quinta-feira, 3 de setembro de 2015
terça-feira, 1 de setembro de 2015
Qual é a alternativa?
No ESTADÃO de 01/9/2015, o texto do competente Ilan Goldfajn, economista-chefe e sócio do Itaú Unibanco:
O Brasil está deprimido, clinicamente. Não consegue ver nenhuma saída
para seus problemas. Percebe o problema fiscal como insolúvel. Tinha metas no
passado? Não conseguiu atingir. Tem metas menores no presente? Já não são
factíveis. E as metas futuras, basta prometer, não? Já ninguém acredita. Mas, e
se for pra valer, cortando gastos? Dizem que estamos no osso (mesmo gastando
mais de 40% do PIB). E aumentar impostos, como no passado? Ninguém mais se submete
a isso. A solução, então, é aceitar o déficit primário? É a pior saída.
Significaria mais inflação, recessão, queda de salário real e piora na
distribuição de renda.
Indicar um déficit primário no Orçamento (em vez de superávit) para o ano
que vem significa admitir que o País não consegue decidir-se por um caminho que
evite o pior. E significa também que não há consenso para transformar um
desequilíbrio no presente em equilíbrio futuro. O resultado será uma dívida
crescente. E um risco Brasil maior. Nesse caso, as agências de classificação
provavelmente reduziriam o grau de investimento do País. Os investidores
reprecificariam os ativos brasileiros no mercado, o que resultaria em queda na
bolsa, depreciação do câmbio e juros maiores nos mercados.
A inflação viraria a solução, na falta de opção. A depreciação do real
aumentaria a inflação, o que reduziria as rendas, em termos reais. Os salários
não conseguiriam acompanhar a inflação, em razão da fraqueza no mercado de
trabalho. As rendas mais baixas sofreriam mais com o aumento da inflação por
estarem menos protegidas e consumirem parcela maior da renda.
A inflação é o imposto regressivo que fecha as contas, à força. É a solução
clássica no Brasil do passado. As diversas lideranças neste país se recusam a
optar por outra solução.
E a solução do passado vai enfrentar as instituições do presente: há
metas de inflação e um Banco Central com responsabilidade para cumpri-las. Para
evitar uma inflação maior a atividade poderá sofrer mais. Na ausência do ajuste
via preços, a economia pode precisar ajustar ainda mais via quantidade.
O próprio risco Brasil maior reduz o investimento, que derruba a
atividade, enfraquecendo o mercado de trabalho. Essa fraqueza destrói empregos
e induz a queda do salário real, o que diminui a massa salarial e o consumo. A
recessão poderia aprofundar-se.
A perda de renda real, que afeta desproporcionalmente os mais pobres,
impactaria a distribuição de renda e a nova classe média. O tão festejado PIB
do povo - dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) -,
infelizmente, alcançaria o PIB dos economistas, como já era de esperar. A nova
classe média sofreria sendo empurrada para classe baixa, uma volta traumática.
O desenrolar acima seria a efetiva saída por não optar. Mas qual é a
verdadeira alternativa?
No presente, cortar mais gastos é visto como muito difícil, assim como
diminuir benefícios é visto como impopular e quase impossível. Mas aumentar a
inflação, perder o grau de investimento, aprofundar a recessão e piorar a
distribuição de renda, essa é uma opção válida?
Recuso-me a acreditar que num país com tanto gasto e tanta ineficiência
não seja possível achar espaço para melhorar. Certamente há frutas baixas a
serem colhidas. O contra-argumento é que, ao contrário da colheita de frutas
nos trópicos, a melhora na economia precisa de um mínimo de organização,
liderança e certo consenso.
É claro que temos problemas considerados “estruturais” (entenda-se, que
vêm de longa data e são considerados de difícil resolução). Acredita-se que a
sociedade tenha adotado um grande “contrato social” desde pelo menos a
Constituição de 1988, cujos benefícios concedidos a vários grupos já não cabem
no PIB. A carga tributária necessária para pagar esse Estado social já paralisa
a economia. A dívida criada para financiar os gastos atingiu um teto, e o risco
de perda do grau de investimento atesta isso.
Dizem que não se pode desperdiçar uma crise para fazer as duras mudanças.
