domingo, 3 de janeiro de 2010

O QUE ESPERAR DEPOIS DA CRISE?

Editorial da Folha de S. Paulo de hoje - "DEPOIS DA CRISE", comenta a atual situação econômica mundial.
Foram dois os desequilíbrios que levaram à debacle financeira deflagrada em setembro de 2008. Durante duas décadas, houve no mundo rico um progressivo endividamento, concentrado nas famílias e nos bancos -a regulação débil, por ideologia e problemas operacionais, foi incapaz de detectar e evitar os excessos.
Além disso, a emergência da China como protagonista na economia mundial perturbou a tradicional ordem das coisas.
Ao longo da década de 2000, a China optou por não permitir a valorização de sua moeda, o que seria o curso natural para um país com forte impulso na produtividade e superavits comerciais crescentes. Pequim adotou uma versão moderna de mercantilismo e logo acumulou reservas internacionais de US$ 2 trilhões, superiores ao PIB do Brasil.
Esse dinheiro foi reciclado no sistema financeiro ocidental e, numa inversão do padrão histórico, direcionado aos países ricos. Contribuiu para manter baixas as taxas de juros nos EUA e na Europa e acelerou o endividamento dessas economias. No fim da corrente de crédito estavam, principalmente, financiamentos imobiliários feitos pelos bancos.
A crise foi desencadeada pelo esgotamento da capacidade de tomar empréstimos das economias ricas, o que levou à interrupção do circuito, à queda nos preços dos imóveis e, por conseguinte, à insolvência dos bancos.
A alternativa no calor da crise foi recorrer a uma profunda intervenção do Estado, por meio de capitalização e injeção ilimitada de recursos no sistema financeiro e na economia em geral, com a forte expansão dos gastos públicos. O primeiro grupo de medidas pretendeu evitar a paralisia do que pode ser descrito como óleo lubrificante do capitalismo. O segundo tentou preencher o vácuo de demanda privada que se seguiu à crise. Em conjunto, tais iniciativas afastaram o risco de depressão.
Passada a fase aguda, ficam os problemas crônicos, que vão balizar a economia mundial a partir deste ano de 2010.
Um dos principais gargalos é o endividamento público nos países ricos. A maioria deles continuará a incorrer em deficits entre 5% e 10% do PIB em 2010 e 2011. A dívida pública chegará a patamares inéditos em tempos de paz, entre 80% e 100% do PIB.
Já está colocada a necessidade de reduzir esses deficits em horizonte não muito longo, sob pena de incorrer-se em riscos financeiros severos para os governos e em inflação. A liberdade da política econômica nesses países centrais ficará, portanto, seriamente restrita no curto prazo.
Em 2010, os capitais despejados em abundância pelos Bancos Centrais serão em parte recolhidos, mas os juros devem continuar baixos. Tal combinação é um risco, no contexto de forte crescimento dos emergentes. Pode alimentar uma nova inflação de "commodities" e sobreaquecer os países mais dinâmicos. Em alguns deles -China, Índia e Brasil-, já está clara a necessidade de políticas mais restritivas.
Até por esse motivo, o potencial de instabilidade da economia global ainda é grande. Ao Brasil convém uma estratégia cautelosa, a fim de evitar desequilíbrio externo significativo.

sábado, 2 de janeiro de 2010

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

31/12/2009 - O FIM DE UMA DÉCADA!

Em sua última coluna de 2009 no NYT, com o título THE BIG ZERO, o Nobel PAUL KRUGMAN, escreve, com PESSIMISMO, que do ponto de vista econômico sua sugestão é que chamássemos a década passada de o Grande Zero. Segundo ele, foi uma década em que nada de bom aconteceu e nenhuma das coisas otimistas nas quais supostamente deveríamos acreditar se concretizaram. E concluindo seu artigo: So let’s bid a not at all fond farewell to the Big Zero — the decade in which we achieved nothing and learned nothing. Will the next decade be better? Stay tuned. Oh, and happy New Year.

Diante disso e com OTIMISMO, que 2010 e seus sucessores nos tragam sempre boas novas...

DICTA&CONTRADICTA - A REVISTA DO ANO

Concordando com o meu colega LUCAS MENDES - http://austriaco.blogspot.com/, que não é o jornalista, a revista DICTA&CONTRADICTA é uma das melhores leituras que fizemos em 2009 e esperamos continuar em 2010.
Além da nossa PIAUÍ, of course.

2009 - O HOMEM DO ANO?

Goste-se ou não do Presidente Lula, é dever reconhecer sua habilidade em tornar-se o mais popular Presidente da história deste país. Como a EXAME registrou em sua edição de final de ano, sua importância histórica como líder é inegável. E como sempre a ECONOMIA é o coração de tudo, ao garantir a estabilidade da moeda brasileira, a autonomia relativa do Banco Central e a permanência de seu presidente, o ortodoxo Henrique Meirelles, LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA, mesmo com as suas “populares frases”, conseguiu sair-se bem da turbulência financeira que agitou/agita ainda o mundo e foi eleito em diversas ocasiões, O HOMEM DO ANO.

NÓS E ELES - 2009

Enquanto por aqui 2009 foi um bom ano, em certo país mais poderoso do mundo...

O DÓLAR EM 2009

Direto da redação da ÉPOCA, uma das principais notícias de 31/12/2009, e que será muito acompanhada em 2010: Com a intervenção da unidade monetária no câmbio, com um leilão para compra de dólares com taxa de corte de R$ 1,7424 e a postura cautelosa do mercado no ultimo dia de negócios do ano, o dólar fechou estável ontem, 30/12, marcando R$ 1,741 para compra e R$ 1,743 para venda. Com o resultado, a queda do dólar em dezembro foi de 0,63%. De acordo com reportagem do Valor, no ano, a moeda americana apresentou desvalorização de 25,32%, invertendo a alta de 31,34% registrada no ano passado. Segundo estudo da consultoria Economatica, baseado na cotação de ontem, a desvalorização nominal do dólar neste ano é a maior da história, superando as perdas de 18,23% verificadas em 2003.

