domingo, 13 de outubro de 2013

Juros perto de dois dígitos.

Editorial do ESTADÃO comenta a recente elevação na taxa de juros para 9,5% e a previsão  é que logo chegue a 10%.

Um nova alta de juros, desta vez para 10%, virá sem nenhuma surpresa, ainda este ano, se a inflação continuar com o vigor observado nos últimos meses. O aumento para 9,5% anunciado na quarta-feira à noite pelo Banco Central (BC) foi um complemento perfeito para a nova aceleração do índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgada no começo da manhã. Em setembro, o indicador, tomado como referência para as metas de política monetária, subiu 0,35%, continuando a ascensão de agosto, quando saltou para 0,24%, depois da baixíssima taxa de 0,03% em julho.

A mágica dos índices controlados politicamente perdeu o efeito. O governo federal tentou maquiar a inflação forçando a redução de tarifas de eletricidade e de transporte público. Esses truques complementaram outras medidas de ocasião, como as desonerações fiscais adotadas como estímulo ao consumo nos últimos anos.

Com esses truques e com a acomodação parcial das cotações de produtos básicos, a taxa mensal de inflação, medida pelo IPCA, declinou de 0,86%, em janeiro - um ritmo desastroso para 0,03%, em julho. Os indicadores perderam impulso por algum tempo, mas os fatores inflacionários, a começar pelo gasto público federal, não foram eliminados. O nível de emprego continuou elevado, em parte porque a indústria evitou os custos de demissões e recontratações. Os salários reais permaneceram elevados e a expansão do crédito ao consumidor foi mantida.

O sensível desajuste entre a demanda de consumo e a oferta de bens industriais nunca diminuiu de forma significativa nesse período. Parte da demanda excedente resultou em aumento das importações, com a consequente erosão do saldo comercial, porque a indústria continuou incapaz de competir com produtos estrangeiros, no exterior e no mercado interno.

Além disso, a persistência da inflação real foi sempre evidenciada pela evolução dos preços dos serviços. Nos 12 meses terminados em setembro esses preços ainda subiram 8,7%, muito além dos 5,86% do IPCA completo. Mesmo esses 5,86% são muito altos por qualquer padrão razoável e muito distantes da meta oficial de 4,5%.

Outros indicadores também apontam para um cenário desconfortável. O núcleo de inflação, calculado com o expurgo de alguns itens normalmente mais instáveis, passou de 0,41% em agosto para 0,46% em setembro e subiu para 6,1% em 12 meses, segundo pesquisa do Goldman Sachs.

As projeções de mercado indicam escassa confiança numa redução sensível dos aumentos de preços neste ano e no próximo. A pesquisa Focus do BC indicou, na semana passada, expectativas de 5,82% para 2013 e de 5,93% para 2014. Em relação a 2014 houve uma ligeira melhora, Na semana anterior, a taxa indicada foi de 5,97%.

O próprio BC projeta números bem acima da meta por um longo período. As estimativas são de 5,8% para este ano, 5,7% para 2014 e 5,5% para os 12 meses terminados no terceiro trimestre de 2015. Dentro de dois anos, o aumento do IPCA continuará um ponto de porcentagem acima do alvo oficial.

O Relatório de Inflação do BC contém, no entanto, uma demonstração de otimismo: a política fiscal, até há pouco descrita como expansionista, tende a tornar-se neutra em termos de impulso inflacionário. A continuação da gastança torna difícil acompanhar essa aposta.


Além do mais, as projeções do BC indicam a permanência, por bom tempo, da combinação de baixo crescimento com inflação elevada, A expansão econômica de 2,5% estimada para este ano deve repetir-se nos 12 meses até o segundo trimestre de 2014. As projeções para as contas externas terminam em dezembro de 2013, com superávit comercial de apenas U8$ 2 bilhões, déficit em conta corrente de US$ 75 bilhões e investimento estrangeiro direto suficiente para cobrir só uma parte do buraco. Mantidas essas estimativas, o cenário de pesadelo ficaria quase completo, com inflação alta, crescimento pífio e balanço de pagamentos desarrumado. Faltaria a taxa de desemprego, ainda confortável.

Círio de Nazaré 2013: Belém do Pará.


Diretamente da Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré em Belém do Pará, a imagem original de Nossa Senhora de Nazaré achada pelo caboclo Plácido José de Souza em 1700. 

