quarta-feira, 1 de junho de 2016

Queda de 0,3% no PIB no 1º trim 2016 acumula 4,7% nos últimos 12 meses: tragédia brasileira!


O Produto Interno Bruto (PIB) apresentou variação negativa de 0,3% na comparação entre o primeiro trimestre de 2016 e o quarto trimestre de 2015, levando-se em consideração a série com ajuste sazonal. É o quinto resultado negativo consecutivo nesta base de comparação. Na comparação com igual período de 2015, houve contração do PIB de 5,4% no primeiro trimestre do ano, oitava queda seguida nesse tipo de comparação. No acumulado dos quatro trimestres terminados no primeiro trimestre de 2016, o PIB registrou queda de 4,7% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores, a maior da série histórica, iniciada em 1996.
Em valores correntes, o PIB atingiu R$ 1,47 trilhão no primeiro trimestre de 2016. Já no acumulado nos quatro trimestres encerrados em março de 2016, totalizou R$ 5.943,3 bilhões, sendo R$ 5.088,3 bilhões referentes ao valor adicionado (VA) a preços básicos e R$ 855,1 bilhões aos impostos sobre produtos líquidos de subsídios.
A publicação completa da pesquisa pode ser acessada aqui.

terça-feira, 31 de maio de 2016

Oxford Economics: Emerging market fiscal adjustment: not all bad news.


Emerging market fiscal adjustment: not all bad news.
Major fiscal adjustment needed in some EMs. 
Some past adjustments have seen stronger growth:



Brasil em 31/05/2016: 11,4 milhões de desempregados. Enquanto isso...

No trimestre móvel encerrado em abril, a taxa de desocupação (11,2%) cresceu 1,7 pp (ponto percentual) em relação ao trimestre móvel encerrado em janeiro (9,5%) e 3,2 pp em relação ao mesmo trimestre móvel de 2015 (8,0%). Essa foi a maior taxa de desocupação desde o início da pesquisa (janeiro de 2012). A população desocupada (11,4 milhões de pessoas) cresceu em ambas as comparações: 18,6% (ou mais 1,8 milhão de pessoas) em relação ao trimestre móvel encerrado em janeiro 2016 e 42,1% (mais 3,4 milhões de pessoas desocupadas) em relação ao mesmo trimestre móvel de 2015. 

Já a população ocupada (90,6 milhões de pessoas) recuou (-1,1%) em relação ao trimestre de novembro de 2015 a janeiro de 2016 e também caiu (-1,7%, ou menos 1,5 milhão de pessoas trabalhando) comparada a igual trimestre de 2015. O número de empregados no setor privado com carteira assinada recuou em ambas as comparações: frente ao trimestre encerrado em janeiro de 2016 (-1,8%) e em relação a igual trimestre do ano passado (-4,3% ou menos cerca de 1,5 milhão de pessoas nessa condição).

O rendimento médio real habitualmente recebido em todos os trabalhos pelas pessoas ocupadas (R$ 1.962) ficou estatisticamente estável frente ao trimestre móvel encerrado em janeiro de 2016 (R$ 1.977) e recuou (-3,3%) em relação ao mesmo trimestre de 2015 (R$ 2.030).A massa de rendimento real habitualmente recebido em todos os trabalhos pelas pessoas ocupadas (R$ 173,3 bilhões) caiu nas comparações trimestral e anual (-1,5% e -4,3%, respectivamente). 

A publicação completa da PNAD Contínua pode ser acessada aqui.

UFC/CAEN: Seminário de Pesquisa em 02/06/2016 com o Prof. Paulo Rogério Faustino Matos.

