sábado, 17 de dezembro de 2011

O alarme de Krugman e a austeridade.


Amity Shlaes, é colunista da Bloomberg News e diretora do Four Percent Growth Project, no Bush Institute. Este artigo foi publicado especialmente para o Valor Econômico. 

Então, é oficial. O "The New York Times", ou pelo menos o colunista Paul Krugman, declarou que estamos em uma depressão mundial. E chegou bem a tempo para o Natal.

A democracia está em jogo, sustentou Krugman em sua coluna de 11 de dezembro e a Europa, social e economicamente, se inclinará ao fascismo, se não deixar de buscar uma "austeridade cada vez mais rigorosa, sem esforço de contrabalanço para promover o crescimento".

São suposições importantes e previsões assustadoras. Krugman, no entanto, sente-se à vontade em fazê-las porque diz ter evidências. Sua evidência de que a democracia europeia cambaleia em favor de uma repressão é o caso da Hungria, membro da União Europeia (UE), mas que ainda tem sua própria moeda, o florim. No país, o partido governista Fidesz defende políticas que suprimem a liberdade de expressão, a independência judicial e a mídia jornalística.

Quanto à teoria de que a austeridade desacelera o crescimento, Krugman evoca a Grande Depressão. Fazê-lo traz autoridade por si só, já que a Grande Depressão é misteriosa e sua força na imaginação pública é forte.

O colunista, frequentemente, faz referências ao relato em três estágios. No fim dos anos 20 ou início dos 30, o presidente dos Estados Unidos, Herbert Hoover, cometeu um erro fatal e impôs medidas de austeridade, na forma de aumentos de impostos e cortes orçamentários. A economia dos EUA faliu. O presidente Franklin Roosevelt veio, gastou e começamos a nos recuperar. Depois de 1936, Roosevelt hesitou e apertou o cinto governamental - de novo, a austeridade. Caímos em depressão econômica. A economia não voltou às taxas de crescimento de 1929 até o aumento de gastos da Segunda Guerra Mundial.

Nem todos entre nós concordam com os detalhes desse roteiro. Hoover, por exemplo, aumentou os gastos. Argumentar, no entanto, que a austeridade, caso tivesse sido promovida em grau suficiente, teria promovido o crescimento e a recuperação nos anos 30 é embarcar em uma aventura condicional vulnerável.

Há evidências de que a austeridade promoveu o crescimento no passado e não o fascismo. Esses exemplos podem ser menos conhecidos, mas sugerem que a austeridade pode trazer a recuperação com mais velocidade do que quando se gasta.

Um forte exemplo na história dos EUA é a recessão no início dos anos 20. O governo reagiu à desaceleração sem gastar; cortou-se pela metade. A recuperação foi tão rápida que poucas pessoas se lembram dessa recessão.

Para seguir o modelo de Krugman de selecionar um único país, podemos observar a Austrália dos anos 30. No início da década, a Austrália, assim como os EUA, sofria de deflação e desemprego acentuado. A renda nacional havia encolhido em todos os anos entre 1925 e 1932. Nesse ano, o índice de desemprego chegou a 19,7%. O governo considerou substituir o padrão-ouro com um "padrão-mercadorias", atrelado às commodities.

Os australianos se perguntavam se os gastos poderiam trazer a recuperação. O poderoso premiê de Nova Gales do Sul, J.T. Lang, procurou focar seus eleitores em um projeto de obras públicas, a grande ponte Sydney Harbour Bridge, que foi completada em 1932. Muitas autoridades imaginaram que ainda mais liquidez seria a resposta para os problemas da Austrália.

Como a escritora Anne Henderson destaca na nova biografia de Joseph Lyons, o primeiro-ministro do país na época, o governo federal australiano afastou-se da política de gastos e optou pela austeridade. A partir de 1932, Lyons liderou o país em meio a uma campanha de corte de orçamento para reduzir em 20% todos os gastos desvinculados, que o governo pode usar livremente, o que incluiu os salários do setor público. Lyons e outros líderes se comprometeram a pagar dívidas australianas, no que ficou conhecido como o "plano dos premiês".

"A Austrália converteu empréstimos imensos em Londres" e recomprou dívidas "para assegurar, aos que emprestavam dinheiro, a solidez da política da Austrália", contou-me Henderson, por e-mail. Os impostos foram elevados em uma campanha total para transformar o déficit federal em superávit. A Austrália permitiu-se apenas um ano de déficit.

De início, as pessoas disseram que Lang, e não Lyons, estava certo. De 1933 em diante, no entanto, a Austrália começou a recuperar-se. Em 1936, o desemprego havia recuado para cerca de 11%. E continuou em queda. A Austrália recuperou-se com muito mais velocidade que os EUA.

Em 1935, um Lyons triunfante navegou aos EUA, no cruzeiro italiano Renault, para relatar o sucesso de seu governo: "Tivemos de cortar salários e aposentadorias cruelmente durante o auge da Depressão", disse Lyons a repórteres no píer, em Nova York. Naquele momento, contudo, já estava recuperando as aposentadorias. Ao cortar, a Austrália deu à sua economia a chance de crescer e, à sua moeda a crucial credibilidade. Lyon pode ter elogiado Mussolini, mas a Austrália não virou fascista.

Outros contam a história da Austrália de forma diferente. Enfatizam a depreciação da libra australiana e a resultante melhora das relações de troca. Ou argumentam que a Austrália, pequena, e os EUA, um país poderoso, não são comparáveis.

A questão é, contudo, que esses tipos de dados, da Hungria à Austrália, precisam ser examinados cuidadosamente. Os roteiros normalmente conhecidos nem sempre são os certos.

E nem sempre são análogos ao presente. O experimento de austeridade de David Cameron, primeiro-ministro do Reino Unido, é recente demais para ser declarado como um fracasso. A recuperação pode ser lenta, como foi a da Austrália. O Reino Unido, no entanto, verá os benefícios a sua competitividade relativa criados pelos cortes mais cedo do que tarde. O dinheiro que evita a incerta área do euro fluirá para o Reino Unido.

