2009 - NOBEL PREDICTIONS IN ECONOMIC SCIENCES:
2009 - NOBEL PREDICTIONS IN ECONOMIC SCIENCES:
Festejar a perspectiva de crescimento de 1% este ano, como está fazendo agora o governo federal, é típico da mediocridade brasileira. Conformamo-nos com pouco, com muito pouco.
É óbvio que, depois de uma baita crise internacional, conseguir crescer é mesmo para festejar. Mas o festejo não dá o direito de perder a perspectiva.
Qual a perspectiva a meu ver mais adequada? É a que oferece João Paulo de Almeida Magalhães, presidente do Centro de Estudos para o Desenvolvimento do Conselho Regional de Economia do Rio de Janeiro, em entrevista para o número de julho da revista do Ipea, o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas.
Há alguns anos, citei aqui Almeida Magalhães apontando 7% como o nível de crescimento desejável para o Brasil, numa época em que parecia um número grande demais. Ele não mudou de opinião e sua "rationale" parece imbatível:
"O crescimento entre 1980 e 2005 foi insuficiente, apenas 2%, 3% ao ano. Nesses últimos anos melhorou um pouco e passou a 4%. Mas ainda é insuficiente, porque num período de 30 anos, após a Segunda Guerra Mundial, crescemos 7% na média. Os países asiáticos vêm crescendo nessa faixa há praticamente 30 anos. Assim, vamos voltar a crescer mediocremente como aconteceu nesses últimos 30 anos", disse à revista "Desafios do Desenvolvimento".
Almeida Magalhães lembra ainda um fato óbvio mas que costuma ficar meio nas sombras do noticiário: "O crescimento é uma situação normal em todo o mundo. Não há país que não cresça".
Só para lembrar: os outros três Brics (Rússia, Índia e China) desde 1966 crescem o dobro da média anual per capita brasileira (3%).
Como diria Che Guevara, se ainda vivesse e conhecesse o Brasil: "Hay que conmemorar pero sin perder la perspectiva jamás".
We will not go back to the days of reckless behavior and unchecked excess at the heart of this crisis," President Obama said.
Para reflexão nesta noite de "comemoração" por UM ANO de crise econômica, abaixo três frases atribuídas aos citados abaixo, nas quais lemos como é, na verdade, o nosso BRASIL.
"No Brasil até o passado é incerto." - Gustavo Loyola.
"No Brasil, empresa privada é aquela que é controlada pelo governo, e empresa pública é aquela que ninguém controla." - Roberto Campos
Leio ELIANE CANTANHÊDE na FOLHA há muito tempo, indiferente de criticar algumas colunas e gostar de outras. Como hoje, 15/09/09, é uma dia ESPECIAL para o mundo, pois AINDA CONTINUAMOS VIVOS, apesar de TUDO o que aconteceu e de TUDO que ainda pode vir na área econômica, o texto da ELIANE, de certa maneira, resume o que aconteceu neste último ano. Então vamos à leitura:
Para os meus quase dois leitores ainda fiéis, leiam com vontade este outro editorial do ESTADÃO sobre o CRESCIMENTO SEM INVESTIMENTOS no Brasil. E vamos esperar o resultado do PIB de 2009 e ver quem está com a razão.
O crescimento de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, em relação ao primeiro, confirmou que o Brasil saiu da crise.
No entanto, alguns dados preocupam, pois indicam que não se trata de uma recuperação durável e mostram que o governo não aproveitou a oportunidade da crise para tomar medidas recomendadas em tempo de recessão.
Nos dados do semestre isso fica mais claro. O governo privilegiou o consumo, que, em relação ao primeiro semestre do ano anterior, cresceu 2,3%, para as famílias, e 2,6%, para o governo, enquanto o PIB caía 1,5%. No entanto houve declínio de 15,6% na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), ou seja, nos investimentos.
Ao comparar dados do segundo trimestre com dados do primeiro, verificamos também alguns resultados preocupantes. O consumo das famílias foi alimentado pelo aumento de 3,3% da massa salarial (ao contrário do que ocorreu nos países industrializados), pelo crescimento nominal de 20,3% do crédito para pessoas físicas e pelos incentivos fiscais.
Houve redução do consumo da administração pública, especialmente nos Estados e municípios, pois os impostos diretos aumentaram 3,8%, em valor, apesar dos incentivos.
O dado mais preocupante é que o crescimento do PIB em relação ao trimestre anterior não foi acompanhado de aumento dos investimentos, que não registraram variação e que, no primeiro semestre, caíram 15,6%.
A taxa de crescimento dos investimentos em relação ao PIB ficou em 15,7% - a menor desde 2003 e que havia atingido 18,5% no segundo trimestre de 2008.
A explicação para isso é a queda da poupança em relação ao PIB, que neste ano, no segundo trimestre, ficou em 15%, ante 19% no mesmo trimestre do ano passado.
A FBCF é composta em cerca de 50% por máquinas e equipamentos, em 40% pela construção civil, que inclui parte dos investimentos na infraestrutura, e em 10% por fatores de menor peso.
