E que neste
final de 2014, as águas retornem, finalmente, ao leito do Rio Piracicaba.
sábado, 29 de novembro de 2014
Thomas Piketty em detalhes.
Leio nesta
semana no portal UOL mais uma entrevista com o agora célebre THOMAS PIKETTY.
No dia em
que o governo brasileiro oficializou um novo ministro da Fazenda simpático ao
mercado, o economista francês Thomas Piketty, autor do best-seller "O
Capital no Século 21", afirmou considerar um erro pensar que o Brasil
precisa de mais mercado e menos intervenção na economia.
Piketty, que
está no Brasil para promover o livro que lhe rendeu status de celebridade no
debate econômico, não quis discutir especificamente a nova equipe econômica,
mas afirmou que "seria um erro pensar que o Brasil fez demais na área
social e para reduzir a desigualdade".
Em seu
livro, o francês sustenta que a desigualdade voltou a aumentar nas últimas
décadas, beneficiando herdeiros e prejudicando a ascensão social, o que
colocaria em risco a democracia.
Em
entrevista à Folha, Piketty, que já foi citado em discurso pela presidente
Dilma Rousseff, reclamou que dados de má qualidade fazem com que a desigualdade
brasileira seja subestimada, e sua redução, alardeada pelo governo, talvez
exagerada.
Folha -
Recentemente, Dilma disse que o Brasil vai contra a corrente internacional de
alta da desigualdade que seu livro aponta. O sr. concorda?
Thomas
Piketty - Políticas de educação e transferências sociais como as que foram
aplicadas em certa medida no Brasil nestes dez últimos anos podem permitir ir
contra a corrente de aumento da desigualdade, mas ela realmente diminuiu?
Não é tão
certo, é possível que tudo tenha sido puxado para cima, inclusive os mais
pobres, mas não necessariamente em maior proporção que os mais ricos.
A forma como
medimos a desigualdade sem dúvida a subestima. No Brasil, ela é sem dúvida
ainda mais alta do que muitas estatísticas oficiais dizem porque a maior parte
delas se baseia em pesquisas familiares com autodeclaração. O problema dessas
pesquisas é que temos tendência a subestimar o topo da distribuição.
Infelizmente, tem sido muito difícil acessar os dados fiscais do Brasil.
Falta
transparência?
Estudo
recente (de pesquisadores da Universidade de Brasília) sugere que, se
utilizamos dados fiscais, o nível das desigualdades no Brasil aumenta. Não
sabemos muitas coisas sobre a distribuição da renda no Brasil e precisamos de
mais transparência para ver melhor em que medida os diferentes grupos sociais
se beneficiam do crescimento.
É evidente
que todo o mundo se beneficiou do crescimento dos últimos 15 anos. Agora, em
qual proporção exatamente os diferentes grupos se beneficiaram dele não sabemos
muito bem. É possível que se tenha exagerado um pouco a [divulgação da] redução
das desigualdades no Brasil.
Dilma também
disse preferir investir em consumo e educação para lutar contra desigualdade a
fazer taxação, como o sr. defende. Isso é suficiente?
Também é
preciso reforma fiscal, de um imposto progressivo sobre a renda e sobre o
patrimônio. Precisamos da reforma fiscal para financiar a educação. Acrescento
que uma parte das desigualdades grandes do Brasil se explica pela relativamente
baixa progressividade do sistema fiscal.
Como seria a
reforma?
A faixa mais
alta de Imposto de Renda no Brasil é de 27,5%, inferior à menor dos Estados
Unidos. Creio que uma das razões pela qual há muito desigualdade no Brasil é a
progressividade de IR relativamente baixa. Há também muitos impostos indiretos,
que são regressivos e pesam sobre as camadas populares.
É importante
também tratar de forma diferente as rendas anuais de R$ 100 mil e de R$ 1
milhão, R$ 5 milhões e R$ 10 milhões. Poderíamos ter faixas mais elevadas, de
50%, 60%.
Como na sua
França natal?
Também como
os EUA, o Reino Unido, a Alemanha, que têm taxas que vão até 40%, 50%. É ainda
mais impressionante o imposto sobre herança, 4% [na maioria dos Estados] é
realmente baixo, muito perto de zero.
