a R$ 50,00/mês, nestes tempos de tantas notícias ruins, devemos a iniciativa do brilhante STEPHEN KANITZ pela criação de seu blog http://brasil.melhores.com.br/, que, por incrível que parece, somente traz notícias boas. (Sim, elas existem, apesar de nós, Economistas e Auditores, nem sempre encontrá-las).
Parece até conto da carochinha, mas Kanitz é um excepcional criador de ótimos textos na VEJA e agora, no blog, continua a demonstrar todo o seu conhecimento.
Boas vindas ao novo colega e sucesso neste mundo virtual, mas também, REAL.
domingo, 22 de março de 2009
LULA NA NEWSWEEK - EDIÇÃO DE 30/03/2009
Lula Wants to Fight Invigorated by the crisis, Brazil's president says he's praying for Obama. From the magazine issue dated Mar 30, 2009
Once a leftist firebrand, brazil's president Luiz Inácio Lula da Silva turned to free-market liberalism and helped make his country Latin America's biggest economic success. Earlier this month he became the first Latin leader to visit President Barack Obama at the White House, and in April he'll head to London for the G20 summit on the global financial crisis. He met with NEWSWEEK's Fareed Zakaria in New York. Excerpts:
Zakaria:Your meeting with President Obama went longer than expected. What did you talk about?
Da Silva: We talked a lot about the economic crisis. We also decided to create a working group between the U.S. and Brazil to participate in the G20 summit meeting. I told Obama that I'm praying more for him than I pray for myself, because he has much more delicate problems than I. He left a huge impression on me, and he has everything it takes to build a new image for the U.S. with relation to the rest of the world.
You got on pretty well with President Bush. How are they different?
Look, I did have a good relationship with President Bush, it's true. But there are political problems, cultural problems, energy-grid problems, and I hope that President Obama will be the next step forward. I believe that Obama doesn't have to be so concerned with the Iraq War. This will permit him to explore the possibility of building peace policies where there is no war, which is Latin America and Africa.
You are probably the most popular leader in the world, with an 80 percent approval rating. Why?
Brazil is a country that has rich people, as you have in New York City. But we also have poor people, like in Bangladesh. So we tried to prove it was possible to develop economic growth while simultaneously improving income distribution. In six years we have lifted 20 million people out of poverty and into the middle class, brought electricity into 10 million households and increased the minimum wage every year. All without hurting anyone, without insulting anyone, without picking fights. The poor person in Brazil is now less poor. And this is everything we want.
There are people who credit high oil, gas and agriculture prices. Can you manage with prices going down rather than up?
The recent discovery of oil is very important, because part of the oil we find will help resolve the problem of poverty and the problem of education. Brazil does not want to become an exporter of crude oil. We want to be a country that exports oil byproducts—more gasoline, high-quality oil. The investments were calculated at the price of $35 per barrel. Now, at $40, we still have enough margin.
Critics say that during this period of high commodity prices, you did not position Brazil to move economically up to the next level.
This doesn't make sense. When I became president of Brazil, the public debt was 55 percent of GDP. Today it is 35 percent. Inflation was 12 percent, and today it's 4.5 percent. We have economic stability. Our exports have quadrupled. The fact is that the growth of the Brazilian economy is the highest it has been in 30 years.
Will Brazil's economy grow this year?
I'm convinced we'll reach the end of the year with a positive growth rate. But we did not foresee that the crisis would have either the size or the depth that it has today in the U.S. Now we need new political decisions that depend on the rich countries' governments. How are we going to reestablish credit, reestablish the American consumer and the European consumer? Now we have to prove we are worthy. I was even getting a little bit disappointed in political life. I've already had my sixth year of my term, and you start getting tired. But this crisis is almost like something—a provocative thing for us, to wake us up. It's giving me enthusiasm. I want to fight. The more crises, the more investment you have to make. So we're investing today in what we never invested in for the last 30 years, in railroads, highways, waterways, dams, bridges, airports, ports, housing projects, basic sanitation. We have to be bold, because in Brazil we have many things to do that in other countries were already done many years ago.
Last December you had a meeting of the 33 countries of the Americas except the United States. Why?
It seemed that the United States was pointedly excluded.We have never had such a meeting among only the Latin American and Caribbean countries. So it was necessary to have this meeting without super economic powers, a meeting of countries that face the same problems.
You've said you hope this crisis will change the politics of the world, to give countries like Brazil and India and China a greater say. What specifically—what power do you want that you don't have now for Brazil?
We want to have much more influence in world politics. For example, we want that the multilateral financial institutions not be open only to the Americans and Europeans—institutions like the IMF and World Bank. We want more continents to participate in the Security Council. Brazil should have a seat, and the African continent should have one or two.
You are regarded as a great symbol of democracy in the Americas. And yet some people say you have been quiet as Hugo Chávez has destroyed democracy in Venezuela. Why not speak out?
If Brazil wants a greater role in the world, wouldn't that be one part, to stand for certain values?Well, maybe we cannot agree with Venezuelan democracy, but no one can say that there is no democracy in Venezuela. He has been through five, six elections. I've only had two.
He has gangs out on the street. This is not real democracy.
Look, we have to respect the local cultures, the political traditions of each country. Given that I have 84 percent support in the public-opinion polls, I could propose an amendment to the Constitution for a third term. I don't believe in that. But Chávez wanted to stay … I believe that changing the president is important for the strengthening of democracy itself. URL: http://www.newsweek.com/id/190352
DA SÉRIE "TEXTO DE QUEM ESCREVE BEM" - II
Em 18/03/2009, ANTONIO DELFIM NETTO, escreveu em sua coluna na Folha de S. Paulo, o texto abaixo, com o título "Dura realidade."