Convite para Seminário de Pesquisa (CAEN)


A Pós-Graduação em Economia da UFC (CAEN) tem o prazer de convidá-lo (la) para o Seminário de Pesquisa intitulado "How important is forward-looking behavior in Brazilian sectorial indices risk premium?", a ser proferido pelo Prof. Paulo Rogério Faustino Matos, as 17:30 do dia 02.06.2016 (quinta-feira), no auditório do CAEN. O trabalho, vencedor do Prêmio ANBIMA de Mercado de Capitais de 2014, está disponível no site: http://www.caen.ufc.br/attachments/article/143/NCF%20Researching%20Paper%20Series%2008.pdf

Obs.: Os certificados estarão disponíveis no site do CAEN uma semana após a realização do evento.

Esperamos vê-lo aqui!

Paulo Matos
Diretor de pesquisa CAEN/UFC


Déficit primário de R$ 143,85 bilhões no período de 12 meses encerrado em abril! Queda na receita e aumento na despesa.

O Governo Central apresentou um superávit primário de R$ 9,75 bilhões em abril deste ano, ante déficit de R$ 7,94 bilhões em março. O resultado de abril representa uma queda nominal de 3,2% frente ao superávit de R$ 10,07 bilhões de igual mês do ano passado. No acumulado de janeiro a abril, as contas do Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central ficaram deficitárias em R$ 8,45 bilhões, frente ao superávit de R$ 14,56 bilhões de igual intervalo de 2015. 
De acordo com o Tesouro Nacional, responsável pela divulgação dos números, no período de 12 meses encerrado em abril o Governo Central apresentou um déficit primário de R$ 143,85 bilhões, o equivalente a 2,30% do PIB. 
O secretário do Tesouro, Otavio Ladeira, explicou que o saldo positivo das contas em abril foi provocado principalmente pelo efeito sazonal favorável do pagamento do Imposto de Renda. “Os meses de abril são em geral de resultados fiscais positivos, fundamentalmente explicados pela Receita”, disse. 
Ainda assim, o secretário destacou que a arrecadação continua sentindo o efeito da atividade econômica fraca. A receita total em abril somou R$ 119,42 bilhões, uma queda real de 6,9% ante abril do ano passado. A receita administrada pela RFB caiu 4,9%, para R$ 75,91 bilhões. No acumulado dos quatro primeiros meses do ano, a receita total diminuiu 5,5% em termos reais e a receita administrada pela RFB recuou 7,4%. 
“Quando comparamos a evolução das receitas tributárias, vemos queda menos pronunciada neste ano em comparação com o ano passado, mas ainda assim é uma queda forte”, disse Ladeira. 
A despesa total, por sua vez, cresceu 2,2% em termos reais nos quatro primeiro meses do ano ante igual intervalo de 2015. Entre os destaques dessa conta estão o aumento de R$ 6,3 bilhões em abono e seguro-desemprego, cujo cronograma de desembolso mudou do segundo semestre do ano passado para o primeiro deste ano, e a queda real de 60,6% dos desembolsos do Minha Casa Minha Vida, que saíram do Orçamento Geral da União e passaram a ser honrados pelo FGTS. 
Em abril, do lado das despesas, Ladeira chamou atenção para a queda do pagamento de seguro-defeso, de R$ 505 milhões para R$ 35 milhões, e para o recuo de 72,3% do dispêndio com o Fundeb. “O pagamento de abril foi suspenso pelo MEC em função de uma ação judicial de um Estado. Julgada a liminar, o MEC fez a transferência em maio.” Por isso, o valor de R$ 1,1 bilhão que deixou de ser pago em abril impactará as contas de maio. 
Outro ponto destacado pelo secretário no resultado do mês foi a queda de 96,5% do pagamento de subsídios e subvenções. “No passado, pagava-se a totalidade dos subsídios quando o caixa permitia”, disse ele. Por isso, em abril de 2015 houve forte dispêndio nessa rubrica. A partir da mudança definida pelo TCU, o pagamento passa a ficar concentrado em janeiro e julho a partir deste ano” esclareceu.   
Ladeira destacou que a mudança da meta fiscal para este ano, para um déficit primário de R$ 170,5 bilhões para o Governo Central, foi importante. Segundo ele, havia um conjunto de despesas, muitas delas já empenhadas e liquidadas, que não poderiam ser pagas sem a recomposição de R$ 21,2 bilhões do contingenciamento que havia sido anunciado em março. 
Outro ponto importante relacionado à nova meta, mencionou, são as incertezas do lado da arrecadação e as negociações em torno das dívidas dos Estados. “O Tesouro Nacional está consciente da situação fiscal dos demais entes da Federação e está disposto a sentar e discutir com eles, tentando buscar a melhor solução”, afirmou o secretário. As negociações passam necessariamente pelo reequilíbrio de curto prazo e pelo enfrentamento de questões estruturais, acrescentou.   
Ladeira destacou também os três boxes do documento deste mês. O primeiro trata do Relatório Anual do Tesouro Nacional. “Ele faz uma análise bem mais ampla que a mensal, é bastante completo. Trabalha com os avanços institucionais do Tesouro, uma série de eventos positivos para o acompanhamento das contas públicas.” 
O segundo boxe menciona o novo modelo contábil que alinhou o Balanço Geral da União às melhores práticas internacionais, resultando em um documento muito mais robusto, na opinião do secretário. O terceiro boxe fala do Relatório Bimestral de Reavaliação de Receitas e Despesas Primárias, que se comunica plenamente com os números mensais do Tesouro. 