É possível
ter uma economia dinâmica e sistema capitalista próspero com imposto sobre
herança alto. Para as novas gerações que não têm patrimônio familiar e procuram
comprar apartamento em São Paulo, é muito difícil se você só tem a renda de seu
trabalho. Não é normal que você ganhe R$ 100 mil por ano com seu trabalho e
pague muito mais de imposto do que se você recebesse R$ 100 mil de herança de
sua família.
O governo
oficializou uma nova equipe econômica com um ministro da Fazenda mais ligado ao
mercado e vindo de uma escola liberal. Que avaliação o sr. faz disso?
Não conheço
o contexto político brasileiro, não posso me pronunciar. Quem quer que seja
colocado no comando da política, qualquer que seja a orientação, os níveis de
desigualdade muito altos que temos no Brasil devem ser questionados e tratados
pelo governo, assim como a baixa progressividade do sistema fiscal.
Mas
abordagem liberal e pró-mercado é boa ideia para enfrentar tais desafios?
Precisamos
de mercado e também de poder público que tome decisões que permitam a cada um
de se beneficiar da globalização e dos mercados.
Eu tento ir
além dessas oposições um pouco teóricas e ideológicas. Creio que que seria um
erro pensar que o Brasil fez demais na área social, que fez demais para reduzir
a desigualdade, que agora é preciso mais mercado, menos intervenção, eu acho
que isso seria um erro.
Apesar dos
esforços que foram feitos em políticas sociais nos últimos 15 anos, o Brasil
continua extraordinariamente desigual. O nível de investimento social,
educacional para os desfavorecidos da população brasileira continua
insuficiente.
O sr.
defende que os estudos em economia levem em conta aspectos históricos, sociais,
políticos e culturais. Isso é importante também para a gestão econômica do
governo?
Sim, é
importante para o governo também. A questão econômica é importante demais para
ser deixada para economistas, que às vezes tentam fazer crer que dispõem de uma
ciência realmente complicada que os outros não podem compreender e que é
preciso deixá-los em paz. Isso é uma piada gigantesca.
O nome de
seu livro, que remete a Karl Marx, e algumas de suas opiniões fazem que muitos
o considerem anticapitalista.
O problema é
que há gente que vive ainda na Guerra Fria e tem necessidade de inimigos
anticapitalistas. Não sou esse inimigo. Creio no capitalismo, na propriedade
privada e nas forças do mercado.
Nasci tarde
demais para ter a menor tentação que seja pelo comunismo de tipo soviético.
Isso não me interessa. Ao mesmo tempo, acho que temos necessidade, basta ver a
crise de 2008, de instituições públicas muito fortes para regular o mercado
financeiro e as desigualdades produzidas pelo capitalismo.
Sua defesa
de um imposto global sobre grandes fortunas já foi feita por outros autores e
nunca avançou. Não é ingênuo crer que seja realmente possível contrariar tantos
interesses contrários?
Não
precisamos esperar ter um governo mundial, um imposto unificado mundial para
fazer progressos, se não arriscamos esperar um longo tempo. Podemos fazer
progresso por etapas e a nível nacional. Há diferentes formas de imposto sobre
capital e patrimônio em cada país, que podem ser melhorados de forma mais
progressiva. Em seguida podemos progredir na cooperação internacional, como já
tem sido feito quanto aos paraísos fiscais.
Como o sr.
demonstra, a desigualdade no século 20 só caiu em um contexto de crise e
reconstrução das sociedade após duas guerras mundiais. Seria mesmo possível
algo tão ambicioso em tempos de paz?
As lições de
história são importantes, as elites que não querem pagar mais impostos no
Brasil, nos EUA e na Europa devem se lembrar que não é uma boa solução esperar
a crise. Todo o mundo precisa de uma globalização que seja mais justa, que
beneficie diferentes grupos sociais em proporção equilibrada. Se não, é a
própria globalização que arrisca ser questionada.
quinta-feira, 27 de novembro de 2014
A nova equipe econômica e a FEBRABAN: mudanças à vista, finalmente.
A presidente
Dilma fez excelentes escolhas ao nomear Joaquim Levy para ministro da Fazenda,
confirmar Alexandre Tombini como presidente do Banco Central, e indicar Nelson
Barbosa para o ministério do Planejamento. Os três têm larga experiência na
formulação e implementação de políticas macroeconômicas, sempre colocando o
interesse público em primeiro lugar.