O medo do pior torna o custo da mudança o mal menor. Entre duas opções ruins, o
natural em tempos normais é acreditar numa terceira mais benigna que ainda
virá. Adia-se a decisão à espera dessa opção benigna, que não aparece. As
opções realistas ficam piores. A crise obriga a uma decisão, contanto que haja
um mínimo de organização e liderança.
Há certamente escolhas duras a fazer, revendo benefícios, adequando o
Estado à renda disponível. Nada trivial. É mais fácil dar do que tirar, se autoenganar
do que aceitar a realidade do possível. Mas essa dura realidade não deve ser interpretada como um convite à falta
de posicionamento e a delegar a um futuro distante a tarefa de consertar os
problemas estruturais, a ser resolvida depois de um grande consenso abstrato da
sociedade. A dura tarefa terá de ser feita aqui, e a partir de agora, na forma
como o Brasil se organiza, pelo Congresso e pelo Executivo (neste e nos
próximos). As políticas adotadas hoje não são neutras: pioram ou melhoram os problemas
estruturais.
Alguns ajustes estão a caminho. O câmbio mais depreciado ajuda a diminuir
o déficit em conta corrente e estimula o crescimento dos setores exportadores e
que competem com importados. É uma das poucas fontes de crescimento.
O realismo tarifário aliviou setores e descongelou preços, tirando
distorções relevantes e ajudando a economia. O ajuste parafiscal reviu
programas insustentáveis e diminuiu subsídios. O investimento na infraestrutura
e as reformas do PIS-Cofins e da unificação do ICMS, se aprovadas, são esforços
na direção certa.
Mas é necessário equacionar o problema fiscal, sem o que será difícil
enxergar a retomada da economia e um caminho estável à frente. Para isso será
necessário optar, por exemplo, por um corte maior no curto prazo (e depois
buscar uma reforma que limite o crescimento de gastos no longo prazo). Evita-se
assim a crise que, implicitamente, é escolher a pior opção.
domingo, 30 de agosto de 2015
Ceará: de Beto Studart para Dilma Rousseff.
Discurso de BETO STUDART Presidente da Federação da Indústrias do Estado
do Ceará- FIEC na recepção à presidente Dilma em Fortaleza em 28/08/2015:
Exma. Senhora Presidente Dilma Rousseff, Exmo. Sr. Ministro do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Amigo Armando Monteiro, Exmo. Sr.
Ministro do Planejamento Nelson Barbosa, Exma. Sra. Ministra Kátia Abreu, Exmo.
Sr. Governador do Estado do Ceará, amigo Camilo Santana,
Amigos empresários...
Estamos muito satisfeitos em fazer parte desse momento importante do
nosso Estado, quando o governador Camilo Santana anfitriona a Presidente Dilma
Roussef e sua comitiva, e reúne tantas pessoas de diferentes setores da
economia, de diferentes pensamentos, em um grande evento cujo título é tão
simbólico quanto esperançoso. Este "Dialoga Ceará" diz muito de nós,
cearenses, sempre abertos, prontos a receber, animados em construir laços, em
interagir, em unir para crescer.
Porém, devo dizer que essa satisfação com a qual nos encontramos nesta
tarde, está longe de ser o sentimento do nosso cotidiano, porque o cenário que
nós, do setor produtivo brasileiro, enfrentamos, não nos permite maiores
lampejos de euforia.
Mas é com um enorme senso de responsabilidade que enalteço, em nome da
Federação das Indústrias do Estado do Ceará – FIEC e dos industriais do nosso
Estado, a oportunidade de nos fazer ouvir pela Presidente Dilma Roussef e
alguns de seus mais importantes ministros.
Graças à capacidade aglutinadora, ao espírito público e à visão coletiva
do nosso governador, e também ao empenho do Ministro Armando Monteiro, esse
momento se fez possível. Deste encontro, não seria honesto dizer que esperamos
obter respostas para todos os problemas que se avolumam sobre nós. Mas é nosso
dever registrar, de modo franco, de peito aberto, o descontentamento diante do
quadro econômico nacional. É nossa missão trazer à tona aquilo que enxergamos como
equívocos que devem ser corrigidos, e cobrar, direta e energicamente, uma
tomada de posição imediata e assertiva para salvar nosso país e para aventar
uma retomada do crescimento, ainda que num prazo não tão breve.