2009 - 2010: A DIFERENÇA

Diretamente de FORTALEZA-CE, do nosso DIÁRIO DO NORDESTE, o genial SINFRÔNIO nos apresenta o antigo 2009 e o novo 2010. E que venha 2010...

OS NOMES QUE FIZERAM 2009

Sempre gostei de recordar dos principais assuntos que estiveram nas manchetes ao longo do ano que passou. É claro que cada “relação” tem o gosto ou o interesse de quem escreve. Por isso, os principais fatos, por exemplo, citados na TIME, não são os mesmos da VEJA. De qualquer maneira, lendo diversas “listas de 2009”, considerei a abaixo, da FOLHA DE S. PAULO, bastante completa do que realmente vivemos.

Para a nossa recordação, nada como relembrar 2009 nos nomes de:

LULA - Chamado de "o cara" por Obama e eleito personagem do ano pelo espanhol"El País",o petista participou de discussões internacionais sobre o clima,a fome,a crise econômica e foi associado à escolha do Rio para sediar os Jogos de 2016. Internamente, foi alvo de polêmica pelo filme "Lula, o Filho do Brasil", tachado de oportunista, e por ter se empenhado em manter José Sarney na presidência do Senado. Terminou o ano com 72% de aprovação, segundo o Datafolha, um recorde de popularidade.

OBAMA - O casal Obama encabeçou as listas dos mais poderosos, influentes e elegantes. Empossado em janeiro, Barack passou o ano tentando aprovar a reforma no sistema de saúde dos EUA e, externamente, dando justificativas para as ações militares no Afeganistão e no Iraque, que não impediram que ele ganhasse o Prêmio Nobel da Paz. Já Michelle chamou a atenção por suas roupas, quase sempre impecáveis.

JOSÉ SERRA - O governador de São Paulo, que lidera as pesquisas para 2010, passou o ano se esquivando de dizer se vai ser ou não o candidato do PSDB à Presidência. Apesar disso, estendeu sua agenda de viagens para outros Estados e fez propaganda maciça de programas como a lei antifumo e a expansão do metrô. Nos últimos dias do ano, viu Aécio Neves anunciar que desistia de disputar a indicação para o Planalto.

DILMA ROUSSEFF - Escolhida candidata do PT à Presidência por Lula, Dilma aproveitou o ano pré-eleitoral para intensificar sua aparição ao lado do presidente e tentar associar seu nome a programas do governo federal, como o PAC. Foi apresentada como chefe da equipe, mas demorou 40 horas para falar sobre o apagão. Diagnosticada com câncer linfático em abril, anunciou em setembro que tinha terminado o tratamento.

JOSÉ SARNEY - Eleito presidente do Senado em fevereiro, o peemedebista foi o principal personagem da crise que atingiu o Senado por seis meses. Alvo de denúncias de nepotismo, de ter beneficiado parentes por meio de atos secretos e de ter recebido irregularmente o auxílio moradia, Sarney sempre negou as acusações e resistiu no cargo. Escapou, graças ao PT, de processos no Conselho de Ética.

GRIPE SUÍNA - Surgida no México, em março,a nova doença respiratória deixou ao menos 10.582 mortos em mais de 208 países até dezembro, segundo a OMS. No Brasil, o Ministério da Saúde registrou mais de 1.600 mortes no período. Para 2010, o governo promete vacinar os mais vulneráveis ao vírus.

APAGÃO - Cerca de 70 milhões de pessoas de 18 Estados brasileiros ficaram sem energia elétrica por mais de três horas em novembro. O governo culpou o mau tempo pelo ocorrido.

AHMADINEJAD - O iraniano protagonizou a eleição presidencial mais tensa de 2009. A disputa, em junho, teve acusações de fraude e protestos da oposição, reprimidos violentamente pelo governo. Reeleito, Ahmadinejad foi recebido no Brasil por Lula.

CIRO GOMES - Apesar de dizer que é candidato a presidente, o deputado federal (PSB) transferiu seu título de eleitor do Ceará para São Paulo, deixando aberta a possibilidade de concorrer ao governo paulista.

MICHAEL JACKSON - O Rei do Pop morreu em junho, aos 50 anos, em decorrência de uma parada cardíaca provocada por uma quantidade letal de analgésico aplicada por seu médico particular. O cantor se preparava para uma turnê.

RIO-2016 - Após três tentativas frustradas de organizar uma Olimpíada, o Rio ganhou a disputa pela sede dos Jogos de 2016, os primeiros na história a serem organizado sem um país sul-americano. A cidade venceu Madri, Tóquio e Chicago e irá investir R$ 25,9.

LEI ANTIFUMO - Em vigor desde agosto em SP, a lei antifumo baniu a fumaça de ambientes coletivos fechados.Além dos fumantes, donos de bares e restaurantes se queixaram da nova regra, que acabou adotada em outros lugares do país.

AIR FRANCE - O Airbus que cumpria o voo 447 da Air France saiu do Rio em 31 de maio e caiu no oceano Atlântico, deixando 228 mortos. A caixa preta jamais foi localizada e as investigações não esclareceram a causa do acidente.