Como
secretário do Tesouro, Joaquim Levy executou com firmeza as políticas do
ex-presidente Lula de ampliação do superávit primário e de redução e melhoria
da composição da dívida pública. Os bons resultados destas políticas
contribuíram para a retomada da confiança, a conquista pelo Brasil do grau de
investimento, e a aceleração do crescimento econômico que se seguiu. Levy tem
experiência e credibilidade internacional, adquiridas no exercício de funções
em importantes organizações multilaterais como o FMI, o Banco Central Europeu e
o BID, além de sólida formação acadêmica.
A
confirmação de Alexandre Tombini no comando do Banco Central renova a
expectativa do combate firme à inflação e a confiança na continuidade do
excelente trabalho de regulação e supervisão prudencial exercido pelo BACEN, o
qual tem sido essencial para a estabilidade e solidez do sistema financeiro
nacional. Com sua larga experiência doméstica e internacional, qualificação
técnica e dedicação, Tombini tem sido um comandante exemplar do Banco Central.
Nelson
Barbosa acumulou experiência em importantes cargos, como secretário de
Acompanhamento Econômico, secretário de Política Econômica e de
secretário-executivo do Ministério da Fazenda. Assume agora o ministério do
Planejamento, pelo qual também já havia passado em 2003, com expectativa de que
dará contribuição positiva para uma atuação coesa e harmônica da nova equipe
econômica. Estamos mais otimistas com o próximo ano, esperando que estas
indicações contribuam para a retomada da confiança o que, como os mercados
indicam, já começou a ocorrer. A FEBRABAN, seus bancos associados e eu
pessoalmente desejamos grande sucesso aos novos Ministros e ao Presidente do
BACEN, nos colocamos à disposição para continuar a trabalhar em prol do
desenvolvimento do Brasil."
Diretoria de
Comunicação
11 3244-9831/9942
Twitter:
@febraban
quarta-feira, 26 de novembro de 2014
"Fiscal, a mãe de todas as ordens" - Delfim Netto.
Li hoje no no site do CORECON SP, mais um artigo do mestre Delfim Netto, escrito para o Valor Econômico em 19/11/2014.
O professor
Marcio Holland, secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda,
coordenou, no dia 7, um magnífico Encontro de Política Fiscal na Fundação
Getulio Vargas de São Paulo. Com uma única e óbvia exceção, os participantes
são o "crème de la crème" dos especialistas nacionais e
internacionais sobre o assunto. O ilustre ministro Guido Mantega fez uma
cuidadosa e equilibrada exposição, na qual defendeu, com sóbria habilidade, a
política fiscal do governo.
Mas afinal,
o que é a política fiscal? Podemos repetir a síntese do professor R.A.Musgrave
("The Theory of Public Finance", 1959) que sugeriu que ela consiste
na intervenção deliberada do poder incumbente sobre a receita e a despesa
públicas para cumprir alguns papéis que dele se espera: 1) de alocador de
recursos para suprir os bens públicos (justiça, saúde, educação,
infraestrutura, pesquisas etc.) que se acomodam muito mal nas condições que
tornam eficiente a sua oferta pelo mercado; 2) de redistribuidor de recursos no
espaço social para reduzir as desigualdades e atender às necessidades básicas
dos menos favorecidos e, redistribuir no tempo, para a seguridade social; e 3)
de estabilizador da conjuntura, com a manobra de aumentar ou diminuir receita e
a despesa públicas para amortecer as flutuações ínsitas no sistema capitalista.
Essa
descrição, tão "certinha", contrasta fortemente com as dificuldades e
incertezas que cercam a sua execução: a existência de defasagens na resposta
aos estímulos, o uso de conceitos não mensuráveis como o produto potencial, o
estabelecimento de prioridades (análise custo/benefício), da taxa de desconto
social, do custo de oportunidade etc.
É evidente
que o papel do poder incumbente não se esgota aí. Ele ainda: 1) tem - através
de instituições adequadas - que garantir o bom funcionamento dos mercados que
controlam a alocação dos fatores de produção privados e que produzem os bens e
serviços para atender à demanda dos consumidores; e 2) deve ter a capacidade de
regulá-los para evitar a concentração e estimular a competição.