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Marina e Campos: uma dupla do barulho?


E durma-se com um barulho destes: diretamente de Fortaleza, do nosso O POVO, o humor inteligente de Clayton neste final de jogo.

Direto do The New York Times Editorial Board: Brazil’s Next Steps.

After a decade of fast growth and rising incomes, Brazil has hit a rough patch that is testing its government’s ability to manage the economy and satisfy the growing aspirations of its people. President Dilma Rousseff, who faces elections next year, needs to push through policy reforms and public investment projects to revive growth and bring inflation under control.

Last year, Brazil’s economy grew only 0.9 percent because private investment slowed down. Analysts expect the growth rate to recover to 2.5 percent this year, but that is still far slower than the 7.5 percent the country achieved in 2010.

In June, tens of thousands of people joined street protests that were prompted by an increase in public-transit fares but quickly became a way for Brazilians to air broader grievances about the rising cost of living, weak infrastructure, political corruption and government spending on big sporting events like the 2014 World Cup. In response to the protests, Ms. Rousseff said she would push for political reforms and investments in infrastructure, but her government has not yet delivered on those promises.

Brazil has made impressive gains under Ms. Rousseff and her predecessor, Luiz Inácio Lula da Silva. Programs like Bolsa Familia, which provides cash to families if they immunize their children and send them to school, have bolstered incomes of the poor and improved their health. About 8 percent of Brazilians lived on less than $2 a day last yeardown from 20 percent 10 years earlier. Infant mortality has fallen by nearly 50 percent.

But while the incomes of the country’s poorest citizens have grown faster than those of its richest in recent years, income inequality remains high. And inflation, which erodes rising incomes, is taking a big toll on the poorest Brazilians. The country’s inflation rate was 6.09 percent in August, according to the central bank, which has raised interest rates several times this year.

People living in cities like São Paulo pay more for food, housing and other basic goods than people in other comparable countries. A big reason for the high prices is that the government has not built enough roads, railways, ports and other infrastructure to keep up with the economy’s growth. Brazil also imposes high import duties and taxes that inflate the price of many goods and services.

The country also needs to reform its education system, which does a poor job preparing young people for skilled jobs in the manufacturing and the service sector. In an international test of the reading, math and science skills of 15-year-olds, Brazilian students scored lower than their counterparts in other Latin American countries like Uruguay, Mexico and Colombia.

Brazil has such chronic shortages of skilled professionals that the government is planning to import doctors from other countries. That might be a fine temporary solution, but the government needs to build more universities and improve teaching in primary and secondary schools to make sure more students can pursue higher education.


The nation has seen social advancements in a short time, and now its citizens expect more from their leaders.

Economia doente. Somente na Argentina?

Matéria do economista Daniel Altman na FOREIGN POLICY e publicada hoje no ESTADÃO afirma que é difícil saber se o peso argentino aguentará até a chegada de um novo presidente, em 2015; e se o governo chegará até lá.  

A dois anos de deixar o cargo, a presidente Cristina Kirchner mantém a economia argentina à beira de uma crise cambial. Conseguirá o peso sobreviver até a chegada de um novo presidente? O governo vem gastando rios de dinheiro com o efeito colateral de uma inflação anual acima de 20%, o que tem sido repetidamente negado de maneira quase cômica.

Como que para provar que a inflação não poderia estar tão alta, o Banco Central (BC) argentino defendeu o peso numa taxa de câmbio artificialmente forte ante o dólar. Essa política fez o BC dilapidar suas reservas, vendendo dólares para sustentar o peso, enquanto o governo limitava rigidamente a capacidade de os argentinos comprarem dólares a uma taxa favorável e tirá-los do país. Surgiu um mercado negro - o dólar valia ontem 5,83 pesos, e no paralelo chegava a 9,62.

Nos últimos anos, o BC apoiou-se nos superávits comerciais para sustentar suas reservas. Mas esses superávits, que chegaram a 2,5% do PIB em 2009, basicamente desapareceram. Aliás, o FMI prevê que a Argentina enfrentará déficits comerciais em todos os anos de 2013 a 2018.

Esses déficits continuarão a corroer as reservas, assim como os pagamentos de juros de dívidas pendentes da Argentina, para os quais o governo recorreu ultimamente ao BC. O investimento estrangeiro na Argentina ajudaria a trazer mais moedas fortes, mas o país tem ficado atrás de seus vizinhos Chile e Uruguai na atração de dinheiro.