Sabemos que a Petrobrás realiza investimentos elevados, mas que a indústria reduziu os seus diante da incerteza sobre a evolução da demanda. Mas, ao contrário do que se esperava com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), os investimentos na infraestrutura diminuíram.
O crescimento futuro enfrentará pontos de estrangulamento decorrentes de uma infraestrutura obsoleta para atender à demanda doméstica e à exportação, assim que a demanda externa se restabelecer.
Todos são cientes que este blog publica qualquer informação que possa ser útil ao leitor, INDIFERENTE da origem ser de um pensamento ortodoxo ou heterodoxo. Nossa pluralidade é de sempre conhecer os dois lados da questão, como já postamos em outros comentários. Mesmo sem concordar, acreditamos que a leitura do OUTRO pensamento melhora o NOSSO entendimento da questão. Por isso, neste um ano de CRISE e com o excelente caderno MAIS da FOLHA, leiam mais uma resposta para a questão "Há alternativas, novos temas ou enfoques que devam ser incorporados ao ensino de economia?", agora respondida pela LEDA PAULANI, professora titular da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP e autora de "Brasil Delivery" (ed. Boitempo).
Recentemente, a rainha da Inglaterra visitou a lendária London School of Economics e perguntou aos doutos docentes por que ninguém lograra prever a profundidade da crise que se avizinhava. Os professores, cultores da teoria ortodoxa, crédulos do mercado e de suas divertidas utopias (autorregulação, eficiência, ótimo social), responderam que, contando embora com as mais brilhantes mentes matemáticas, o cálculo do risco enfocara apenas fatias do mercado. O sistema como um todo não fora considerado.
O que eles não disseram é que, formados na doxa econômica, os economistas jamais conseguiriam fazer esse tipo de análise totalizadora.
A formação hoje dominante põe ênfase apenas na matemática, nas técnicas de modelagem, olhando com enfado quaisquer considerações não passíveis de matematização.
Sociedade, instituições, história não cabem nessa visão, são anticientíficas.
A filosofia também não tem lugar, pois é com fastio igual que se encaram as questões metodológicas.
Economistas heterodoxos se deram conta dessa lacuna na resposta desses professores e lembraram a acusação, feita em 1991, por uma comissão da Associação Americana de Economia, sobre os cursos de pós-graduação em economia, os quais estariam formando "sábios idiotas", treinados na técnica, mas "inocentes" do mundo real.
A crise, porém, não estancará a produção de sabichões. Uma formação que desdenha a mais abrangente e consistente teoria do capital só pode continuar a fazer o que tem feito: vender ideologia como ciência.
Na FOLHA deste domingo, o caderno MAIS publica excepcional material sobre a ECONOMIA e a CRISE que completa um ano. Dentre os diversos textos, divulgamos a resposta do Professor LUIS HENRIQUE BERTOLINO BRAIDO, atual diretor de ensino da Escola de Economia da FGV-RJ, sobre a seguinte questão: Há alternativas, novos temas ou enfoques que devam ser incorporados ao ensino de economia? A sua resposta é para a nossa reflexão nestes novos e rápidos tempos, como Professores ou Estudantes da nossa ECONOMIA.
O princípio básico da ciência econômica - denominado individualismo metodológico - enfatiza a liberdade de escolha do indivíduo frente às estruturas sociais. Portanto, não há como iniciar um curso de economia sem ensinar os modelos de escolha individual.
Como a relação entre indivíduos livres é intermediada por mercados ou outros mecanismos sociais, o conhecimento rigoroso sobre equilíbrio geral, teoria dos jogos, desenho de mecanismos, externalidades e assimetria de informação constitui o segundo pilar de qualquer programa na área.
Por fim, como a seleção entre teorias alternativas depende de testes empíricos, o economista moderno necessita de sólida formação quantitativa.
A separação entre temas macroeconômicos e microeconômicos está superada. A profissão dispõe de um corpo teórico consolidado para analisar temas tão diversos quanto finanças; comércio internacional; políticas monetária, fiscal, cambial e industrial; história econômica; regulação e defesa da concorrência; previdência; meio ambiente; desigualdade social; crime e educação.
A abordagem desses temas baseia-se no método científico, que enaltece a dedução lógica formal e o confronto de suas conclusões com fatos observáveis. A utilização desse método permitiu à civilização ocidental alcançar notável progresso tecnológico nos últimos séculos.
Ao dotar seus alunos desse poderoso instrumental analítico, o curso de economia capacita-os a diferentes desafios profissionais. Para tanto, cabe às instituições brasileiras elevar o formalismo no ensino de teoria econômica e ampliar o número de docentes e discentes envolvidos em pesquisas científicas de nível internacional.
Altamente recomendável a leitura da VEJA que está nas bancas desta semana. Vejam meus caros leitores que “em 500 anos, os EUA saltaram à frente da América Latina ao conjugar capitalismo e democracia. No mundo pós-crise, começa a ficar claro que esse binômio se constrói mais na política do que no mercado. Alguém duvida?