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Raduan Nassar: Prêmio Camões 2016.


O Prémio Camões 2016 foi esta segunda-feira atribuído por unanimidade ao escritor Raduan Nassar, de 80 anos, o 12.º brasileiro a receber aquele que é considerado o mais importante prémio literário destinado a autores de língua portuguesa. O júri sublinhou "a extraordinária qualidade da sua linguagem" e a "força poética da sua prosa".

Boletim Focus: base 27/05 e o PIB cairá 3,81% em 2016!

No Boletim Focus, divulgado hoje pelo Banco Central, o mercado fez alguns ajustes em suas projeções, com destaque para o IPCA, a taxa Selic e o câmbio. Em síntese, destacamos: 

PIB: melhorou de -3,83 para -3,81%;
Inflação: subiu de 7,04% para 7,06%;
Dólar: caiu de R$ 3,67 para R$ 3,65;
Taxa básica de juros (Selic): subiu de 12,75% para 12,88%.

domingo, 29 de maio de 2016

Batalha de Verdun: 1916 - 2016. Cem anos de história.

Há exatamente 100 anos, na mais sangrenta batalha da Primeira Guerra Mundial, milhares de alemães e franceses morreram pela pátria em Verdun. 

Hoje, "François Hollande et Angela Merkel seront à Verdun, pour le centième anniversaire de la Grande Guerre. L'objectif est de faire de ce haut lieu de l'héroïsme un symbole de l'amitié franco-allemande".   




Gustavo Franco: "Precisamos falar sobre herança."


Neste domingo de outono brasileiro, Gustavo Franco é mais uma vez preciso e didático ao evidenciar a situação atual da economia brasileira. 

Segundo ele, "E não por acidente as quedas no PIB do biênio 2015 e 2016, que se espera que atinjam 3,8% e 3,8%, ultrapassam o que se observou nos anos da Grande Depressão, 1930-31, quando as quedas foram de 2,1% e 3,3%. É fundamental que se tenha clara a exata natureza e extensão da herança, para que as dores inerentes ao árduo trabalho de reconstrução financeira e fiscal do crédito público sejam associadas a quem produziu a doença, e não ao médico."

Um texto para ler e reler.

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Dr. Dr. h.c. Fernando Henrique Cardoso: Harvard University.



