domingo, 10 de novembro de 2013

A Lanterna na Popa.


Morava em São Paulo quando li algumas passagens do excelente “A Lanterna na Popa” de Roberto Campos. Na época, por algum motivo que não recordo agora, não comprei o exemplar. Em 2004, após a sua morte, o livro saiu em dois volumes, uma robusta 4ª edição revista e aumentada, com 1.460 páginas.

Desde então, tentei por várias vezes comprar esta autobiografia e ler com vagar, mas algumas editoras preferem publicar alguns lixos e deixar fora do catálogo um texto tão primoroso quanto o do Roberto Campos.   


Numa época em que meus artistas favoritos Roberto Carlos, Caetano Veloso, Gilberto Gil "et al." preferem censurar biografias, finalmente eu consigo comprar e ler a (auto)biografia de um economista, também dos meus favoritos. 

E neste 2013, com eleição presidencial em 2014, que falta faz ao BRASIL uma lanterna na popa.

domingo, 3 de novembro de 2013

Grupo de Estudos sobre Conjuntura Econômica.

É um prazer divulgar o Grupo de Estudos sobre Conjuntura Econômica (GECE), com sede na Universidade Federal Fluminense. 

O link é o que está ai em embaixo:

Conforme o colega Vítor Wilher, "o grupo nasceu sob inspiração do Núcleo de Estudos em Política Monetária (o NEPOM), coordenado pelo nosso amigo Claudio Shikida, lá no IBMEC-BH, www.nepom.wordpress.com. Acho bacana a iniciativa e vejo com bons olhos a difusão da mesma".

"O grupo já publicou inúmeros posts, textos, artigos, resenhas, cartas e um relatório trimestral, titulado "Monitor de Política Monetária". Ademais, já recebemos dois convidados externos à nossa faculdade: Julio Hegedus e Monica de Bolle. Mais dois estão programados para as próximas semanas: Marcelo Mello e Armando Castelar". 

Sem complacência.

Fernando Henrique, para iniciar a semana, no ESTADÃO e no GLOBO. 

As notícias da semana que terminou não foram auspiciosas, nem no plano internacional nem no local. Uma decisão da Corte Suprema da Argentina, sob forte pressão do governo, sancionou uma lei que regula a concessão de meios de comunicação. Em tese, nada de extraordinário haveria em fazê-lo. No caso, entretanto, trata-se de medida tomada especificamente contra o grupo que controla o jornal “El Clarín”, ferrenho adversário do kirchnerismo. Cerceou um grupo de comunicação opositor ao governo sob pretexto de assegurar pluralidade nas normas de concessão. Há, contudo, tratamento privilegiado para o Estado e para as empresas amigas do governo.

Da Venezuela, vem-nos uma patuscada incrível: as cidades do país apareceram cobertas de cartazes contra a “trilogia do mal”, ou seja, os principais líderes opositores, aos quais se debitam as falências do governo! Seria por causa deles que há desabastecimento, falta de energia e crise de divisas, além da inflação. Tudo para incitar ódio popular aos adversários políticos do governo, apresentando-os como inimigos do povo.

O lamentável é que os governos democráticos da região assistem a tudo isso como se fosse normal e como se as eleições majoritárias, ainda que com acusações de fraudes, fossem suficientes para dar o passaporte democrático a regimes que são coveiros das liberdades.

No Brasil, também há sinais preocupantes. Às manifestações espontâneas de junho se têm seguido demonstrações de violência, desconectadas dos anseios populares, que paralisam a vida de milhões de pessoas nas grandes cidades. A estas se somam às vezes atos violentos da própria polícia. Com isso, deixa-se de ressaltar que nem toda ação coercitiva da polícia ultrapassa as regras da democracia. Pelo contrário, se nas democracias não houver autoridade legítima que coíba os abusos, estes minam a crença do povo na eficácia do regime e preparam o terreno para aventuras demagógicas de tipo autoritário.

Temos assistido ao encolhimento do Estado diante da fúria de vândalos, aos quais aderem agora facções do crime organizado. Por isso, é de lamentar que o secretário-geral da Presidência se lamurie pedindo mais “diálogo” com os black blocs, como se eles ecoassem as reivindicações populares. Não: eles expressam explosões de violência anárquica desconectadas de valores democráticos, uma espécie de magma de direita, ao estilo dos movimentos que existiram no passado no Japão e na Alemanha pós-nazista.