Em resumo, só porque alguém evoca a Grande Depressão não significa que uma nova era fascista esteja sobre nós. Ou que é hora de uma "suspensão da descrença". 

Ciência sem Fronteiras.


Especialmente para quem gosta de estudar, leia abaixo o editorial do ESTADÃO de hoje sobre "Ciência sem Fronteiras". 

Lançado há seis meses com o objetivo de acelerar a internacionalização do ensino superior no País e regulamentado por decreto assinado esta semana pela presidente Dilma Rousseff, o programa Ciência sem Fronteiras anunciou a primeira chamada pública para a concessão de 12,5 mil bolsas a estudantes que queiram fazer graduação, mestrado, doutorado, pós-doutorado e cursos de formação de tecnólogos no exterior. As bolsas de graduação poderão ser pleiteadas por quem obtiver mais de 600 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e a definição dos critérios de seleção, das áreas a serem financiadas e do valor das bolsas ficará a cargo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

As primeiras bolsas se destinam, basicamente, a estudos nos EUA, Inglaterra, Alemanha, França e Itália e as áreas escolhidas - matemática, física, química e biologia - estão entre aquelas em que o Brasil é carente. Previstas para o início de 2012, as próximas chamadas públicas privilegiarão as engenharias e as ciências aplicadas, como nanotecnologia, biotecnologia, tecnologia mineral, geociências, tecnologia aeroespacial, fármacos, energias renováveis, petróleo, gás e carvão mineral. Essas áreas são consideradas estratégicas pelo governo para a qualificação da mão de obra e o desenvolvimento. Serão concedidas bolsas para escolas na China, Japão, Coreia do Sul e Bélgica.

O governo pretende oferecer 101 mil bolsas de estudo em quatro anos. Mas a União só financiará 75 mil. Para custear as 26 mil bolsas restantes, no valor de R$ 1,3 bilhão, o governo está pedindo ajuda a empresas estatais, empresas privadas e instituições financeiras. Nos últimos meses, enquanto os Ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia negociavam convênios com grandes instituições de ensino e pesquisa estrangeiras, a presidente Dilma Rousseff e a chefe da Casa Civil, ministra Gleisi Hoffmann, instavam empresários e dirigentes de entidades de classe a custear as bolsas.

Além da Petrobrás, Eletrobrás, Vale, British Petroleum, AmBev, Portugal Telecom/Oi e Tim, foram procuradas a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que prometeu financiar 6,5 mil bolsas; a Confederação Nacional da Indústria (CNI), que bancará 6 mil bolsas; e a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), que custeará outras 5 mil. Também foram procuradas multinacionais que têm interesse em vender seus produtos no País ou que participam de concorrência para a venda de equipamentos e serviços ao governo. É o caso da sueca Saab e da americana Boeing, que têm interesse em vender caças para a Força Aérea Brasileira. Por meio do Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro, a Saab se comprometeu a conceder cem bolsas para estudantes e pesquisadores das áreas de defesa e segurança em universidades suecas. A Boeing concederá bolsas para 18 estudantes de engenharia geoespacial e aeronáutica em escolas americanas.

Com o avanço da globalização econômica, a internacionalização do ensino superior e a ampliação de programas de intercâmbio em ciência e tecnologia se tornaram decisivas para que os países possam aumentar o esforço de inovação científica e assegurar maior competitividade às suas empresas. Ao proporcionar vivência acadêmica e profissional no exterior, dando aos jovens oportunidade de superar a barreira da língua e aprimorar seus conhecimentos em escolas de alto nível, esses programas tornarão as novas gerações mais cosmopolitas e ajudarão a reduzir a distância entre as universidades brasileiras e as instituições de ensino mais bem classificadas nos rankings internacionais.

O Ciência sem Fronteiras tem tudo para dar certo. Mas, para que não seja desvirtuado, é preciso que a seleção dos bolsistas privilegie os candidatos mais bem preparados, sem concessões a políticas de cotas sociais e étnicas, e que o pedido de apoio financeiro a empresas e entidades de classe não se converta em forma de pressão do governo sobre a iniciativa privada.

Loucura monetária dos republicanos.


PAUL KRUGMAN, hoje na FOLHA DE S. PAULO e a confusão americana avisa que: estamos a caminho de nova Grande Depressão caso doutrina que predomina no partido for posta em ação.

A busca desesperada dos republicanos por um candidato à Presidência que não se chame Willard M. Romney parece continuar. As apostas em Gingrich perderam força no Iowa, ao menos. O próximo nome na berlinda é o do deputado Ron Paul.

Isso faz sentido, de certo modo.

As pessoas não confiam em Romney porque ele é visto como alguém que, cinicamente, assume a posição que acha que mais vai beneficiá-lo -acusação que é verdadeira.

Ron Paul, ao contrário, vem sendo altamente coerente. Aposto que você não encontrará videoclipes de alguns anos atrás em que ele diz o contrário do que afirma agora.

Infelizmente, Ron Paul vem mantendo sua coerência por ignorar a realidade, aferrando-se à sua ideologia apesar dos fatos que comprovaram o equívoco dessa ideologia.

E, ainda mais infelizmente, a ideologia de Ron Paul hoje domina o Partido Republicano, que antigamente era mais bem informado.

Ron Paul se identifica como alguém que acredita na teoria econômica dita "austríaca" -teoria que rejeita John Maynard Keynes, mas é quase igualmente veemente na rejeição às ideias de Milton Friedman.

Pois os austríacos veem a "moeda fiduciária" (dinheiro que é apenas impresso, sem ser respaldado por ouro) como sendo a raiz de todos os males econômicos.

Eles se opõem terminantemente ao tipo de expansão monetária que Friedman dizia que poderia ter evitado a Grande Depressão -e que foi feita por Ben Bernanke desta vez.