De modo geral, nós, industriais, nos vangloriamos de sermos visionários,
somos tidos como otimistas, mas, no dia a dia, estamos vendo esta essência ser
arrancada de nós. Mais especificamente nos últimos meses, tem sido doloroso
empreender no Brasil, tem sido torturante produzir, tem sido impossível manter
a confiança de que sairemos inteiros destas dificuldades.
Vimos acumular queda na produção industrial brasileira em torno de -6,5%
nos últimos seis meses, e de -8% no Ceará, numa consequência direta da terrível
redução da demanda nacional e também por força de problemas estruturais da
economia, que reduzem drasticamente a competitividade dos produtos nacionais,
em inúmeros setores da nossa indústria.
No que se refere ao emprego, além dos números propriamente ditos, nos
assombra a velocidade com que tem acontecido as perdas dos postos de trabalho,
denotando quanto essa crise pode alongar-se. Apenas neste ano, no Brasil, foram
quase 400 mil demissões, num reflexo da ociosidade da produção e das incertezas
econômicas.
No nosso Estado, foram suprimidas 35 mil vagas na Indústria, o que
representa cerca de 10% de um universo já restrito de 350 mil empregos no nosso
setor. Se esses números não são ainda maiores, é porque parte do empresariado
conseguiu minimizar demissões com alguns artifícios, como a utilização de
férias coletivas e o uso de banco de horas. Mas esse lastro já está sendo
consumido em mais e mais empresas, e, portanto, o drama do desemprego pode ser
ainda mais profundo.
Na construção civil, por exemplo, setor dos mais fortes, entre os maiores
empregadores, especialmente no nosso
Estado, os sucessivos atrasos dos pagamentos referentes ao Projeto Minha Casa
Minha Vida, chegando a R$ 160 milhões, impactam irremediavelmente sobre as
construtoras. Caso não seja feita a devida regularização, estimamos que haja,
já na próxima semana, uma leva de 4 mil novas demissões que se somarão a outras
5 mil já realizadas por este segmento econômico, apenas no Ceará.
No setor metal-mecânico, o cerco também está apertando, fazendo com que
entre em forte desaceleração. Outros setores importantíssimos, como couro,
calçados, confecções e alimentos também sentem fortemente o golpe da recessão e
engrossam as fileiras dos setores em declínio.
Presidente Dilma, como é de conhecimento, por mais de 70 anos, o Nordeste
tem mantido o PIB per capita médio inferior a 50% do PIB per capita brasileiro.
Este é um desempenho muito aquém do potencial da nossa região, e não podemos
aceitar continuar nesse patamar, porque nós podemos muito mais, podemos gerar
riqueza para nossa sociedade, temos muito mais a oferecer para o Brasil.
Perceba, Presidente Dilma Roussef, é um sofrimento analisar o passado
recente, é angustiante viver o presente, mas o pior tem sido o desalento ao
olhar para frente. Afinal, como podemos ser otimistas, se nos vemos obrigados a
cortar empregos, enquanto o Governo se arrasta nos ajustes da máquina pública e
nos traz de volta a malfadada CPMF que dispensa comentários?
Respostas retóricas não nos bastam. Otimismo não recupera-se com o verbo.
Precisamos de ação, de urgência, de foco, de verdade! Estamos aqui, abertos ao
diálogo, mas palavras não nos convencem. São as atitudes efetivas que poderão
nos reerguer.
Atitudes corajosas como uma reforma significativa na máquina pública,
hoje reconhecidamente ineficiente, não demitindo apenas 1.000 pessoas, como
divulgado, que é um montante irrelevante, mas fazendo um estudo profundo da
real necessidade de corte para tornar o Estado eficiente. O superávit não vem
pela ampliação de impostos, seria catastrófico, e sim por uma grande
racionalização da máquina pública evitando desperdícios.
A verdade é que, efetivamente, o Governo Federal ainda não apresentou as
saídas adequadas para esse momento agudo da economia. Para corroborar, tivemos
hoje a confirmação da recessão, que sentíamos na própria pele há tempos e que
nos devasta.
Para não dizer que só há desesperança, Presidente, ressalto o prenúncio
da chegada das águas do Rio São Francisco ao Canal da Transposição, num feito histórico
que trará a segurança do abastecimento de água para a população e para
atividades produtivas de vários estados do Nordeste e, em particular, para o
nosso Ceará.
