sexta-feira, 27 de setembro de 2013
terça-feira, 17 de setembro de 2013
Déficit externo fragiliza o Brasil, alerta o BIS.
Editorial no ESTADÃO e a situação das nossas contas externas.
A
deterioração das contas externas de nações emergentes, como o Brasil, provocou
desvalorização das moedas locais ante o dólar e levou alguns países a intervir
nos mercados cambiais. A constatação é do Banco de Compensações Internacionais
(BIS), em relatório distribuído no fim de semana. Além da piora generalizada
dos emergentes, o Brasil é incluído entre os mais atingidos pela mudanças das
condições de mercado globais.
Houve
uma clara piora da situação macroeconômica dos principais mercados emergentes.
Um dos pontos destacados é a redução do ritmo de crescimento da China, com
efeito negativo sobre os demais países. Ocorreu um declínio na demanda esperada
pelos exportadores de commodities, como o Brasil e a Rússia.
Países
com altos déficits em conta corrente, como o Brasil, a Índia, a Indonésia, a
África do Sul e a Turquia, enfrentaram rápida desvalorização de suas moedas. No
Brasil, o déficit de US$ 9 bilhões na conta corrente do balanço de pagamentos,
em julho, soma-se a pressões sobre o real devidas a incertezas políticas.
Entre
3 de maio e 5 de julho, por exemplo, o Brasil, a Índia e a Rússia depreciaram
em aproximadamente 10% suas moedas, segundo o BIS. No mesmo período, o
rendimento dos títulos indianos e russos subiu mais de cem pontos-base.
O
BIS não distingue os problemas decorrentes de políticas econômicas duvidosas
dos países emergentes de problemas em cuja origem está a perspectiva de mudança
da política monetária norte-americana, um detonador de dificuldades.
Enquanto
isso, o governo brasileira prefere culpar a economia global pelos problemas
locais. Mas, como notou o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, em
entrevista ao Estado, "passamos a ter uma vulnerabilidade". Segundo
Meirelles, "a competitividade externa está sendo corrigida pela taxa de
câmbio".O
BIS enfatiza que a mudança nas condições globais afeta os mercados de papéis,
as ações e as moedas dos países emergentes, "exacerbando as
vulnerabilidades causadas pela dependência em relação a capital estrangeiro
volátil".
Nos
últimos anos - inclusive até o primeiro trimestre -, o Brasil se beneficiou
muito com o ingresso de capitais externos. A redução do crédito é ruim para o
País, cujo déficit em conta corrente está projetado entre US$ 75 bilhões e US$
80 bilhões para este ano, ante US$ 54 bilhões em 2012 - e os investimentos não
bastam para a cobertura.
segunda-feira, 16 de setembro de 2013
Previsão 2013: PIB - Selic - Câmbio - Inflação.
Neste início se semana as
notícias da economia brasileira estão bem condensadas no relatório FOCUS, do
BACEN, divulgado nesta data:
- · A estimativa de crescimento do PIB avançou de 2,35% para 2,40% para 2013 e recuou de 2,28% para 2,22% para 2014.
·
A taxa
Selic seguiu em 9,75% para o final de 2013 e 2014.
·
As
projeções para a taxa de câmbio recuaram de R$/US$ 2,36 para R$/US$ 2,35 para
o final deste ano e continuou em R$/US$ 2,40 para o final de 2014.
- · As expectativas para o IPCA seguiu em 5,82% para este ano e subiu de 5,85% para 5,90% para o ano que vem.
domingo, 15 de setembro de 2013
15 de setembro de 2008: cinco anos de crise.
Leio no site do Ministério da Fazenda, matéria do BRASIL ECONÔMICO sobre o 5º aniversário da quebra do Lehman Brother.
Cinco
anos se passaram após a quebra do banco Lehman Brothers, período em que os
Estados Unidos superaram uma recessão histórica ao preço de níveis de dívida
recordes e de uma forte intervenção do Estado na economia. “Não estamos em uma
situação fantástica, mas a economia, pelo menos, se estabilizou”, disse à AFP
Kenneth Rogoff, professor de Harvard e ex-economista- chefe do FMI. No dia 15
de setembro de 2008, quando o Lehman Brothers quebrou, a economia americana
vinha sofrendo havia vários meses com os créditos imobiliários de alto risco,
os “subprimes”.