Esses atos vandálicos dão vazão de modo irracional ao mal-estar que se encontra disseminado, principalmente nas grandes cidades, como produto da insensatez da ocupação do espaço urbano com pouca ou nenhuma infraestrutura e baixa qualidade de vida para uma aglomeração de pessoas em rápido crescimento. O acesso caótico aos transportes, o abastecimento de água deficiente e a rede de serviços (educação, saúde e segurança) insuficiente não atendem às crescentes demandas da população. Sem mencionar que a corrupção escancarada irrita o povo. Não é de estranhar que, conectados aos meios de comunicação, que tudo informam, os cidadãos queiram dispor de serviços de países avançados ou de padrão Fifa, como dizem. Sendo assim, mesmo que a situação de emprego e salário não seja ruim, a qualidade de vida é insatisfatória. Quando, ainda por cima, a propaganda do governo apresenta um mundo de conto da Carochinha, e o cotidiano é outro, muito mais pesado, explicam-se as manifestações, mas não se justificam os vandalismos.

Menos ainda quando o crime organizado se aproveita desse clima para esparramar terror e coagir as autoridades a não fazer o que deve ser feito. Estas precisam assumir suas responsabilidades e atuar construtivamente. É necessário dialogar com as manifestações espontâneas, conectadas pela internet, e dar respostas às questões de fundo que dão motivos aos protestos. A percepção de onde o calo aperta pode sair do diálogo, mas as soluções dependem da seriedade, da competência técnica, do apoio político e da visão dos agentes públicos.

Os governos petistas puseram em marcha uma estratégia de alto rendimento econômico e político imediato, mas com pernas curtas e efeitos colaterais negativos a prazo mais longo. O futuro chegou, na esteira da falta de investimento em infraestrutura, do estímulo à compra de carros, do incentivo ao consumo de gasolina, em detrimento do etanol, e do gasto das famílias via crédito fácil, empurrado pela Caixa Econômica Federal. Os reflexos aparecem nas grandes cidades pelo país afora: congestionamentos, transporte público deficiente, aumento do nível de poluição atmosférica etc.

De repente caiu a ficha do governo: tudo pela infraestrutura, na base da improvisação e da irresponsabilidade fiscal. Primeiro, o governo federal subtraiu receitas de estados e municípios para cobrir de incentivos a produção e compra de carros. Depois, em vista do “caos urbano” e da proximidade das eleições, afagou governadores e prefeitos, permitindo-lhes a contratação de novos empréstimos, sobretudo para gastos em infraestrutura. A mão que os afaga é a mesma que apedreja a Lei de Responsabilidade Fiscal, ferida gravemente pela destruição de uma de suas cláusulas pétreas: a vedação ao refinanciamento de dívidas dentro do setor público. Mais uma medida, esta especialmente funesta, que alegra o presente e compromete o futuro.


Não haverá solução isolada e pontual para os problemas que o país atravessa e as grandes cidades sentem mais do que quaisquer outras. Os problemas estão interconectados, assim como as manifestações e demandas. Não basta melhor infraestrutura se o crime organizado continua a campear, nem ter mais hospitais e escolas se a qualidade da Saúde e da Educação não melhora. As soluções terão de ser iluminadas por uma visão nova do que queremos para o Brasil. Precisamos propor um futuro não apenas materialmente mais rico, mas mais decente e de melhor qualidade humana. Quem sabe assim possamos devolver aos jovens e a todos nós causas dignas de serem aceitas, que sirvam como antídoto aos impulsos vândalos e à complacência com eles.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Dívida/PIB.

Hoje, na FOLHA, Delfim Netto.

Pesquisas empíricas recentes mostram que os efeitos das "incertezas" sobre o comportamento da economia são mais graves do que se supunha. Alteram, inclusive, a natureza e a qualidade da resposta dos agentes às políticas fiscal e monetária.

Os fatos sugerem que a reação aos desequilíbrios fiscal e monetário tem que ser muito mais pronta, energética e agressiva quanto maior forem as incertezas que os cercam.

Por um lado, em condições normais de pressão e temperatura, elas são parte inerente da economia de mercado, uma vez que as flutuações são ínsitas ao seu funcionamento e, frequentemente, são acentuadas pela ciclotimia dos próprios agentes econômicos, que tendem a um comportamento imitativo: a um eventual excesso de "otimismo" segue-se, sempre, um excesso de pessimismo. Por outro, as "incertezas" são maiores ou menores na justa medida em que há uma "confiança" recíproca maior ou menor entre o poder incumbente e os agentes econômicos.

