Reconheço que se trata de um longo texto, mas este é um blog para leitores que também gostam de ler. Cristiano Romero, do VALOR ECONÔMICO, faz um perfil de ALEXANDRE TOMBINI, presidente do BANCO CENTRAL de uma maneira tão elegante que a leitura torna-se um prazer. Além do que, conhecer quem está no comando do BACEN é sempre uma informação valiosa. Agradeço ao site do CORECON RJ que postou o artigo nesta data. Boa leitura!!!
"Murilo, eu vou lhe dar um cara que ainda vai ser presidente do Banco Central. Você vai me agradecer pelo resto da sua vida." Foi dessa maneira que, em 2001, o então presidente do BC, Armínio Fraga, sugeriu a Murilo Portugal, diretor-executivo do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI), que contratasse como seu número 2 o economista Alexandre Tombini.
"Eu nunca o tinha visto na vida", conta Portugal, hoje o terceiro na hierarquia do FMI, mas prestes a mudar de emprego - em março, assumirá a presidência da Federação Brasileira de Bancos. Não demorou muito e Tombini ganhou a confiança do novo chefe, tornando-se seu "braço direito". "Eu tinha total confiança nele", afiança o vice-diretor do FMI.
O novo presidente do Banco Central é o nome forte da economia neste início do governo Dilma Rousseff. É o responsável pela gestão de dois dos três pilares da política econômica - o regime cambial e a política monetária. Em menos de dois meses, ganhou uma proximidade da presidente que seu antecessor, Henrique Meirelles, nunca teve do presidente Lula, o que já causa inveja em Brasília e desconfiança em setores do mercado.
Em oito anos de gestão, Meirelles teve encontros esparsos com Lula. Em geral, antes ou depois de reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) e, na maioria das vezes, para ouvir queixas sobre a taxa de juros. Lula chegou a condenar Meirelles a períodos de isolamento que duraram quase dois meses. A relação entre Dilma e Tombini, fundada há apenas três meses, é bem diferente.
A proximidade de Tombini com a Presidência seria indício, dizem observadores, de perda de autonomia do Banco Central
Todas as vezes que Tombini quer conversar com a presidente, telefona para o Palácio do Planalto e, pouco depois, é atendido. Na maioria das ocasiões, Dilma pede que ele vá ao palácio. "Tête-à-tête", testemunha um assessor graduado do governo. Como boa parte dos encontros não consta da agenda pública da presidente, Tombini entra no prédio pela garagem subterrânea, longe de fotógrafos e cinegrafistas que fazem plantão no palácio.
As conversas não têm durado menos de uma hora. Durante os colóquios, não se fala sobre o nível da taxa de juros ou do câmbio, mas sobre o estado geral da economia. Tombini já visitou Dilma, inclusive, na Granja do Torto, onde ela se hospedou antes de mudar-se para o Palácio da Alvorada. "Dilma é muito técnica, tem muita informação, gosta de discutir, debater", informa um ministro.
Tombini assumiu o BC num momento em que a inflação sobe perigosamente e as expectativas dos agentes econômicos se deterioram. O mercado desconfia da capacidade e do interesse do novo governo de adotar as medidas necessárias à reversão da aceleração inflacionária. Uma das dúvidas é sobre a real disposição de Brasília para conter a evolução dos gastos públicos.
A primeira batalha do presidente do BC foi convencer a cúpula do governo de que a carestia neste momento não decorre apenas do choque de preços de commodities, que pressiona a inflação em todo o mundo. No caso brasileiro, o problema é agravado pelo crescente descompasso entre oferta e demanda. O Ministério da Fazenda rejeita essa hipótese, mas Tombini conseguiu mudar a opinião da presidente. Fez mais: defendeu que o anúncio dos cortes orçamentários fosse antecipado.
Essa proximidade de Tombini com a Presidência da República gera reações distintas. Para alguns observadores, é um indício de que o BC, sob a nova administração, não goza da autonomia que teve na gestão Meirelles. Um mau exemplo dessa adjacência, dizem alguns críticos ouvidos pelo Valor, foi o caso do banco PanAmericano.