BERLUSCONI - O premiê deu tanto o que falar em 2009 que acabou até eleito "astro de rock do ano" pela "Rolling Stone" italiana. Suspeito de envolvimento com prostitutas e com a máfia e réu em processos por suborno e fraude fiscal, Silvio Berlusconi fechou o ano se recuperando de uma agressão no rosto.

NELSINHO PIQUET - O piloto fez parte de um dos maiores escândalos da F-1 ao revelar, em julho, que bateu o carro de propósito em 2008, a pedido da Renault, para ajudar seu companheiro de equipe, o espanhol Fernando Alonso.

PRÉ-SAL - Foram lançadas em agosto as regras de exploração do pré-sal, coma troca do sistema de concessões pelo modelo de partilha de produção. A mudança prevê capitalização recorde da Petrobras, estimada em até R$ 100 bilhões, a criação de uma estatal do setor e a montagem de um fundo para investir em educação, combate à pobreza, tecnologia, cultura e ambiente.

RONALDO+CORINTHIANS - Ronaldo, que escolheu o Corinthians para voltar a jogar no Brasil, teve papel importante nas conquistas dos títulos do Campeonato Paulista e da Copa do Brasil. Fora dos campos, fez uma lipoaspiração na barriga, terá um filho coma mulher, Bia Antony, e, claro, foi visto em algumas noitadas.

TWITTER - O Twitter virou fenômeno da internet e se tornou palco para revelações de políticos, esportistas e celebridades. O sistema de microblog anunciou o nascimento do filho de Ivete Sangalo e a renúncia "irrevogável" de Aloizio Mercadante da liderança do PT no Senado, além de permitir que a população do Irã denunciasse a repressão durante as eleições.

ZELAYA - O então presidente de Honduras, Manuel Zelaya, que tentava reformar a Constituição, sofreu um golpe, em junho, orquestrado por Congresso, Suprema Corte e Forças Armadas. As negociações para reconduzi-lo ao cargo foram frustradas, e ele se refugiou na embaixada brasileira de Tegucigalpa, onde passou o Natal.

COPENHAGUE - Um dos eventos mais esperados do ano, a conferência do clima fracassou ao não formular um acordo para conter o aquecimento global e ao empurrar as expectativas para 2010.

DUNGA - Apesar da desconfiança de parte do público e da imprensa, Dunga classificou a seleção brasileira para a Copa da África do Sul com três rodadas de antecedência e com uma vitória sobre a Argentina.

MARINA SILVA - A senadora e ex-ministra do Meio Ambiente anunciou sua saída do PT, rumo ao PV, pelo qual vai disputar a Presidência.

CAMPEONATO BRASILEIRO - O torneio mais emocionante da era dos pontos corridos só conheceu seu campeão na última rodada. O Flamengo, líder por apenas uma semana, voltou a ganhar o título do Brasileiro depois de 17 anos, graças a atuações de Adriano, de volta ao Brasil em 2009, Petkovic e do técnico Andrade.

ROGER ABDELMASSIH - Um dos mais famosos especialistas em reprodução assistida do país, Roger Abdelmassih, 65, teve o registro profissional suspenso e foi preso em agosto sob a acusação de ter cometido 56 estupros contra pacientes. Foi solto na antevéspera do Natal por ordem do STF.

ENEM - No ano de sua reformulação para substituir o vestibular de parte das universidades federais, o Enem foi cancelado devido ao vazamento da prova, prevista para outubro.Um novo exame foi aplicado em dezembro, mas quase 40% dos candidatos não compareceram.

HÉLIO OITICICA - Em outubro,um incêndio queimou 30% das obras do artista plástico Hélio Oiticica (1937-1980) que estavam guardadas na casa de seu irmão César, no Rio.

KARZAI - Pela primeira vez em oito anos, o Afeganistão teve eleições para presidente sob responsabilidade das autoridades locais. Numa disputa marcada por fraudes, Hamid Karzai foi reeleito.

GISELE BÜNDCHEN - O casamento da top de 29 anos, em cerimônia reservada, com o jogador de futebol americano Tom Brady, 32, no início do ano, provocou frisson na mídia especializada em celebridades. Em 2010, as atenções devem ir para Benjamin, seu primeiro filho, nascido em dezembro.

BERNANKE - Eleito como"Personalidade do Ano" pela revista americana "Time", Ben Bernanke, presidente do BC americano, foi responsável por conduzir a saída dos EUA da recessão, classificada por ele como "a pior crise financeira desde os anos 30".

CESAR CIELO - O brasileiro se tornou o maior velocista da natação ao ganhar o ouro nos 100m livre, com novo recorde mundial, e nos 50m livre no Mundial de Roma, em julho e agosto. Aos 22 anos, fechou o ano quebrando também o recorde dos 50m livre.

FELIPE MASSA - O piloto da Ferrari foi atingido, durante os treinos para o GP da Hungria, em julho, por uma mola que escapou do carro de Rubens Barrichello. Precisou fazer cirurgias e se recuperou bem, mas só voltará a correrem 2010.

JOSÉ ROBERTO ARRUDA - O governador do Distrito Federal protagonizou o escândalo chamado de "mensalão do DEM", esquema de distribuição de propinas. Único governador eleito pelo DEM, ele acabou se desfiliando da sigla para não ser expulso.

USAIN BOLT - O jamaicano, o homem mais veloz do mundo, se tornou, no Mundial de Berlim, em agosto, o primeiro atleta a quebrar os recordes dos 100m e dos 200m em um mesmo mundial de atletismo.

LÉVI STRAUSS - O antropólogo francês Claude Lévi-Strauss, pai do estruturalismo, morreu em outubro, a menos de um mês do seu 101º aniversário.