Estamos terminando 2013 com um importante grau de incerteza, mas com os seguintes resultados (que, se não são brilhantes, não são desastrosos diante das dificuldades da economia mundial): 1) crescimento do PIB em torno de 2,7%; 2) taxa de inflação ligeiramente abaixo de 6%; 3) robusto deficit em conta-corrente da ordem de 3,6% e uma relação dívida bruta/PIB parecida com 60% do PIB. Há, entretanto, desconforto com alguns controles de preços (inflação reprimida) e com a relação dívida/PIB, não só pelo seu tamanho, mas pelas perspectivas de seu crescimento, apesar de ela ser, basicamente, em reais.

Num prazo mais curto, dois eventos preocupantes a ameaçam: 1) a aprovação, por expressiva maioria na Câmara dos Deputados, da negociação das dívidas de Estados e municípios, que, além de violar seguramente o "espírito" (e talvez a letra) da Lei de Responsabilidade Fiscal --o instrumento fundamental da nossa estabilidade--, estimula o aumento do endividamento dos entes federados; 2) a aprovação, no projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias, de dispositivo que, implicitamente, dá início à concretização do "Orçamento impositivo". Sem uma regulamentação adequada de como se fará a estimativa da receita do Orçamento, ele terminará em tragédia.

São fatos como esses, contra os quais não se vê um sério engajamento do Executivo para mostrar à sociedade suas consequências no longo prazo, que têm chamado a atenção das desastradas agências de rating, do FMI, da OCDE e do Banco Internacional de Compensações (BIS), e podem levar a um rebaixamento da nossa classificação soberana. Isso poderá ter consequências dramáticas, sobretudo se coincidir com a redução dos estímulos monetários nos EUA.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Robert Shiller - Nobel de Economia: entrevista NYT/FOLHA.

Recente entrevista com o Nobel Robert Shiller, aqui publicada pela FOLHA.

Robert Shiller, professor da Universidade Yale, foi informado na semana passada de que receberia o Prêmio Memorial Nobel de Ciência Econômica, em companhia de Lars Peter Hansen e Eugene Fama, da Universidade de Chicago. O comitê do Nobel descreveu Shiller como fundador do campo das finanças comportamentais e como inovador na incorporação da psicologia à Economia e citou suas análises pioneiras sobre bolhas especulativas nos mercados de ações e imóveis.

Ele também é parte do grupo de eminentes economistas que escrevem a coluna "Economic View" para o caderno dominical de negócios do "New York Times", tendo contribuído com 60 colunas de 2007 para cá. Como editor da coluna, conversei com ele muitas vezes sobre seu trabalho, e na quarta-feira passada Shiller me ligou do aeroporto, onde estava embarcando para uma palestra no banco central holandês em Amsterdã. Eis uma versão condensada e editada de nossa conversa.
*
P. Bob, parabéns! Que honra.
R. Obrigado!

P. E agora, fico imaginando em que você estará pensando como tema para sua próxima coluna.
R. Ha. Bem, certamente terei algo a dizer. Não sei, por enquanto. Você sabe que preciso escrever um discurso para a cerimônia do Nobel, e o prazo para isso é o dia 10 de dezembro. E tenho responsabilidades letivas pesadas. A pressão será grande!

P. É, parece que esse negócio do Nobel é muito difícil. Ninguém ia querer um prêmio desses.
R. Verdade, verdade. Mas é maravilhoso. Agora estarei mais e mais envolvido com o ensino. Vou preparar um novo curso online para a Coursera em janeiro, chamado "Mercados Financeiros". Fui informado de que 50 mil pessoas já se inscreveram para ele, e acho que isso é realmente importante. É uma missão para mim. Também vou lecionar o curso de introdução à Economia para os calouros de Yale, no semestre que vem, e terei 300 ou 400 alunos nessa classe. De alguma forma, conversar com os estudantes jovens ajuda a nos reconduzir à realidade. Ou pelo menos deveria.

P. Você agora terá de resumir a sua obra e sua pesquisa de uma vida inteira em algumas poucas sentenças. Sei que é pedir demais. Mas gostaria de tentar?
R. Bem. Trabalho com isso há muito tempo. Você está interessado em temas? Um deles é algo que aprendi com meu pai: o apreço pela invenção. Eu sempre quis desenvolver novos instrumentos. O primeiro trabalho que publiquei era sobre um "estimador" - era um procedimento estatístico, uma espécie de invenção. Meu pai conseguiu uma patente e abriu uma empresa; não foi um sucesso, mas talvez eu tenha algo dele em mim.