O BRASIL só muito recentemente havia se reconciliado com o verdadeiro crescimento, que, para os países emergentes, é aquele que o faz convergir e superar a média do crescimento mundial. Depois de 20 anos de taxas de crescimento inferiores à do mundo, o terceiro trimestre de 2006 mostrou importante mudança: voltamos a crescer mais do que ele. Entre 1950 e 1985, o Brasil cresceu, por ano, 2,2% acima do mundo; entre 1986 e 2006, cresceu, em média, 0,7% por ano abaixo do mundo. A tabela mostra o crescimento trimestral em 2008 comparado a cada trimestre de 2007: Trata-se de verdadeiro colapso, que nem os mais pessimistas ousavam prever. Esse enorme desastre "na margem" é relativizado quando se verifica que, na média, nosso crescimento de 2008 foi muito superior ao do mundo (cerca de 1,6%) e praticamente igual ao dos países emergentes (5%). É claro que há mil razões para explicar o fato, mas é ainda mais claro que nem a soma de 999 delas chega a ter a importância da "morte súbita" do crédito interbancário no Brasil. Por que um país que tem um sistema bancário hígido, com alavancagem razoável e controlada e economia relativamente fechada, assistiu à queda do seu recém-redescoberto desenvolvimento? A resposta desagradável é uma só: o Banco Central, perdido no labirinto de seus modelos, demorou a entender o que se passava após a barbeiragem do Tesouro americano e do Fed na desastrada operação Lehman Brothers, em setembro. Quando entendeu, agiu na direção certa, mas com atraso e tibieza. Há fatos fora de nosso controle, como a queda de demanda das exportações e a evolução das relações de troca (preços de exportação/ preços de importação), que cobrarão seu preço sobre nosso desenvolvimento. Mas as preocupações do nosso sistema bancário em relação ao capital subordinado e ao seu "funding" externo deveriam (e poderiam!) ter sido reduzidas pelo BC ainda em setembro. Em vez disso, perdemos meses construindo a perversa teoria de que banco "grande" é melhor do que "pequeno" e que o pior dos bancos "públicos" é melhor do que o melhor dos "privados", o que compromete ainda mais a restauração do crédito interbancário. Se continuarmos "filosofando", o Brasil poderá encolher em 2009. Felizmente temos os próximos nove meses para trabalhar duro e com inteligência para evitar a tragédia.
Uma pergunta deste colega aqui na floresta ao grande Mestre Delfim: e os gastos do governo brasileiro não comprometem o que estavamos vendo hoje? (Ficamos aguardando resposta).
DA SÉRIE "TEXTO DE QUEM ESCREVE BEM"
Tenho sempre o prazer de compartilhar textos bons que leio para os meus quase dois leitores. Sei que eles também lêem muitas coisas boas, mas por vezes, podem passar ser ter lido algo que li e que registra uma base teórica que nos faz pensar. Com vocês, neste nublado domingo, otimista texto de LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS, 66 anos, engenheiro e economista, é economista-chefe da Quest Investimentos. Foi presidente do BNDES e ministro das Comunicações (governo Fernando Henrique Cardoso).
Algumas certezas... muitas dúvidas
A CRISE econômica completa seis meses de uma nova e mais deletéria fase, iniciada com a quebra do banco Lehman Brothers, em setembro do ano passado. Vou dividir com o leitor da Folha algumas certezas -e muitas dúvidas- que tenho em relação a ela. Começo com as minhas certezas:
1) existe no mundo hoje um elevado nível de capacidade ociosa em quase todos os setores produtivos, principalmente o setor industrial;
2) essa situação de excesso de capacidade produtiva foi criada de uma forma brusca, inesperada mesmo, e gerou nos últimos meses um acúmulo de estoques brutal. O ajuste da produção, que se seguiu, está em fase avançada, mas ainda não terminou;
3) o consumidor americano vai continuar a reduzir seu consumo e aumentar sua poupança. Não será um processo contínuo, mas esse é o pano de fundo. Por isso, esse cenário de fraqueza estrutural global deve permanecer, pelo menos, até a passagem de 2010 para 2011;
4) por isso ainda há um desequilíbrio muito grande nos preços de produtos primários e intermediários importantes, o que garante a continuidade por mais tempo da redução generalizada de preços que já atinge a maioria das economias;
5) terminados esses ajustes de quantidade e preço, a elevada ociosidade do sistema produtivo na grande maioria das economias vai garantir, por um período longo, talvez dois anos, um ambiente benigno de inflação;
6) essa situação de "sobra de recursos" também atinge o mercado de trabalho global; esse é outro fator importante para garantir um quadro de inflação muito baixa, apesar dos déficits fiscais elevados e da expansão monetária quase explosiva nos países desenvolvidos;
7) o comércio internacional levará tempo para se recuperar e ainda exercerá influência negativa no crescimento econômico global por algum período;
8) a política monetária é a principal ferramenta contracíclica nas mãos do governo brasileiro.
No campo das certezas menos certas, eu incluiria as seguintes:
1) o pior da crise financeira pode ter passado, ao menos no que se refere às rupturas inesperadas dos últimos meses. As ações agressivas de alguns dos maiores bancos centrais estão diminuindo o risco de um colapso total do sistema financeiro global. A decisão histórica do Fed de comprar volumes maciços de títulos de longo prazo, inclusive os papéis emitidos pelo Tesouro americano, pode ajudar a consolidar essa percepção;
2) mas a oferta de crédito - bancário e via securitização de recebíveis - ainda vai ficar deprimida por muito tempo. Nesse sentido, o sucesso no leilão de compra de ativos gerados por novas operações de crédito securitizado, a ser realizado pelo Fed na próxima semana - o chamado Talf -, será fundamental para possibilitar um aumento da confiança na estabilização da maior economia do mundo;
3) a economia chinesa pode ter encontrado um novo patamar, estabilizando a demanda de certas commodities e criando um piso, ainda que temporário, para a atividade econômica em locais mais diretamente influenciados por essa dinâmica, inclusive o Brasil. Por isso os próximos números da produção industrial chinesa são aguardados com grande ansiedade;
4) a economia brasileira poderá voltar a crescer, mesmo que modestamente, ao redor de 3% ao ano, na virada de 2009 para 2010. (E que possamos confirmar essa previsão meu caro Luiz Carlos...)