Relata-se que Tombini atuou pessoalmente para pressionar o empresário Sílvio Santos a vender o banco ao BTG Pactual, livrando-o de qualquer punição. A operação teria ajudado também a Caixa Econômica Federal, que, numa ação polêmica, comprou 49% do capital do PanAmericano no fim de 2009, nove meses antes da descoberta de rombo de R$ 2,5 bilhões no balanço do banco - recentemente, o prejuízo subiu para R$ 4,3 bilhões.
"O pessoal do mercado vê o Tombini fazendo isso e pergunta: "O que é isso?". Então, esse é o risco que ele está correndo. Quando o BC se mete num negócio desses, as pessoas pensam: "É um sinal de que ele está muito próximo do governo e, assim, está mais sujeito a pressões". Esta é a leitura", diz um ex-dirigente do Banco Central.
Os defensores de Tombini alegam que ele atuou no caso porque essa é uma de suas obrigações como regulador. Ele, de fato, telefonou para Sílvio Santos, mas, se o empresário não concordasse em vender o banco, Tombini nada faria para obrigá-lo. Além do mais, lembram essas fontes, já na primeira operação de socorro do PanAmericano - um empréstimo de R$ 2,5 bilhões do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) -, Silvio Santos assinou termo de compromisso em que prometia vender a instituição.
Nem todos os analistas acham que a proximidade de Tombini da cúpula do poder é sinal de capitulação aos interesses políticos do governo. "No nosso estágio de desenvolvimento, acho bom para o país ter um presidente do BC que vai lá dentro e briga pelas coisas e expõe e mostra qual é a situação, mas que também cumpre o seu papel. Eu procurei fazer assim", comenta Armínio Fraga, que comandou o banco entre 1999 e 2002 e hoje é sócio da Gávea Investimentos. "É melhor ele estar lá dentro, falando, brigando pelas teses dele. É difícil, sem dúvida, mas eu o considero um fantástico profissional e não acredito que vá ter uma atuação política."
Ao contrário do que ocorreu na gestão Armínio, nos oito anos do governo Lula, Henrique Meirelles manteve o BC longe do Palácio do Planalto. A hostilidade de vários setores do governo e do PT à instituição era tão intensa que Meirelles achou por bem manter distância.
Tombini sabe que, no novo governo, também há e haverá hostilidades. A relação com o Ministério da Fazenda tende a ser menos tensa do que foi na gestão de Meirelles, mas ele não se ilude: sua visão do que se passa na economia difere da propugnada pela Fazenda. Sabe-se, também, em Brasília, que, em março de 2010, quando Meirelles cogitava deixar a presidência do BC para se candidatar, o ministro Guido Mantega foi a Lula se pronunciar contra a nomeação de Tombini.
"Acho bom ter um presidente do BC que briga pelas teses dele. Não acredito que [Tombini] vá ter uma atuação política", diz Armínio Fraga
As suspeitas de que Tombini é sensível a argumentos políticos remontam às divergências ocorridas nas reuniões do Copom nos últimos cinco anos. Na linguagem dos economistas do mercado financeiro, ele seria "dovish", neologismo inglês que deriva de "pombo" ("dove") e designa os defensores de taxas de juros mais baixas e de uma postura mais tolerante com a inflação. O antônimo seria "hawkish", que vem de "falcão" ("hawk") e define os partidários de juros altos - em política externa, "hawkish" são os que defendem o uso da força, em detrimento da diplomacia, para dirimir conflitos.
A fama de "dovish" colou em Tombini a partir de um episódio nebuloso da história recente do Banco Central. Em 2005, quando ele e Murilo Portugal voltaram para o Brasil, o governo Lula vivia, com o escândalo do mensalão, o seu pior momento. A diretoria do banco, bastante criticada, passava por seu período de maior isolamento. O então ministro da Fazenda, Antônio Palocci, engendrou um plano para mudar a diretoria, mas mantendo o rumo da política econômica.