Ainda que o volume liberado seja muito pequeno em relação à
disponibilidade, vislumbrar que as obras se completem até o próximo ano, é um
acalanto para nossa população. Mas é preciso que os prazos se cumpram, porque
os efeitos da estiagem no nosso sertão já são sentidos e são verdadeiramente
cruéis.
Outra obra da maior importância para o Nordeste é a Transnordestina, que
vai permitir maior competitividade na produção agrícola e mineral da região,
numa transformação positiva da nossa logística. A viabilização de sua
continuidade e a sua conclusão significam uma grande abertura de oportunidades
econômicas para regiões semi-áridas antes sem perspectiva. Também pelo ritmo
atual das obras, é imperativo que o Governo Federal assegure sua continuidade.
Presidente, não permita que se instale a indústria de recuperação
judicial, RJ, entre os empresários do nosso Estado, na eminência de acontecer,
e colabore, por favor, com o governador Camilo Santana para que ele possa dar
continuidade aos seus projetos estruturantes, fundamentais para o nosso
desenvolvimento, saindo do marasmo atual.
Por fim, Presidente Dilma, meus amigos, ainda que encobertos por toda
essa névoa de desencantamento e sob a sensação de navegarmos num barco sem
leme, nós somos todos brasileiros e, como sabemos, não desistimos nunca.
É por isso que estamos aqui reunidos hoje, desejando fortemente que Deus
ilumine a todos, e a senhora em particular, para que, enfim, possa ser
encontrado o caminho para dias melhores.
Muito obrigado.
BETO STUDART
terça-feira, 25 de agosto de 2015
CORECON SP: Homenagem Dia do Economista.
DIA
DO ECONOMISTA
13/08/2015
Carlos
Roberto de Castro
Professor de
Economia, ex-Presidente do CORECON-SP e do COFECON
Embora
a profissão de economista já tenha atingido a sua terceira idade – completados
no dia 13 agosto 64 anos de existência, reconhecida pela edição da Lei nº 1.411
de 13 de agosto de 1951 - até hoje sua atividade é pouco compreendida pela
sociedade, sendo, não raro, muitas vezes confundida por outras profissões.
Se
citarmos o médico, o advogado, o engenheiro, por exemplo, prontamente se cria
uma expectativa de quais sejam as atividades de cada um desses profissionais.
Mais
exposto à opinião pública e mais diretamente vinculado ao sucesso ou insucesso
do cenário em que atua, o economista é frequentemente apontado como responsável
pelos problemas econômicos que passam, invariavelmente, a ter cunho social.
O
profissional economista se preocupa com um aspecto do comportamento humano:
aquele que se origina do fato de as ambições dos homens serem maiores que sua
possibilidade de satisfazê-las.
De
forma resumida, questão econômica – em um conceito amplo – se configura quando
estão presentes quatro condições:
1)
múltiplos objetivos pretendidos;
2)
possibilidade de apresentação desses objetivos em escala hierárquica
3)
insuficiência de recurso para o atendimento integral de todos os objetivos
propostos; e
4)
possibilidade de aplicação desses meios, alternativamente entre os diversos
objetivos.
Em
outras palavras, cada solução tem seu custo. Existe sempre um preço a pagar.
Atuamos
no campo das ciências humanas e, portanto, trabalhamos com variáveis
condicionadas, também, por fatores sociais e políticos.
Jamais
conseguiremos eliminar completamente as margens de erro porque não podemos
fazer experiências de laboratório, repetindo simulação de fatores idênticos.
É
a interação do comportamento de milhões de indivíduos, cada um pensando em si,
com suas próprias expectativas, mas sujeitos a restrições do seu orçamento e do
sistema de preços; ou seja, trata-se de uma ciência que procura descrever o
comportamento de homens e mulheres produzindo, comprando e vendendo coisas.
Os
economistas têm uma formação matemática que permite lidar com números com
competência; uma formação histórica e sociológica que permite ter uma visão de
conjunto das mudanças; um treinamento da expressão escrita e uma formação
teórica consistente.
O
Economista é, portanto, um profissional que a partir de um bom domínio da
Ciência Econômica está capacitado para intervir no processo social, oferecendo
a melhor contribuição específica sobre aspectos que são privativos de sua
profissão. Ou seja, ele está apto a colocar a serviço da sociedade moderna um
conjunto de conhecimentos científicos, acumulados e sistematizados ao longo de
toda a história, tanto política, quanto social e econômica.