Na primavera de 2009, as reservas equivaliam a cerca de 1,8 vez a base monetária da taxa de câmbio oficial. Desde então, a relação se reduziu acentuadamente, estabilizando-se em cerca de 0,65 em setembro. Ironicamente, talvez, esse valor está pouco abaixo do nível de 0,67 que o BC foi encarregado de manter antes da desastrosa crise que começou em 2001.

Evidentemente, a taxa de câmbio atual é insustentável no longo prazo. Mas será sustentável até 2015? Se o BC conseguir chegar lá, a Argentina poderia conseguir um raro pouso suave. Todos os prováveis candidatos presidenciais - Mauricio Macri, Sergio Massa, Daniel Scioli e Elisa Carrió (ou um de seus aliados) - condenaram a inflação galopante que está destruindo o valor do peso. Em graus variados, eles estão todos comprometidos com a conversão da economia de um laboratório de cientista louco em uma parte mais transparente e integrada do sistema financeiro global.

Uma eleição bem-sucedida trará uma inundação de capital estrangeiro e um fortalecimento da economia, fortalecendo as reservas do BC e o peso. Os gastos públicos, a impressão de dinheiro e a inflação diminuiriam. Os preços das ações e valores dos ativos aumentariam. Seria preciso apenas, talvez, uma desvalorização gradual do peso. 

Janet Yellen - Federal Reserve.


Today, President Obama nominated Dr. Janet Yellen to succeed Ben Bernanke as Chair of the Board of Governors of the Federal Reserve.  Dr. Yellen has served in leadership positions at the Fed for more than a decade, including the last three years as Vice Chair. She also served previously as the Chair of the Council of Economic Advisers, and was a leading researcher in monetary economics at Harvard and Berkely.

In government, Dr. Yellen has been known for her sound judgment and ability to build consensus. As an academic, she made critical contributions to understanding how monetary policy can make a difference for jobs, growth and the lives of ordinary people. 505 economists from more than 211 colleges and universities—including some of the country’s leading monetary economists—have signed a letter endorsing her for Fed Chair.


If confirmed by the Senate, Dr. Yellin would be the first woman to hold the position of Chair of the Board of Governors of the Federal Reserve.  

The White House Blog.

Minha liberdade é escrever.

Quando a liberdade de expressão está em jogo, este blog permanece ao lado da LIBERDADE. 

Caro Caetano,

Nos EUA, quando eu era menino, havia uma campanha para prevenir acidentes na estrada. O slogan rezava: "Amigos não deixam amigos bêbados dirigir". Lembrei disso ao ler suas declarações e as de Paula Lavigne sobre biografias no Brasil. Fiquei tão chocado que me sinto obrigado a lhe dizer: amigo, pelo amor de Deus, não dirija.

Nós nos conhecemos há muitos anos, desde que ajudei a editar seu "Verdade Tropical" nos EUA. Depois, você foi maravilhoso quando lancei no Brasil a minha biografia de Clarice Lispector, escrevendo artigos e ajudando com o alcance que só você possui. Admiro você, de todo o meu coração.

E é como amigo e também biógrafo que te escrevo hoje. Sei que você sabe da importância de biografias para a divulgação de obras e a preservação da memória; e sei que você sabe quão onerosos são os obstáculos à difusão da cultura brasileira dentro do próprio Brasil, sem falar do exterior.

Fico constrangido em dizer que achei as declarações suas e da Paula, exigindo censura prévia de biografias, escandalosas, indignas de uma pessoa que tanto tem dado para a cultura do Brasil. Para o bem dessa mesma cultura, preciso dizer por quê.

Primeiro, achei esquisitíssimo músicos dizerem que biógrafos querem ficar com "fortunas". Caetano, como dizem no Brasil: fala sério. Ofereço o meu exemplo. A biografia de Clarice ficou nas listas de mais vendidos em todo o Brasil.

Mas, para chegar lá, o que foi preciso? Andei por cinco anos pela Ucrânia, pela Europa, pelos EUA, pesquisando nos arquivos e fazendo 257 entrevistas. Comprei centenas de livros. Visitei o Brasil 12 vezes.

Fiquei contente com as vendas, mas você acha que fiquei rico, depois de cinco anos de tais despesas? Faça o cálculo. A única coisa que ganhei foi a satisfação de ver o meu trabalho ajudar a pôr Clarice Lispector no lugar que merece.