Palocci planejava tirar Meirelles do BC e colocá-lo no Ministério do Planejamento. Murilo Portugal assumiria o comando do banco. Num segundo momento, o diretor de Política Econômica, Afonso Bevilaqua, principal alvo da ira petista, deixaria o BC e seria substituído por Tombini. O plano jamais foi inteiramente realizado porque Palocci deixou a Fazenda em março de 2006, mas a vida de Tombini na diretoria do BC ficou mais difícil.
Era junho de 2005 quando a primeira parte do projeto foi colocada
Como integrante do Copom, Tombini alegava que se sentiria mais à vontade para votar nas decisões sobre juros se tivesse acesso aos dados. Bevilaqua não aquiescia. Julgava que a exigência era uma desconfiança em relação ao seu trabalho. A desavença não se deu apenas com Tombini. Outro diretor, este originário do mercado - Paulo Vieira da Cunha -, ameaçou pedir demissão pouco depois de assumir o cargo, em abril de 2006, por causa da recusa de Bevilaqua em abrir informações.
Nas reuniões do Copom, Tombini debatia, questionava, levantava dúvidas. Sua atitude irritava Bevilaqua, que via nele um sinal de que o Copom passava por um processo de mudança para se tornar mais dócil ao Palácio do Planalto. "Por causa da forma como o Tombini chegou, Bevilaqua centrava a reação dele no Tombini. Aí não era discussão. Era quase porrada", atesta um ex-diretor do BC.
Os choques entre os dois diretores tiveram consequências. Em abril de 2006, Tombini deixou a diretoria de Estudos Especiais e assumiu a de Normas, responsável pela regulação do sistema financeiro. Em seu lugar, foi nomeado o economista Mário Mesquita, que mais adiante substituiu Bevilaqua na diretoria de Política Econômica.
As disputas no Copom reforçavam a imagem de "dovish" que se cristalizava
Medidas para encarecer o custo do crédito anunciadas pelo Banco Central em dezembro passado já tinham a marca de Tombini
No segundo mandato de Lula (2007-2010), o BC passou a ter menos diretores oriundos do mercado. Em tese, uma diretoria com mais funcionários de carreira significa que o banco resiste menos às pressões do governo por uma política monetária mais frouxa. Nesse ambiente, Tombini começou a figurar como possível sucessor de Meirelles. No fim de 2008, teria se reunido com um diretor vindo do mercado e dito o seguinte, depois de dar a entender que o manteria no cargo caso assumisse a presidência: "É bom ter uma combinação de um presidente que é mais "dovish" com um diretor [de Política Econômica] mais "hawkish" ou vice-versa. O que não dá para ser são os dois para um lado".
No Copom, Tombini começou a defender a adoção de medidas macroprudenciais, em vez do aumento puro e simples da taxa de juros, para conter a inflação. O curioso é que, quando chegou à área de Normas, entendia pouco do assunto. Estudioso, mergulhou no tema, dando às decisões dessa diretoria, segundo testemunho de colegas, "consistência econômica". "Em seus primeiros dias como diretor de Normas, saía do banco carregando malas de papéis para estudar em casa", revela um colega de diretoria.
Em dezembro passado, ainda na gestão Meirelles, o BC anunciou medidas para diminuir os prazos dos financiamentos e encarecer o custo do crédito. As medidas já tinham a marca de Tombini. Os objetivos foram dois: aumentar a segurança do sistema financeiro e, ao mesmo tempo, ajudar a controlar a demanda. Em janeiro, já como presidente do banco, ele comandou a reunião do Copom que promoveu o primeiro aumento de juros da era Dilma.
Como as medidas macroprudenciais têm impacto na demanda, é possível que o BC, na nova fase, recorra menos à alta dos juros para conter a inflação. Para integrantes do mercado, a motivação é política. O PT tolera arrocho no crédito, mas não na taxa básica de juros (Selic).
"A tendência de usar instrumentos macroprudenciais não é porque Tombini foi diretor de Normas do BC. Isso é uma vantagem para ele, mas, na verdade, é algo que está sendo feito no mundo inteiro", argumenta Murilo Portugal. De fato, o uso de medidas macroprudencias tem se intensificado em vários países por causa da diferença entre as taxas de juros das economias centrais e as do restante do mundo. A elevação dos juros para combater a inflação atrai capitais e aprecia as moedas locais, diminuindo a competitividade das economias.