His Excellency Fernando Henrique Cardoso

Doctor of Laws

Fernando Henrique Cardoso served as president of the Federative Republic of Brazil from 1995 to 2003. He is a sociologist and the author of several books on social change and development in Brazil and Latin America.
Cardoso holds a degree in sociology from the University of Sao Paulo, where he later taught from 1952 to 1964. After the country’s 1964 coup d’etat, he was persecuted for his efforts to improve public education and modernize the university. He continued his academic career in exile, living in Chile and France before returning to Brazil in 1968. Before becoming president, he held several other positions in the Brazilian government, serving as a state senator, minister of foreign affairs, and minister of finance.
Cardoso has taught at universities in Chile, England, France, and the U.S., and he founded the Centro Brasileiro de Analise e Planejamento, which became an important center for research on Brazilian politics and culture. He is past president of the International Sociological Association and holds honorary degrees from more than 20 universities.

Barack Obama em Hiroshima faz história neste 27 de maio de 2016.

"Há 71 anos a morte caiu do céu e o mundo mudou.”


quinta-feira, 26 de maio de 2016

quarta-feira, 25 de maio de 2016

CAGED abril/2016: 1.825.609 novos desempregados nos últimos 12 meses.

1.Segundo os dados do CAGED, em abril de 2016, foram eliminados 62.844 empregos celetistas, equivalente à retração de 0,16% no estoque de assalariados com carteira assinada do mês anterior.

2. Na série ajustada, que incorpora as informações declaradas fora do prazo, no acumulado do ano, os dados mostram um decréscimo de 378.481 empregos (-0,95%). 

3. Ainda na série com ajustes, nos últimos 12 meses verificou-se a redução de 1.825.609 postos de trabalho, equivalente à variação negativa de 4,44 % no contingente de empregados celetistas do país. 

Brasil: um teto ao gasto público ou não teremos futuro?

De 1997 a 2015, o gasto primário do Governo Federal se deslocou de 14% para 19% do PIB, portanto se observou crescimento anual médio da ordem de 0,3 p.p. do PIB no período e de 5,8% ao ano acima da inflação. 
No período 2008/2015, enquanto a receita total anual cresceu 12,1%, em termos reais, a despesa total cresceu 47,7%.
Em resumo, as despesas do setor público se encontram em trajetória insustentável. 
Por essa razão, o Governo Federal irá apresentar ao Congresso Nacional uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que limitará o crescimento da despesa primária total. 
Para tanto, irá propor um limite para o crescimento da despesa primária total do Governo Central, equivalente à inflação do ano anterior, isto é, um crescimento de zero acima da inflação. 
A aplicação mínima de recursos em educação e saúde terá como base o valor mínimo obrigatório observado em 2016, que será anualmente aumentado segundo o mesmo mecanismo (inflação do ano anterior). 
Além de limitar o crescimento das despesas públicas, essa estratégia: (1) aumenta a previsibilidade da política macroeconômica, fortalecendo a confiança; (2) elimina o crescimento real do gasto público, portanto, em situações de emergência permitirá ao Estado alterar sua composição; e (3) reduz o risco-país e, assim, abre espaço para redução estrutural das taxas de juros. 
Limite constitucional: Uma vez que o Congresso Nacional aprove a PEC, a aplicação mínima constitucional em educação e saúde passa a ser a calculada segundo a regra constante da PEC. 
Prazo de vigência: Terá vigência permanente, e não temporária. 
Estouro do Teto: Caso a norma constitucional seja desrespeitada, o agente público que deu causa à infração responderá conforme previsão legal. Cabe notar ainda que qualquer lei aprovada em desconformidade com norma constitucional pode ser vetada ou declarada inconstitucional.

terça-feira, 24 de maio de 2016

Henrique Meirelles: medidas de política econômica para o Brasil de hoje.