E ocorreu, de fato, uma enorme expansão da base monetária depois da queda do Lehman Brothers. O Fed começou a emprestar grandes montantes a bancos, além de comprar uma grande gama de outros ativos, numa tentativa (bem-sucedida) de estabilizar os mercados.

Os austríacos e muitos economistas de viés direitista tinham certeza quanto ao resultado disso: inflação devastadora. Um comentarista austríaco que vem assessorando Ron Paul chegou a avisar da possibilidade de uma hiperinflação ao estilo do Zimbábue no futuro próximo.

Então aqui estamos, três anos mais tarde. Como vão as coisas? Os preços ao consumidor subiram apenas 4,5%, o que significa um índice de inflação anual média de 1,5%.

Quem poderia ter previsto que imprimir tanto dinheiro provocaria tão pouca inflação? Bem, eu poderia -e previ. E também o fizeram outros que entendem a teoria keynesiana.

Mas seus partidários continuam a dizer, não se sabe como, que ele tem tido razão em relação a tudo.

Assim, poderíamos imaginar que o fato de terem errado tão feio sobre algo que é tão crucial em seu sistema de crenças teria feito os austríacos perder popularidade.

O que aconteceu, porém, é que a doutrina da "moeda lastreada" e a paranoia quanto à inflação tomaram conta do partido, apesar de a inflação prevista não se concretizar.

Ainda é muito improvável que Ron Paul se torne presidente. Mas sua doutrina econômica já virou, concretamente, a oficial do Partido Republicano, não obstante os acontecimentos terem mostrado que está totalmente equivocada.

E o que vai acontecer se essa doutrina acabar realmente sendo posta em ação?

Hello, Grande Depressão, estamos a caminho!

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

IC-PMN: 1º TRI 2012.


Índice de Confiança de Pequenos e Médios Negócios (IC-PMN) tem ligeira queda para 73,3 pontos na perspectiva para 1º TRI 2012. Indicador encontra estabilidade e mostra cautela do empresário.

São Paulo, 14 de dezembro de 2011 – O Índice de Confiança de Pequenos e Médios Negócios (IC-PMN) apresentou ligeira queda em relação ao último levantamento, realizado em setembro. O indicador com os resultados para o primeiro trimestre de 2012 registrou 73,3 pontos, em uma escala de 0 e 100,  ante 73,7 pontos, apurados no último levantamento, em setembro. Realizado em parceria entre Insper e Santander, o IC-PMN tem periodicidade trimestral e aponta as perspectivas do setor. 

Quando analisadas as expectativas de acordo com as diferentes questões que compõem o índice, é possível identificar que os empresários permanecem otimistas em relação aos negócios. Houve um aumento nas perspectivas de lucro das empresas, de 76,2 para 76,4 pontos, e na disposição dos empresários de pequenos e médios negócios em investir, de 70,5 para 70,9 pontos. Também é positiva a leitura sobre as perspectivas de contratação, que historicamente têm registrado queda e, no levantamento para o primeiro trimestre, ficou praticamente estável aos 68,2 pontos (68,3 em setembro). Apenas as previsões de faturamento tiveram retração de 78,4 para 76,8 pontos.

“É natural o desaquecimento das vendas no início do ano, provocando esta redução na previsão de faturamento dos empresários de pequeno e médio negócios no período”, avalia o professor do Insper José Luiz Rossi Junior.

Entre os diferentes ramos de atividade, identifica-se retração no otimismo do setor serviços (74,9 para 73,5 pontos), enquanto indústria e comércio permaneceram praticamente estáveis. Na avaliação por estado, a principal queda foi observada no Centro-Oeste, onde o IC-PMN passou de 77,3 para 72,6 pontos. Também caiu a confiança dos empresários das regiões Sul e Nordeste, sendo registradas altas apenas as regiões Sudeste e Norte, esta última, a mais otimista, com 76,4 pontos.

O estudo para o IC-PMN envolve 1,2 mil empresas das cinco regiões do país. Foram ouvidos empresários de três ramos de atividade (comércio, serviços e indústria) e que faturam até R$ 30 milhões/ano.

                                 4ºTRI 2011    1º TRI 2012
IC-PMN NACIONAL      73,7   73,3
Economia                           72,3   71,6
Ramo                                  76,7   75,5
Faturamento                       78,4   76,8
Lucro                                  76,2   76,4
Empregados                       68,3   68,2
Investimento                      70,5   70,9

IC-PMN POR REGIÃO 4º TRI/11     1º TRI 2012
Centro-Oeste                             77,3   72,6
Nordeste                                    74,4   73,5
Norte                                         76,0   76,4
Sudeste                                      72,9   73,1
Sul                                              73,1   72,3

IC-PMN POR SETOR  4º TRI/11     1º TRI 2012
Comércio                                  73,2   73,1
Indústria                                    73,5   73,4
Serviços                                    74,9   73,5

Conselho Federal de Economia - 2012.


Os economistas Ermes Tadeu Zapelini e Kanitar Aymoré Saboia Cordeiro foram eleitos, respectivamente, presidente e vice-presidente do Conselho Federal de Economia (COFECON) para o ano de 2012. O ato eleitoral ocorreu na manhã de sábado (10). A chapa 2, apresentada pelo conselheiro Jin Whan Oh e formada por Zapelini e Kanitar, recebeu 17 votos contra 9 da chapa 1, apresentada pelo conselheiro Júlio Miragaya e formada por Roberto Piscitelli e José Luiz Amaral Machado. A comissão eleitoral foi presidida pelo conselheiro Luiz Alberto Machado e formada também por Paulo Brasil e Marcelo Pereira de Mendonça.

Ermes Tadeu Zapelini
O catarinense Ermes Tadeu Zapelini graduou-se em Economia pela UFSC em 1967 e doze anos depois concluiu o mestrado em Economia pela UFRGS. Trabalhou na Controladoria Geral do Estado de Santa Catarina, na Secretaria de Fazenda, na Companhia de Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina, foi Vogal da Junta Comercial do estado, presidente da Fundação de Estudos e Pesquisas Sócio-Econômicos e professor titular da UFSC, onde chefiou o Departamento de Economia e foi diretor do Centro Sócio-Econômico. Zapelini presidiu o Conselho Regional de Economia de Santa Catarina nos anos de 2000 e 2007. Foi conselheiro federal no período 2008/2010, sendo reeleito para o triênio 2011/2013. 