Essas medidas estão sendo implementadas no mundo inteiro (o G-20 comprometeu-se com regras novas), tendo em vista a reação mundial à crise de 2008. Acho que é possível usar essas medidas também como fator de diminuição da demanda agregada. Elas são muito eficazes para evitar "bolhas" de crédito"", observa o vice-presidente do Itaú-Unibanco, Sérgio Werlang. "Contudo, o uso dessas medidas causa outras distorções microeconômicas que têm que ser levadas
Murilo Portugal rejeita a tese de que o presidente do BC é "frouxo". "Ele é uma pessoa que sabe o que precisa ser feito, tem coragem de falar a verdade para o poder, o que é muito importante para quem exerce uma função pública, mas faz isso de uma maneira convincente e não por meio de confrontos", diz o vice-diretor do FMI.
"Há uma desconfiança na cabeça dos analistas, que acham que ele tem um certo viés "dovish" e que o apoio que ele deveria ter das outras áreas pode, na hora H, não se materializar. Ele não é um cara frouxo, é firme, mas ele não é um dogmático, um sacerdote", concorda Armínio Fraga.
Mais de uma dezena de amigos e desafetos de Tombini ouvidos pelo Valor se refere a ele com adjetivos como firme, determinado, disciplinado, fechado. A partir desses depoimentos, conclui-se que o presidente do BC tem temperamento forte, mas não compra brigas à toa. É duro nas discussões, mas não é irascível. Realista, mas não tolo.
"Tem "drive" próprio para pensar e analisar, não é de ficar repetindo o que os outros falam", elogia novamente Portugal. Tendo chegado à presidência do BC, sua responsabilidade daqui em diante é diferente. "Ele não voltará mais a ser diretor, seu horizonte é outro. Ele tem que entregar a inflação na meta", assinala um ex-dirigente do banco.
Tombini é tão reservado que se recusou a informar à reportagem quais são seus economistas prediletos. E mesmo suas preferências literárias. Concordou apenas em informar que é torcedor do Internacional de Porto Alegre, tem dois filhos e é casado com uma americana, cujo nome ele também tentou manter
Michele fala português fluentemente. Filha de um casal que recebia estudantes brasileiros que faziam intercâmbio pelo Rotary Club, foi a única de quatro irmãs que se interessou em aprender o idioma. Já vivendo com Tombini em Brasília, passou por uma experiência traumática - um assalto - enquanto recebia um casal de amigos americanos na capital. Por causa do episódio, espalhou-se o rumor de que Tombini pedira a Armínio Fraga um posto no exterior, mas sua assessoria desmente - o assalto foi em 1994, sete anos antes de ele ir para o FMI.
“Tombini é um bom macro e microeconomista. Olha o problema de vários pontos de vista”, observa Sérgio Werlang
Tombini começou a ganhar prestígio em Brasília em 1999. Naquele ano, Armínio Fraga chegou ao comando do BC e decidiu, em meio à crise que resultou na forte desvalorização do real, implantar no país o regime de metas para inflação e o sistema de câmbio flutuante. Combinados com a decisão do governo Fernando Henrique Cardoso de gerar superávits primários nas contas públicas, os novos instrumentos representavam uma guinada na forma como a estabilização da economia, iniciada pelo Plano Real cinco anos antes, passaria a ser conduzida dali em diante.
Até o início de 1999, o câmbio no Brasil ainda era quase-fixo e a taxa de juros era usada não para combater a inflação, mas para atrair dólares e, dessa forma, ajudar a financiar as contas externas. Com o novo tripé de política econômica, a taxa de juros, num ambiente de câmbio flutuante e disciplina fiscal, passou a ser a âncora da economia.
O regime de metas demandava a criação de um Departamento de Pesquisas que olhasse mais para o longo prazo da economia e desenvolvesse e testasse constantemente modelos macroeconômicos. Até então, o BC era incapaz de fazer projeções sobre a atividade econômica e, portanto, sobre o comportamento futuro da inflação.