Mas a queda do gigante bancário, ícone deWall Street durante mais de um século, desencadeou uma profunda crise financeira que se propagou para o restante do mundo. O Estado federal abriu os cofres e disponibilizou rapidamente US$ 420 bilhões para reforçar os caixas dos bancos, como o Bank of America ou o Citigroup, entre outros, assim como os de montadoras, como a General Motors e a Chrysler, grandes geradores de emprego. Mas o governo não conseguiu conter uma queda livre da economia.
Entre setembro de 2008 e setembro de 2009, a taxa de desemprego subiu de 6,1% para 9,8%. A atividade econômica desabou, em particular no último trimestre de 2008. Ao mesmo tempo, o déficit fiscal cresceu devido aos planos de resgate, passando de 3,2% para 10,1% do PIB entre 2008 e 2009.
Para acalmar os mercados, os gigantes bancários foram submetidos a um teste de resistência. Votada em 2010, a lei Dodd-Frank de regulação de Wall Street instituiu o mecanismo por norma. Embora esse projeto de 2.300 páginas para reformar Wall Street tenha sido adotado em julho de 2010 pelo Congresso, sua total entrada em vigor não foi concluída, a espera dos decretos de regulamentação.
O governo Obama teve que aprofundar a intervenção do Estado em seu primeiro ano de governo, e em fevereiro de 2009, pouco depois de assumir, lançou um plano de reativação de US$ 787 bilhões destinado a fomentar o consumo e o vital setor imobiliário. A venda de residências melhorou, mas o consumo, tradicional motor do crescimento nos Estados Unidos, perdeu força, e o patrimônio dos americanos sofreu perdas “espetaculares”.
O desemprego, a 7,3%, segue elevado, e a proporção de pessoas que deixaram de buscar trabalho está em seu índice máximo em mais de 35 anos. Em cinco anos, a dívida pública do país disparou mais de 65%, a mais de US$16 trilhões.
sábado, 14 de setembro de 2013
Ben Bernanke: um gigante na Economia.
Após
deixar em janeiro de 2014 o Federal Reserve, o presidente Ben Bernanke deverá retornar
ao mundo acadêmico, provavelmente para a Universidade Princeton.
Suceder
ao lendário Alan Greenspan a partir de 2006 foi apenas mais um desafio na
carreira de Ben Bernanke. Por hora, Bernanke entra para a história como o homem
que evitou a segunda Grande Depressão.
Brasil: próximo do Haiti e longe dos Estados Unidos.
Até
1979 existiam no Brasil DOIS partidos políticos de atuação nacional. Atualmente
temos TRINTA ativos e mais TRINTA E TRÊS em busca de autorização junto ao
Tribunal Superior Eleitoral.
Interessante
saber que nos Estados Unidos temos QUATRO partidos, no Canadá temos CINCO, na
Finlândia temos OITO e na “pobre” Alemanha temos DOZE.
Enquanto
isso, no Nepal temos TRINTA E SEIS, na Jordânia temos TRINTA E SETE e no “rico”
Haiti temos QUARENTA.
Lamentavelmente,
mais uma vez, estamos mais próximos do Haiti do que dos Estados Unidos.
sexta-feira, 13 de setembro de 2013
Estados Unidos - a águia continua forte.
Com
PIB Nominal de US$ 15,7 trilhões e crescimento de 2,2% em 2012, os Estados Unidos destacaram-se como a principal economia
do Mundo, detendo cerca de 20% da riqueza global. O setor de serviços é o
principal ramo de atividade e respondeu por 80% do PIB, seguido do industrial,
com 19%, e do agrícola, com 1%.
Para
reflexão neste final de semana, alguns números desta potência mundial, obtidos no Ministério das Relações Exteriores – Agosto/2013.
PIB Nominal
|
US$ 15,68 trilhões
|
Crescimento real do PIB
|
2,2%
|
PIB Nominal "per capita"
|
US$ 49.922
|
PIB PPP
|
US$ 15,68 trilhões
|
PIB PPP "per capita"
|
US$ 49.922
|
Inflação
|
1,85%
|
Reservas internacionais
|
US$ 150 bilhões
|
Livros para gestores: de Keynes a Sun Tzu.
Recentemente li no VALOR ECONÔMICO uma excelente matéria sobre LIVROS que devem estar na biblioteca básica de gestores. E do que li, constam grandes mestres da nossa Economia.