Kanitar Aymoré Saboia Cordeiro
O paranaense Kanitar Aymoré Sabóia Cordeiro formou-se em Economia pela UFPR em 1965, na Turma Celso Furtado. Entrou em 1962 para o Banco de Desenvolvimento Econômico do Paraná (BADEP), onde permaneceu até 1971 e chegou a chefe do Departamento Financeiro - e de 1979 a 1984 fez parte do Conselho Fiscal, representando a UFPR. Em 1971 chefiou também o Departamento Financeiro do Banco Bamerindus de Investimento. No ano seguinte ingressou na Companhia de Urbanização de Curitiba (como diretor financeiro), onde foi um dos responsáveis pela organização e implementação do projeto Cidade Industrial de Curitiba (CIC). Ocupou o mesmo cargo na Companhia de Habitação Popular de Curitiba. Foi também Vogal da Junta Comercial do Paraná e membro do Conselho Consultivo da Associação de Microempresas do estado, administrador judicial da empresa Centro Sul Serviços Marítimos Ltda e da Expresso Estrela Azul Ltda, membro do Conselho Fiscal do Curtume Curitiba S/A e Secretário Extraordinário de Previdência do município de Curitiba. Foi também professor da UFPR de 1970 a 1994. Consultor de empresas desde 1985, é sócio diretor da KM Consultoria Econômica e Financeira, fundada em 1990. 

Person of the Year 2011: The Protester.


Once upon a time, when major news events were chronicled strictly by professionals and printed on paper or transmitted through the air by the few for the masses, protesters were prime makers of history. Back then, when citizen multitudes took to the streets without weapons to declare themselves opposed, it was the very definition of news — vivid, important, often consequential. In the 1960s in America they marched for civil rights and against the Vietnam War; in the '70s, they rose up in Iran and Portugal; in the '80s, they spoke out against nuclear weapons in the U.S. and Europe, against Israeli occupation of the West Bank and Gaza, against communist tyranny in Tiananmen Square and Eastern Europe. Protest was the natural continuation of politics by other means.

And then came the End of History, summed up by Francis Fukuyama's influential 1989 essay declaring that mankind had arrived at the "end point of ... ideological evolution" in globally triumphant "Western liberalism." The two decades beginning in 1991 witnessed the greatest rise in living standards that the world has ever known. Credit was easy, complacency and apathy were rife, and street protests looked like pointless emotional sideshows — obsolete, quaint, the equivalent of cavalry to mid-20th-century war. The rare large demonstrations in the rich world seemed ineffectual and irrelevant. 

There were a few exceptions, like the protests that, along with sanctions, helped end apartheid in South Africa in 1994. But for young people, radical critiques and protests against the system were mostly confined to pop-culture fantasy: "Fight the Power" was a song on a platinum-selling album, Rage Against the Machine was a platinum-selling band, and the beloved brave rebels fighting the all-encompassing global oppressors were just a bunch of characters in The Matrix.

"Massive and effective street protest" was a global oxymoron until — suddenly, shockingly — starting exactly a year ago, it became the defining trope of our times. And the protester once again became a maker of history.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Dez anos de novos Bric para o mundo.


Jim O"Neill é presidente do Goldman Sachs Asset Management e escreveu este artigo para o VALOR ECONÔMICO..

Há dez anos publiquei relatório intitulado "O Mundo Precisa de Melhores Brics Econômicos" (brics soa como "tijolos" em inglês), quando lancei pela primeira vez o acrônimo que usei para descrever o provável alto crescimento que Brasil, Rússia, Índia e China alcançariam. Está claro agora que a expansão desses quatro países foi ainda mais forte. Os Bric tornaram-se um nome familiar tanto na esfera cultural como de negócios, além de ter resultado na criação de um grupo político.

O décimo aniversário coincide com preocupações terríveis quanto à economia mundial, especialmente para os países mais desenvolvidos. Continuo otimista de que à medida que os quatro gigantes emergentes, e mais alguns, continuarem se expandindo em tamanho e riqueza, sua prosperidade não apenas fortalecerá seu papel no mundo, mas também dará a chance de um futuro melhor às economias que atualmente se deparam com mais desafios pela frente. A ascensão em andamento dos Bric será boa para esses países e para o resto de nós. Além disso, seu crescimento ao longo dos últimos dez anos sugere que, enfim, poderemos ver algumas melhoras consideráveis que deem mais eficiência à formulação mundial de políticas e a suas instituições.

Meu estudo de 2001 tinha três mensagens principais.

Primeira, mostrei que se Brasil, Rússia, Índia e China continuassem com seus altos índices de crescimento, passariam a representar uma parte muito maior da economia mundial em 2010. No cenário mais otimista que contemplei, indiquei que sua participação combinada do Produto Interno Bruto (PIB) mundial subiria de aproximadamente 8% para, talvez, 14%. No fim deste ano, provavelmente a porcentagem girará em torno a 20%, com o PIB tendo aumentado de cerca de US$ 3 trilhões para provavelmente pouco mais de US$ 13 trilhões. Isso representa cerca de um terço do aumento total do PIB nominal mundial dos últimos dez anos.

O crescimento real dos Bric, em torno a 8%, ajudou a levar a média mundial para 3,5%, apesar dos imensos problemas vistos em 2001-2002, 2008 e, é claro, desde então. Se não tivesse sido pelos Bric, o crescimento mundial teria ficado mais próximo à decepcionante média de 1,6% verificada no chamado mundo desenvolvido. Como muitas vezes comento, o aumento combinado, de US$ 10 trilhões, na prática, criou o equivalente a seis ou sete vezes o que era o Reino Unido em 2001 ou, de fato, o equivalente a toda uma economia dos Estados Unidos.