São
essas regularidades que os economistas pretendem conhecer e utilizar para fins
de política econômica. Cada cenário reúne condições novas, embora semelhantes
aos fenômenos anteriores.
Nosso
compromisso, como profissionais de economia é conhecer cada vez melhor nossa
área de atuação e conhecer os instrumentos que essa ciência nos oferece para
minimizar ao máximo as possibilidades de erro
Importa
ter sempre em mente que o trabalho teórico tem uma destinação própria: Fazer compreender a realidade.
Mas
é preciso compreender que a teoria deve ser aplicada ao momento histórico por
quem conheça as suas limitações. É imprescindível que as condições reclamadas
para sua validade estejam presentes.
Por
sua formação o economista tem um mercado de trabalho bastante diversificado,
podendo atuar em empresas públicas ou privadas, de vários segmentos produtivos.
O
conhecimento da realidade de mercado e do ambiente político-legal em diversos
países permite ao economista planejar as ações estratégicas (volume de oferta,
política de preços, etc.), analisar o retorno dos investimentos da empresa e o
comportamento da demanda, entre outras atividades de simulação e planejamento.
Para
a consecução destes objetivos o economista tem que se relacionar com uma equipe
multidisciplinar que envolve especialistas de diferentes áreas de atuação.
Portanto,
economista não é somente aquele que faz orçamentos, planejamentos, análises de
investimentos etc. Mas é aquele profissional que, além de exercer todas estas
funções, é capaz de pensá-las dentro de um contexto geral de todo o processo de
distribuição e produção da sociedade.
Parafraseando
o saudoso professor Armando Dias Mendes:“Não basta ser um bom Economista,
é preciso ser um Economista bom”.
quarta-feira, 19 de agosto de 2015
O Brasil no The New York Times: Brazil’s Rising Turbulence.
Brazil is in tatters. The
economy is in a deepening recession: Last Tuesday, Moody’s downgraded Brazil’s
credit rating to just about junk. A massive corruption scandal involving the
national oil company Petrobras has ensnared scores of politicians and businessmen.
The legislature is in revolt. President Dilma Rousseff’s popularity rating,
less than a year after her re-election, is down to one digit, and nationwide
protests on Sunday reverberated with calls for her impeachment.
In all this turbulence, it is
easy to miss the good news: the fortitude of Brazil’s democratic institutions.
In pursuing bribery at Petrobras, federal prosecutors from a special
anticorruption unit of the Public Ministry have not been deterred by rank or
power, dealing a blow to the entrenched culture of immunity among government
and business elites. Former Petrobras executives have been arrested; the
wealthy chief executive of the construction giant Odebrecht, Marcelo Odebrecht,
is under arrest; the admiral who oversaw Brazil’s secret nuclear program has
been arrested, and many others face scrutiny, including Ms. Rousseff’s
predecessor and mentor, Luiz Inácio Lula da Silva.
Though the investigations
have created huge political problems for Ms. Rousseff and have raised questions
about her seven-year tenure as the chairwoman of Petrobras, before she became
president, she has admirably made no effort to constrain or influence the
investigations. On the contrary, she has consistently emphasized that no one is
above the law, and has supported a new term for the prosecutor general in
charge of the Petrobras probe, Rodrigo Janot.
So far, the investigations
have found no evidence of illegal actions on her part. And while she is no
doubt responsible for policies and much of the mismanagement that have laid
Brazil’s economy low, these are not impeachable offenses. Forcing Ms. Rousseff
out of office without any concrete evidence of wrongdoing would do serious
damage to a democracy that has been gaining strength for 30 years without any
balancing benefit. And there is nothing to suggest that any leaders in the
wings would do a better job with the economy.
There is no question that
Brazilians are facing tough and frustrating times, and things are likely to get
worse before they get better. Ms. Rousseff is also in for a lot more trouble
and criticism. But the solution must not be to undermine the democratic
institutions that are ultimately the guarantors of stability, credibility and
honest government.
sexta-feira, 14 de agosto de 2015
quinta-feira, 13 de agosto de 2015
terça-feira, 21 de julho de 2015
Formação docente.
Para os docentes de plantão, o
editorial da Folha de S. Paulo de 20/07/2015 considera positiva a nova resolução
do CNE visando melhorar o nível dos professores brasileiros.