CULTURA EM ECONOMIA? OF COURSE.
ECONOMIA EM 2009 - CRESCIMENTO NEGATIVO?
A cada dia pioram as previsões para o resultado do PIB de 2009 do Brasil, dos demais países e do resultado geral do mundo. Como a Economia é muito complexa, existem Economistas otimismas e outros não tanto, cada qual com seus interesses particulares, acadêmicos, políticos ou teóricos, ou tudo isso agregado. Ainda acredito que o Brasil NÃO afundará em 2009, mesmo lendo colegas de renome e revistas idem, apostarem no PIB de 2009 em (-) 1%, caso da correta "Economist" em sua última edição. Neste domingão, o comentário de um especialista que realmente escreve do que realmente conhece: GUSTAVO FRANCO na EXAME. Vamos trabalhar e buscarmos melhorar o resultado em todas as nossas atividades e conseguirmos um 2009 otimista?
Ainda dá para voltar a crescer neste ano - Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central e sócio da gestora de recursos Rio Bravo.
Não podemos descartar surpresas, mas o resultado do último trimestre de 2008 não sepulta a chance de crescimento deste ano. Ainda há muito jogo pela frente. Aliás, estamos diante de uma oportunidade histórica, a de aprender a viver com taxas de juro de "países normais". Diferentemente do que ocorre no hemisfério norte, o Brasil terá de atuar na política monetária, e não na política fiscal, para amortecer a crise. Não existe a menor chance de os gastos públicos compensarem a queda nos investimentos e a contração de crédito. E isso é bom, porque o corte de juros afeta positivamente a economia de uma maneira muito mais horizontal, sem a seletividade da política fiscal, que beneficia alguns setores escolhidos. O Brasil ainda tem a maior taxa de juro real do planeta e tem condição de reduzi-la a um dígito sem risco inflacionário. Na minha opinião, esse dígito está mais para 5% do que para 9%. Quando a roda da economia mundial voltar a girar, os juros não terão de voltar ao patamar atual. Poderemos passar para uma nova normalidade. É claro que isso trará muitos benefícios para os investimentos produtivos, mas também apresentará desafios, particularmente para as instituições financeiras menos eficientes. Elas terão de funcionar com mais produtividade.
LULA - CRISE ECONÔMICA X POPULARIDADE GOVERNAMENTAL
CAPITALISMO - SEMPRE
Trabalhador na iniciativa privada desde os meus 14 anos, tenho verdadeira aversão pela interferência do Estado em todas as atividades sociais. Minha visão de Estado é relacionada ao Estado Mínimo, com a economia do livre mercado auto-regulando as atividades econômicas. O economista Maílson da Nóbrega, na VEJA desta semana, concluí o que penso:
"Não há alternativa ao sistema capitalista. Nenhum outro libera tanto as energias produtivas da sociedade nem o supera na geração de renda, emprego e bem-estar. Que o digam Cuba e Coreia do Norte. Ao longo do tempo, o capitalismo mostrou capacidade de aprender lições, de se reinventar, de superar crises e de sobreviver aos seus críticos, principalmente Marx e seus seguidores. Sejam quais forem as mudanças para regular o sistema financeiro e criar "um mundo mais decente", a natureza do sistema econômico não mudará. A ideia é renovar o capitalismo, e não trazer de volta o que não deu certo, menos ainda o socialismo ou sua versão bufa, a da Venezuela de Chávez."
quinta-feira, 19 de março de 2009
POLÍTICA + OU x ECONOMIA EM 2009
Estou curioso para conhecer os novos números das próximas pesquisas de popularidade do Presidente Lula. Hábil político, Lula tem conseguido afastar de si as complexas conexões e situações políticas de seus aliados, bem como, mesmo com a crise aqui em nosso Brasil, consegue posar de estadista com tipo de solução mágica para o povo entenda que aqui, graças a Ele, o problema inexiste.
Como brasileiro, é claro que torço para que o país consiga atravessar 2009 com resultados positivos. Porém, o otimismo governamental de um PIB elevado ao final do ano, parece que aos poucos está se moldando à realidade mundial. Meu otimismo, no momento, está que se chegarmos a ZERO% ao final de 2009, já ganhamos o jogo.
Até que ponto os efeitos da crise prejudicaram a popularidade presidencial em período quase pré-eleitoral é um desafio para nossos estudos diários, aliada a nossa preocupação de Lula deixar um país quebrado a um sucessor que seja seu adversário político.
quarta-feira, 18 de março de 2009
UMA CRÍTICA AOS ECONOMISTAS
Do colega blogueiro Vinicius Torres Freire, da Folha de S.Paulo, um pequeno trecho de um artigo do Dani Rodrik, economista, professor de Harvard, com o título: CULPE OS ECONOMISTAS, NÃO A ECONOMIA. Cada leitor que tire a sua própria conclusão.
"À medida em que o mundo ruma atabalhoadamente para a beira de um precipício, críticos do ofício da economia vêm levantando questionamentos sobre a sua cumplicidade na crise atual. E com razão: os economistas têm muito pelo que responder.