Ao olharmos para o futuro, nos próximos dez anos, os quatro países provavelmente verão desaceleração em seus índices de crescimento, mas sua participação no PIB mundial quase certamente aumentará. A China parece encaminhada a crescer de 7% a 8%, já que terá de enfrentar vários desafios, mas a Índia pode ter aceleração e por fim atingir taxas de crescimento no estilo chinês, especialmente se persistir em seu recém-descoberto zelo por reformas, como a importante decisão de dar boas vindas ao controle majoritário estrangeiro em empresas do setor de varejo. Em poucos anos, o PIB nominal combinado dos quatro países superará tanto o dos Estados Unidos como o da Europa.

Com base em seu provável crescimento, a segunda parte de meu relatório de 2001 argumentava que os Bric precisavam assumir papel mais central na formulação mundial de políticas econômicas. Eles continuaram excluídos por muitos anos, o que os levou a promover seus encontros políticos conjuntos anuais. Na verdade, foi necessária uma crise total como a de 2008, para os países avançados finalmente perceberem a importância central dos Bric para a economia mundial moderna, sendo que a decisão de colocar o G-20 no centro da formulação política global foi basicamente uma iniciativa para incluir os Bric. Em 2001, argumentei que cada um dos Bric deveria juntar-se aos EUA, Japão, região do euro e talvez Canadá e Reino Unido para formar algum novo "G", talvez um G-9 ou um novo G-7, se Reino Unido e Canadá ficassem excluídos.

A terceira ideia no relatório de 2001 indicava que, tendo em vista sua moeda comum, França, Itália e Alemanha deveriam abandonar sua representação nacional nos órgãos mundiais e no G-7, permitindo uma governança global muito mais eficiente. Que melhor forma de demonstrar seu verdadeiro compromisso com a União Monetária Europeia (UME) do que um passo tão firme de verdadeira liderança? Nos anos subsequentes, como percebemos recentemente, tal liderança firme da UME não marcou presença. Quem sabe, a escala da crise que se desdobra atualmente leve os líderes europeus a dar passos mais ousados.

Enquanto isso, à medida que os países do Bric continuem a ver sua sorte melhorar, proporcionarão mais e mais oportunidades para que o resto de nós aprimore seus padrões de vida e prosperidade. De fato, para que o mundo continue crescendo frente aos desafios que se apresentam a muitas economias desenvolvidas, precisamos da argamassa econômica dos Bric, algo que, por sorte, eles têm de sobra.

Pará na The Economist.

The state of Pará occupies a vast and woefully lawless swathe of the Amazon, forming the eastern curve of the “arc of deforestation”. On December 11th its 4.8m voters will decide whether to split Pará into three, creating two new states. Carajás, with a quarter of the territory and the world’s biggest iron-ore mine, would have in Marabá potentially Brazil’s most violent state capital with 130 murders a year per 100,000 people. Tapajós, occupying three-fifths of the current state, would be 90% forest, with just 1.2m people; it could become a loggers’ paradise, or, with luck, a state-sized national park. The rump of Pará would be limited to the area around Belém, with two-thirds of the population and most of the economic activity.


Proponents of the change argue that Pará is too big to be run from Belém. Célio Costa, an economist, says that the extra federal money the split would bring is fair reward, since so much of Pará is federal forest which Brasília should be paying to manage. He also points to two pairs of states that split previously (by government fiat, not a vote). The resulting four all saw above-average economic growth.
Naysayers complain that the proposal is a wheeze to extract more public money and bureaucratic jobs. Two new state capitals will not come cheap. Lúcio Flávio Pinto, a journalist campaigning to keep Pará whole, says that the absence of effective governance in its interior is not a matter of mere distance: Belém’s periphery is pretty lawless too. He reckons Pará needs a stronger tax base and more diversified economy.
A yes vote in what is the first such plebiscite in Brazil would give impetus to dozens of dreams of new states elsewhere. Since each Brazilian state sends three senators and a minimum of eight deputies (out of a total of 513) to Brasília, the big winners from splitting Pará would be northern politicians. Brazil’s more developed south would be even more under-represented. Fortunately for the country as a whole, the separatists in Carajás and Tapajós are likely to be outvoted by unitarian belenenses.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Dois anos ruins.


Editorial de hoje d’O Estado de S. Paulo alerta para “dois anos ruins”.

O Brasil deve preparar-se para pelo menos mais dois anos de estagnação no mundo rico, aperto no mercado financeiro e comércio internacional em marcha lenta. Para atenuar o impacto da crise, o governo terá de ir além da redução dos juros básicos. Precisará conter seus gastos de custeio, cortar impostos e dar espaço ao setor privado - consumidores e empresas - para manter um ritmo razoável de atividade sem pressionar a inflação nem abrir um buraco perigoso nas contas externas. As previsões de uma fase mais difícil foram reforçadas pelas novas estimativas da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), formada por 34 dos países mais desenvolvidos. As economias desses países crescerão em média apenas 1,6% em 2012 e 2,3% em 2013. Neste ano a expansão não deve passar de 1,9%. O crescimento do comércio mundial deve passar de 6,7% em 2011 para apenas 4,8% no próximo ano. Em seguida haverá uma retomada, com aumento de 7,1%. As condições de concorrência em todos os mercados serão quase certamente muito mais duras em todo esse período.

Mas a realidade poderá ser pior que o cenário desenhado pelos economistas da OCDE. Se os governos europeus continuarem retardando uma solução para a crise das dívidas soberanas, nem as maiores economias da região ficarão livres de dificuldades muito graves. Um sinal de alerta soou na semana passada, quando o governo alemão só conseguiu vender, num leilão, 65% dos títulos oferecidos ao mercado. Além disso, também no Reino Unido a situação é pior do que se previa até há pouco tempo. O Ministério das Finanças cortou de 1,7% para 0,9% a estimativa de crescimento neste ano e de 2,5% para 0,7% a expansão projetada para 2012. Além disso, até 2015 o governo precisará obter financiamentos de 111 bilhões de libras a mais do que se calculava anteriormente.