Tive várias vantagens desde o início. Tive o apoio da família da Clarice. Publico em língua inglesa, em outro país. Tenho a sorte de ter dinheiro próprio. Imagine quantos escritores no Brasil reúnem essas condições: ninguém.

Mas a minha maior vantagem foi simplesmente ignorância.

Não fazia ideia das condições em que trabalham escritores e jornalistas brasileiros. Não sabia quanto não se pode dizer, num clima de medo que lembra a época de Machado de Assis, em que nada podia ofender a "Corte".

Aprendi, por exemplo, que era considerado "corajoso" escrever uma coisa que todo mundo no Brasil sabe há quase um século, que Mário de Andrade era gay. Aprendi que era até inusitado chamar uma cadeira de Sergio Bernardes de feia.

Aprendi o quanto ganham escritores, jornalistas e editores no Brasil, e quanto os seus empregos são inseguros, e como são amedrontados por ações jurídicas, como essas com que a Paula, tão bregamente, anda ameaçando.

É um tipo de censura que você talvez não reconheça por não ser a de sua época. Não obriga artistas a deixarem o país, não manda policiais aos teatros para bater nos atores. Mas que é censura, é. E muito mais eficaz do que a que existia na ditadura. Naquela época, as obras eram censuradas, mas existiam. Hoje, nem chegam a existir.

Você já parou para pensar em quantas biografias o Brasil não tem? Para só falarmos da área literária, as biografias de Mário de Andrade, de João Guimarães Rosa, de Cecília Meirelles, cadê? Onde é que ficou Manuel Bandeira, Rachel de Queiroz, Gilberto Freyre? Você nunca se perguntou por que nunca foram feitas?

Eu queria fazer. Mas não vou. Porque o clima no Brasil, financeiro e jurídico, torna esses empreendimentos quase impossíveis. Quantos escritores brasileiros estão impedidos de escrever sobre a história do seu país, justamente por atitudes como as suas?

Por isso, também, essas declarações, de que o biógrafo faz isso só por amor ao lucro, ficam tão pouco elegantes na boca de Paula Lavigne. Toda a discussão fica em torno de nossas supostas "fortunas".

Você sabe que no Brasil existem leis contra a difamação; que um biógrafo, quando cita uma obra ainda com "copyright", tem obrigação de pagar para tal uso. Não é diferente de você cantar uma música de Roberto Carlos. Essas proteções já existem, podem ser melhoradas, talvez. Mas estamos falando de uma coisa bem diferente da coisa que você está defendendo.

De qualquer forma, essas obsessões com "fortunas" alheias fazem parte do Brasil do qual eu menos gosto. Une a tradicional inveja do vizinho com a moderna ênfase em dinheiro que transformou um livro, um disco, uma pintura em "produto cultural".

Não é questão de dinheiro, Caetano. A questão é: que tipo de país você quer deixar para os seus filhos? Minha biografia foi elogiosa, porque acredito na grandeza de Clarice. Mas liberdade de expressão não existe para proteger elogios. Disso, todo mundo gosta. A diferença entre o jornalismo e a propaganda é que o jornalismo é crítico. Não existe só para difundir as opiniões dos mais poderosos. E essa liberdade ou é absoluta, ou não existe.

Imagino, e compreendo, que você pense que está defendendo o direito dos artistas à vida privada. Mas quem vai julgar quem é artista, o que é vida privada e o que é vida pública, sobre quem, e sobre o que se pode escrever e sobre quem e, sobre quem não? Você escreve em jornal, você, como o artista deve fazer, tem se metido no debate público. José Sarney, imortal da Academia Brasileira das Letras, escreve romances. Deve ser interditada também qualquer obra crítica sobre ele, sem autorização prévia?

Não pense, Caetano, que o seu passado de censurado e de exilado o proteja de você se converter em outra coisa. Lembre que o Sarney, quando foi eleito governador do Maranhão, chegou numa onda de aprovação da esquerda. Glauber Rocha, também amigo seu, foi lá filmar aquela nova aurora.

Não seja um velho coronel, Caetano. Volte para o lado do bem. Um abraçaço do seu amigo,

Benjamin Moser


Benjamin Moser é autor de "Clarice" (Cosac Naify).

Taxa Selic: 9,50% ao ano.