No começo da colonização, a América Latina era mais rica e tinha sociedades mais complexas que a América do Norte. O Brasil, com terra e clima promissores, já tinha vida comercial, com o pau-brasil e depois com o açúcar, mercadoria altamente valorizada na época, enquanto as tentativas de colonização nos Estados Unidos eram um fracasso atrás do outro. Nos primeiros 250 anos da colonização europeia, a América ibérica teve alguma vantagem sobre a América inglesa. Nos 250 anos seguintes, período em que as colônias viraram países independentes e republicanos, o jogo inverteu-se brutalmente. A renda per capita dos americanos e canadenses disparou. De acordo com as contas do cientista político Francis Fukuyama, o ex-ícone do conservadorismo americano e editor de Falling Behind, que trata do desnível entre as Américas, o calendário do fosso foi o seguinte.
• Até cerca de 1800, o norte e o sul das Américas evoluíram de modo mais ou menos semelhante.
• De 1820 a 1870, período que concentrou as guerras de independência, a América Latina encolheu 0,5% ao ano. Os Estados Unidos cresceram 1,39% ao ano.
• De 1870 a 1970, com uma interrupção durante a depressão dos anos 30, a América Latina cresceu até mais do que os Estados Unidos, mas num ritmo longe de cobrir a diferença.
• De 1970 até agora, os Estados Unidos voltaram a crescer mais que os vizinhos do sul, aprofundando o fosso.
• Em 2001, a renda per capita americana superava 27 000 dólares. A latino-americana não chegava a 6 000 dólares.
O Brasil avançou em muitos aspectos, mas ainda é "a eterna promessa de futuro", ora como celeiro do mundo, ora como potência verde, ora com etanol, ora com pré-sal, mas sempre o país em busca de cumprir o vaticínio da aurora redentora."
Triste e sem um futuro de riqueza uma sociedade que não consegue manter o CAPITALISMO e a DEMOCRACIA. Fiquemos pois atentos neste 2010 no qual várias ideias serão lançadas EM BUSCA DE UM TEMPO PERDIDO.
O editorial do ESTADÃO de hoje coloca a situação do OTIMISMO pelo fim da recessão de uma maneira real, economicamente didática e com argumentação a produzir nos cérebros uma visão realista do resultado esperado para 2009.
Ainda sobre a previsão do PIB 2009, leio agora no blog da Miriam Leitão que o PIB brasileiro cresceu 1,9% no segundo trimestre e o país saiu da recessão. Para frente, as perspectivas são de um crescimento ligeiramente melhor no terceiro trimestre, de 2% na margem, diz Sérgio Vale, da MB Associados.
Segundo ele, os dados divulgados até aqui indicam que o comportamento positivo na margem vai se manter neste terceiro trimestre, com recuperação das indústrias (no lado da oferta) e dos investimentos (pelo lado da demanda).
Isso não muda, no entanto, a perspectiva de crescimento zero ou baixo crescimento da economia neste ano. Indústrias seguem abaladas, com fortes quedas na comparação interanual. E permanecem riscos de pequena queda do PIB em 2009.
A consultoria mantém, desde o final do ano passado, a projeção de 0,2% de expansão do PIB neste ano. Um desempenho positivo considerando-se a crise. Mas muito aquém das previsões de 4% em 2009 traçadas antes de setembro do ano passado.
— No segundo semestre não existem mais grandes transferências de renda do governo, a não ser a adição de um milhão de famílias no Bolsa Família. Mas a recuperação da renda deve manter-se pela recuperação da classe média, que está em pleno curso — acrescenta.
Ele entende que os destaques do semestre devem ser ainda o varejo, que ajudará a indústria a se recuperar no final do ano. E a própria indústria pode ser destaque, principalmente de bens duráveis e de construção.
— Alguns testes serão importantes ainda, como a diminuição da redução do IPI de automóveis, mas que não acreditamos que vá ter grandes impactos negativos.
Para o próximo ano, a MB manteve as perspectivas de crescimento de 4%, embora entenda que o número caminhe para se tornar um piso.
Para os meus quase dois (milhões de) leitores, ao final de 2009, veremos quem tem razão ou apenas faz o jogo político.
Esta eu li hoje na página do JOELMIR BETING http://www.joelmirbeting.com.br/noticias.aspx?IdNews=32471&IdgNews=2:
Caro JOELMIR, o ano ainda não terminou e seu OTIMISMO político econômico não encontra razões técnicas o suficiente para tornar-se realidade. Pelo menos por enquanto...
Para aqueles que se irritam com a economia e ainda mais para quem a economia de mercado é insuportável, a recessão é toda uma bênção: "Os franceses não têm a cabeça econômica, mas política", descreveu Alexis de Tocqueville em 1848. A essa pouca afinidade pela economia se acrescentam nos franceses uma aversão pelo capitalismo e uma inclinação pela intervenção forte do Estado. Acusar os economistas de não ter previsto a crise e os liberais de tê-la provocado com seus excessos se inscreve em uma batalha na qual a ciência econômica não é a única que está em jogo: a economia e os economistas se encontram no cruzamento da ideologia com a ciência.
Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...