P. Ao longo de sua carreira, você trabalhou muito com métodos de mensuração - vasculhar dados e decidir o que pode ser mensurado, e como. Você foi um dos criadores dos índices Case-Shiller, que medem preços de imóveis. E seu trabalho é conhecido, entre o pessoal das finanças, pelo que eles chamam de "Razão P/L de Shiller" - uma maneira de utilizar dados sobre preços e lucros a fim de determinar se o mercado de ações está supervalorizado. Você colabora com a Fundação Cowles de Pesquisa Econômica há 31 anos, e ela é uma instituição que trabalha muito com a coleta de dados. Por que essas mensurações são importantes?
R. Nosso fundador, Alfred Cowles, era um administrador de investimentos que se desiludiu e se tornou cético. A administração de fundos era uma profissão que envolvia muita falsidade - pessoas que diziam ser capazes de obter retornos superiores à média do mercado quando na verdade não o eram. Ele suspeitava de que seus colegas em Wall Street estivessem simplesmente mentido, que não tivessem capacidade de prever o mercado. Queria dispor de pesquisas econômicas verdadeiras, pesquisas genuínas. E coletava dados.
Tenho a mesma natureza cética. Quando era criança, meu professor na escola dominical se queixou aos meus pais que eu tinha uma atitude negativa. Não acreditava em nada do que aquele cara dizia.

P. Bem, você fez isso em companhia de muitas outras coisas - trabalhou no campo teórico e com dados. Combinou diversos campos.
R. Sim, parte considerável do meu melhor trabalho teórico surgiu depois de eu me envolver com projetos de coleta de dados, porque dessa forma você se torna consciente de outra realidade.

P. E em companhia de Richard Thaler, da Universidade de Chicago, outro dos colaboradores da coluna Economic View, você foi uma das pessoas que introduziu a psicologia na teoria dos mercados. Como isso aconteceu?
R. Bem, me casei com uma psicóloga [Virginia Shiller, psicóloga com consultório em New Haven e instrutora clínica no Centro de Estudo da Criança em Yale], o que certamente influenciou! Também descobri que existiam certas lacunas na teoria do mercado eficiente, que era a ortodoxia no mundo das finanças, e elas simplesmente não faziam qualquer sentido.
Os economistas que desenvolveram essa teoria diziam que todas as pessoas que participavam dos mercados estavam fazendo cálculos, cálculos sobre valor presente dos ativos. Isso é loucura, porque você sabe que 90% da população nem mesmo sabe que esse conceito existe. Não estão fazendo cálculo algum. E a isso os economistas respondiam que, bem, não é que todo mundo esteja fazendo todos os cálculos, mas o mercado está se comportando de maneira eficiente porque as pessoas recebem conselhos de especialistas e de administradores de fundos.
Isso também está evidentemente errado. Na realidade, algumas pessoas talvez estejam agindo assim. Mas nem todas, ou nem mesmo uma maioria delas. A coisa se torna ritual - temos um dado modelo em que as pessoas acreditam porque outras pessoas acreditam nele, e assim por diante.

P. Como a "exuberância irracional", título de um de seus livros, afeta o mercado de ações, e como ela se enquadra à teoria do mercado eficiente?
R. Bem, a teoria do mercado eficiente é uma meia-verdade. A meia-verdade é que não é fácil ganhar muito dinheiro muito rápido, e que você pode passar anos perdendo dinheiro, mesmo que seja uma pessoa muito inteligente.
Onde a teoria erra é em afirmar que você deve presumir que não há interesse em tentar superar o mercado - ou que a política econômica deveria ser orientada sob a suposição de que não existem bolhas de mercado.

P. Portanto, bolhas existem.
R. Sim, elas acontecem o tempo todo. A maior parte da ação no mercado de capitais, em termos agregados, consiste de bolhas. Isso não se aplica a ações individuais, mas se aplica ao mercado como um todo.

P. Em suas colunas, você já escreveu muito sobre bolhas no mercado imobiliário - como a que estourou alguns anos atrás e conduziu à crise financeira da qual ainda estamos nos recuperando. Você constatou que os preços dos imóveis em geral se movem mais devagar que os das ações. Por que isso acontece?
R. Isso vem se provando verdade até agora, ao menos. Um motivo é que os imóveis são no geral um mercado de amadores; não é fácil para as pessoas agir rapidamente. Mas os profissionais estão chegando, e isso pode mudar.