Os Estados Unidos, também com grandes problemas fiscais, ainda crescerão bem mais do que a Europa e o Japão nos próximos dois anos, segundo a OCDE. Pelas novas contas, o crescimento americano passará de 1,7% neste ano para 2% em 2012 e 2,5% em 2013. Para a zona do euro, os números estimados são 1,6%, 0,2% e 1,4%. O Japão deverá sair de uma contração de 0,3% em 2011 para uma expansão de 2% no próximo ano e 1,6% no seguinte.

O governo americano, embora muito endividado, ainda se financia muito mais facilmente que os europeus. A demanda de ativos denominados em dólares - especialmente papéis do Tesouro - continua elevada e assim deverá permanecer por muito tempo, se não houver uma enorme surpresa. Em reunião com líderes europeus na segunda-feira, em Washington, o presidente Barack Obama declarou-se preparado para organizar alguma ajuda à Europa. No mesmo dia, a Fitch, uma das principais agências de avaliação de risco, reafirmou a nota AAA para a dívida pública americana, mas com perspectiva negativa. Apesar disso, e do rebaixamento anunciado em agosto pela Standard & Poor"s, os títulos federais dos Estados Unidos permanecem como referência para o mercado mundial.

A zona do euro já está em recessão e seu Produto Interno Bruto (PIB) deve encolher 1% em termos anualizados neste trimestre, segundo a OCDE. No primeiro trimestre, deverá diminuir em ritmo equivalente a 0,4% ao ano. O desastre será menor no resto do ano e o resultado médio de 2012 será uma expansão modestíssima de 0,2%.

Enquanto a crise se agrava, líderes da zona do euro continuam promovendo reuniões, apresentando esboços de planos para reforma do bloco e adiando a adoção de soluções práticas para os desafios mais urgentes. Conseguiram aprovar o aumento do fundo europeu de resgate de 440 bilhões para 1 trilhão, mas não foram capazes de pôr em funcionamento esse mecanismo. Enquanto o quadro piora, o Banco Central Europeu continua como a única entidade regional capaz de agir para atenuar os problemas. Em suas piores fases, países latino-americanos foram capazes de apresentar resultados muito mais tangíveis em seus duros programas de ajuste supervisionados pelo Fundo Monetário Internacional.

A miséria do "novo desenvolvimentismo".


José Luís Fiori é professor titular do Programa de Pós-Graduação em Economia Política Internacional da UFRJ, e autor do livro "O Poder Global", da Editora Boitempo, 2007. Escreveu este artigo especialmente para o Valor Econômico.

O capitalismo só triunfa quando se identifica com o estado, quando é o estado". Fernand Braudel, "O Tempo do Mundo", Editora Martins Fontes, SP, p: 34.

O "debate desenvolvimentista" latino-americano não teria nenhuma especificidade se tivesse se reduzido à uma discussão macroeconômica entre "ortodoxos", neo-clássicos ou liberais, e "heterodoxos", keynesianos ou estruturalistas. Na verdade, ele não teria existido se não fosse por causa do Estado, e da discussão sobre a eficácia ou não da intervenção estatal para acelerar o crescimento econômico, por cima das "leis do mercado". Até porque, na América Latina como na Ásia, os governos desenvolvimentistas sempre utilizaram políticas ortodoxas, segundo a ocasião e as circunstâncias, e o inverso também se pode dizer de muitos governos europeus ou norte-americanos ultra-liberais ou conservadores que utilizaram em muitos casos, políticas econômicas de corte keynesiano ou heterodoxo. O pivô de toda a discussão e o grande pomo da discórdia sempre foi o Estado e a definição do seu papel no processo do desenvolvimento econômico.

Apesar disto, depois de mais de meio século de discussão, o balanço teórico é decepcionante. De uma forma ou outra a "questão do Estado" sempre esteve presente, nos dois lados desta disputa, que acabou sendo mais ideológica do que teórica. Mas o seu conceito foi sempre impreciso, atemporal e ahistórico, uma espécie de "ente" lógico e funcional criado intelectualmente para resolver problemas de crescimento ou de regulação econômica. Desenvolvimentistas e liberais sempre compartilharam a crença no poder demiúrgico do Estado, como criador ou destruidor da boa ordem econômica, mas atuando em todos os casos, como um agente externo à atividade econômica.

Um agente racional, funcional e homogêneo, capaz de construir instituições e formular planos de curto e longo prazo orientados por uma idealização do modelo dos "capitalismos tardios" ou do estado e desenvolvimento anglo-saxão. E todos olhavam negativamente para os processos de monopolização e de associação do poder com o capital, que eram vistos como desvios graves de um "tipo ideal" de mercado competitivo que estava por trás da visão teórico dos desenvolvimentistas tanto quanto dos liberais. Além disso, todos trataram os Estados latino-americanos como se fossem iguais e não fizessem parte de um sistema regional e internacional único, desigual, hierarquizado, competitivo e em permanente processo de transformação. E mesmo quando os desenvolvimentistas falaram de Estados centrais e periféricos, e de Estados dependentes, falavam sobretudo de sistema econômico mundial que tinha um formato bipolar relativamente estático, onde as lutas de poder entre os Estados e as nações ocupavam um lugar bastante secundário.

No fim do século XX, a agenda neoliberal reforçou um viés da discussão que já vinha crescendo desde o período desenvolvimentista: o deslocamento do debate para o campo da macroeconomia. Como volta a acontecer com o chamado "neo-desenvolvimentismo" que se propõe inovar e construir uma terceira via (uma vez mais), "entre o populismo e a ortodoxia". Como se tratasse de uma gangorra que ora aponta para o fortalecimento do mercado, ora para o fortalecimento do Estado.