A
presença de peso de John Maynard Keynes na biblioteca básica dos gestores também
é um sintoma do interesse pelas crises. Como autor ou tema, o economista inglês
aparece na lista de dois gestores, com três obras. "O mundo em que estamos
vivendo hoje é muito keynesiano", afirma Luiz Carlos Mendonça de Barros,
diretor-estrategista da Quest Investimentos. A crise americana, considera, se
encaixa bem nesse arcabouço teórico. "Um período de boom leva a uma série
de exageros dentro do próprio sistema, vinculados à ganância e à especulação,
que acabam criando uma crise que interrompe esse processo de crescimento",
explica Mendonça de Barros.
O
sócio da Quest diz que seu otimismo quanto à recuperação da economia dos
Estados Unidos está ligado ao fato de considerar que o governo do país tem
seguido a cartilha keynesiana. Na lista recomendada por Mendonça de Barros,
chama a atenção a indicação de "A Arte da Guerra", do chinês Sun Tzu.
O livro ensina as técnicas para vencer um conflito bélico. "Porque
investir ou gerir fundos é uma guerra, é bom estar esperto", brinca o
economista que, em tempos de novas tecnologias, ainda é apegado ao livro de
papel. Em viagens longas, entretanto, ele faz uma concessão às obras
digitalizadas. "Viajar para fora e levar livro virou um negócio de velho
reacionário. E isso eu não sou."
Keynes
também está na lista indicada por Arminio Fraga. Não na versão macroeconomista,
mas na pele de investidor. Biógrafos contam que ele fez fortuna com ações, em
uma faceta menos conhecida. Sobre períodos de estresse, o fundador da Gávea
indica "Manias, Panics and Crashes", de Charles Kindleberger (Manias,
Pânico e Crashes, na tradução para o português). É um clássico sobre crises
financeiras, diz Fraga, baseado em eventos históricos e inspirado em Hyman
Minsky, economista que estudou o surgimento da instabilidade a partir da
estabilidade, "visão hoje muito em voga por razões óbvias", diz
Fraga.
XX Congresso Brasileiro de Economia.
No recente XX Congresso
Brasileiro de Economia ocorreu a entrega do Prêmio Brasil de Economia. Na categoria livro de Economia os vencedores foram os colegas:
1º Lugar (Prêmio de R$ 6.000,00): Reinaldo Gonçalves (CORECON-RJ) - Desenvolvimento às avessas: verdade, má-fé e ilusão no atual modelo brasileiro de desenvolvimento.
2º Lugar (Prêmio de R$ 4.000,00): Gustavo H. B. Franco (CORECON-RJ) - As leis secretas da economia.
3º Lugar (Prêmio de R$ 3.000,00): Eduardo Simões de Almeida (CORECON-SP) - Econometria Espacial Aplicada.
Previsão PIB 2013.
Após
a expansão de 1,5% no PIB verificada no segundo trimestre deste 2013 em relação
ao primeiro, hoje, quando o BACEN divulgou o seu Índice de Atividade Econômica
do Banco Central (IBC-Br), que busca antecipar o comportamento do PIB, a queda
de 0,33% em julho, na série com ajuste sazonal, demonstra, lamentavelmente, a prevista
desaceleração na economia brasileira.
Isso
posto, estima-se em 2,3% o PIB final para 2013, porém próximo aos 2,5% previsto pelo Ministro Guido Mantega.
David Landes: 1924 - 2013 - Economic Historian.
David Saul Landes, 89, died on August 17, 2013 in
Haverford, PA. He was the beloved husband of Sonia T. Landes, who died on April
12, 2013, after 69 years of marriage. He was the father of Jane Landes Foster,
Richard Allen Landes, and Alison Landes Fiekowsky. Grandfather of eight and great-grandfather of nine.
David's family immigrated to New York from Husi,
Romania in 1904. David was born April 29, 1924. David served in the Signal
Corp. of the U.S. Army in World War II, becoming a Second Lieutenant with a
field promotion in May 1944. He earned degrees from the City College of New
York and Harvard University, and was awarded numerous honorary degrees from
European universities, including Université de Lille, Eidgenössische Technische
Hochschule, and most recently the Ecole des Hautes Etudes Commerciales in
Paris.