Foram os economistas os que legitimaram e popularizaram a ideia de que um setor financeiro sem amarras representava um benefício para a sociedade. Eles falavam quase de maneira unânime quando se tratava dos "perigos da regulamentação excessiva do governo". Seu conhecimento técnico - ou o que se assemelhava a isso à época - lhes conferiu uma posição privilegiada de formadores de opinião, bem como acesso aos corredores do poder.
A falta não reside no campo da economia, mas no campo dos economistas. O problema é que os economistas (e os que lhes dão ouvidos) ficaram excessivamente confiantes nos seus modelos preferidos do momento: os mercados são eficientes, a inovação financeira transfere risco aos melhor capacitados para arcá-lo, a auto-regulamentação funciona melhor e a intervenção do governo é ineficaz e prejudicial.
A macroeconomia pode ser o único campo aplicado na disciplina de economia no qual mais treinamento aumenta a distância entre o especialista e o mundo real, devido à sua dependência de modelos altamente irreais, que sacrificam a relevância em favor do rigor técnico. Lamentavelmente, em vista das necessidades atuais, os macroeconomistas fizeram pouco progresso em planos de ação desde que John Maynard Keynes explicou como as economias podem ficar atoladas no desemprego devido à demanda agregada insuficiente. Alguns, como Brad DeLong e Paul Krugman, dirão que o campo já regrediu.
"domingo, 15 de março de 2009
UMA BREVE REFLEXÃO COM MÍRIAM LEITÃO
Para reflexão e análise lúcida do que escreveu hoje a nossa melhor blogueira econômica - Míriam Leitão no http://oglobo.globo.com/economia/miriam/post.asp?t=nau-sem-rumo&cod_post=168649, e o longo caminho que temos pela frente neste 2009. Política + Economia + Eleição = alguém pagará essa conta... Espero que alguém do Planalto venha a ler este texto e converse com o dono do palácio....
Nau sem rumo
A crise já atingiu o Brasil há meses, mas o governo ainda não formulou qualquer resposta à altura. Se o governo tivesse mantido suas despesas com pessoal e previdência em proporção do PIB, no patamar de 2003, teria R$ 75 bilhões a mais para investir. As decisões tomadas nos últimos anos limitam a resposta governamental, a tendência de subestimar a crise é um complicador a mais.
A conta acima foi feita pelo economista político Alexandre Marinis, da Mosaico. Os gastos com pessoal subiram de 4,2% para 5% do PIB, as despesas previdenciárias, em parte pelos aumentos reais do salário mínimo, subiram de 5,9% para 7,2% do PIB. Como são despesas que não podem ser reduzidas, o governo não tem muita margem agora para fazer política contracíclica. E há mais gastos em andamento.
Apenas para 2009, o Orçamento da União prevê que o Executivo [sem o Judiciário e Legislativo] contratará mais 30.879 servidores, a um custo anual de R$ 1,8 bilhão. Além disso, prevê a substituição de mais 19.423 terceirizados, a um custo de R$ 678 milhões. Como o governo Lula aumentou o quadro de servidores civis e militares em 298.232 servidores, podemos dizer que as contratações custaram R$ 17,2 bilhões por ano aos contribuintes. Como a maioria das contratações foi efetuada a partir do ano eleitoral de 2006, temos um impacto total nas contas públicas de R$ 51,7 bilhões — diz Alexandre Marinis.
Números estarrecedores, que mostram exatamente o peso que o estado brasileiro assumiu para os próximos anos e décadas e que, neste momento, limita a ação do governo.
Os aumentos salariais são outro peso.
Só em 2008, conforme dados do Ministério do Planejamento, a reestruturação de cargos e carreiras teve impacto de R$ 30,5 bilhões nos gastos de pessoal — conta Marinis.
Isso impactará, no médio e longo prazos, os gastos da previdência pública, que já tem déficit anual de R$ 43 bilhões em 2009.
Em síntese, os dados mostram que o governo Lula cometeu um tremendo erro de estratégia fiscal ao contratar um número excessivo de servidores e reajustar seus salários em demasia. Este erro custará caro ao país, já que agora não tem recursos para enfrentar o tsunami mundial que já varre emprego e crescimento no Brasil — conclui Alexandre Marinis.
Além da estratégia errada nos tempos do boom, o governo não tem estratégia agora para enfrentar a crise. Foram tomadas medidas tópicas, o Banco Central acudiu as emergências bancárias que estouraram em outubro, quando secou o crédito externo. O presidente Lula suou de palco em palco, desde o início da crise, em discursos em que apostava no improvável: o Brasil não seria atingido.
Um líder não pode dizer que o país será derrotado. Mas basta comparar com o que os outros presidentes dizem: todos admitem a gravidade da crise, todos avisam que esse é um ano terrível, todos alertam para os perigos, e a partir destas constatações é que passam a convocar o país para a superação da crise. Assim faz presidente Barack Obama o tempo todo. Assim faz o presidente da França, o primeiro ministro do Reino Unido. Mas para ficar num exemplo mais emergente, até o primeiro ministro chinês, Wen Jiabao, de um país conhecido pela absurda capacidade de censurar as informações até na web, disse claramente, ao abrir a reunião anual do Congresso, que este seria “um dos anos mais difíceis da história da China”.
A crise é grave, chegou há meses ao Brasil. Só nos últimos dias, o país soube que a produção industrial de janeiro caiu 17%, que o PIB teve queda de 3,6% no último trimestre de 2008, que o governo arrecadou R$ 10 bilhões a menos do que previa no primeiro bimestre, que o Ministério do Trabalho registrou quase 800 mil empregos perdidos de novembro a janeiro, que a Fiesp contou 235 mil postos de trabalho eliminados de outubro para cá. Ninguém precisa de um novo número para saber que a crise está entre nós. Cabe ao governo ter uma equipe que lide com o problema com seriedade, que se antecipe aos fatos, que saiba em que direção está indo. Não há uma ação que resolva tudo. Portanto, o plano habitacional que está sendo aguardado há meses, se for bem formulado, será uma parte da resposta. Mas não toda ela.