Quando
convenientemente conduzida, a política fiscal: 1) "garante" a
relativa estabilidade da atividade econômica e do emprego, fundamentais para a
coesão social; 2) dá credibilidade ao ajuste "mais fino" da política
monetária que, com pequenas manobras da taxa de juro real de longo prazo,
compatibiliza a soma da demanda privada com a demanda pública para manter a
taxa de inflação baixa e relativamente estável; 3) por sua vez,
"credibilidade" e "previsibilidade" tornam possível uma
política salarial capaz de manter o desejável aumento do salário real sem
pressões marginais sobre a taxa de inflação; e 4) propicia uma relativa
estabilidade da taxa de câmbio real, fundamental para determinar o nível de
atividade, oferecendo um "buffer" de recursos para minorar os
excessos das flutuações idiossincráticas.
Por essa
rápida descrição deve ficar claro que o equilíbrio fiscal é o maestro que
comanda a política monetária, salarial e a cambial. A ordem fiscal é a mãe de
todas as ordens! É por isso que um Estado forte, constitucionalmente
controlado, capaz de regular o funcionamento dos mercados e implementar uma
política fiscal adequada - 1) pequeno déficit fiscal/PIB e 2) relação dívida
bruta/PIB relativamente constante e em nível apropriado para garantir espaço
para as manobras anti e pró-cíclicas -, é condição necessária, ainda que não
suficiente, para a promoção do desenvolvimento social e econômico sustentável
com equilíbrio interno (aumento harmonioso entre a igualdade de oportunidade e
o investimento) e externo (relativo equilíbrio do balanço em conta corrente
durante o ciclo).
Por motivos
internos e externos, estamos hoje muito longe dessa configuração. No quadriênio
2011-2014, em parte pela perda do "bônus" externo, apresentamos: 1)
um crescimento do PIB per capita de 0,6% ao ano; 2) uma taxa de inflação que
namorou o nível superior da margem de tolerância da meta; 3) uma significativa deterioração
da situação fiscal com déficit nominal de 5% do PIB e clara tendência de
aumento da relação dívida bruta/PIB. Parte disso se explica pela estagnação do
PIB, mas é preciso insistir que ela não parece ser apenas cíclica, tem uma
componente estrutural. Por fim, 4) acumulamos um déficit em conta corrente de
US$ 270 bilhões, devido à tragédia imposta ao setor industrial. O resultado
positivo do período - que não é pouca coisa -, é que se manteve o nível de
emprego.
A situação é
muito desconfortável. Não estamos à beira do fim do mundo, mas é imperioso
corrigi-la com a devida urgência. Isso exige um novo diagnóstico, ajustado às
novas condições internas e externas e envolverá mudanças na política
macroeconômica e, ainda mais, na micro, para encurtar a distância entre o
governo e o setor privado produtivo.
Dilma
recebeu das urnas um "voto de confiança". Esse é o fato fundamental
incontornável. Supera todas as opiniões, mesmo as que se pensam
"científicas"... Por que não dar-lhe, então, algum tempo para que
apresente um bom programa de política fiscal?
Paris é uma festa até para quem quer estudar.
Leio na VEJA.com que Paris é a melhor cidade
do mundo para estudar.
Conheço algumas da cidade abaixo relacionadas e realmente estudar em Paris
não tem preço. O chame de ler um livro num de seus famosos cafés e vendo o
melhor do mundo é inesquecível.
Pelo terceiro ano consecutivo, a capital
francesa aparece no topo da lista das 50 melhores cidades para estudar, ranking
divulgado pela consultoria britânica Quacquarelli Symonds (QS), especializada
em ensino superior. Todos os anos a organização internacional avalia o desempenho
de instituições para graduação e pós-graduação.
Segundo a consultoria, Paris possui 17
universidades avaliadas como as melhores do mundo no QS World University
Rankings 2014/15 - só perdendo para Londres, que tem 18. Além disso, as taxas
relativamente baixas de matrícula significam um destino mais acessível aos
estudantes. Outro critério levado em conta foi a 16º posição da capital
francesa no ranking da The Economist 2014 Global Liveability Ranking, que lista
as 140 melhores cidades para se viver.