Brasília – Diretamente do BACEN em 09.10.2013:

Dando prosseguimento ao ajuste da taxa básica de juros, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 9,50% ao ano, sem viés.

O Comitê avalia que essa decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano.


Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Alexandre Antonio Tombini (Presidente), Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, Luiz Awazu Pereira da Silva, Luiz Edson Feltrim e Sidnei Corrêa Marques.

Dendê no Pará.

O Núcleo de Altos Estudos Amazônicos - Naea promove no próximo dia 21 de outubro, o Workshop “Os impactos sociais e ambientais dos investimentos em dendê no Pará”, que abordará expansão desta atividade no estado e os seus efeitos sobre povos e comunidades tradicionais. O evento, que faz parte da programação do “Ano Alemanha +Brasil 2013-2014”, ocorre no auditório do Naea de 10h às 17h e terá entrada franca.

O workshop é resultado de quatro anos de pesquisa realizada pela Drª Rosa Acevedo do Naea em parceria com a Drª  Maria Backhouse da Universidade de Berlim, sobre os impactos de programas de cultivo de dendê na região nordeste do Pará e tem como objetivo informar, trocar ideias, experiências e discutir o tema com pesquisadores, movimentos sociais, sindicatos e ONGs. Dentre assuntos a serem abordados estão o trabalho escravo, impactos socio-ecológicos, questões de terra, quilombos e agricultura familiar contratada.

Produção – Atualmente o Brasil é um dos um dos maiores produtores e consumidores de agrocombustíveis do mundo sendo 80% de sua produção oriunda do óleo de soja. Com o objetivo de diversificar esta base de matérias-primas o Governo Federal vem incentivando desde 2010 a produção de óleo de palma através do Programa federal de produção sustentável de Óleo de Palma na Amazônia Legal. No entanto, três anos após o seu lançamento, o Programa tem sido questionada por movimentos sociais, quilombolas, agricultores familiares, sindicatos e universitários quanto aos seus impactos sociais e ecológicos.

Serviço:
Workshop “Os impactos sociais e ambientais dos investimentos em dendê no Pará”
Data: 21/10/2013
Local: Auditório do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos – Naea, Universidade Federal do Pará, Av. Perimetral, Numero 1 - Guamá, Belém – PA.
Horário: 10h à 17h.

Fonte: CCDC/NAEA/UFPA

terça-feira, 1 de outubro de 2013

A surpreendente aposta do BC.

Editorial de hoje do ESTADÃO avalia o recém-divulgado Relatório de Inflação.  

Baixo crescimento e inflação elevada ainda vão assombrar os brasileiros nos próximos dois anos, mas as contas públicas poderão melhorar, segundo as novas projeções do Banco Central (BC). Previsões sombrias sobre a evolução dos negócios e dos preços têm como contraponto um surpreendente otimismo em relação à política fiscal, no recém-divulgado Relatório de Inflação, um amplo panorama trimestral da economia. Nesta altura, e com base na experiência dos últimos anos, é mais fácil apostar nas estimativas mais sombrias do que nas hipóteses mais cor-de-rosa, apesar do provérbio chinês citado pelo diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton; "Achar é a mãe de todos os erros".

Os autores do relatório reduziram de 6% para 5,8% a inflação estimada para este ano, mas aumentaram de 5,4% para 5,7% a alta de preços ao consumidor calculada para o próximo ano. Além disso, estenderam até o terceiro trimestre de 2015 a taxa de 5,5% acumulada em quatro trimestres. Na edição de junho, essa projeção valia para o período encerrado nos primeiros três meses daquele ano. Por mais dois anos, portanto, os brasileiros deverão viver com uma inflação bem acima da meta oficial, 4,5%, já muito alta pelos padrões internacionais.

No entanto, fazer a alta de preços convergir para a meta continua sendo a missão principal do BC, segundo disse na semana passada seu presidente, Alexandre Tombin. A cada nova estimativa, no entanto, essa meta parece mais distante.

Outras projeções do BC se tornaram bem menos animadoras nos últimos três meses. O crescimento do PIB estimado para este ano caiu de 2,7% para 2,5%. De acordo com os novos cálculos, essa ainda será a expansão anual acumulada até o segundo trimestre de 2014.

Se os autores do relatório estiverem certos, a recuperação prometida pelo governo e aparentemente indicada pelos números do segundo trimestre do ano ainda será muito lenta.