As medidas de política econômica que o governo anunciará nesta terça-feira (24/05) serão focadas no controle das despesas primárias e financeiras, na eliminação de ineficiências do gasto público e na busca pela melhoria do desempenho da prestação de serviços às camadas mais pobres da população. A afirmação foi feita pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, durante participação no seminário “O Brasil que temos para o Brasil que queremos”, promovido pela revista Veja nesta segunda-feira (23/5). 
“A ideia é exatamente um plano de voo, com medidas que tenham efeitos plurianuais e impactos permanentes”, disse Meirelles. A ênfase, portanto, será menos numa melhora pontual do resultado primário e mais na tentativa de colocar a dívida pública em uma trajetória de sustentabilidade no longo prazo. 
O ministro destacou que, se nada for feito, a dívida pode ultrapassar, em alguns anos, a marca de 80% do PIB, aproximando-se do dobro da média dos países emergentes, hoje em 44% do PIB. “Corremos risco de descumprimento da chamada regra de ouro, que veda emissão de dívida além do necessário para rolar a dívida vincenda e pagar as despesas de capital”, disse Meirelles. 
A combinação de aumento permanente da carga tributária com contenção temporária das despesas – fórmula historicamente usada para resolver crises fiscais no Brasil – não se aplica mais, disse o ministro. De um lado, a carga tributária já atingiu um patamar que introduz ineficiências nas decisões dos agentes econômicos e limita o crescimento. De outro, o aumento do gasto concentrou-se em despesas obrigatórias, que dão pouca margem de manobra para ajustes. 
Desta vez, “o processo começa por controle rígido e rigoroso da despesa”, afirmou Meirelles. O reforço da mensagem de que não haverá mais desequilíbrio fiscal trará aumento da confiança, do emprego, do investimento e consequente elevação da arrecadação tributária, facilitando o reequilíbrio das contas públicas, explicou o ministro. “O aumento da arrecadação tem que vir como consequência do processo, não como pressuposto de saída do processo”, defendeu. 
Meirelles destacou que as ações a serem tomadas pelo governo não são um fim em si mesmas. “Elas, sem exceção, são um meio – a rigor o único – de trazer de volta ao mercado de trabalho os 11 milhões de brasileiros que hoje estão desempregados, de reduzir a dúvida de empresários quanto ao futuro dos seus negócios, de diminuir a insegurança dos trabalhadores que conseguiram permanecer no emprego, de garantir que, em cinco, dez ou 15 anos os nossos aposentados receberão seus benefícios”, disse o ministro. 

domingo, 22 de maio de 2016

Vinicius Torres na FOLHA: "Quebramos"

Na FOLHA DE S. PAULO, Vinicius Torres Freire, essencial e didático.   

Quebramos. O governo federal do Brasil está quebrado.

Não é novidade. No fundo, é força de expressão: o governo vai continuar a pagar as contas: vai ainda tomar emprestado, sabe-se lá até quando e a que custo (juros altos, dívida crescente e economia estagnada). No limite do desastre, sem crédito viável, fabrica dinheiro e paga as contas, ao custo de inflação desembestada

Quebramos? Não tem volta? Tem. Nessa volta, teremos de subir uma escadaria de joelhos nus sobre o milho, com uma pedra nas costas.

Se ainda era necessário um alerta final, tivemos a sexta-feira (20). Foi então que o governo anunciou que o deficit deste ano pode chegar a R$ 170 bilhões, o triplo do deficit teratológico de 2015 (já descontadas as despesas extraordinárias das "despedaladas" de 2015).

É um deficit 75% maior que o previsto pelo moribundo governo Dilma Rousseff, faz apenas uns dois meses. Em escala menor, é um episódio Grécia 2010: a lambança e a mentira eram maiores do que se imaginava.

Suponha-se, com razão, que o governo Temer tenha exagerado a herança maldita. Feitas contas alternativas e descontadas despesas extraordinárias, digamos que o deficit esteja correndo na casa de R$ 125 bilhões (deficit primário: em que não entra a despesa de juros).

O que são R$ 125 bilhões? Por exemplo, é o gasto total com os salários dos funcionários públicos federais. São mais de quatro anos e meio de Bolsa Família. É mais que o dinheiro que se paga por ano aos 8,4 milhões de aposentados da Previdência Rural. É um terço da despesa da Previdência. É colossal.