A capital da França lidera o ranking desde
2012. Em segundo lugar aparece Melbourne, na Austrália - que subiu três
colocações desde o ano passado. Em seguida encontra-se Londres, na Inglaterra,
em 4º lugar vem Sydney, na Austrália, e em 5º lugar aparece a cidade de Boston,
nos Estados Unidos.
O ranking considera dezoito critérios para a
realização do ranking, entre eles segurança, poluição, acessibilidade ao
transporte público e oportunidades de emprego. Confira a lista:
1º
Paris (França)
2º
Melbourne (Austrália)
3º
Londres (Reino Unido)
4º
Sydney (Austrália)
5º
Boston (EUA) e Hong Kong (China)
7º
Tóquio (Japão)
8º
Montreal (Canadá)
9º
Toronto (Canadá)
10º
Seul (Coreia do Sul) e Zurique (Suíça)
12º
Vancouver (Canadá)
13º
San Francisco (EUA)
14º
Munique (Alemanha)
15º
Cingapura (Cingapura)
16º
Berlim (Alemanha)
17º
Nova York (EUA)
18º
Barcelona (Espanha)
19º
Chicago (EUA)
20º
Canberra (Austrália) e Viena (Áustria)
22º
Auckland (Nova Zelândia)
23º
Brisbane (Austrália)
24º Buenos Aires (Argentina)
25º
Edinburgo (Reino Unido) e Taipé (Taiwan)
27º
Pequim (China)
28º
Copenhague (Dinamarca)
29º
Adelaide (Austrália)
30º Manchester
(Reino Unido)
31º
Los Angeles (EUA) e Xangai (China)
33º
Dublin (Irlanda)
34º
Estocolmo (Suécia)
35º
Kyoto (Japão)
36º
Milão (Itália)
37º
Amsterdã (Holanda)
38º
Helsinque (Finlândia)
39º
Madri (Espanha) e Perth (Austrália)
41º Filadélfia (EUA)
42º
Washington (EUA)
43º
Moscou (Rússia)
44º Santiago (Chile)
45º
Coventry (Reino Unido)
46º
Pittsburgh (EUA)
47º
Bruxelas (Bélgica)
48º
Osaka (Japão) e Praga (Rep. Checa)
50º
Cidade do México (México)
A propósito, por que será que não foi citada nenhuma
cidade brasileira?
terça-feira, 25 de novembro de 2014
Joaquim Vieira Ferreira Levy: um economista na Fazenda?
Neste período no qual o nome de Joaquim Levy está em todas as manchetes, localizei no site http://gama-ca.com.br/noticias/joaquim-levy-concedeu-entrevista-exclusiva-poucos-dias-antes-de-ser-cotado-para-fazenda uma excelente matéria na qual podemos previamente identificar o que esperar nesta nova fase da economia brasileira.
Dias antes de cogitarem o nome de Joaquim Levy como
Ministro da Fazenda do segundo mandato de Dilma Rousseff, o editor-chefe
da Investidor Institucional, Luís Leonel, realizou uma entrevista exclusiva com o executivo da Bram –
Bradesco Asset Management, que foi publicada na edição 265, de novembro. É uma
entrevista longa em formato ping pong, que começou a circular na semana passada
(a partir de 12 de novembro), em que Levy explica os desafios para recolocar
nos eixos a economia do país.
Ainda não houve o anúncio oficial, mas fontes do mercado
de assets já confirmam que Levy será o novo Ministro da Fazenda, no lugar de
Guido Mantega. A necessidade de retomar o equilíbrio fiscal foi um dos pontos ressaltados por
ele na entrevista ao citar o exemplo da economia australiana. “O novo governo
[da Austrália] está começando um aperto fiscal importante e os juros, ainda que
observando as dilações do aperto nos EUA, têm sido pró-ativos”, disse na
entrevista. Ainda em relação à condução da política econômica australiana, Levy
destaca o nível da taxa de investimento, mais alta que a do Brasil.