O
Conselho Nacional de Educação (CNE) editou neste mês uma bem-vinda resolução
com vistas a aprimorar a formação em nível superior dos professores
brasileiros.
O
documento define diretrizes curriculares nacionais para os cursos de
licenciatura, de formação pedagógica para graduados e de segunda licenciatura.
Estabelece,
por exemplo, que o tempo mínimo de estudos para quem quiser seguir a
carreira docente na educação básica será de 3.200 horas, e não mais de 2.800. Os
cursos passarão dos atuais três anos para quatro, com um aspecto alvissareiro:
haverá um acréscimo de atividades destinadas a reforçar a experiência do futuro
mestre.
Verdade
que as novas orientações não se aplicarão a todos os professores, já que basta
o ensino médio para lecionar até o 4º ano (antiga 3ª série). Ainda assim, dos
2,2 milhões de docentes da educação básica, 76% têm formação superior (cerca de
1,7 milhão); destes, 89% fizeram cursos de licenciatura (aproximadamente 1,5
milhão).
Mantida
essa proporção, a maioria dos novos docentes encontrará seus alunos com um
preparo mais adequado para a realidade das escolas –ao menos é o que se espera.
Embora
sobejem debates sobre educação, faltam discussões aprofundadas a respeito do
que se passa dentro da sala de aula.
Docentes,
no Brasil, em geral descobrem apenas no exercício do magistério quão difícil é
lidar com turmas grandes e heterogêneas, nas quais a indisciplina grassa. Sem
recursos técnicos, sofrem para conquistar os alunos – o que talvez ajude a
explicar por que se perde tanto tempo para conseguir dar início à aprendizagem.
A
resolução do CNE ainda aponta o caminho correto ao defender planos de carreira
e condições que assegurem jornada de trabalho "com dedicação exclusiva
ou tempo integral a ser cumprida em um único estabelecimento", além de
reservar um terço da carga horária a atividades pedagógicas extraclasse.
Não se
trata da primeira medida concebida com o propósito de conduzir o sistema de
ensino do Brasil a um patamar mais elevado. O mínimo que se espera é que, ao
implantar as novas diretrizes, o Ministério da Educação tenha aprendido com os
erros anteriores.
domingo, 19 de julho de 2015
Economia brasileira: Joaquim Levy hoje na Folha de S. Paulo.
Folha - O debate do momento na área
econômica do governo é se a meta fiscal será ou não reduzida. O sr. concorda
com a redução defendida pela ala política e pelo Planejamento?
Joaquim Levy - Não
tem flá-flu. Os observadores às vezes têm uma ilusão. É importante as pessoas
não terem essa ilusão. As pessoas pensam: "Ah, então baixou a meta porque
acabou o ajuste". Na verdade, se tiver de baixar a meta, é porque o ajuste
tem de continuar, se aprofundar.
Reduzir a meta é sinal de que teremos
de fazer mais ajuste?
|
Essa é uma construção lógica. Pode ter
aplicação empírica ou não, mas do ponto de vista lógico você acertou 100%.
Exatamente o raciocínio é esse. O resto é um raciocínio equivocado.
O sr. quer dizer que, quanto mais tempo
demorar a conclusão do ajuste, mais tempo a economia vai sofrer?
Sem dúvida nenhuma, mais caro vai ser.
Mas o próprio mercado já trabalha com
uma meta menor, na casa de 0,8% do PIB.
A questão não é se é a favor ou contra,
é entender que redução de meta é a sinalização de que o ajuste não acabou,
precisa de mais ajuste. Que precisamos acabar o ajuste todo o mundo sabe, está
empacado lá por essa questão de base [aliada no Congresso].
Setores do governo e do PT reclamam que
o ajuste é exagerado e está parando a economia. O sr. concorda?
Não estamos fazendo um ajuste colossal.
A fraqueza da economia vem de incertezas, indefinições, de o ajuste não estar
completo. As empresas estão reticentes. Se a pessoa não sabe quanto tempo vai
demorar o ajuste, ela não tem condições de tomar decisões. Não tomando
decisões, diminui o investimento, diminuindo a capacidade da economia.
Todo o mundo está retraído. Vou comprar
um carro? Melhor não, não sei o que vai acontecer, não sei quando o ajuste vai
acabar. Aí está a discussão da meta, mas as pessoas devem entender que, se você
baixa a meta, é porque não está conseguindo alcançar certos objetivos.