Os economistas do BC também indicam uma reativação da economia puxada principalmente pelo investimento em máquinas, equipamentos, construção civil e obras de infraestrutura. O consumo, no entanto, ainda continuará em alta, puxado pelo aumento de renda dos trabalhadores e pelo crédito em expansão "moderada".

O baixo ritmo de crescimento da economia continuará associado, obviamente, ao desempenho medíocre da indústria. Como a demanda dos consumidores deverá ainda aumentar, é fácil de prever novas pressões sobre a importação de bens -tanto insumos quanto produtos finais. Por enquanto, as projeções do BC para o balanço de pagamentos terminam em dezembro. Os novos números foram publicados recentemente: exportações 0,7% menores que as do ano passado, importações 7,1% maiores e superávit comercial de U5$ 2 bilhões (US$ 7 bilhões na projeção de junho e USS 19,4 bilhões contabilizados em 2012). A estimativa do déficit em transações correntes foi mantida em US$ 75 bilhões, com a cobertura parcialmente garantida pelo investimento estrangeiro direto. O resto dependerá de investimentos financeiros, mais instáveis.

De forma um tanto inesperada, o relatório combina a estimativa de inflação elevada nos próximos dois anos com a expectativa de avanço das contas públicas na direção da neutralidade. Os técnicos do BC abandonaram há alguns meses a avaliação da política fiscal com base no resultado primário convencional. Passaram a usar como referência o resultado estrutural, expurgado das variações cíclicas e das despesas e receitas extraordinárias.


Superávits primários parecidos com aqueles "gerados recentemente" manterão a dívida pública em "trajetória sustentável", segundo o relatório. Além disso, resultados mais ou menos estáveis tenderão a ser neutros em termos de impacto sobre a demanda e, portanto, sobre a inflação. Essa expectativa é baseada em cálculos, insistiu Hamilton. Ainda assim, fica difícil de entender essa possibilidade diante dos resultados deste ano - de janeiro a agosto, um superávit primário de R$ 54 bilhões, o menor desde 2010 - e a previsível gastança da fase eleitoral.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Déficit externo fragiliza o Brasil, alerta o BIS.

Editorial no ESTADÃO e a situação das nossas contas externas.   

A deterioração das contas externas de nações emergentes, como o Brasil, provocou desvalorização das moedas locais ante o dólar e levou alguns países a intervir nos mercados cambiais. A constatação é do Banco de Compensações Internacionais (BIS), em relatório distribuído no fim de semana. Além da piora generalizada dos emergentes, o Brasil é incluído entre os mais atingidos pela mudanças das condições de mercado globais.

Houve uma clara piora da situação macroeconômica dos principais mercados emergentes. Um dos pontos destacados é a redução do ritmo de crescimento da China, com efeito negativo sobre os demais países. Ocorreu um declínio na demanda esperada pelos exportadores de commodities, como o Brasil e a Rússia.

Países com altos déficits em conta corrente, como o Brasil, a Índia, a Indonésia, a África do Sul e a Turquia, enfrentaram rápida desvalorização de suas moedas. No Brasil, o déficit de US$ 9 bilhões na conta corrente do balanço de pagamentos, em julho, soma-se a pressões sobre o real devidas a incertezas políticas.

Entre 3 de maio e 5 de julho, por exemplo, o Brasil, a Índia e a Rússia depreciaram em aproximadamente 10% suas moedas, segundo o BIS. No mesmo período, o rendimento dos títulos indianos e russos subiu mais de cem pontos-base.

O BIS não distingue os problemas decorrentes de políticas econômicas duvidosas dos países emergentes de problemas em cuja origem está a perspectiva de mudança da política monetária norte-americana, um detonador de dificuldades.

Enquanto isso, o governo brasileira prefere culpar a economia global pelos problemas locais. Mas, como notou o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, em entrevista ao Estado, "passamos a ter uma vulnerabilidade". Segundo Meirelles, "a competitividade externa está sendo corrigida pela taxa de câmbio".O BIS enfatiza que a mudança nas condições globais afeta os mercados de papéis, as ações e as moedas dos países emergentes, "exacerbando as vulnerabilidades causadas pela dependência em relação a capital estrangeiro volátil".