O governo Lula teve duas vantagens. Primeiro, recebeu de herança uma economia que tinha feito avanços importantes, como a estabilização, as metas de inflação, o câmbio flutuante, a Lei de Responsabilidade Fiscal e a autonomia do Banco Central. Segundo, o país passou a ser extraordinariamente favorecido pela onda internacional de crescimento, provocada em grande parte pela bolha de crédito americana. A alta das commodities metálicas, o boom de comércio de alimentos, o aumento do fluxo de comércio, a explosão do fluxo de capitais de toda a natureza.
Estar preparado para aproveitar uma boa onda é tão importante quanto saber que ela é temporária leva a decisões sensatas. Foi o que alguns países fizeram, como o Chile, ao montar um fundo para acumular o excesso de receitas dos bons tempos. O governo Lula tomou algumas decisões certas, como a de manter o superávit primário, acumular as reservas, aumentar os gastos com os muito pobres. Mas ele desperdiçou o bom momento ao interromper o ciclo de reformas que preparariam o país para tempos mais duros e ao aumentar de forma extravagante as despesas que não pode cortar.
O improviso diário do presidente, as apostas do ministro da Fazenda, o ensaio de campanha da ministra da Casa Civil não vão resolver a crise. Podem aprofundá-la.
AJUDANDO OBAMA A RESOLVER A CRISE
Esta é para melhorar nosso humor nestes tempos de crise.
E veio direto do colega blogueiro Orlando Tambosi: http://otambosi.blogspot.com/.
Caetano, o Haiti ainda é aqui???
DA SÉRIE "TEXTO DE QUEM ESCREVE BEM"
Direto do "FINANCIAL TIMES", neste domingo na FOLHA, ROBERT SHILLER, titular da cátedra Arthur M. Okum de Economia na Universidade Yale e cofundador e economista chefe da MacroMarkets, escreve que "Governos têm o dever de regular os mercados para impedir que as pessoas sejam falsamente atraídas a adquirir ativos ilusórios, sem excluir a parte boa do capitalismo", o que é uma verdade tardiamente reconhecida. Trata-se de um texto racional, que procura os dois lados da moeda e não apenas registrar as falhas de A ou B. Uma boa releitura e visão da história econômica para este ano de 2009.
Lydia Lopokova, mulher do economista John Maynard Keynes, era uma famosa bailarina.
Também era emigrante russa.
Por isso, Keynes conhecia pela experiência de seus sogros os horrores da vida na pior das economias socialistas. Mas também conhecia em primeira mão as grandes dificuldades que a vida sob o capitalismo descontrolado e desregulado pode oferecer. Ele viveu a depressão britânica dos anos 20 e 30 e isso o inspirou a encontrar um caminho intermediário para as economias modernas.
Estamos presenciando, nesta crise financeira, um renascimento da economia keynesiana. Voltamos a discutir "The General Theory of Employment, Interest and Money" [Teoria Geral do Emprego, Juros e Dinheiro], de 1936, escrito durante a Grande Depressão.
Aquela era, como a atual, viu muitos apelos pelo fim do capitalismo tal qual o conhecemos. Os anos 30 foram definidos como o ápice do comunismo no Ocidente. A via intermediária de Keynes pretendia evitar o desemprego, os pânicos e as manias do capitalismo. E também evitaria os controles políticos e econômicos do comunismo. O livro se tornou a mais importante obra de economia do século 20 devido à sua mensagem sensata e equilibrada.
Em momentos de desemprego alto, os governos com bom histórico de crédito deveriam expandir a demanda por meio de gastos públicos bancados por déficits orçamentários. Em seguida, em momentos de desemprego baixo, os governos deveriam amortizar as dívidas contraídas. Com essa mudança aparentemente mínima de procedimento, um sistema capitalista poderia ser estável. Não haveria necessidade de uma cirurgia radical no capitalismo.
Os adeptos da mensagem de Keynes estavam tão ansiosos por fazer implementar essa política simples que deixaram de perceber, ou talvez tenham deliberadamente desconsiderado, que a teoria geral tinha uma mensagem mais profunda e fundamental sobre a maneira pela qual o capitalismo funciona, ainda que mencionada apenas de modo breve. O livro explicava por que as economias capitalistas, se deixadas sem controle, eram essencialmente instáveis. E explicava por que os governos precisavam exercer um papel de contrapeso para que as economias capitalistas funcionassem bem.
A chave para essa percepção era o papel atribuído por Keynes às motivações psicológicas das pessoas, em geral ignoradas pelos macroeconomistas. Ele as denominava "espírito animal" e acreditava que fossem especialmente importantes para determinar a disposição das pessoas em assumir riscos. Os cálculos dos empresários, disse ele, eram precários. "Nossa base de conhecimento para determinar o rendimento, daqui a dez anos, de uma ferrovia, uma mina de cobre, uma fábrica têxtil, o valor intangível de um remédio patenteado, um transatlântico, um edifício na City de Londres, é muito pequena e ocasionalmente inexistente." A despeito disso, as pessoas de alguma forma tomam decisões e agem. Isso "só pode ser compreendido como resultado do espírito animal". Existe um "ímpeto espontâneo de agir".
Há momentos em que as pessoas são espontaneamente aventurosas. As aventuras são sustentadas, nesses momentos, por uma fé jovial no futuro e pela confiança nas instituições econômicas. Isso representa a curva de alta no ciclo de negócios. Mas o espírito animal também pode se mover na direção oposta, quando as pessoas estão cautelosas demais.