E abandonam-se os objetivos?
Não, porque temos de reduzir a dívida.
Ela melhorou um pouco porque você deixou de fazer gastos parafiscais [concessão
de subsídios por meio de empréstimos do BNDES]. Vamos ver se a receita melhora,
estamos tomando outras medidas.
Quais? O comportamento da receita até
junho indica que, sem elas, fica impossível atingir a meta de 1,1% do PIB.
A meta não sou eu quem decide, é o
Congresso, ele aprova e nós cumprimos. A gente está tomando algumas medidas
para levantar receitas, que ajudam a economia.
Por exemplo?
O trabalho que estamos fazendo na
[abertura do capital da] Caixa Seguridade pode dar um dinheiro para a gente,
mas vai ajudar também a economia. O IRB [Instituto de Resseguros do Brasil],
devemos anunciar brevemente o IPO [lançamento inicial de ações].
O que mais?
O leilão da folha de pagamento do setor
público. A cobrança de R$ 70 bilhões que estavam parados no Carf [Conselho
Administrativo de Recursos Fiscais].
O sr. defende a manutenção de 1,1% do
PIB?
Não defendo nada, esse é um problema do
relatório [do Congresso].
Pode ter mais corte para cumprir a
meta?
Depende de a receita não comportar o
cumprimento da meta. Assim reza a lei, aí temos 30 dias para o ajuste.
O senador Romero Jucá [PMDB-RR] vai
propor reduzir a meta para 0,4%.
Você pode fazer o cálculo do que isso
significa em termos de tempo adicional do ajuste? Não sei quanto. Tem de ver
também o que significa na dinâmica da dívida.
A nova previsão oficial é de retração
de 1,5% do PIB, mas dentro do próprio governo há o temor de que a piora da
crise política aprofunde mais a recessão. Qual a sua previsão?
Nas outras crises, em 2009, você tinha
um colchão. O problema é que você gastou o colchão nos últimos dois a três
anos. Não há espaço para política anticíclica. Por isso as pessoas ficam
assustadas com a atividade caindo mais do que o esperado. Temos de lidar com
essas coisas. Se lidar, não dói tanto. Se não lidar, poderá vir a doer.
Se não lidar, a recessão bate em 2%?
Acho que não, tem uma outra coisa
sutil. Tomamos algumas medidas importantes, mudamos os preços relativos,
incluindo o próprio câmbio, e essas coisas têm um efeito salutar na economia,
que a princípio não se nota.
Parte do que se está sentindo de dor agora é consequência desse rearranjo, mas ele tem um pendor de ir fortalecendo aos poucos a economia.
Parte do que se está sentindo de dor agora é consequência desse rearranjo, mas ele tem um pendor de ir fortalecendo aos poucos a economia.
O dólar está um pouco diferente e as
empresas começam a pensar seriamente em exportar. Quanto mais rápido o ajuste,
a economia naturalmente se reorganiza. O ajuste fiscal ficou um pouquinho para
trás, não está ajudando a completar o efeito do ajuste dos preços. Se fizermos
alguma coisa mais estrutural, os cenários assustadores não vão acontecer.
O que é o cenário assustador? Queda de
2%?
Este que você está falando.
Concorda com a banda fiscal proposta
pelo Planejamento?
Por falha minha não conheço a proposta,
então não vou falar de algo que não sei.
A Moody's vai rebaixar a nota
brasileira?
Nada é certo, você é dono do seu
futuro.
Se a gente não conseguir fazer o
ajuste, fica mais provável. Se fizer, é mais provável que não. Então, depende
do que formos fazer.
O Congresso aprovou muitas medidas que
podemos classificar de bombas fiscais. Ele está muito irresponsável?
O Congresso reflete o que ele entende
ser alguns desejos. Tem procurado alcançar uma pauta ampla, que vai muito além
da economia.
Na área econômica, algumas coisas andam
mais fácil, outras demoram um pouquinho mais, até talvez pela incerteza.
A crise política se agravou e voltaram
a falar de um eventual impeachment da presidente. O que o sr. acha disto?
Em que bases haveria um impeachment?
Não vejo.
Parece um debate meio descolado. Com
base em quê? Até agora não consegui ver bases para isso. Não tem nenhuma
acusação contra ela que possa justificar um impeachment.
sexta-feira, 10 de julho de 2015
Omar Sharif: morre uma lenda.