Dá para cortar? Algo, sempre dá. Mas o dinheiro cortável, aquela parte do Orçamento que não está comprometida com gastos obrigatórios, equivale a uns R$ 115 bilhões. Mexer em gasto obrigatório exige mudança de lei: em aposentadorias, em salários, no piso das despesas com saúde e educação.

Supondo que fosse possível cortar sem mais R$ 125 bilhões, o deficit primário cairia a zero. Melhor, mas insuficiente. No zero a zero, a dívida pública continua crescendo.

É verdade que a receita do governo cai sem parar praticamente desde março de 2014, em termos anuais. Desde então, foram-se R$ 142 bilhões, em termos reais (descontada a inflação). Parte maior da perda se deve à recessão; outra parte se deve às reduções de impostos de Dilma 1.

Sem aumentos de impostos, essa receita perdida não vai voltar a correr para os cofres do governo antes que o país recupere o PIB perdido na recessão. E olhe lá. Leva anos, com bom crescimento da economia. Para piorar, desde março de 2014 a despesa cresceu R$ 86 bilhões.

Será preciso esquecer, por vários anos, a meta de contas no azul (superavit primário) bastante para evitar o crescimento da dívida. A proposta modesta de agora é zerar o deficit primário, arrumar uns R$ 125 bilhões e dar um jeito de fazer a economia crescer o quanto antes.

Difícil zerar essa conta sem um baita aumento de impostos e outro tanto de corte dolorido de gastos. Quem acha que é possível fazer tal coisa sem mais impostos justamente distribuídos está brincando, entre outras coisas, com a ideia de que esfolar o povo sai de graça.

vinicius.torres@grupofolha.com.br 

sábado, 21 de maio de 2016

TIME: May 30, 2016 - Battle of the Bathroom


Monica de Bolle: O Desafio do Comércio Exterior.

Muito tem sido dito sobre a nova equipe econômica brasileira, alívio incontestável ante o triunfo da incompetência, marca da gestão de Dilma Rousseff. Naturalmente, a atenção tem se voltado para os nomes do Ministério da Fazenda e do Banco Central, sobretudo do Ministério da Fazenda, que terá trabalho árduo para descobrir qual o tamanho do buraco que o governo afastado cavou nas contas públicas brasileiras. Esse, entretanto, não é artigo sobre os desafios fiscais, amplamente conhecidos e debatidos à exaustão. Esse artigo trata de outro tema, tema que o novo governo parece pronto a encaminhar como há muito não se via.

Foram muitos os artigos escritos por diversos economistas, inclusive por mim, sobre o tema do comércio exterior, sobre o isolacionismo brasileiro, sobre o fato de sermos uma das economias mais fechadas do planeta. Há muito tempo o Brasil não tem estratégia clara para a política externa. A política externa do governo de Dilma Rousseff foi pródiga em desmandos e anomalias. Não à toa, estados falidos como a Venezuela de Maduro, a trágica Venezuela, atacaram de modo veemente o afastamento da Presidente. A razão é conhecida: a Venezuela acaba de perder o mais importante apoio diplomático e financeiro da região.

A guinada de Michel Temer na política externa brasileira prenuncia-se com a posse do Senador José Serra como Ministro das Relações Exteriores, e com as novas responsabilidades que o cargo terá sobre o comércio exterior. Há muito o que fazer: procurar formas de engajamento com a Aliança do Pacífico, repensar o Mercosul junto com parceiros como a Argentina, que, sob a liderança de Macri, já deu sinais de que pretende reavaliar o acordo que jamais funcionou bem para parte alguma, levar a cabo as negociações entre o Mercosul e a União Europeia, retomar a agenda de facilitação de comércio entre o Brasil e os Estados Unidos. Para avançar nessas e em outras áreas é preciso tratar de temas espinhosos, como as nefastas regras de conteúdo local disseminadas por toda parte pelo governo de Dilma Rousseff. É preciso, também, ter bom entendimento sobre como está o Brasil, hoje, no mundo.