JESUS LUZ - Ao lado de Madonna desde dezembro de 2008, o brasileiro viveu uma alavancada em sua carreira neste ano, atuando como modelo e DJ, o que tem lhe rendido polpudos cachês.

BLOG 2010 - FELIZ ANO NOVO

Para um blog que teve início nas férias de 2008 com o objetivo de ser uma espécie de espaço econômico para divulgação das nossas idéias e de colegas com os quais mantemos semelhanças de pensamento, bem como de outros com os quais divergimos no entendimento econômico e político do que fazer para melhorar o nosso BRASIL, encerramos, neste 31/12/2009, com mais de 500 postagens e quase 1.000 leituras do nosso perfil.

Através deste espaço conhecemos brilhantes colegas e compartilhamos leituras de assuntos que, talvez, por outros meios, deles não teríamos tomado conhecimento. Mesmo com o pouco tempo que dispomos para postar neste espaço ou acessar o blog de outro colega, manter este blog tornou-se uma atividade prazerosa e, quando, por motivos alheios à nossa vontade, deixamos temporariamente o espaço “fora do ar”, essa situação já exige que busquemos alternativas para mantê-lo sempre atualizado e com matérias que sempre sejam úteis aos meus quase dois (milhões de...) fiéis leitores. Afinal, a excelência e a inteligência de nossos leitores é que nos faz sempre buscar o melhor da informação.

Saber da existência de milhões de blogs e ter a certeza que o acesso de um internauta ao nosso blog trouxe uma informação útil ao mesmo, NÃO TEM PREÇO. A todos que nos acompanharam em 2009 e aos que continuarão e, esperamos, virão outros mais em 2010, os melhores desejos de PROSPERIDADE para o ANO NOVO.

UM GOVERNO SÉRIO EM 2010 - ECONOMIA

Agora, diretamente da FOLHA DE S.PAULO, um artigo SÉRIO sobre 2010, do nosso colega PAULO RABELLO DE CASTRO, doutor em economia pela Universidade de Chicago, vice-presidente do Instituto Atlântico e chairman da SR Rating, classificadora de riscos. Preside a RC Consultores, consultoria econômica e o Conselho de Planejamento Estratégico da Fecomercio SP.

Encerro nossas conversas deste ano reproduzindo o apelo da Kamila Umbelino Paiva, estudante do 2º ano do Colégio QI, no Rio de Janeiro, ao concluir sua redação sobre "Uma nova forma de governo", dedicada ao futuro presidente (ele ou ela), e publicada no jornalzinho do Instituto Rogério Steinberg, entidade beneficente: "A verdade é esta", diz Kamila, "o Brasil precisa de um governo que funcione". Mais direto, impossível.

Kamila é muito nova para lembrar que padecemos de males detectados há mais tempo do que ela tem de vida. Mas a garota intui, como milhões de outros jovens, quanto será difícil competir e vencer no mundo. Percebe que suas chances não dependem só dela, mas do conjunto chamado Brasil. Seria bom se o recente surto de crescimento acelerado virasse realidade sustentada. Bom para Kamila e melhor para todos. Mas como podemos almejar 6% de crescimento e dobrar a renda das pessoas nesta década se o país onde Kamila nasceu ainda não conseguiu:

- elevar o investimento, como proporção do PIB, para 24%, na média, de modo a garantir as infraestruturas do progresso almejado;

- "choque de eficiência" na gestão pública de modo a assegurar serviços públicos eficazes sem onerar o cidadão (meta de 5% ao ano de ganho de produtividade no governo);

- reduzir a carga tributária dos quase 40% do PIB que, afinal, vão direto para o custo dos produtos, onerando o trabalhador e eliminando a margem competitiva dos empresários ante os importados (meta seria rebaixar para 30% do PIB até 2020);

- rebaixar os atuais 5% do PIB pagos em juros sobre a dívida pública, que sobe a 70% do PIB em termos brutos, verdadeiro tendão de aquiles da estabilidade;

- controlar melhor os 12% do PIB gastos na rubrica previdenciária pública e do INSS, o dobro da média de países em estágio de renda e idade semelhantes ao nosso (meta seria conter em 10% do PIB, até 2020);

- por último, sair do topo da lista das nações mais burocratizadas do mundo (dados do Banco Mundial), o que duplica o custo de tarefas como pagar impostos e se livrar de multas, notificações e intimações.

Kamila provavelmente nunca ouviu falar de taxa de investimento nem de carga tributária nem de gestão pública nem de impasses burocráticos. Mas provavelmente conhece bem alguns dos efeitos dessa imensa e surda ineficiência, na qualidade da educação, na prestação da saúde, na segurança ausente, na justiça lenta. A próxima geração estará mais atenta do que antes à relação entre promessa de político e resultado de governo. E cobrará mais desenvolvimento efetivo, e não a continuação da prosa solta que disfarça a ineficácia da gestão pública.

Entramos no último ano da era Lula, que melhor se chamaria de "duplo ciclo de estabilização (FHC) e inclusão (Lula)". Foram 16 anos, a provável idade de Kamila. Entramos numa década que pede desenvolvimento mais acelerado, num regime de mais criatividade e menos desperdício, incluídos menos roubos e corrupção. Embora não mentalize, Kamila será capaz de vasculhar, nas promessas de candidatos, quem terá mais capacidade de virar o disco da estabilidade com juro alto e o da inclusão social com ênfase no assistencialismo, para começar a tocar a música do "desenvolvimentismo", termo hoje quase profano que o ministro Mantega teve a coragem de resgatar em recente entrevista. Kamila não sabe, mas é desenvolvimentista, como o resto do país, à procura de uma agenda para crescer. Pede só que o governo funcione.