Na prática, o "neo-desenvolvimentista" acaba repetindo os mesmos erros teóricos do passado e propondo um conjunto de medidas ainda mais vagas e gelatinosas do que já havia sido a ideologia nacional-desenvolvimentista dos anos 50. Passado a limpo, trata-se de um pastiche de propostas macroeconômicas absolutamente ecléticas, e que se propõem fortalecer, simultaneamente, o Estado e o mercado; a centralização e a descentralização; a concorrência e os grandes "campeões nacionais"; o público e o privado; a política industrial e a abertura; e uma política fiscal e monetária, que seja ao mesmo tempo ativa e austera. E finalmente, com relação ao papel do estado, o "neo-desenvolvimentismo" propõe que ele seja recuperado e fortalecido mas não esclarece em nome de quem, para quem e para quê, deixando de lado a questão central do poder, e dos interesses contraditórios das classes e das nações.

Neste sentido, fica ainda mais claro que o desenvolvimentismo latino-americano sempre teve um parentesco maior com o keynesianismo e com "economia do desenvolvimento" anglo-saxônica, do que com o nacionalismo econômico e o anti-imperialismo, que são a mola mestra do desenvolvimento asiático. E que, além disto, os desenvolvimentistas latino-americanos sempre compartilharam com os liberais a concepção econômica do Estado do paradigma comum da economia política clássica, marxista e neo-clássica. Esse paradoxo explica, aliás, a facilidade teórica com que se pode passar de um lado para o outro, dentro do paradigma líbero-desenvolvimentista, sem que de fato se tenha saído do mesmo lugar.

The New Yorker - Dilma Rousseff.


A reporter at large about Brazilian President Dilma Rousseff. Until recently, Brazil has been one of the most uneducated, economically imbalanced countries in the world. Now its economy is growing much more rapidly than that of the U.S. Twenty-eight million Brazilians have moved out of severe poverty in the past decade. The country has a balanced budget, low national debt, nearly full employment, and low inflation. It is, chaotically, democratic, and it has a free press. Brazil operates in ways we have been conditioned to think are incompatible with a successful free society. It isn’t just that Brazil is ruled by unapologetic former revolutionaries, many of whom—including the President—were imprisoned for years for being terrorists. The central government is far more powerful and intrusive than it is in the U.S. It is also far more corrupt. Crime is high, schools are weak, roads are bad, and ports barely function. And yet, among the world’s major economic powers, Brazil has achieved a rare trifecta: high growth, political freedom, and falling inequality. The President, Dilma Rousseff, is a forceful presence. As part of the Palmares Armed Revolutionary Vanguard, she spent years in prison and was subjected to torture. Her first major Presidential initiative, Brasil Sem Miséria, unveiled in June, was a sweeping anti-poverty program. The U.S. constantly seems to be on Rousseff’s mind, as an example of how not to handle the global economic crisis. Politics in Brazil revolves around Rousseff’s predecessor, Luis Inácio Lula da Silva, known to Brazilians and the rest of the world simply as Lula. For the last five of Lula’s eight years as President, Rousseff served as his Minister of the Civil House. Lula anointed her as his successor in 2010. Describes the political history of Brazil. Mentions President Fernando Henrique Cardoso. The writer describes his visit with Lula in São Paulo. Brazil will be hosting the World Cup, in 2014, and the Olympics, in 2016. Rousseff, now sixty-three, was a university student during the 1964 coup that established Brazil’s military dictatorship, and she quickly became radicalized. By the late sixties, she was married to another militant, Cláudio Galeno Linhares. They lived in hiding, storing and transporting caches of guns, bombs, and stolen money, planning and executing “actions.” Later, she left Galeno for Carlos Araújo, another prominent militant. In early 1970, the military caught up with her, and she spent three years in prison, where she was reportedly subjected to extensive torture. She insists she was never personally involved in violent actions during her militant days. After she was released, she went to graduate school in economics and then worked in a think tank. She joined the mainline political party, the Partido Democrático Trabalhista (P.D.T.), and soon began working in government positions in Porto Alegre. Eventually, she met with Lula and so impressed him that he appointed her Secretary of Energy in his administration. Mentions the numerous scandals which have plagued Rousseff’s administration. Nobody believes that Rousseff is corrupt, but she had worked for years with some of the people who resigned. Describes the writer’s visit with Rousseff.

Dilma na The New Yorker.



Leio na Agência Estado uma boa notícia, publicada na The New Yorker, sobre a presidente Dilma Rousseff. 

A revista norte-americana "The New Yorker" divulgou nesta segunda-feira uma prévia de um artigo sobre a presidente Dilma Rousseff que será publicado em sua edição de dezembro. A matéria contará a história da presidente, com foco na trajetória econômica-social do País e terá o título "The Anointed", ou seja, "A Ungida", em tradução literal.
A prévia do artigo ressalta que, até recentemente, o Brasil poderia ser avaliado como uma nação iletrada e economicamente instável. O texto destaca, contudo, que a econômica brasileira está crescendo mais do que a economia americana e lembra que, na última década, vinte e oito milhões de brasileiros deixaram o nível da pobreza.
Na avaliação da publicação, o Brasil tem um "orçamento equilibrado", "dívida pública baixa", "quase pleno emprego" e "baixa inflação". A publicação afirma também que a taxa de criminalidade é alta e recorda os problemas em infraestrutura, em estradas e portos. O texto destaca ainda que o governo brasileiro é mais invasivo que o governo norte-americano e relembra os escândalos de corrupção na atual gestão. O artigo ressalta que ninguém acredita que a presidente está envolvida nas denúncias de corrupção, mas lembra que ela trabalhou por anos, durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com algumas das pessoas que demitiu.
A matéria completa sobre Dilma relatará, segundo o texto prévio, a trajetória política da presidente, inclusive o seu passado na luta armada.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

A divisão do Pará e a Federação.


No Valor Econômico de hoje, matéria de Raymundo Costa sobre a divisão do Pará.