Nos últimos anos - inclusive até o primeiro trimestre -, o Brasil se beneficiou muito com o ingresso de capitais externos. A redução do crédito é ruim para o País, cujo déficit em conta corrente está projetado entre US$ 75 bilhões e US$ 80 bilhões para este ano, ante US$ 54 bilhões em 2012 - e os investimentos não bastam para a cobertura.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Previsão 2013: PIB - Selic - Câmbio - Inflação.

Neste início se semana as notícias da economia brasileira estão bem condensadas no relatório FOCUS, do BACEN, divulgado nesta data:
  • ·        A estimativa de crescimento do PIB avançou de 2,35% para 2,40% para 2013 e recuou de 2,28% para 2,22% para 2014.

 ·        A taxa Selic seguiu em 9,75% para o final de 2013 e 2014.

·        As projeções para a taxa de câmbio recuaram de R$/US$ 2,36 para R$/US$ 2,35 para o final deste ano e continuou em R$/US$ 2,40 para o final de 2014.
  • ·        As expectativas para o IPCA seguiu em 5,82% para este ano e subiu de 5,85% para 5,90% para o ano que vem.

domingo, 15 de setembro de 2013

15 de setembro de 2008: cinco anos de crise.

Leio no site do Ministério da Fazenda, matéria do BRASIL ECONÔMICO sobre o 5º aniversário da quebra do Lehman Brother.

Cinco anos se passaram após a quebra do banco Lehman Brothers, período em que os Estados Unidos superaram uma recessão histórica ao preço de níveis de dívida recordes e de uma forte intervenção do Estado na economia. “Não estamos em uma situação fantástica, mas a economia, pelo menos, se estabilizou”, disse à AFP Kenneth Rogoff, professor de Harvard e ex-economista- chefe do FMI. No dia 15 de setembro de 2008, quando o Lehman Brothers quebrou, a economia americana vinha sofrendo havia vários meses com os créditos imobiliários de alto risco, os “subprimes”.

Mas a queda do gigante bancário, ícone deWall Street durante mais de um século, desencadeou uma profunda crise financeira que se propagou para o restante do mundo. O Estado federal abriu os cofres e disponibilizou rapidamente US$ 420 bilhões para reforçar os caixas dos bancos, como o Bank of America ou o Citigroup, entre outros, assim como os de montadoras, como a General Motors e a Chrysler, grandes geradores de emprego. Mas o governo não conseguiu conter uma queda livre da economia.
Entre setembro de 2008 e setembro de 2009, a taxa de desemprego subiu de 6,1% para 9,8%. A atividade econômica desabou, em particular no último trimestre de 2008. Ao mesmo tempo, o déficit fiscal cresceu devido aos planos de resgate, passando de 3,2% para 10,1% do PIB entre 2008 e 2009.

Para acalmar os mercados, os gigantes bancários foram submetidos a um teste de resistência. Votada em 2010, a lei Dodd-Frank de regulação de Wall Street instituiu o mecanismo por norma. Embora esse projeto de 2.300 páginas para reformar Wall Street tenha sido adotado em julho de 2010 pelo Congresso, sua total entrada em vigor não foi concluída, a espera dos decretos de regulamentação.

O governo Obama teve que aprofundar a intervenção do Estado em seu primeiro ano de governo, e em fevereiro de 2009, pouco depois de assumir, lançou um plano de reativação de US$ 787 bilhões destinado a fomentar o consumo e o vital setor imobiliário. A venda de residências melhorou, mas o consumo, tradicional motor do crescimento nos Estados Unidos, perdeu força, e o patrimônio dos americanos sofreu perdas “espetaculares”.

O desemprego, a 7,3%, segue elevado, e a proporção de pessoas que deixaram de buscar trabalho está em seu índice máximo em mais de 35 anos. Em cinco anos, a dívida pública do país disparou mais de 65%, a mais de US$16 trilhões. 

sábado, 14 de setembro de 2013

Ilha do Combu.


Ben Bernanke: um gigante na Economia.


Após deixar em janeiro de 2014 o Federal Reserve, o presidente Ben Bernanke deverá retornar ao mundo acadêmico, provavelmente para a Universidade Princeton.


Suceder ao lendário Alan Greenspan a partir de 2006 foi apenas mais um desafio na carreira de Ben Bernanke. Por hora, Bernanke entra para a história como o homem que evitou a segunda Grande Depressão.    

Brasil: próximo do Haiti e longe dos Estados Unidos.

Até 1979 existiam no Brasil DOIS partidos políticos de atuação nacional. Atualmente temos TRINTA ativos e mais TRINTA E TRÊS em busca de autorização junto ao Tribunal Superior Eleitoral.