In 1964 Harvard University elected him Professor of
History, and he remained at Harvard University for the balance of his career,
retiring in 1997, as the Coolidge Professor of History and Professor of
Economics, bridging the disciplines of history and economics. David was one of
the preeminent scholars of his generation and is particularly known for arguing
the central role of culture in economic development. Among his distinguished works
were The Wealth and Poverty of Nations, (New York : Norton 1998), Bankers
and Pashas, The Unbound Prometheus, Revolution in Time,
and Dynasties: Fortunes and Misfortunes of the Worlds Great Family
Businesses.
In addition, he published over fifty articles and served as editor of numerous publications. David's scholarship has been translated into over a dozen languages. In the 1970s he became an astute and avid watch collector, known to makers and devotees of watches and time keeping. He served as Chairman of American Professors for Peace in the Middle East in the 1970s. He was devoted to Judaism, the Jewish people, and the land of Israel, a legacy continued by his descendants.
In addition, he published over fifty articles and served as editor of numerous publications. David's scholarship has been translated into over a dozen languages. In the 1970s he became an astute and avid watch collector, known to makers and devotees of watches and time keeping. He served as Chairman of American Professors for Peace in the Middle East in the 1970s. He was devoted to Judaism, the Jewish people, and the land of Israel, a legacy continued by his descendants.
quarta-feira, 11 de setembro de 2013
O imortal Fernando Henrique Cardoso.
Leio no ESTADÃO a posse de FHC na Academia Brasileira de Letras. Eleito
em junho, com 34 dos 39 votos possíveis, para o lugar de João Scantinburgo,
Fernando Henrique criticou a "falta de alma democrática", o excesso
de burocracia e os interesses fragmentados de sindicatos e outras instituições.
"O corporativismo que renasce e passa do plano político ao social é o
cupim da nossa democracia. Se somarmos impulsos populistas, temos um sistema
político enfermo", discursou. Ele chamou atenção para as ondas de protesto
que tomam conta do País e do mundo e para a incerteza de seus efeitos. "A
agenda pública se encolhe e as ruas sequer são ouvidas (...). Ou reinventamos a
democracia contemporânea ou poderá haver a manipulação por formas de
autoritarismo".
sábado, 7 de setembro de 2013
7 de setembro: Independência ou Morte?
Os
dois principais jornais cearenses - DIÁRIO DO NORDESTE e O POVO – novamente publicaram
nesta data duas ótimas charges sobre este 7 de setembro.
Parabéns
aos geniais Sinfrônio e Clayton.
Cotas na pós-graduação.
Editorial do ESTADÃO sobre cotas, sempre elas...
Depois
de implantar o sistema de cotas para negros e índios em seus cursos de
graduação, as universidades públicas começam a adotar o mesmo sistema no
mestrado e doutorado. É esse o caso, por exemplo, do curso de antropologia
social do Museu Nacional, da UFRJ. Em 2014, ele reservará duas vagas para
indígenas. Para os candidatos negros serão reservados 20% das vagas e a nota de
corte será menor do que a dos demais concorrentes.
"Não
é só fazer justiça social. É uma experiência importante para a área de
antropologia, que se propõe a estudar o outro", afirma o professor João
Pacheco, subcoordenador do programa de pós-graduação do Museu Nacional. Na
Universidade de Brasília, a reserva de 20% das vagas para alunos negros no
mestrado e doutorado em sociologia foi aprovada em julho, mas ainda depende do
aval do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão. Na Universidade do Estado da
Bahia, 40% das vagas dos cursos de pós-graduação são reservadas para negros e
5% para indígenas. Apesar de ser historicamente refratária ao sistema de cotas
na graduação, a USP fixou um terço das vagas de seu programa de pós-graduação
em Direitos Humanos para negros, indígenas e pobres.
Embora
o Ministério da Educação não imponha políticas de ação afirmativa na
pós-graduação, dando às instituições de ensino superior liberdade para fazer o
que julgarem mais conveniente em matéria de qualificação para pesquisa
científica, as universidades públicas invocam estatísticas do IBGE para
justificar a adoção de políticas afirmativas na pós-graduação. Segundo o órgão,
apesar de negros e pardos representarem 51% da população, só 18,8% dos
brasileiros com mestrado pertencem a esse grupo étnico. Entre os doutores, a
proporção é de 14,6%. "É preciso abrir mais portas da pós-graduação para
excluídos. Falta um pacto nacional para resolver o problema", afirma o
coordenador da ONG Educafro, frei David Santos.