EM 2009 SOMENTE DEU LULA

Nunca antes neste blog postei um texto do culto RUY CASTRO, sempre na FOLHA DE S. PAULO. Porém, final de ano, nada melhor do que ler com humor algo que nos faça sorrir para o que vem em 2010. Com vocês, SÓ FALTA O MOTO RÁDIO...

Grande ano, 2009, para o presidente Lula. Só não se pode dizer que melhor, impossível, porque, quando se trata de Lula, nada é impossível. Com seus poderes e uma estrela que vou te contar, ele deverá prolongar 2009 até a Copa do Mundo ou tornar 2010 ainda melhor para ele.

O jornal francês "Le Monde" elegeu-o "o homem do ano". O espanhol "El País", "a personalidade" idem. O inglês "Financial Times", um dos 50 da década. Antes disso, Barack Obama disse que ele era "o seu cara", o que o Brasil entendeu como se ele fosse "o cara". E o que dizer dos 72% de aprovação popular no sétimo ano de governo? Quando, normalmente, os mandatos presidenciais já começam a azedar, o de Lula está mais fresco e perfumado do que nunca.

Por estes dias estreia "Lula, O Filho do Brasil", o primeiro documentário de ficção do cinema nacional. É um blockbuster nato - milhões já gostaram antes até de vê-lo. Por sua causa, cidades brasileiras que há décadas não tinham um cinema, nem mesmo para fins pornô, voltarão a contar com eles, instalados pelo Ministério da Cultura - espera-se que continuem abertos depois que "Lula, O Filho do Brasil" seguir viagem rumo a outras telas. E, para não haver dúvida, promete-se para 2010 uma minissérie da Globo com o mesmo herói e o mesmo título.

Já se disse que "Lula, O Filho do Brasil" é a estátua equestre de Lula. Pode ser. Mas o que o impede de querer uma estátua equestre de verdade? E, a exemplo daquele outro cultor da própria personalidade, Getulio Vargas, não será surpresa se Lula cunhar sua efígie no verso da moeda de 10 centavos (como nos "getulinhos") ou imprimi-la na nota de R$ 10, como Getulio fez na de dez cruzeiros.

Neste momento, para fechar um ano perfeito, só falta a Lula ganhar o Moto Rádio.

ENFIM, UM ARTIGO SEM PREVISÕES PARA 2010

Neste último dia de 2009, final de uma década, o colega PAULO NOGUEIRA BATISTA JR. brinda seus leitores na FOLHA DE S. PAULO com um interessante artigo sobre nomes. Boa leitura para vocês.

LEITOR, LEITORA, esta época do ano é verdadeiramente tenebrosa para os colunistas de jornal. Não há assunto que se apresente. É um deserto de temas e ideias. O jeito é apelar. Abundam balanços de fim de ano e perspectivas para o ano novo. Cada um aproveita para reciclar, sem muita convicção, as suas teses e bordões favoritos.

Se eu fizesse um artigo desse tipo, poderia falar do câmbio valorizado em 2009 e dos riscos do desequilíbrio externo em 2010. Ou, ainda, dos juros elevados. Ou, melhor ainda, poderia dar mais um teco na turma da bufunfa. Os bufunfeiros -mais os internacionais do que os locais- bem que andam merecendo algumas descomposturas adicionais.

Mas, não. Vou tentar inovar um pouco. Acontece que tenho um tema guardado há muito tempo na algibeira. É o seguinte. Há mais de dez anos, visitei o ateliê de um artista plástico mineiro, em Belo Horizonte. Já não me recordo o seu nome, sei apenas que era amigo do meu primo Roberto Senna (grande figura, aliás), que foi quem lá me levou. Um dos seus quadros trazia uma inscrição em latim: Nomen est omen. "O nome é um presságio”, traduziu o artista.

Aquilo ficou. O tempo foi passando e fui percebendo, aos poucos, o quanto o provérbio romano podia ser verdadeiro. Por exemplo, em 2001, El Salvador adotou o dólar como moeda, tornando-se "ipso facto" colônia monetária dos Estados Unidos. Nome do ministro da Economia salvadorenho: Miguel Lacayo. Em 2003, Walfrido dos Mares Guia foi nomeado ministro do Turismo pelo presidente Lula -convenhamos, é um nome arejado, paisagístico, perfeitamente adaptado ao cargo. Outro exemplo: o diplomata Antônio Patriota era até recentemente embaixador brasileiro em Washington -em nenhum out ro posto o patriotismo é tão indispensável. Um diplomata de nome Patriota estava como que fadado a servir na capital dos Estados Unidos.

Tivemos também o tesoureiro nacional do Partido Liberal na época do "mensalão": Jacinto Lamas -esse parece saído diretamente da coluna do Macaco Simão. E ainda: David Dollar é o atual attaché do Tesouro dos Estados Unidos em Pequim - uma provocação mandar o sr. Dollar logo para a China, país tão preocupado com a solidez das suas imensas reservas aplicadas na moeda americana. Outro caso notável é Bernard Madoff, responsável por uma das maiores, senão a maior fraude financeira da história de Wall Street. "Madoff Madness" virou um chavão na cobertura jornalística americana da crise financeira de 2008-2009. E as iniciais do meu próprio nome? PNB -Produto Nacional Bruto, sigla que predestina à macroeconomia.

Tudo isso, reconheço, pode parecer inteiramente arbitrário, gratuito etc. Mas nem tanto. Consta que os grandes escritores escolhem com cuidado o nome dos seus personagens. O historiador Golo Mann relata que seu pai, Thomas Mann, acreditava na existência de uma ligação íntima entre pessoa e nome. E, no entanto, o seu próprio nome pode ser visto como um contraexemplo irônico ao provérbio romano. Mann (homem, em alemão) tinha tendências homoeróticas, que transparecem claramente em sua obra, em "Morte em Veneza" e "Tonio Kröger", por exemplo.