Levy apontou ainda que a Austrália enfrentou desafios
parecidos com os do Brasil, com a queda dos preços das commodities no mercado
mundial, em função da desaceleração da economia chinesa. Ao contrário do
Brasil, o governo australiano tomou medidas que agora estão dando resultados
com o maior crescimento do PIB do país. Para ele, um dos grandes entraves para
a volta do crescimento da economia brasileira é o baixo nível de investimentos
no setor produtivo, principalmente, na infraestrutura.
“O menor crescimento da China deve exigir mais de nós.
Além disso, a urgência para destravarmos a infraestrutura aumentou, até pelo
cenário global em que a produtividade será ainda mais importante”, disse na
entrevista. E a falta de investimentos é reflexo do baixo nível da poupança
doméstica, o que Levy aponta como outro desafio importante: o de incentivar o
crescimento da poupança interna, da qual os fundos de pensão são importantes
agentes.
Leia a seguir os principais destaques da entrevista:
Poupança interna
“O desafio para o Brasil é o nosso baixo nível de poupança
que acaba demandando tanto dos fundos de pensão”.
Relação com Congresso
“O congresso brasileiro já mostrou inúmeras vezes que é
capaz de responder aos desafios da nação, especialmente quando o Executivo
enuncia uma estratégia com prioridades definidas”.
Lula
“O importante é definir uma estratégia que o mercado
entenda. Quando o presidente Lula começou a governar, estabeleceu-se que não
haveria ‘pacotes’ e que os objetivos seriam definidos, anunciados e
implementados de forma muito clara. Acho que isso foi um dos fatores do sucesso
do seu mandato…”
Meirelles
“…o presidente do Banco Central Henrique Meirelles sempre
lembrava que menos incerteza, também em relação à inflação, tendia a aumentar o
investimento privado. Acho que funcionou bem”.
Aperto fiscal
“Vou fazer um paralelo com uma expressão comum nos EUA: o
valor de uma casa é definido por três fatores, que são localização,
localização, e localização. Pois bem, o equilíbrio aqui tem três ingredientes:
fiscal, fiscal, e fiscal”.
Grau de investimento
“…não vejo, especialmente na comparação internacional e
com a reputação que se construiu nos últimos 20 anos, motivos para o Brasil
perder o ‘investment grade’”.
Papel do BNDES
“Tornar as debêntures de infraestrutura uma ‘asset class’
global é o desafio número um, e pode trazer vantagens grandes também para as
entidades fechadas, mesmo que elas não tenham um diferencial tributário
específico”.
Selic
“A subida da Selic é positiva na medida em que sinaliza o
compromisso com a estabilidade de preços”.
Bancos públicos
“O importante é que haja planejamento de longo prazo e
adequado nível de provisões. A grande recapitalização que o governo FHC fez na
CEF e no BB, em um momento de stress fiscal enorme para todo o país, foi
fundamental para saneá-los dos equívocos dos 20 anos anteriores…”
Inovação
“Quando olhamos para horizontes mais longos, o país
precisa sinalizar o que quer. Como observei, o investidor vê várias coisas boas
no Brasil, mas nossa capacidade de inovação vai ser cada vez mais desafiada”.
Perfil – Joaquim Vieira Ferreira Levy
Nascido em 1961 no Rio de Janeiro e formado em Engenharia
Naval, obteve o doutorado em economia pela Universidade de Chicago em 1992 e o
mestrado em economia pela Fundação Getúlio Vargas em 1987. Iniciou sua carreira
em 1984, no departamento de engenharia e na diretoria de operações da Flumar
Navegação. Foi professor do curso de mestrado da FGV em 1990, antes de integrar
os quadros do Fundo Monetário Internacional, onde, de 1992 a 1999, ocupou
cargos nos departamentos do hemisfério ocidental, europeu e de pesquisa, em
particular nas divisões de mercado de capitais e da União Europeia. No período
de 1999 a 2000 exerceu, como economista visitante no Banco Central Europeu,
atividades nas divisões de mercado de capitais e de estratégia monetária. No
ano de 2000 foi nomeado secretário-adjunto de política econômica do Ministério
da Fazenda, e em 2001, economista-chefe do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão. Em janeiro de 2003, foi designado secretário do Tesouro
Nacional. Em 2006 foi nomeado secretário da Fazenda do estado do Rio de
Janeiro. Entre 2007 e 2010 foi vice-presidente da área de finanças e
administração do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), em Washington.