P. Eugene Fama é muitas vezes mencionado como fundador da teoria do mercado eficiente e, como estivemos discutindo, você é um crítico dessa teoria. Não me surpreende que Fama tenha ganho o Nobel ou que você tenha ganho o Nobel. Mas é estranho que o tenham feito juntos.

R. Bem, Gene e eu temos muito em comum. Mais do que você poderia imaginar. Ele recolhe dados e os divulga, e eu os utiliza o tempo todo, e uso muitas de suas teorias. Nem todas elas, claro. Mas ele é um ótimo sujeito. É como ter um excelente amigo que acredita firmemente em uma religião diferente da sua. Você pode aprender muito com ele, mesmo que não ore em sua igreja. 

FGV e USP: elas formam os melhores.

Matéria no VALOR ECONÔMICO aponta que duas instituições de ensino brasileiras estão no ranking das 150 universidades que formam os melhores funcionários, segundo estudo com recrutadores de 20 países. A Fundação Getúlio Vargas (FGV) está na 93ª posição e a Universidade de São Paulo (USP), no 113º lugar.

A FGV e a USP ocupam posições similares às do ano passado, e são as mais bem colocadas na América Latina. Apenas duas outras instituições da região entram na lista: as mexicanas Tecnológico de Monterrey, na 120ª posição, e a Universidade Nacional Autónoma de México, em 126º lugar.

A Universidade de Oxford, do Reino Unido, é a instituição de ensino preferida por recrutadores. A americana Harvard e a Universidade de Cambridge, também do Reino Unido, completam o pódio. Esta é a terceira edição do estudo anual "Global Employability Survey", realizado pela consultoria francesa em educação Emerging em parceria com o instituto de pesquisa alemão Trendence e publicado hoje no jornal "The New York Times". Foram ouvidos mais de cinco mil recrutadores de 20 países, entre eles o Brasil.

A pesquisa também procurou saber como a universidade de formação afeta as chances de um candidato no processo seletivo. No Brasil, 31% dos recrutadores dizem que a universidade é o principal critério na hora de selecionar um candidato recém-formado, enquanto 51% consideram esse apenas um dos fatores importantes. Para eles, aspectos como experiência profissional têm o mesmo peso.

Ainda assim, os recrutadores brasileiros são os que mais valorizam a reputação e imagem da instituição onde o candidato estudou durante o recrutamento  – 32% selecionaram esse critério como base da busca por profissionais. Em seguida, 25% avaliam a qualidade dos professores e pesquisadores da universidade e 21% se baseiam na experiência que já tiveram com outros alunos da mesma instituição. Esse último critério é o que lidera na média global.


Os recrutadores também selecionaram quais países produzem os melhores profissionais recém-saídos da universidade. Os Estados Unidos lideram, seguidos do Reino Unido e da Alemanha. O Brasil ficou na 17ª posição, na frente apenas da Malásia, México e Turquia.

domingo, 27 de outubro de 2013

Sobral - Ceará é nota 10 em educação.


Parabéns à minha cidade de SOBRAL, lá no interior cearense, um exemplo bem-sucedido de reforma educacional. Na EXAME, excelente matéria sobre EDUCAÇÃO mostra o quanto o Brasil ainda é atrasado no assunto. Portanto, isso deve ser, obrigatoriamente, item a ser discutido em 2014 pelos nossos candidatos (as) à Presidência da República.    

Nobel de Economia.


As universidades com mais prêmios Nobel de Economia:

  • Chicago: 12
  • Califórnia – Berkeley: 5
  • Harvard: 5
  • Princeton: 5
  • Columbia: 4
  • MIT: 4
  • Cambridge: 4

Rodrigo Constantino e Alan Greespan - novos livros em 2013.

Dois novos lançamentos para iniciar a corrida para o fim de 2013: Alan Greenspan e o colega blogueiro Rodrigo Constantino.


A crítica precisa do FMI.

Recente editorial do ESTADÃO e a análise da economia brasileira com base em relatório do FMI.

A piora da imagem econômica do Brasil, até há pouco tempo um país bem visto e até na moda, é confirmada por mais um relatório desfavorável, desta vez publicado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). No dia anterior, terça-feira, um amplo e bem fundamentado estudo crítico havia sido apresentado em Brasília pelo secretário-geral da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OGDE), Angel Gurría. Os dois estudos apontam a deterioração das contas públicas, a resistência da inflação, o baixo nível de investimentos, o mau estado da infraestrutura, a redução do crescimento econômico potencial e a perda do poder de competição.