Leitor, leitora, todos os exemplos mencionados são rigorosamente verdadeiros, até mesmo o Jacinto Lamas. Não inventei nada. Deu certo o artigo? Acho que não. Paciência.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

IMPORTANTE ARTIGO PARA REFLEXÃO

Este artigo foi publicado na revista EXAME, com o título ECONOMIA SOCIAL - Os economistas podem melhorar a condição humana?
Seu autor é o economista britânico Paul Ormerod, autor do livro A MORTE DA ECONOMIA. Inicialmente eu pensei em divulgar apenas alguns trechos. No entanto, avaliando melhor, entendo que o mesmo deva ser lido por todos os colegas ou admiradores/críticos da nossa ECONOMIA. Portanto, uma boa leitura. Afinal, ler é um ótimo remédio, principalmente no recesso de final de ano.
A matemática está se tornando cada vez mais difundida na economia. Para que fique registrado: na hora certa, entre adultos e de comum acordo, eu também uso matemática. Há boas e más razões para empregá-la a serviço da economia. Só que até agora as más prevaleceram. Isso não teria muita importância se os formuladores de políticas não levassem a economia tão a sério. Quase nenhum deles liga para loucuras da teoria literária, por exemplo. Mas a economia tem importância e, nas fronteiras da disciplina, uma mudança sutil mas profunda está ocorrendo. A economia está começando a se tornar mais realista, enraizada em instituições, em história, no mundo real, e, por conseguinte, mais útil. Foi assim, aliás, que a economia começou. Na época ela não era chamada de "economia", mas de "economia política", simbolizando o fato de que economias não existem independentemente de sistemas e instituições políticos.
Adam Smith fundou, sozinho, a disciplina de economia há cerca de 200 anos, e sua influência é grande até os dias de hoje. Mas seu livro seminal, A Riqueza das Nações, não contém nenhuma equação. Em vez disso, Smith emprega argumentos cuidadosamente construídos, apoiados numa profusão de evidências históricas. O corretor de ações inglês David Ricardo, autor de Princípios da Economia Política e Tributação (1817), é menos conhecido, mas a teoria econômica- padrão de comércio ainda se baseia em sua obra. Mais de um século depois, duas figuras de extremos opostos do espectro político fizeram contribuições de largo alcance à economia. John Maynard Keynes estudou matemática em Cambridge e depois passou para a economia. Friedrick Hayek, a inspiração intelectual para o thatcherismo, tinha insights profundos em psicologia e também em economia. Ricardo, Keynes, Hayek e uma série de outras figuras-chave evitaram deliberadamente a matemática. Eles preferiram usar argumentos ponderados respaldados em evidências.
Como foi, então, que a matemática se tornou tão presente na economia, quando tanta coisa foi alcançada sem ela? A pior razão é que o emprego da matemática faz com que os economistas se sintam como verdadeiros cientistas. Eles têm "inveja da física". Os físicos usam a matemática (tente fazer física quântica só com palavras), e são cientistas de verdade, que realmente explicaram como uma porção de coisas funciona. Portanto, se usarmos a matemática, isso nos fará verdadeiros cientistas, não é? Bem, o erro lógico desta última frase é bastante óbvio. Mas ele não impede a satisfação íntima que a maioria dos economistas sente quando cobre a página de símbolos matemáticos.
Há uma razão mais séria e mais danosa para a matemática, ao menos um tipo particular de matemática, ser usada em economia. Ela está inextricavelmente ligada ao conceito de "homem econômico". A economia é basicamente uma teoria sobre o comportamento dos indivíduos. E a história- padrão não só supõe que os indivíduos são movidos pelo interesse próprio, mas que eles se comportam como algum tipo de supercomputador -- sempre recolhendo cada pedaço de informação relevante para uma decisão. Esses indivíduos tomam então a melhor decisão possível com base nas opções disponíveis. Não apenas uma boa decisão, mas a melhor. Ou, como economistas gostam de dizer, ótima.
Essa ainda é a base para o ensino de economia na universidade. Mas, paradoxalmente, foi precisamente o emprego da matemática na economia que solapou essa visão do mundo. É também uma razão por que a disciplina está avançando dramaticamente. A matemática pode ser muito útil em economia desde que a pensemos como uma simples ferramenta entre muitas. Ela é uma ferramenta que pode nos ajudar no pensamento lógico. É como outra linguagem -- ela pode nos ajudar a encontrar nosso rumo.
Mas pioneiros como os vencedores do Nobel de 2001 George Akerlof e Joseph Stiglitz avançaram o tema nos anos 70. Eles perceberam que algo mais era necessário, por isso abandonaram a ideia de que as pessoas têm uma informação perfeita quando tomam decisões. Eles desenvolveram o conceito de "racionalidade limitada": embora possamos tentar tomar a melhor decisão, podemos não conseguir em razão da falta de informações vitais. Assim, num mundo de racionalidade limitada, as pessoas que se comprazem em comida vagabunda ou fumam pesadamente não são vistas necessariamente como tomando a melhor decisão possível para elas. O trabalho de Akerlof e Stiglitz representou um passo adiante enorme para tornar a economia mais realista.
Daniel Kahneman e Vernon Smith, vencedores do Nobel de 2002, deram passos ainda mais largos. Eles entraram efetivamente no mundo e conduziram experimentos para ver como as pessoas de fato se comportam. Observando e deduzindo, como cientistas de verdade! Descobriram que, na maior parte do tempo, as pessoas não se comportam como o homem econômico. Em sua palestra na cerimônia do Nobel, Kahneman afirmou: "A característica central de agentes (pessoas) não é que eles raciocinam mal, mas agem intuitivamente com frequência. E o comportamento desses agentes não é guiado pelo que eles são capazes de computar, mas pelo que enxergam em dado momento".
Em outras palavras, o conceito de um homem econômico racional, calculador, está sendo abandonado. A teoria do homem econômico postula que as pessoas têm todas as informações relevantes para tomar a melhor decisão. Nessa nova abordagem, as pessoas têm -- na melhor hipótese -- uma informação imperfeita. Elas seguem aos trambolhões, tentando tomar decisões racionais, às vezes conseguindo -- mas, com frequência, falhando. As novas abordagens que se desenvolveram para substituir o homem econômico, talvez surpreendentemente, tornaram a economia muito mais dura. Em vez de apenas manipular algumas equações, nós precisamos pensar nas regras de comportamento relevantes. E precisamos recuperar a importância de instituições e da história. Em suma, temos de recuperar a ideia de economia política numa roupagem completamente moderna. Friederick Hayek sofre a desconfiança de muitos, mas há uma verdade profunda em sua observação: "Um economista que é apenas um economista não pode ser um bom economista".
Tudo isso deixa a economia mais humilde. Em vez de pretender passar por uma teoria de comportamento completamente geral -- aplicável a todas as pessoas em todos os tempos e lugares --, a economia é agora muito menos pomposa. Mas, em última instância, essas mudanças servirão para tornar a disciplina mais realista. E potencialmente mais poderosa como uma força para ajudar a compreender e melhorar a condição humana.