Em 2010 retorna ao Brasil para assumir o comando da asset do Bradesco (Bram).
Fonte: Investidor Institucional. A matérias publicadas
compreendem as áreas de Consultoria Atuarial, Previdência Complementar e/ou
Planos de Saúde, sendo de responsabilidade de seus autores e não refletindo,
necessariamente, a opinião da GAMA Consultores Associados
segunda-feira, 24 de novembro de 2014
XIX Prêmio Tesouro Nacional 2014: parabéns aos vencedores.
TEMA 1: Política Fiscal
Marcelino Batista Guerra Junior; Fortaleza-CE
Fernando Motta Correia; Curitiba-PR
Augusto Alberto Andreis; Sapiranga-RS
TEMA 2: Economia do Setor Público
Maria Júlia Castro Wegelin; Rio de Janeiro-RJ
Henrique Coelho Kawamura; Foz do Iguaçu-PR
Daniel Voigt Godoy; Porto Alegre-RS
Menção Honrosa: Securitização de Ativos Públicos para Financiamento de Projetos
de Infraestrutura: o caso brasileiro e a experiência dos BRICS
Edison Benedito da Silva Filho; Brasília-DF
Menção Honrosa: Design Ótimo e Aspectos Políticos do Programa Bolsa Família: um
modelo com mercados incompletos calibrado para o Brasil
Gustavo Moreira de Souza; Rio de Janeiro-RJ
TEMA 3: Tópicos Especiais
Wilton Bernardino da Silva(representante);
Recife-PE
Nelson Leitão Paes e Raydonal Ospina
Martínez
Fábio Avila de Castro; Brasília-DF
Márcio Bruno Ribeiro; Brasília-DF
Alex Fabiane Teixeira(representante);
Brasília-DF
João Henrique Pederiva
FGV na lista dos mestrados mais inovadores.
Leio no VALOR ECONÔMICO, uma excelente matéria sobre a FGV.
A Escola de Direito de São Paulo da Fundação
Getúlio Vargas (FGV Direito SP) foi incluída na lista de mestrados mais
inovadores da área compilada pelo jornal britânico "Financial Times".
Ela foi a única instituição da América Latina a entrar na lista, formada por 98
escolas e dominada por nomes da Europa e Estados Unidos.
Esta é a sétima edição da lista anual do
"FT", que destaca os programas de mestrado em direito (LLM) mais
inovadores do mundo, e a segunda vez que a FGV Direito é incluída. A publicação
considera métodos inovadores de ensino, a participação de alunos de outros
países e a proximidade dos cursos com ensino de negócios.
No relatório, o jornal destaca a importância
de profissionais de direito possuírem habilidades comerciais e visão global
para se manterem atualizados no mercado de trabalho atual. Diferente dos
rankings de melhores cursos de MBA publicados pelo jornal, a lista não elenca
os programas por ordem de qualidade.
Economia brasileira: previsões para um ano medíocre.
No Boletim Focus divulgado nesta data pelo
Banco Central, não temos boas notícias para os meus quase dois (milhões de)
leitores.
A inflação continua sua espiral ascendente,
com o IPCA 2014 estimado para 6,43% e para 2015 6,45%, tudo isso bem acima da
meta de 4,50%.
Para 2014 o PIB continua em queda livre não
devendo ultrapassar a casa dos 0,20%, prevendo-se uma leve alta para 0,80% para
2015.
Quanto à Taxa Selic, manteve-se para 2014 e
2015 os percentuais de 11,50% e 12,00%, respectivamente.
E para quem deseja viajar nas férias que
chegam em breve, o dólar não colabora.
Estima-se fechar 2014 em R$/US$ 2,55 e para 2015 R$/US$ 2,65.
Colegas mais pessimistas estimam o PIB 2014 em
algo próximo a zero e o US$ a quase R$ 3,00.
Quem viver, sobreviverá?
domingo, 23 de novembro de 2014
Thomas Piketty - O Capital no Século 21.
O prêmio Business Book of the Year, do
Financial Times e McKinsey, deste ano foi para o épico "O Capital no
Século 21" (Ed. Intrínseca), do economista francês Thomas Piketty, que
analisa as raízes e consequências da desigualdade e os meios para enfrentar a
questão. Segundo Lionel Barber, editor do FT e presidente do júri, a decisão
foi tomada após um "vigoroso debate" sobre a "incrivelmente
forte" lista de seis finalistas.