Hoje, é possível tratar com muito mais clareza a base psicológica do espírito animal.
Por exemplo, psicólogos sociais demonstraram até que ponto as histórias e as narrativas, especialmente as de interesse humano, motivam o comportamento das pessoas. Essas histórias podem ter valor muito superior ao dos cálculos abstratos. Os humores econômicos das pessoas se baseiam em larga medida nas histórias que elas contam a si mesmas e umas às outras sobre o assunto.
Vimos histórias como essas surgindo e desaparecendo em rápida sucessão, nos últimos anos. Primeiro tivemos a bolha da internet e as histórias sobre jovens milionários que despertavam inveja em todos. Ela estourou em 2000, mas logo foi substituída por uma nova, dessa vez envolvendo pessoas que lucravam ao comprar e revender imóveis com esperteza.
Essa mania foi produto não apenas de uma história sobre pessoas mas de uma história sobre a forma como a economia funcionava. Era parte de uma história em que todos os investimentos em hipotecas securitizadas eram seguros, pois tanta gente inteligente estava envolvida. Todas aquelas pessoas invejáveis estavam adquirindo esse tipo de ativo e certamente os estavam verificando, portanto nós não precisaríamos fazê-los. Bastava acompanhá-las.
O que permitiu que essa mania e essas histórias persistissem por tanto tempo? Em larga medida, nós entramos na atual crise devido a uma teoria econômica incorreta, uma teoria que negava, ela mesma, o papel do espírito animal quanto a nos envolver em pânicos e manias.
Segundo a teoria "clássica" padrão, que remonta a Adam Smith e ao "A Riqueza das Nações", de 1776, a economia é essencialmente estável. Se as pessoas seguirem racionalmente os seus interesses econômicos, em mercados livres, exaurirão todas as oportunidades mutuamente benéficas de produzir bens e comercializar umas com as outras. Essa exaustão das oportunidades de comércio mutuamente benéfico resultaria em pleno emprego. Nos termos dessa teoria, o resultado não poderia ser diferente.
É claro que haverá alguns desempregados. Mas eles serão incapazes de encontrar emprego apenas porque estão temporariamente em busca de trabalho, ou porque insistem em receber salários irracionalmente altos. Desemprego assim é visto como voluntário, nos termos da teoria, e portanto não merecedor de simpatia.
A teoria clássica também nos diz que os mercados financeiros serão estáveis. As pessoas só realizarão transações que considerem benéficas para elas. Ao entrarem nos mercados, elas farão a lição de casa para garantir que aquilo que estão comprando vale o tanto que estão pagando.
O que essa teoria negligencia é que existem momentos nos quais as pessoas confiam demais. E tampouco leva em conta que, se puder fazê-lo com lucro, o capitalismo não produzirá apenas o que as pessoas realmente querem, mas o que elas pensam que querem. O sistema pode produzir os remédios de que as pessoas precisam. Isso é algo que as pessoas realmente querem. Mas, se puder fazê-lo com lucro, também produzirá aquilo que as pessoas consideram equivocadamente querer.
O capitalismo produzirá falsas poções. Não só isso: também poderá produzir o desejo por elas. Esse é um aspecto negativo dele. A teoria econômica padrão não levou em conta que compradores e vendedores de ativos poderiam não exercitar sua responsabilidade e que o mercado não estaria lhes vendendo seguros contra o risco dos títulos complexos que adquiriram, mas sim o equivalente financeiro a uma falsa poção.
Existe uma moral mais ampla nisso tudo quanto à natureza do capitalismo. Por um lado, queremos tirar vantagem da sabedoria de Adam Smith. Em sua maior parte, os produtos que o capitalismo fabrica são o que realmente desejamos, a um preço que estamos dispostos e temos condições de pagar. Por outro lado, quando a confiança é alta, e porque ativos financeiros são difíceis de avaliar por aqueles que os compram, as pessoas se dispõem a adquirir falsas poções, e o fazem. E quando isso é descoberto, como invariavelmente deve, a confiança desaparece e a economia se amarga.
É papel do governo garantir, em dois níveis, que eventos como esses não ocorram. Primeiro, ele tem o dever de regulamentar os mercados de ativos de modo a impedir que as pessoas sejam falsamente atraídas a adquirir ativos ilusórios. Padrões como esses para os produtos financeiros fazem tanto sentido quanto os impostos aos alimentos ou aos remédios que consumimos. Mas não queremos eliminar as boas partes do capitalismo quando excluímos as ruins. Para tirar vantagem das partes boas, quando flutuações ocorrem, é papel do governo garantir que aqueles que desejam e podem produzir aquilo que os demais querem comprar sejam capazes de fazê-lo. É papel do governo, portanto, manter o pleno emprego por meio de suas políticas fiscais e monetárias compensatórias.
Os princípios que embasam esse tipo de economia não são os mesmos que vigoram no modelo socialista. O governo, na medida do possível, está apenas criando as condições macroeconômicas que permitirão que a economia funcione bem.
Esse é o papel do governo.
Seu papel é garantir um "laisser-faire" sábio. Não se trata do capitalismo completamente aberto recomendado pela teoria vigente e que parece ter sido aceito como evangelho pelos planejadores econômicos e também por muitos economistas desde os governos Thatcher e Reagan. O capitalismo que propomos é um meio-termo significativo entre aqueles que veem os desastres econômicos e o desemprego do capitalismo descontrolado, por um lado, e aqueles que acreditam que o governo não deveria exercer qualquer papel, por outro.
A ideia de que o capitalismo descontrolado e desregulado invariavelmente produziria desfechos positivos era uma teoria econômica incorreta quanto à maneira pela qual as sociedades capitalistas se comportam e quanto àquilo que causa suas crises.