Mas há uma diferença política na história da produção e da divulgação dos dois documentos. O governo brasileiro contestou e conseguiu atrasar a divulgação do trabalho do FMI. A missão esteve no Brasil em maio, as informações foram atualizadas em julho e o material só foi posto no portal da instituição nessa quarta-feira.

A avaliação menos positiva da situação brasileira, com ênfase na inflação alta, nas restrições da oferta e nas incertezas políticas, já havia ficado evidente na assembleia anual, no começo do mês, quando saiu o Panorama Econômico Mundial, a principal publicação periódica do Fundo. O relatório apresentado nessa quarta-feira faz parte de outra rotina - a revisão ampla, geralmente anual, das condições e perspectivas econômicas da maior parte dos 188 países-membros.

Segundo o FMI, o Brasil poderá crescer em média 3,5% ao ano, até 2018, sem desajustes, se forem executados os programas de investimento anunciados pelo governo e houver ganhos de produtividade. Sem isso, o potencial ficará mais próximo de 3%. Esse conceito indica a possibilidade de expansão econômica sem acumulação de pressões inflacionárias e outros desarranjos.

Mas as projeções do FMI para a inflação brasileira já são pouco favoráveis e apontam a permanência de taxas próximas de 5,75% neste ano e em 2014 e só depois uma convergência gradual para a meta (4,5%). A lentidão da melhora refletirá a demora entre os novos investimentos e a expansão da capacidade produtiva, o continuado aperto no mercado de trabalho, algum efeito da depreciação cambial e um aparente aumento da inércia inflacionária (associada à indexação de aluguéis, salários e outros preços).

A referência à capacidade de oferta remete indiretamente ao excesso de demanda, especialmente de consumo, uma consequência do alto nível de emprego, do aumento da renda familiar, da expansão do crédito e, naturalmente, da despesa pública. A pressão do consumo é indicada também pelo encarecimento dos "não comercializáveis", como os serviços, segundo o relatório. Os preços são afetados pelo lado dos custos, um problema exemplificado pelos aumentos salariais superiores aos ganhos de produtividade.

O documento aponta de forma inequívoca a piora das contas públicas e chama a atenção para os meios usados pelo governo para fechar seu balanço, como os descontos de valores investidos e o recurso a receitas extraordinárias. Os autores poderiam ter ido mais longe na descrição da internacionalmente famosa contabilidade criativa, mas foram diplomáticos ao citar os arranjos especiais.

Recomendaram, no entanto, o cumprimento efetivo da meta de cerca de 3% do PIB, nos próximos anos, sem o uso de ajustes contábeis e de "operações extraordinárias", para obter uma firme redução do endividamento bruto do setor público. Ao examinar o aumento da dívida, os autores do relatório o relacionam às transferências do Tesouro ao BNDES e a outras instituições públicas.


A ênfase na dívida bruta é uma das diferenças entre a análise do FMI e o discurso governamental brasileiro. As contas do FMI continuam mostrando, no caso do Brasil, um endividamento - cerca de 68% do PIB - bem maior que o da média dos emergentes, em torno de 35%. O governo insiste em gastar mais tempo na discussão desse tema do que na melhora de suas contas em evidente deterioração.

sábado, 19 de outubro de 2013

Brasil: um país atrasado.

O texto do FERNANDO RODRIGUES hoje na FOLHA DE S. PAULO demonstra a triste realidade brasileira. Excelente.

BRASÍLIA - Sou a favor da liberdade de expressão. Considero uma regressão civilizatória a retirada de um livro do mercado só porque um biografado se sentiu ofendido. Um cidadão incomodado deve ir à Justiça e ser ressarcido pelo dano causado. Mas quem vive e ganha dinheiro se expondo na mídia não tem como reclamar quando seus hábitos no café da manhã são revelados.

Apesar de pensar assim, acredito que Caetano Veloso, Chico Buarque e Djavan, entre outros, prestam um serviço ao ficarem do outro lado do muro. Eles nos ajudam a enxergar o óbvio: o Brasil é um país atrasado. Não estão disseminados por aqui os valores republicanos clássicos. Liberdade de expressão é uma abstração que não faz parte da vida real da imensa maioria dos brasileiros.

Caetano, Chico e Djavan compõem essa paisagem. Chocam parte dos leitores daFolha, mas será que a reação seria a mesma na maioria da população? Não somos o Brasil potência dos anúncios do governo na TV, em que os pobres estão sempre sorrindo e os direitos parecem plenos para todos.