Pouco mais de dez pessoas atenderam ontem convite do Ipea para debater a divisão do Pará, metade das quais jornalistas que compareceram atrás de informações para a cobertura do plebiscito, marcado para o dia 11 de dezembro. Não bastassem as interdições da Justiça Eleitoral ao debate, o desinteresse fora do eixo amazônico é injustificável. Atualmente, tramitam no Congresso 23 projetos de criação de Estados, seis propostas a mais que as apresentadas na Assembleia Nacional Constituinte de 1988, quando afloraram com intensidade movimentos de emancipação represados Brasil afora durante os anos de regime militar.

Um cálculo apresentado no debate do Ipea dá conta de que a criação dos 23 novos Estados significaria algo em torno de R$ 14 bilhões de gasto público. A criação de três Estados nas atuais coordenadas do Pará significa trocar um Estado com um superávit de R$ 277 milhões por unidades deficitárias. Se o plebiscito aprovar a divisão, Carajás nasce com um déficit de R$ 1,9 bilhão; a relação receitas menos despesas em Tapajós não fecha - falta R$ 1 bilhão - o remanescente Pará passa a contabilizar um déficit de R$ 718 milhões, de acordo com o consenso a que vão chegando os pesquisadores. No total, R$ 3,6 bilhões. Há outros números referentes à manutenção dos dois novos Estados virtualmente impossíveis de serem calculados com segurança, como os gastos com a construção de Assembleias Legislativas e outros prédios para a prestação de serviços públicos.

Esses números que surgiram em pesquisas dos técnicos do Ipea, da UFPA e do Instituto do Desenvolvimento Econômico e Sócio Ambiental do Pará (Idesp), parceiros no seminário de ontem. Mas antes de assustar, eles servem para chamar a atenção sobre um problema que não é só dos paraenses. O plebiscito já não se trata de uma discussão sobre a separação de Carajás e Tapajós, os dois Estados que seriam criados a partir do Pará, como bem chamou a atenção o professor Gilberto Rocha, coordenador do núcleo de meio ambiente da UFPA. A discussão, na realidade, pauta uma agenda em nível de Estado nacional. É preciso estudar as novas dinâmicas de divisão territorial do país decorrentes da modernização da economia e da sociedade.

O debate começou pelo Pará, palco de uma política de ocupação territorial e econômica, nos últimos 40 anos, comandada pelo governo federal, da qual o Estado foi um espectador, na maioria das vezes, cúmplice. Mas a exemplo do que ocorreu no Pará, no decorrer da conquista da fronteira amazônica, outros polos dinâmicos surgiram no país, especialmente na esteira do avanço do agronegócio. Há polos dinâmicos como o Oeste da Bahia, no rio Araguaia ou o Vale do Gurgueia, no Piauí (todas regiões com manifestações de emancipação). "Um novo Brasil está sendo produzido e nós ainda trabalhamos tendo como referência as estruturas administrativas tradicionais", disse Gilberto Rocha.

O governo do Pará não foi ao menos coadjuvante nesse processo, conduzido com mão de ferro por Brasília. Até os anos 1970 era um Estado cujo povoamento margeava os grandes rios, o uso territorial se baseava no extrativismo e a estrutura fundiária no sistema oligárquico. Hoje, 66% do território é comandado pelo governo federal e há superposição de gerência de órgãos como o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Ibama, para citar apenas as mais conhecidas de uma dúzia ou mais de siglas federais. O Pará, também, segundo os pesquisadores, é o Estado de maior acolhimento dos clientes da reforma agrária de todo o país - são mais de 1 mil assentamentos.

Uma política que colocou a Amazônia no centro das preocupações do planeta, mas que de fato criou um polo altamente dinâmico, sobretudo na região de Carajás. Se for criado, o novo Estado ficará com 85% das reservas minerais do atual Pará, que perderia a pouca voz que dispõe na formulação da política mineral. O mesmo ocorrerá em relação ao potencial para a geração de energia elétrica - 61% está concentrado em Carajás e Tapajós. De Estado exportador de energia, o Pará passará a importador. Os rebanhos de Carajás representam 64% do gado criado no Pará. Todo esse potencial, por outro lado, não tem correspondência em influência política, segundo entende a elite política da região. Mas é certo que tanto Tapajós como Carajás, separado, continuariam imobilizados pela presença sufocante do governo federal. E novos problemas certamente serão criados. Feitos com bases nos municípios atuais, os novos mapas rasgam ao meio alguma reservas indígenas e unidades de conservação ambiental.

Uma coisa é certa: a divisão aumenta o peso político da região que constitui o Estado do Pará. O técnico de planejamento e pesquisa do Ipea Paulo de Tarso Linhares fez simulações sobre representação dos três Estados, se a divisão for aprovada no plebiscito do dia 11 de dezembro. Com base na eleição de 2010, ele chegou aos seguintes números: Carajás detém 34% do PIB paraense, e sua representação na Assembleia Legislativa do Estado do Pará é de 33%; o PIB do Pará remanescente é de 56% do total, e sua representação política de 45%; Tapajós, com 11% do PIB teria uma representação de 59% dos deputados estaduais - a explicação é que se trata de uma região histórica, mais estável cuja elite política foi há anos desenhada.

De acordo com os cálculos de Linhares, a representação federal das três regiões seria mais equilibrada, cada qual com algo em torno dos 74%. Mas o território que hoje constitui o Pará passaria a enviar para Brasília 31 deputados federais, contra os 17 atuais. Isso sem falar que essa região passaria eleger mais seis senadores. Ou seja, contribuiria para aumentar o desequilíbrio existente, onde o Pará tem uma representação proporcionalmente maior que a de São Paulo, o maior colégio eleitoral do país.

O plebiscito do Pará é um assunto que deve entrar na agenda do país. Pena que nem os políticos paraenses parecem interessados. O seminário do Ipea (que levará mais três anos estudando o assunto, em todo o país) foi realizado a pedido da bancada do Pará. Mas nenhum deputado ou senador paraense apareceu por lá.

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...