Essa teoria econômica incorreta não leva em conta a maneira como o espírito animal afeta o comportamento econômico e tampouco o papel das narrativas que despertam confiança e das falsas poções nas flutuações econômicas.
sábado, 14 de março de 2009
NOBEL DE ECONOMIA - DANIEL McFADDEN
Daniel McFadden, vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 2000 e diretor do Laboratório de Econometria da Universidade da Califórnia em Berkeley, esteve no final do ano passado no Brasil e em entrevista a revista "INDÚSTRIA BRASILEIRA", da Confederação Nacional da Indústria - CNI, diz com todas as letras que teme por uma longa recessão, com um processo longo e tedioso de recuperação. Até aí, sem novidades. Porém, em seguida ele diz que A RECESSÃO VAI DURAR OITO ANOS PELO MENOS. Vou repetir: OITO ANOS. Em sua análise ele argumenta que a nossa experiência mais próxima é o que houve no Japão desde o início da década de 1990. Depois de quase 17 anos o estouro da bolha imobiliária deles, eles ainda não se recuperaram.
Fico muito preocupado ler um Nobel afirmar que o número de empresas que quebraram nos Estados Unidos é impressionante e muitas outras quebrarão no próximo ano. Ele critica Alan Greenspan por ter deixado mercados não-regulados se distraírem em relação ao gerenciamento de riscos, o que os impediu de se preparar para a crise. (Como eu recordo da saída de Greenspan do FED e todo o mundo a parabenizá-lo). Lamentavelmente, hoje o próprio Greenspan reconhece que a idéia que ele tinha dos mercados estava errada. Que pena...
E nós, aqui no interior do floresta, é que pagamos a conta. Fato é que entender Economia é cada dia um assunto complexo... Que banho de água gelada no nosso otimismo... Vamos torcer para que o Nobel esteja ERRADO e que o Nosso Guia consiga junto com OBAMA, reverter, em meses, essa situação.
VIAGEM E TURISMO - MARÇO/09
Leitor voraz das revistas da Abril, fiquei muito feliz ao ler hoje duas matérias na "Viagem e Turismo" deste mês. A de capa é sobre SANTIAGO, que conheci dias atrás e que revendo as imagens e lendo o texto, somente trouxe-me boas recordações dessa cidade, bem como de VALPARAÍSO e VIÑA DEL MAR, passeios imperdíveis e oportunidade de tomar um banho de mar no Oceano Pacífico. Aproveito a oportunidade para pedir ao Apóstolo Santiago, Patrono de La Capital, com esta imagem localizada no interior da catedral, na Plaza de Armas, que nos permita continuar 2009 em segurança e otimista com as metas a cumprir.
Outra matéria é sobre a minha cidade mais próxima aqui da floresta, a calorosa BELÉM, considerada pela revista a capital do mundo da gastrononia, por causa de sua comida única. É claro que quase como cidadão paraense, fiquei orgulhoso da matéria e com vontade de passar na estação das Docas e ver o pôr-do-sol sob a baía do Rio Guajará, tomar um sorvete de cupuaçu na Cairu, ouvir e comer bem no Boteco das Onze, comer um arroz de jambu no Lá em Casa e outras maravilhas mais, que somente passeando por aqui você vai encontrar.
MEN'S HEALTH - MARÇO/2009
Airton Seligman, editor da Men's Health, escreveu na sua Carta do Editor neste mês de março, um belo texto otimista, onde mescla saúde + economia e oferece excelentes dicas de como continuarmos neste 2009 atingindo nossas metas, mesmo com alguém falando ao nosso lado, como ele escreve, da CRISE pela 253.000.009ª vez.
Para fechar com chave de ouro sua página, ele cita, dentre outros, os gênios abaixo:
"EM MOMENTOS DE CRISE, SÓ A IMAGINAÇÃO É MAIS IMPORTANTE QUE O CONHECIMENTO." - Albert Einstein.
"DO MESMO MODO QUE O METAL ENFERRUJA COM A OCIOSIDADE E A ÁGUA PARADA PERDE SUA PUREZA, ASSIM A INÉRCIA ESGOTA A ENERGIA DA MENTE." - Leonardo da Vinci.
terça-feira, 10 de março de 2009
ECONOMIA DE JORNAL?
Em sua primeira entrevista exclusiva para o "NYT" depois de eleito, OBAMA conta como se informa. "Leio a maioria dos grandes jornais de âmbito nacional." Em recortes ou no papel? "Não, leio no papel. Eu gosto da sensação de um jornal." Mais à frente, "eu raramente leio blogs".
Enquanto isso, aqui abaixo da linha do Equador, certo Presidente nada lê por ter "azia". Diante disso, será que cada povo escolhe realmente o melhor? Espero e torço que sim. Mas que me estranha a situação, isso sim.
OBAMA, por mais que tenha jornal na internet nessa nós estamos juntos: EU SOU DEVOTO DA LEITURA DE UM JORNAL NO PAPEL. (E tenho idéias do século XXI...)
IV ENCONTRO DE PENSADORES LIBERAIS
O Professor Adolfo já puxou minha orelha, mas ele tinha razão: nunca devemos interromper uma atividade por motivos que você pode contornar. Ele continua em Brasilia, na nossa Universidade Católica de Brasília e, para quem for possível participar, é altamente recomendável o encontro abaixo, principalmente pelo tema a ser discutido.
IV Encontro de Pensadores Liberais - A Crise Internacional e a Atuação do Estado Brasileiro
Meus Caros,
Convido-os ao IV Encontro de Pensadores Liberais. Dessa vez com o tema: A CRISE INTERNACIONAL E A ATUAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO
Data: 28/03/2009 (Sábado) - Horário: 14:00 às 18:00 horas
Local: Universidade Católica de Brasília (916 norte)
LULA NO FINANCIAL TIMES - CAPITALISMO
É claro que não poderia deixar de postar o artigo do nosso Presidente Lula, publicado no Financial Times. Divergências a parte, tenho sempre o hábito de ler os dois lados da moeda. E penso que não pode ser diferente, até para poder conhecer o outro lado.