O ator egípcio Omar Sharif mundialmente conhecido pelos trabalhos em "Doutor Jivago" e"Lawrence da Arábia", morreu nesta sexta-feira aos 83 anos no Cairo. O artista, que se afastou há vários anos da vida pública, sofria de Alzheimer.
quarta-feira, 8 de julho de 2015
Thomas Piketty et al, Angela Merkel e a Grécia em 2015.
Direto
do site The Nation:
The never-ending austerity that Europe is force-feeding the Greek people is simply not working. Now Greece has loudly said no more.
As most of the world knew it would, the financial demands made by Europe have crushed the Greek economy, led to mass unemployment, a collapse of the banking system, made the external debt crisis far worse, with the debt problem escalating to an unpayable 175 percent of GDP. The economy now lies broken with tax receipts nose-diving, output and employment depressed, and businesses starved of capital.
The humanitarian impact has been colossal—40 percent of children now live in poverty, infant mortality is sky-rocketing and youth unemployment is close to 50 percent. Corruption, tax evasion and bad accounting by previous Greek governments helped create the debt problem. The Greeks have complied with much of German Chancellor Angela Merkel’s call for austerity—cut salaries, cut government spending, slashed pensions, privatized and deregulated, and raised taxes. But in recent years the series of so-called adjustment programs inflicted on the likes of Greece has served only to make a Great Depression the likes of which have been unseen in Europe since 1929-1933. The medicine prescribed by the German Finance Ministry and Brussels has bled the patient, not cured the disease.
Together we urge Chancellor Merkel and the Troika to consider a course correction, to avoid further disaster and enable Greece to remain in the eurozone. Right now, the Greek government is being asked to put a gun to its head and pull the trigger. Sadly, the bullet will not only kill off Greece’s future in Europe. The collateral damage will kill the Eurozone as a beacon of hope, democracy and prosperity, and could lead to far-reaching economic consequences across the world.
In the 1950s, Europe was founded on the forgiveness of past debts, notably Germany’s, which generated a massive contribution to post-war economic growth and peace. Today we need to restructure and reduce Greek debt, give the economy breathing room to recover, and allow Greece to pay off a reduced burden of debt over a long period of time. Now is the time for a humane rethink of the punitive and failed program of austerity of recent years and to agree to a major reduction of Greece’s debts in conxjunction with much needed reforms in Greece.
To Chancellor Merkel our message is clear; we urge you to take this vital action of leadership for Greece and Germany, and also for the world. History will remember you for your actions this week. We expect and count on you to provide the bold and generous steps towards Greece that will serve Europe for generations to come.
Sincerely,
Heiner Flassbeck, former State Secretary in the German Federal Ministry of Finance
Thomas Piketty, Professor of Economics at the Paris School of Economics
Jeffrey D. Sachs, Professor of Sustainable Development, Professor of Health Policy and Management, and Director of the Earth Institute at Columbia University
Dani Rodrik, Ford Foundation Professor of International Political Economy, Harvard Kennedy School
Simon Wren-Lewis, Professor of Economic Policy, Blavatnik School of Government, University of Oxford.
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- Desde 2008 este espaço busca trazer ao leitor o que acontece no mundo, especialmente no ambiente econômico, com análises, imagens, dicas de cultura e viagens, além de estatísticas e notícias on-line. Neste espaço estou interessado em entender como a Economia faz parte da vida, da política, do comportamento, da cultura, das relações pessoais, do mundo corporativo, do lazer, do meio ambiente etc e acredito que o progresso está no livre mercado, apesar do Estado ter grande responsabilidade no bem-estar da sociedade. Sou partidário do desenvolvimento sustentável e defendo o estado de direito, as liberdades públicas e individuais, a democracia e uma melhor distribuição de renda. Aqui compartilho artigos de economistas e áreas afins, dos quais discordo ou não da ideia, porém com o único objetivo de conhecer os dois lados da moeda. A partir de 2017 também divulgamos assuntos relacionados à Psicologia Social e o seu impacto em áreas como a Economia e a Política. Este blog é uma homenagem aos economistas, independentemente de compartilharem ideias keynesianas, clássicas, marxistas, neoclássicas, austríacas, monetaristas, estruturalistas, liberais etc. Boa leitura!
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