É recorrente a ideia de que o Brasil nesses últimos anos tornou-se primordialmente país exportador de produtos básicos. Verdade que nossa indústria sofre há anos com políticas equivocadas, carga tributária demolidora, excesso de regulações que dificultam a atividade produtiva, e por aí vai. Contudo, há alguns dados interessantes, frequentemente ignorados. Segundo base de dados de comércio do Banco Mundial (WITS – World Integrated Trade Solution), 62% das exportações do Brasil para os Estados Unidos são de bens intermediários ou bens de capital, contra apenas 23% de produtos primários. Para a União Europeia, o Brasil exporta cerca de 46% do total em bens intermediários ou de capital, contra 41% de produtos primários – ou seja, o peso dos primários na pauta dessa relação bilateral é praticamente igual ao de produtos com maior valor adicionado. Por fim, para a China destinamos 84% de nossa produção primária, contra míseros 15% em bens de capital e bens intermediários. Há, portanto, espaço não apenas para promover a indústria brasileira entre alguns de nossos principais parceiros comerciais, mas, sobretudo, para priorizar as relações entre os países que mais compram produtos industriais “made in Brazil”.

Por falar em “made in Brazil”, outro dado amplamente desconhecido assusta. Revela a World Input-Ouput Database (WIOD) que entre 1995 e 2011, o conteúdo de valor-adicionado importado nas exportações de produtos manufaturados brasileiros praticamente não mudou, passando de 9% para 11% em década e meia. Em contrapartida, na China tal número saltou de 10% para 35% no mesmo período, enquanto na Índia o pulo foi de 9% para 24%. Ou seja, enquanto a indústria exportadora nacional permaneceu caracterizada pelo viés nacionalista, outras grandes economias emergentes passaram a enxergar as virtudes do “made in the world”.

Por fim, livro muito interessante de Caroline Freund, do Peterson Institute for International Economics (“Rich People, Poor Countries”, publicado esse ano) mostra claramente a ausência de dinamismo no Brasil a partir de uma base de dados que reúne as grandes fortunas de diversos países emergentes. Há imenso contraste naquilo que se vê no Brasil, de um lado, Índia e China, de outro. Enquanto no Brasil cerca de metade dos bilionários do país são indivíduos que herdaram suas fortunas, na Índia e na China os bilionários são majoritariamente empreendedores que formaram suas próprias empresas, sem depender de conexões políticas ou apadrinhamentos, ao contrário do que muitos imaginam. Na Rússia, não surpreendentemente, cerca de 70% dos indivíduos bilionários não são “self-made”, mas sim gente politicamente conectada e apadrinhada.

O que toda essa evidência empírica revela é que o Brasil tem muito o que fazer para correr atrás do prejuízo causado por anos de isolacionismo. As novas lideranças que haverão de tratar desses temas inspiram grandes expectativas. Avancemos, pois.

Publicado no portal Exame em 20/05/2016.

IPEA: Economista Manoel Carlos de Castro Pires é o novo presidente.

O economista Manoel Carlos de Castro Pires foi nomeado nesta quarta-feira, dia 18, para o cargo de presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Doutor em Economia pela Universidade de Brasília, Pires é efetivo da carreira de técnico de Planejamento e Pesquisa do Instituto desde 2004, com atuação reconhecida na área de finanças públicas e macroeconomia.

Antes de ser nomeado para presidir o Ipea, o economista esteve à frente da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, onde também foi secretário interino de Acompanhamento Econômico, diretor de Programas e coordenador Geral de Política Fiscal. Chefiou a Assessoria Econômica do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

Pires é graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Fluminense e tem mestrado em Economia da Indústria e da Tecnologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ganhou o Prêmio do Tesouro Nacional em 2007, 2008, 2009 e 2012.

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...