O Brasil real é o das ruas com calçadas esburacadas e ônibus sujos e lotados. Da Justiça lenta e improdutiva. O Brasil é conservador. Seu conjunto de valores está em formação. A democracia só tem 25 anos.

Talvez o Datafolha pudesse perguntar a brasileiros que circulam no viaduto do Chá, em São Paulo, ou na Cinelândia, no Rio: "Você é a favor ou contra retirar do mercado um livro que exponha a vida de Roberto Carlos, incluindo a intimidade do cantor, dramas pessoais na infância sobre os quais ele não fala em público, casamentos malsucedidos e um lado menos conhecido da vida desse artista? Está certo publicar um livro que seja verdadeiro, porém constrangedor para Roberto Carlos?".


Suspeito que muitos aprovariam a censura prévia. O Brasil profundo é assim. Continua refém daquela velha profecia: corre o risco de ficar obsoleto antes de ficar pronto.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Previsões econômicas neste Brasil de 2013.

Projeções divulgadas nesta data no relatório Focus do BACEN apontam para o crescimento do PIB em 2,48% para 2013, mantendo-se a  meta de 2,20% para 2014.

A taxa Selic manteve-se na previsão de 9,75% tanto para 2013 quanto para 2014.

A taxa estimada para o câmbio em 2013 sofreu pequena queda de R$ 2,30/US$ para R$ 2,29/US$, mantendo-se porém a taxa de R$ 2,40/US$ para 2014.


Quanto as expectativas para a inflação o IPCA caiu de 5,82% para 5,81% em 2013, mas manteve-se em 5,97% para 2014, enquanto o IGP-DI passou de 5,67% para 5,75% no atual ano e oscilou de 5,92% para 5,96% em 2014. 

Prêmio Nobel de Economia 2013.

The Sveriges Riksbank Prize in Economic Sciences in Memory of Alfred Nobel 2013 was awarded jointly to Eugene F. Fama, Lars Peter Hansen and Robert J. Shiller "for their empirical analysis of asset prices".

domingo, 13 de outubro de 2013

Juros perto de dois dígitos.

Editorial do ESTADÃO comenta a recente elevação na taxa de juros para 9,5% e a previsão  é que logo chegue a 10%.

Um nova alta de juros, desta vez para 10%, virá sem nenhuma surpresa, ainda este ano, se a inflação continuar com o vigor observado nos últimos meses. O aumento para 9,5% anunciado na quarta-feira à noite pelo Banco Central (BC) foi um complemento perfeito para a nova aceleração do índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgada no começo da manhã. Em setembro, o indicador, tomado como referência para as metas de política monetária, subiu 0,35%, continuando a ascensão de agosto, quando saltou para 0,24%, depois da baixíssima taxa de 0,03% em julho.

A mágica dos índices controlados politicamente perdeu o efeito. O governo federal tentou maquiar a inflação forçando a redução de tarifas de eletricidade e de transporte público. Esses truques complementaram outras medidas de ocasião, como as desonerações fiscais adotadas como estímulo ao consumo nos últimos anos.

Com esses truques e com a acomodação parcial das cotações de produtos básicos, a taxa mensal de inflação, medida pelo IPCA, declinou de 0,86%, em janeiro - um ritmo desastroso para 0,03%, em julho. Os indicadores perderam impulso por algum tempo, mas os fatores inflacionários, a começar pelo gasto público federal, não foram eliminados. O nível de emprego continuou elevado, em parte porque a indústria evitou os custos de demissões e recontratações. Os salários reais permaneceram elevados e a expansão do crédito ao consumidor foi mantida.

O sensível desajuste entre a demanda de consumo e a oferta de bens industriais nunca diminuiu de forma significativa nesse período. Parte da demanda excedente resultou em aumento das importações, com a consequente erosão do saldo comercial, porque a indústria continuou incapaz de competir com produtos estrangeiros, no exterior e no mercado interno.

Além disso, a persistência da inflação real foi sempre evidenciada pela evolução dos preços dos serviços. Nos 12 meses terminados em setembro esses preços ainda subiram 8,7%, muito além dos 5,86% do IPCA completo. Mesmo esses 5,86% são muito altos por qualquer padrão razoável e muito distantes da meta oficial de 4,5%.

Outros indicadores também apontam para um cenário desconfortável. O núcleo de inflação, calculado com o expurgo de alguns itens normalmente mais instáveis, passou de 0,41% em agosto para 0,46% em setembro e subiu para 6,1% em 12 meses, segundo pesquisa do Goldman Sachs.