domingo, 27 de dezembro de 2009

2010 SEGUNDO NAKANO

Com o título “2010”, YOSHIAKI NAKANO, diretor da nossa Escola de Economia de São Paulo, da FGV, escreve hoje na FOLHA DE S. PAULO. Conforme já postei anteriormente, tenho prazer em divulgar aos meus quase dois (milhões de) leitores, o texto inteiro, ao invés de fazer o link, apesar das reclamações de alguns que somente gostam de ler o título do texto...

O ano de 2010 deverá ficar na história econômica mundial como início de uma nova era ou do verdadeiro início do século 21.

A grande crise do sistema financeiro norte-americano de 2007-2009 marcará o fim de um longo ciclo de expansão econômica mundial marcada pela hegemonia absoluta dos EUA e pela globalização financeira.

Essa crise já trouxe mudanças profundas tanto na configuração política como na economia global. É verdade que mudanças estão ainda em gestação, mas algumas tendências são visíveis, de forma que podemos fazer pelo menos duas conjecturas do quadro global a partir de 2010.

Em primeiro lugar, a mudança na governança global é visível com a constituição do G20, em substituição ao G7. É importante lembrar que o G20 era um fórum de ministros de Fazenda.

Com a crise financeira, a reunião do G20, em outubro passado, transformou-se em fórum maior de chefes de Estado das 20 nações mais importantes do planeta. A participação do presidente dos Estados Unidos nessa reunião representou simbolicamente o fim do unilateralismo e da hegemonia absoluta norte-americana e o reconhecimento da "cidadania política mundial" de países emergentes como a Índia, o Brasil e a África do Sul.

Essa mudança na governança global terá consequências mais profundas na América Latina e no Brasil do que na Ásia. Está surgindo o novo desenvolvimentismo nacional, em que alguns emergentes terão espaço para traçar autonomamente o seu destino, ainda que num mundo cada vez mais integrado e globalizado. De fato, o Brasil nesse novo quadro do G20 está tendo que descobrir e definir pragmaticamente os seus interesses nacionais, na medida em que tem de negociar de igual para igual com nações desenvolvidas que sabem muito bem defender os seus.

A segunda grande mudança está ocorrendo na dinâmica da economia global. O superendividamento do consumidor norte-americano, que se traduzia num enorme deficit em transações correntes e num desequilíbrio global, está na raiz da atual crise. Isso está provocando grandes ajustes, com aumento da taxa de poupança e redução do deficit.

O colossal socorro do governo norte-americano aos bancos está se convertendo num crescimento explosivo da sua dívida pública, enfraquecendo o dólar como moeda de reserva. Tudo isso deverá romper com a estrutura dinâmica da economia mundial, em que os EUA estão deixando de ser o centro dinâmico global como consumidores e importadores em última instância. Além disso, como a única saída sustentável para a recuperação do emprego está no aumento das exportações, os EUA estão depreciando o dólar e promovendo uma "guerra cambial" contra o resto do mundo.

Por outro lado, em 2010 a China ultrapassará o Japão, constituindo-se na segunda maior e mais dinâmica economia mundial. Mas, ao atrelar o yuan ao dólar, a China também promove a "guerra cambial". Nesse quadro, o dinamismo para os demais países emergentes como o Brasil terá de se localizar na expansão do mercado doméstico e nas exportações de commodities para a China, que está configurando uma nova divisão internacional do trabalho.

2009 - MEMÓRIA PAUL SAMUELSON

Está em todas as revistas, sites e jornais que relembram 2009, como não deveria deixar de ser, o registro da morte de PAUL SAMUELSON, 94 anos. Sobre ele, escreveu LAWRENCE SUMMERS, diretor do Conselho Nacional de Economia da Casa Branca:
"ELE TEVE MAIS IMPACTO NA VIDA ECONÔMICA DOS ESTADOS UNIDOS, E DO MUNDO, DO QUE MUITOS PRESIDENTES."