Esse
argumento, contudo, não procede. Como o sistema de pós-graduação stricto sensu
foi adotado nas universidades com o objetivo de qualificar o corpo docente do
ensino superior e expandir a pesquisa científica, para assegurar a inovação
tecnológica no País, o acesso ao mestrado e doutorado está obrigatoriamente
baseado no princípio da competência.
Em
outras palavras, se a ênfase no mérito for abrandada ou relativizada em nome da
"justiça social", a pós-graduação perderá eficiência. Os mecanismos
de avaliação dos mestrados e doutorados implantados nos últimos 16 anos
perderão sentido. A qualidade da pesquisa científica estará em risco. E as
consequências serão sofridas por toda a sociedade - inclusive pelos segmentos
mais desfavorecidos. Como o País poderá adotar novas tecnologias, modernizar o
parque produtivo e conquistar mais espaço no mercado internacional - medidas
fundamentais para gerar novos postos de trabalho, incorporar as novas gerações
na economia formal e assegurar inclusão social - sem as pesquisas científicas e
os programas de qualificação acadêmica de uma pós-graduação baseados no
princípio da competência? Depois da adoção das cotas nos mestrados e
doutorados, quais seriam os próximos passos? Assegurar cotas de emprego em
laboratórios e salas de aula para pós-graduados sem a devida qualificação?
Com
a decisão de adotar políticas de ação afirmativa na pós-graduação, as
universidades públicas agitam bandeiras mais vistosas do que eficazes. Prometem
fazer justiça social, "democratizando" o acesso aos mestrados e
doutorados. Mas se esquecem de que os problemas de injustiça social têm origem
na educação fundamental e média, e não no ensino superior. O funil do ensino
não está na graduação ou na pós-graduação, mas na formação deficiente no ensino
básico. Se o ensino básico proporcionasse educação de qualidade, os setores
mais desfavorecidos teriam a formação técnica e o preparo intelectual
necessários para ingressar por mérito próprio em qualquer curso de
pós-graduação.
terça-feira, 3 de setembro de 2013
A espionagem entre Brasil e Estados Unidos neste 2013: segurança é tudo.
Os dois principais jornais cearenses - DIÁRIO DO NORDESTE e O POVO - publicaram nesta data duas ótimas charges sobre a atual questão envolvendo Brasil e Estados Unidos.
Parabéns aos geniais Sinfrônio e Clayton.
Delfim elogia Mantega.
Hoje,
no VALOR ECONÔMICO, Delfim Netto afirma que Guido Mantega tinha razão sobre a "guerra cambial". E
conclui:
A nossa taxa de câmbio está sujeita às mesmas pressões
que pesam sobre a maioria dos países emergentes, somadas aos nossos problemas
internos. Em compensação dispomos: 1) de um mercado de câmbio extremamente
sofisticado e bem regulado, no qual existem instrumentos de intervenção
governamental (swaps) em que a operação é nominada em dólares, mas liquidada em
reais. A despeito de terem custos fiscais, eles permitem a
substituição do uso das reservas (que, ao contrário, reduz o custo fiscal) até
que a taxa de câmbio atinja um patamar estável; e 2) de US$ 370 bilhões de
reservas, o que nos dão segurança e tempo para qualquer ajuste.
O fato de o real ter sido a moeda que mais se
desvalorizou recentemente é irrelevante. Ela foi, também, a que mais se
valorizou artificialmente nos últimos anos, nos quais não aproveitamos os
ganhos dos termos de troca para fazer reformas que devíamos. Eles foram usados,
juntamente com a maior taxa de juro real do mundo, para valorizar o câmbio e
controlar a inflação, o que custou a destruição do nosso sistema industrial.
Ronald Harry Coase: 1910 - 2013.
A
Economia está triste com a morte do de Ronald Harry Coase com seus 102 anos de
excelência acadêmica e em plena atividade intelectual. Atualmente estava trabalhando em um
livro sobre o poder econômico de China e Vietnã, chamado "How China Became Capitalist."
É
dele o famoso “teorema de Coase”: a preposição de que, se os agentes econômicos
privados puderem negociar sem custo a alocação de recursos, poderão resolver
por si sós o problema das externalidades.
Em
1991 recebeu o Nobel de Economia pela sua descoberta e clarificação da
importância dos custos de transação e direitos de propriedade para a estrutura
institucional e o funcionamento da economia.
domingo, 1 de setembro de 2013
Um PIB sem vitamina.