Interessante saber que nos Estados Unidos temos QUATRO partidos, no Canadá temos CINCO, na Finlândia temos OITO e na “pobre” Alemanha temos DOZE.

Enquanto isso, no Nepal temos TRINTA E SEIS, na Jordânia temos TRINTA E SETE e no “rico” Haiti temos QUARENTA.


Lamentavelmente, mais uma vez, estamos mais próximos do Haiti do que dos Estados Unidos. 

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Estados Unidos - a águia continua forte.


Com PIB Nominal de US$ 15,7 trilhões e crescimento de 2,2% em 2012, os Estados Unidos destacaram-se como a principal economia do Mundo, detendo cerca de 20% da riqueza global. O setor de serviços é o principal ramo de atividade e respondeu por 80% do PIB, seguido do industrial, com 19%, e do agrícola, com 1%.

Para reflexão neste final de semana, alguns números desta potência mundial, obtidos no Ministério das Relações Exteriores – Agosto/2013.   

PIB Nominal
US$ 15,68 trilhões
Crescimento real do PIB
2,2%
PIB Nominal "per capita"
US$ 49.922
PIB PPP
US$ 15,68 trilhões
PIB PPP "per capita"
US$ 49.922
Inflação
1,85%
Reservas internacionais
US$ 150 bilhões

Livros para gestores: de Keynes a Sun Tzu.

Recentemente li no VALOR ECONÔMICO uma excelente matéria sobre LIVROS que devem estar na biblioteca básica de gestores. E do que li, constam grandes mestres da nossa Economia. 

A presença de peso de John Maynard Keynes na biblioteca básica dos gestores também é um sintoma do interesse pelas crises. Como autor ou tema, o economista inglês aparece na lista de dois gestores, com três obras. "O mundo em que estamos vivendo hoje é muito keynesiano", afirma Luiz Carlos Mendonça de Barros, diretor-estrategista da Quest Investimentos. A crise americana, considera, se encaixa bem nesse arcabouço teórico. "Um período de boom leva a uma série de exageros dentro do próprio sistema, vinculados à ganância e à especulação, que acabam criando uma crise que interrompe esse processo de crescimento", explica Mendonça de Barros.

O sócio da Quest diz que seu otimismo quanto à recuperação da economia dos Estados Unidos está ligado ao fato de considerar que o governo do país tem seguido a cartilha keynesiana. Na lista recomendada por Mendonça de Barros, chama a atenção a indicação de "A Arte da Guerra", do chinês Sun Tzu. O livro ensina as técnicas para vencer um conflito bélico. "Porque investir ou gerir fundos é uma guerra, é bom estar esperto", brinca o economista que, em tempos de novas tecnologias, ainda é apegado ao livro de papel. Em viagens longas, entretanto, ele faz uma concessão às obras digitalizadas. "Viajar para fora e levar livro virou um negócio de velho reacionário. E isso eu não sou."


Keynes também está na lista indicada por Arminio Fraga. Não na versão macroeconomista, mas na pele de investidor. Biógrafos contam que ele fez fortuna com ações, em uma faceta menos conhecida. Sobre períodos de estresse, o fundador da Gávea indica "Manias, Panics and Crashes", de Charles Kindleberger (Manias, Pânico e Crashes, na tradução para o português). É um clássico sobre crises financeiras, diz Fraga, baseado em eventos históricos e inspirado em Hyman Minsky, economista que estudou o surgimento da instabilidade a partir da estabilidade, "visão hoje muito em voga por razões óbvias", diz Fraga.

XX Congresso Brasileiro de Economia.


No recente XX Congresso Brasileiro de Economia ocorreu a entrega do Prêmio Brasil de Economia. Na categoria livro de Economia os vencedores foram os colegas: 

1º Lugar (Prêmio de R$ 6.000,00): Reinaldo Gonçalves (CORECON-RJ) - Desenvolvimento às avessas: verdade, má-fé e ilusão no atual modelo brasileiro de desenvolvimento.

2º Lugar (Prêmio de R$ 4.000,00): Gustavo H. B. Franco (CORECON-RJ) - As leis secretas da economia.

3º Lugar (Prêmio de R$ 3.000,00): Eduardo Simões de Almeida (CORECON-SP) - Econometria Espacial Aplicada.

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...