Na ocasião, Armínio convidou Sérgio Werlang para ser o diretor de Política Econômica, principal responsável pela implementação do regime de metas. Como a legislação determina que a chefia de departamentos do BC seja ocupada apenas por funcionários de carreira, Werlang abriu um processo de seleção interna. O perfil do novo cargo exigia que o candidato tivesse sólida formação
Currículos foram analisados, entrevistas realizadas e, no fim, Werlang chegou a Tombini, funcionário da Casa desde 1995, consultor do Departamento de Fiscalização, formado em Economia pela Universidade de Brasília e com doutorado pela Universidade de Illinois. "A escolha dele era muito clara", atesta Werlang. "Ele é um bom macro e microeconomista, uma combinação que não é comum. Em geral, os economistas são muito especializados. O Tombini é um economista que olha o problema de vários pontos de vista."
Essa mesma qualidade é ressaltada por seu orientador de tese em Illinois, o professor Werner Baer, um brasilianista que estuda o Brasil desde os anos 50 do século passado. Nos anos 60, chegou a publicar vários artigos em coautoria com Mário Henrique Simonsen. Deu aulas na FGV e na PUC do Rio, e também na USP.
Há décadas, Baer recruta estudantes brasileiros para fazer pós-graduação em Illinois, cujo curso de economia, explica o professor, não é dominado por nenhuma das grandes escolas americanas. "Em macroeconomia, tem influência da Escola de Chicago [de tradição monetarista] e também das escolas da Costa Leste dos Estados Unidos. O estudante escolhe o seu próprio caminho", diz ele para em seguida ressalvar: "Isso aqui não é uma igrejinha".
Parte dos estudantes brasileiros que vão a Illinois recebe bolsas custeadas pelo empresário Jorge Paulo Lemann. No fim dos anos 80, Baer foi apresentado a Tombini por um professor da UnB. Ficou tão impressionado com os conhecimentos do futuro pupilo que o dispensou de fazer o mestrado, levando-o direto ao doutorado.
"Tombini combina uma coisa que não é muito comum. Ele tem domínio muito bom da teoria econômica, é tecnicamente muito bem preparado, mas sempre teve os pés no chão. Ele conhece as instituições, sempre se interessou em saber como funcionam e tem rigor estatístico", comenta o professor.
Em sua tese de doutorado, um calhamaço de 167 páginas intitulado "Atividade Econômica e Instabilidade Financeira no Brasil: Evidência Empírica e Teórica", Tombini desenvolve, pela primeira vez, a ideia de que, diante de crises provocadas por choques exógenos (as crises do petróleo nos anos 70, por exemplo), os sistemas financeiros não são neutros. Na verdade, eles amplificam os impactos desses choques.
"Tombini afirma que o setor financeiro no Brasil deve ser tratado como uma importante fonte de flutuações macroeconômicas. Ele faz isso olhando para teorias de flutuações econômicas existentes e desenvolvendo sua própria teoria e testando-a econometricamente", explica Baer.
No Copom, Tombini começou a defender a adoção de medidas macroprudenciais, em vez do aumento puro e simples das taxas de juros
Tombini concluiu o doutorado em 1991. Tinha apenas 27 anos - hoje tem, portanto, 47. Somente quatro anos depois, ingressou na carreira do Banco Central. O gosto pela Economia veio do pai, Tildo Noelmo Tombini, gaúcho, de ascendência italiana, que trabalhou durante dez anos na Organização das Nações Unidas (ONU), na época em que a instituição tinha um braço econômico forte.
Tildo, já falecido, era um especialista
Por causa da profissão do pai, Tombini foi alfabetizado em espanhol e viveu em quatro países da América Latina - Chile, Paraguai, Costa Rica e Nicarágua. A família deixou o Chile pouco antes do golpe militar que apeou Salvador Allende do poder em 11 de setembro de 1973. Dali, mudou-se para Porto Alegre, onde Tildo trabalhou numa empresa de consultoria e ajudou a criar o polo industrial de Joinville (SC).
Sua influência intelectual rendeu frutos. E, com a chegada de Tombini à presidência do Banco Central, um novo capítulo na história da família começou a ser escrito.