Editorial do ESTADÃO analisa o resultado do PIB brasileiro no segundo trimestre deste 2013.
O
Brasil teve um segundo trimestre quase chinês, segundo a comparação do ministro
da Fazenda, Guido Mantega. A exibição de entusiasmo foi breve, mas com alguma
base aritmética. A economia chinesa cresceu entre abril e junho em ritmo
equivalente a 6,9% ao ano. No mesmo período, o Produto Interno Bruto (PIB)
brasileiro aumentou 1,5%. Em quatro trimestres isso resultaria numa taxa
acumulada de 6,1%.
Mas
a semelhança termina aí. A China cresceu durante anos a taxas próximas de 10%.
O impulso diminuiu nos últimos tempos, em parte porque o governo decidiu
remodelar a economia e dar mais peso ao mercado interno, mas, a expansão deve
continuar acima de 7% em 2013 e em 2014.
Por
aqui, o panorama tem sido muitíssimo diferente. Depois de aumentar apenas 2,7%
em 2011, a produção brasileira avançou 0,9% no ano passado. Para 2013, o
ministro Guido Mantega se absteve de apresentar uma projeção e anunciou um 2014
"mais promissor". O paralelo com a China foi abandonado rapidamente.
Mas a fala otimista foi mantida e reforçada com a apologia da política
econômica.
O
ministro mostrou especial entusiasmo em relação à retomada do investimento. A
economia, segundo ele, está crescendo "com qualidade". O valor
investido em máquinas, equipamentos, construções e obras de infraestrutura
aumentou 3,6% em relação ao primeiro trimestre e foi 9% maior que o de igual
período do ano passado. O total dos primeiros seis meses foi 6% superior ao do
primeiro semestre de 2012 - um belo resultado -, mas o acumulado em 12 meses
cresceu apenas 0,2%.
A
recuperação do investimento ocorreu, portanto, sobre uma base muito baixa, até
porque o valor investido no ano passado foi 4% menor que o de 2011. Além disso,
mesmo com a recuperação, o País investiu no segundo trimestre apenas 18,6% do
Produto Interno Bruto. Entre abril e junho do ano passado havia ficado em
17,9%. A maior taxa alcançada num segundo trimestre, nas últimas duas décadas,
foi de 19,2%, em 2010. Em economias latino-americanas mais dinâmicas o valor
aplicado em capital fixo (máquinas, equipamentos, etc.) tem atingido e até
superado 25% do PIB (acima de 27% na Colômbia, por exemplo). Os 24% ou 25%
indicados pelo governo como objetivos razoáveis para o Brasil continuam muito
distantes.
Quanto
a esse aspecto, só com uma dose excepcional de boa vontade se pode falar de
crescimento com qualidade. Por enquanto, não há nada além de uma recuperação.
Além disso, boa parte das máquinas e equipamentos comprados neste ano foi de
caminhões e bens de produção destinados à agricultura. Há um vínculo claro
entre esse detalhe e o desempenho do setor rural. No segundo trimestre, a
produção da agropecuária cresceu 3,9% em relação ao primeiro e foi 13% superior
ao de um ano antes. O resultado do primeiro semestre foi 14,7% maior que o de
janeiro a junho de 2012 e a expansão acumulada em 12 meses chegou a 7,4%.
O
crescimento industrial no primeiro semestre ficou em 0,8% e a produção em
quatro trimestres foi apenas 0,1% maior que a do período anterior. O número do
segundo trimestre, 2% maior que o de janeiro a março, pode ser uma boa notícia,
mas a atividade industrial continua medíocre em 2013. Em quatro trimestres a
indústria de transformação cresceu apenas 0,4%. Os dados de julho da indústria
paulista, divulgados pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
(Fiesp), indicaram um nível de atividade (INA) 1,6% mais baixo que o de junho,
descontados os fatores sazonais, e 4% mais alto que o de julho do ano passado.
Mas o aumento do INA em 12 meses ficou em 1,7%. O ano está comprometido, disse
o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da entidade, Paulo
Francini.
Os
números do segundo trimestre mostram o acerto da política econômica, segundo o
ministro da Fazenda. Mas nem ele ousa projetar para 2013 um crescimento
razoável para o PIB. Essa hesitação contrasta com a apologia das medidas
oficiais. Fora do governo talvez seja mais fácil vê-las como são: uma política
fracassada.
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