The future of human beings is what matters By Luiz Inácio Lula da Silva Published: March 9 2009 19:52
For me, capitalism has never been an abstract concept. It is a real, concrete part of everyday life. When I was a boy, my family left the rural misery of Brazil’s north-east and set off for São Paulo. My mother, an extraordinary woman of great courage, uprooted herself and her children and moved to the industrial centre of Brazil in search of a better life. My childhood was no different from that of many boys from poor families: informal jobs; very little formal education. My only diploma was as a machine lathe operator, from a course at the National Service for Industry.
I began to experience the reality of factory life, which awoke in me my vocation as a union leader. I became a member of the Metalworkers’ Union of São Bernardo, in the outskirts of São Paulo. I became the union’s president and, as such, led the strikes of 1978-1980 that changed the face of the Brazilian labour movement and played a big role in returning democracy to the country, then under military dictatorship.
The impact of the union movement on Brazilian society led us to create the Workers’ party, which brought together urban and rural workers, intellectuals and militants from civil society. Brazilian capitalism, at that time, was not only a matter of low salaries, insalubrious working conditions and repression of the union movement. It was also expressed in economic policy and in the whole set of the government’s public policies, as well as in the restrictions it placed on civil liberties. Together with millions of other workers, I discovered it was not enough merely to demand better salaries and working conditions. It was fundamental that we should fight for citizenship and for a profound reorganisation of economic and social life.
I fought and lost four elections before being elected president of the republic in 2002. In opposition, I came to know my country intimately. In discussions with intellectuals I thrashed out the alternatives for our society, living out on the periphery of the world a drama of stagnation and profound social inequality. But my greatest understanding of Brazil came from direct contact with its people through the “caravans of citizenship” that took me across tens of thousands of kilometres.
When I arrived in the presidency, I found myself faced not only by serious structural problems but, above all, by an inheritance of ingrained inequalities. Most of our governors, even those that enacted reforms in the past, had governed for the few. They concerned themselves with a Brazil in which only a third of the population mattered.
The situation I inherited was one not only of material difficulties but also of deep-rooted prejudices that threatened to paralyse our government and lead us into stagnation. We could not grow, it was said, without threatening economic stability – much less grow and distribute wealth. We would have to choose between the internal market and the external. Either we accepted the unforgiving imperatives of the globalised economy or we would be condemned to fatal isolation.
Over the past six years, we have destroyed those myths. We have grown and enjoyed economic stability. Our growth has been accompanied by the inclusion of tens of millions of Brazilian people in the consumer market. We have distributed wealth to more than 40m who lived below the poverty line. We have ensured that the national minimum wage has risen always above the rate of inflation. We have democratised access to credit. We have created more than 10m jobs. We have pushed forward with land reform. The expansion of our domestic market has not happened at the expense of exports – they have tripled in six years. We have attracted enormous volumes of foreign investment with no loss of sovereignty.
All this has enabled us to accumulate $207bn (€164bn, £150bn) in foreign reserves and thereby protect ourselves from the worst effects of a financial crisis that, born at the centre of capitalism, threatens the entire structure of the global economy.
Nobody dares to predict today what will be the future of capitalism.
As the governor of a great economy described as “emerging”, what I can say is what sort of society I hope will emerge from this crisis. It will reward production and not speculation. The function of the financial sector will be to stimulate productive activity – and it will be the object of rigorous controls, both national and international, by means of serious and representative organisations. International trade will be free of the protectionism that shows dangerous signs of intensifying. The reformed multilateral organisations will operate programmes to support poor and emerging economies with the aim of reducing the imbalances that scar the world today. There will be a new and democratic system of global governance. New energy policies, reform of systems of production and of patterns of consumption will ensure the survival of a planet threatened today by global warming.
But, above all, I hope for a world free of the economic dogmas that invaded the thinking of many and were presented as absolute truths. Anti-cyclical policies must not be adopted only when a crisis is under way. Applied in advance – as they have been in Brazil – they can be the guarantors of a more just and democratic society.
As I said at the outset, I do not give much importance to abstract concepts.
I am not worried about the name to be given to the economic and social order that will come after the crisis, so long as its central concern is with human beings.
The writer is president of Brazil.
INDICAÇÃO - FINANCIAL TIMES - CAPITALISMO 2009
Aproveitando a dica do Nelson de Sá na Folha de S. Paulo, recomendo a leitura, direto no site do "Financial Times", da série "O futuro do capitalismo", com textos dos "maiores políticos, pensadores e analistas financeiros do mundo". O modelo de livre mercado que dominou o pensamento por 30 anos foi desacreditado. O Estado está de volta aos negócios e a sobrevivência de uma economia mundial aberta está em questão. Para onde ir?
Para não deixar dúvidas, mais à frente: A fé na ideologia do livre mercado que dominou o pensamento ocidental por uma geração foi destruída. Mas o que pode e deve tomar seu lugar? Editorial e coluna de Martin Wolf abriram a série e ontem apareceu no alto da home o link "Lula da Silva": "O futuro dos seres humanos é o que importa". Ele escreve de sua mãe, do sindicato de São Bernardo, para argumentar que, "para mim, o capitalismo nunca foi abstrato". E para indicar "o futuro do capitalismo" na recompensa à produção, não à especulação; sem protecionismo no comércio internacional; com um sistema democrático de governança global etc.
A importância de debater o PIB nas eleições 2022.
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