sexta-feira, 25 de março de 2011

Críticas de um ex-mestre

Paul Krugman criticando seu ex-mestre Alan Greenspan, no ESTADÂO, é de uma lucidez e franqueza inimaginável.

Algumas pessoas pediram para eu comentar o artigo de Alan Greenspan em que ele afirma que todo o ativismo do presidente Obama está impedindo a recuperação econômica. Eu poderia abordar os fracos argumentos expostos, a econométrica de má qualidade que desconsidera uma ampla literatura sobre investimentos comerciais e ignora os problemas de simultaneidade, etc., etc.

Mas não importa; considere apenas o tom.

Alan Greenspan escreve numa forma característica: outras pessoas podem ter seus modelos, mas ele é o oráculo sábio que conhece os profundos mistérios do comportamento humano, que pode perceber a diferença dos modelos com base no seu inefável conhecimento da psicologia econômica e da história.

Sinto muito, mas ele não vai fazer isso mais. 2011 não é 2006. Greenspan é um ex-mestre; sua reputação está acabada, com ela seu criador, e foi se juntar ao coro invisível.

Ele não é mais o Homem Que Sabe; é o homem que governou uma economia que se encaminhou para a pior crise econômica desde a Grande Depressão – que não viu nenhum mal, tampouco ouviu, e recusou-se a fazer qualquer coisa com respeito ao subprime, que insistiu que os derivativos tornavam o sistema financeiro mais estável, que negou não só que existia uma bolha imobiliária nacional, mas que essa bolha nem mesmo era possível.

Se o desejo é se redimir por meio de uma reflexão séria e profunda sobre como agiu de maneira tão errada, ótimo – eu estaria interessado em ouvi-lo. Mas, se ele acha que ainda pode nos dar lições de cima do seu pedestal de sabedoria, está perdendo o seu tempo.

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