Pelo primeiro lugar, Piketty receberá um prêmio de 30 mil libras,
enquanto cada um dos demais autores dos livros finalistas vão receber um prêmio
de 10 mil libras.
Os demais finalistas são: "Hack Attack", de Nick Davies, sobre o escândalo de escuta
telefônica que envolveu o império de mídia de Rupert Murdoch; "The Second
Machine Age", de Erik Brynjolfsson e Andrew McAfee, sobre a promessa da
revolução digital; "Creativity, Inc.", do cofundador da Pixar Ed
Catmull, com Amy Wallace, sobre como Catmull administrou a "criatividade
inteligente" do estúdio de animação; "House of Debt", análise de
Atif Mian e Amir Sufi de como evitar futuras recessões; e "Dragnet
Nation", de Julia Angwin, uma investigação do crescimento da "vigilância
da economia".
Hora da saudade!
ANTONIO DELFIM NETTO, mais uma vez um belo texto na Folha de S. Paulo.
Nos idos de 1945/50, na Faculdade de Economia, Administração e
Contabilidade da USP, o prof. Dorival Teixeira Vieira era um autodidata
ranzinza e exigente que ministrava o curso de "Teoria da Formação de
Preços". Usava um quadro negro quadriculado e giz de várias cores para
realizar duvidosas "demonstrações" geométricas. Evitava o cálculo
diferencial em que tinha menor proficiência do que os alunos que haviam
frequentado os cursos de outro excelente autodidata, o prof. Luiz Berthet. Fui
seu aluno, seu admirador e, por fim, seu amigo por toda a vida.
No honesto propósito de nos colocar na fronteira do conhecimento
daquele período, um dia, depois de muito ensaio, aventurou-se numa demonstração
geométrica intuitiva da teoria do equilíbrio geral. Após longo esforço,
acreditou tê-la demonstrado. Um companheiro realmente brilhante, Roberto Keffer
Avelino, fez-lhe a pergunta que até hoje os economistas do
"cientifismo" não responderam: quantas pessoas morrem de fome nesse
equilíbrio? Se nenhuma, acrescentou Keffer, então ele não tem nada a ver com o
Brasil ou com qualquer outro lugar do mundo...
Dois outros professores relativizavam a crença em modelos
abstratos na economia. O autodidata, de inteligência e generosidade
incomparáveis, Luiz de Freitas Bueno, que insistia na nascente econometria,
para dar-lhes consistência; e a única profissional consagrada, a ilustre Alice
Canabrava, que insistia, com toda a razão, que sem a história os modelos eram
vazios e que a "história engajada" os destruía.
Desde cedo, também por influência de outro brilhante autodidata, o
prof. Heraldo Barbuy fomos inoculados com um vírus resistente a aceitar que a
moeda era um mero instrumento facilitador das trocas dotado de algumas
características materiais. Não, a moeda é um fato social que modifica o
comportamento dos agentes. E vacinados, também, contra a ideia que considera o
mercado de trabalho como "natural", igual a um bem qualquer, onde o
preço é determinado pelo encontro da "oferta" e da
"procura". Não, o homem tem uma dignidade própria: ele se constrói e
é o instrumento da construção de uma sociedade civilizada. A separação brutal
entre o "trabalho" e o "capital" que vivemos é apenas um
instante na sua longa construção.
Santo pragmatismo consequencialista! Ele permitiu à FEA-USP
enriquecer-se com uma visão ampla e tolerante do mundo, além de divertir-se com
as maravilhas e sofisticadas formalizações matemáticas da Economia. Ela nunca
esqueceu, entretanto, que só existe para gerar conhecimento que torne mais
fácil eliminar o número dos que morrem de fome e facilitar a construção da
sociedade civilizada.
domingo, 9 de novembro de 2014
sábado, 1 de novembro de 2014
Thomas Piketty: O Capital no século XXI.
Finalmente, a edição brasileira com a tradução da competente colega Monica Baumgarten de Bolle, do mais recente fenômeno editorial no mundo da economia: Thomas Piketty e O Capital no século XXI.
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