As projeções de mercado indicam escassa confiança numa redução sensível dos aumentos de preços neste ano e no próximo. A pesquisa Focus do BC indicou, na semana passada, expectativas de 5,82% para 2013 e de 5,93% para 2014. Em relação a 2014 houve uma ligeira melhora, Na semana anterior, a taxa indicada foi de 5,97%.

O próprio BC projeta números bem acima da meta por um longo período. As estimativas são de 5,8% para este ano, 5,7% para 2014 e 5,5% para os 12 meses terminados no terceiro trimestre de 2015. Dentro de dois anos, o aumento do IPCA continuará um ponto de porcentagem acima do alvo oficial.

O Relatório de Inflação do BC contém, no entanto, uma demonstração de otimismo: a política fiscal, até há pouco descrita como expansionista, tende a tornar-se neutra em termos de impulso inflacionário. A continuação da gastança torna difícil acompanhar essa aposta.


Além do mais, as projeções do BC indicam a permanência, por bom tempo, da combinação de baixo crescimento com inflação elevada, A expansão econômica de 2,5% estimada para este ano deve repetir-se nos 12 meses até o segundo trimestre de 2014. As projeções para as contas externas terminam em dezembro de 2013, com superávit comercial de apenas U8$ 2 bilhões, déficit em conta corrente de US$ 75 bilhões e investimento estrangeiro direto suficiente para cobrir só uma parte do buraco. Mantidas essas estimativas, o cenário de pesadelo ficaria quase completo, com inflação alta, crescimento pífio e balanço de pagamentos desarrumado. Faltaria a taxa de desemprego, ainda confortável.

Círio de Nazaré 2013: Belém do Pará.


Diretamente da Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré em Belém do Pará, a imagem original de Nossa Senhora de Nazaré achada pelo caboclo Plácido José de Souza em 1700. 

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Marina e Campos: uma dupla do barulho?


E durma-se com um barulho destes: diretamente de Fortaleza, do nosso O POVO, o humor inteligente de Clayton neste final de jogo.

Direto do The New York Times Editorial Board: Brazil’s Next Steps.

After a decade of fast growth and rising incomes, Brazil has hit a rough patch that is testing its government’s ability to manage the economy and satisfy the growing aspirations of its people. President Dilma Rousseff, who faces elections next year, needs to push through policy reforms and public investment projects to revive growth and bring inflation under control.

Last year, Brazil’s economy grew only 0.9 percent because private investment slowed down. Analysts expect the growth rate to recover to 2.5 percent this year, but that is still far slower than the 7.5 percent the country achieved in 2010.

In June, tens of thousands of people joined street protests that were prompted by an increase in public-transit fares but quickly became a way for Brazilians to air broader grievances about the rising cost of living, weak infrastructure, political corruption and government spending on big sporting events like the 2014 World Cup. In response to the protests, Ms. Rousseff said she would push for political reforms and investments in infrastructure, but her government has not yet delivered on those promises.

Brazil has made impressive gains under Ms. Rousseff and her predecessor, Luiz Inácio Lula da Silva. Programs like Bolsa Familia, which provides cash to families if they immunize their children and send them to school, have bolstered incomes of the poor and improved their health. About 8 percent of Brazilians lived on less than $2 a day last yeardown from 20 percent 10 years earlier. Infant mortality has fallen by nearly 50 percent.

But while the incomes of the country’s poorest citizens have grown faster than those of its richest in recent years, income inequality remains high. And inflation, which erodes rising incomes, is taking a big toll on the poorest Brazilians. The country’s inflation rate was 6.09 percent in August, according to the central bank, which has raised interest rates several times this year.

People living in cities like São Paulo pay more for food, housing and other basic goods than people in other comparable countries. A big reason for the high prices is that the government has not built enough roads, railways, ports and other infrastructure to keep up with the economy’s growth. Brazil also imposes high import duties and taxes that inflate the price of many goods and services.

The country also needs to reform its education system, which does a poor job preparing young people for skilled jobs in the manufacturing and the service sector. In an international test of the reading, math and science skills of 15-year-olds, Brazilian students scored lower than their counterparts in other Latin American countries like Uruguay, Mexico and Colombia.

Brazil has such chronic shortages of skilled professionals that the government is planning to import doctors from other countries. That might be a fine temporary solution, but the government needs to build more universities and improve teaching in primary and secondary schools to make sure more students can pursue higher education.


The nation has seen social advancements in a short time, and now its citizens expect more from their leaders.

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