ANTONIO DELFIM NETO, hoje, na FOLHA DE S. PAULO, grita: CHEGA DE DESPESA.
Nas sociedades constitucionalmente organizadas, nenhum dos Poderes pode propor aumento de despesa (em particular aumentos salariais) sem uma coordenação preliminar com o Poder Executivo.
Mais do que isso, nenhum Congresso ou Parlamento pode aprovar aumento de despesa permanente sem estabelecer fontes também permanentes de seu financiamento.
A necessária independência e harmonia entre os Poderes não pode ser justificativa plausível para que o Legislativo ou uma coalizão do Legislativo e Judiciário proponha livremente seus salários. A cada quatro anos, com a proximidade do processo eleitoral, o Legislativo costuma ser atacado por uma febre "social" para competir com o espírito natalino do manhoso Executivo.
O fato lamentável é que tais desatinos fiscais se fazem à base de "truques interpretativos" que ilidem as disposições da Constituição de 1988 e a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Nossa situação ainda está sob controle, mas é cada vez mais evidente que lentamente se acumulam compromissos de despesas permanentes cujo pagamento depende do crescimento permanente da receita, o que não pode ser garantido. Trata-se de uma imprudência que põe em risco a própria estabilidade econômica.
Um exemplo claro dessa ameaça é o desequilíbrio da Previdência Social, que o Executivo não tem tido disposição para enfrentar e o Legislativo tem feito todo o possível para aumentar.
A lei que regula a previdência do setor público e pode abrir caminho para uma solução a partir de quando for posta em prática dorme há anos no Congresso em companhia da lei que regula o direito de greve do setor público. Ambas, propostas pelo Executivo, foram abandonadas na "roda" do Congresso como crianças indesejadas...
Recuperamos o crescimento a partir de 2006 com o PAC e desde 2003 fomos beneficiados pelo "bônus" da expansão mundial. Sem maior esforço exportador, passamos de país devedor para país credor e acumulamos US$ 250 bilhões
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