ESTAMOS CHEGANDO AO FINAL DO ANO!

Nestes últimos dias de 2009, na verdade estamos deixando para o passado a primeira década do século XXI e não apenas mais UM ANO. E que década... Como esquecer de 11/09/2001? E da crise econômica de 2008? O importante é saber chegar ao fim de uma década, ao final de um ano, relembrando que fomos parte consciente dela.

Acabo de receber as últimas edições da VEJA, ÉPOCA e EXAME. Com todo o respeito à revista ÉPOCA, a VEJA desta semana está excepcional. Quanto à EXAME, de um excelente artigo do colega britânico PAUL ORMEROD, destaco a frase de FREDERICK AUGUST VON HAYEK:

UM ECONOMISTA QUE É APENAS UM ECONOMISTA NÃO PODE SER UM BOM ECONOMISTA”.

Depois, com calma, voltarei a falar desse artigo que citei.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

SALÁRIO MÍNIMO EM 2010

Em época de novo salário mínimo, fiquemos com a imagem do Papai Noel cearense, direto do jornal O POVO. Que em 2010 todo brasileiro possa ter pelo menos o mínimo...

2009 - O ANO DE LULA

Depois do jornal espanhol EL PAÍS, o francês LE MONDE: Pela primeira vez na história, o "Le Monde" decidiu eleger a personalidade do ano. A "sua" personalidade do ano. O exercício poderia parecer arriscado ou desonroso. Quem escolher? Segundo quais critérios? Em nome de que valores? Como se diferenciar dos grandes e prestigiosos colegas estrangeiros, como a revista americana "Time", que há muito tempo nos antecedeu nesse caminho ao eleger sua "pessoa do ano"?

Nossas discussões trouxeram à luz aquilo que nos reúne sob a bandeira do "Monde". Uma vez que, há 65 anos, o título do nosso jornal é um convite ao olhar planetário, escolhemos uma personalidade cuja ação e a notoriedade tomaram uma dimensão internacional. Preocupados em evitar as escolhas obrigatórias que poderiam ter nos levado ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama (mais o homem de 2008 do que o de 2009), nós também descartamos personalidades "negativas", muito embora sua ação seja determinante na nova configuração mundial: Vladimir Putin e sua tentativa-tentação de reconstituir o império soviético; Mahmoud Ahmadinejad, cujas palavras e ações são sempre um desafio ao Ocidente.

Desde sua criação, "Le Monde", marcado pelo espírito da análise de seu fundador, Hubert Beuve-Méry, pretende ser um jornal de (re)construção, até mesmo de esperança; ele veicula à sua maneira uma parte do positivismo de Auguste Comte, defendendo os homens de boa vontade. É por isso que, para esta primeira nomeação, que nós esperamos renovar a cada ano, nossa escolha feita com a razão e o coração foi pelo presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, mais conhecido pelo simples nome de Lula.

Pareceu-nos que, pelo seu percurso singular de antigo sindicalista, pelo seu sucesso à frente de um país tão complexo quanto o Brasil, por sua preocupação com o desenvolvimento econômico, a luta contra as desigualdades e a defesa do meio ambiente, Lula é bastante merecedor... do mundo.
Este blog embora não concorde com determinadas políticas de Lula, nele reconhece a sua competência e fica feliz com a escolha.

domingo, 20 de dezembro de 2009

ATA DO COPOM

Recebi do Professor Carlos Pio, o editorial do Estadão sobre “o viés político das Ata do COPOM."

A interpretação mais audaciosa sobre a Ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) foi do diretor da Global Financial Advisor, Miguel Daoud, que, ao ler o documento, concluiu que o Banco Central (BC) introduziu nele um viés político.

Na sua opinião, o BC fotografou o cenário atual e passou a foto por meio da Ata. Na realidade, isso já se vinha percebendo em atas anteriores, chegando à máxima clareza no presente documento, especialmente no que diz respeito à expansão monetária e, mais ainda, ao déficit das contas públicas. A impressão foi reforçada pela declaração do presidente do BC, Henrique Meirelles, quando transformou o que o Copom considera uma hipótese de trabalho em certeza: de cumprimento das metas fiscais e de inflação em 2010.
A Ata considera que existem apenas dois riscos: o comportamento dos preços dos serviços e a elevação dos das commodities. Não vê nenhum problema no que se refere ao crédito, que aumenta para as pessoas físicas e conta com a atuação dos bancos públicos para que não haja risco de redução. O risco do impulso fiscal sobre a trajetória da inflação, embora assinalado, não preocupa as autoridades monetárias, que consideram que os investimentos da indústria, que atualmente dispõe de margem de ociosidade, darão condições de responder a um forte aumento da demanda doméstica.
Certamente, o Copom se mostra tranquilo com a possibilidade de recorrer à importação para completar a oferta interna, embora não manifeste preocupação com a excessiva deterioração das transações correntes do balanço de pagamentos. Isso pode até afetar a taxa cambial, mas o Copom acredita que manterá estabilidade em torno de R$ 1,70. No entanto, uma desvalorização do real ante o dólar teria um efeito devastador sobre os preços de produtos brasileiros nos quais cresce a participação de componentes importados.
Não se pode menosprezar, hoje, a dependência das entradas de capitais estrangeiros na economia brasileira, tanto na sustentação dos investimentos quanto na dinâmica do mercado bolsista. Ora, uma deterioração das contas públicas, ainda mais acompanhada de déficit crescente das transações correntes, que poderá não ser facilmente coberto pela entrada de recursos externos, representará a médio prazo um sério problema. Não em 2010, mas o Copom, que atua essencialmente sobre o futuro, parece-nos que deveria advertir-se desse risco.

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...