Palácio do Planalto, 17 de maio de 2012
Eu queria primeiro, rompendo o protocolo, e peço perdão ao senador José Sarney, para cumprimentar do fundo do meu coração a professora doutora Maria da Conceição Tavares.
Cumprimento o senador José Sarney, presidente do Senado,
As senhoras e os senhores ministros de Estado, aqui cumprimentando o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, o ministro Guido Mantega, da Fazenda; o ministro Aloizio Mercadante, da Educação; Ana de Holanda, da Cultura; Fernando Pimentel, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio [Exterior]; Miriam Belchior, do Planejamento, Orçamento e Gestão; Pepe Vargas, do Desenvolvimento Agrário; Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral; José Elito, do Gabinete de Segurança Institucional; Luís Inácio Adams, da Advocacia-Geral da União; Ideli Salvatti, da Secretaria de Relações Institucionais; Helena Chagas, da Secretaria de Comunicação Social; Eleonora Menicucci, da Secretaria de Política para as Mulheres.
Cumprimento o nosso querido ex-senador, ex-ministro, ex-governador Waldir Pires,
Senhor Glaucius Oliva, presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico,
Senhoras e senhores embaixadores credenciados no meu governo,
Senhoras e senhores senadores Marta Suplicy e Eduardo Suplicy,
Senhores deputados federais Alessandro Molon e Newton Lima,
Senhor Américo Fialdini Júnior, presidente da Fundação Conrado Wessel,
Almirante de esquadra Julio Soares de Moura Neto, comandante da Marinha do Brasil que copatrocina este prêmio com o CNPq e a Fundação Conrado Wessel,
Senhoras e senhores reitores,
Doutor Jacob Palis, presidente da Academia Brasileira de Ciências, por intermédio de quem cumprimento todos os dirigentes de centros de pesquisa, fundações, sociedades, associações acadêmicas, científicas e tecnológicas,
E senhores jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas.
Este é um discurso de uma discípula para uma mestra, com muito orgulho e muito carinho. Orgulho por presidir esta cerimônia, que concede o maior e mais importante prêmio científico do Brasil – o Prêmio Almirante Álvaro Alberto para Ciência e Tecnologia – à professora Maria da Conceição Tavares, por sua imensa generosidade, por sua grande inteligência, seus méritos intelectuais, sua extraordinária dedicação à formação de várias gerações de brasileiros e brasileiras - de economistas, sim, mas de pessoas comprometidas com o país.
Carinho por homenagear minha mestra, que eu sou testemunha de seu compromisso com o Brasil, com o desenvolvimento do nosso país, com o desenvolvimento da América Latina. Compromisso que sempre cumpriu, tratando economia como ela deve ser tratada, como economia política.
Falo como aluna que fui da professora Maria da Conceição Tavares, com quem aprendi muito e continuo aprendendo com sua integridade, sua competência, sua firmeza de princípios. Aluna que a teve e tem como referência em todos estes anos, inclusive, hoje, em minhas tarefas como a primeira mulher a exercer a Presidência da República no Brasil.
Nessa plateia repleta de alunos da professora Maria da Conceição, sei que encontro ressonância ao afirmar que não houve momento importante na história do nosso país, das nossas gerações nas últimas décadas em que não contássemos com a palavra da nossa professora. Muitas vezes, com a sua palavra crítica, que nós recebemos sempre com uma certa humildade, porque aprendemos a respeitar a capacidade crítica e o compromisso que Maria da Conceição tem com os rumos e os destinos do país. Respeitar o seu ardor entusiasmado, sua posição firme sempre formulando posições voltadas para o bem-estar do nosso povo, para a soberania do nosso país, e pelo desenvolvimento do nosso Brasil.
O ministro Raupp e o representante da Fundação Conrado Wessel fizeram um perfil da nossa querida professora Maria da Conceição Tavares. Acho que a melhor síntese é que a Maria da Conceição carrega a nação brasileira na sua trajetória acadêmica. Mas eu queria acrescentar na sua trajetória pessoal e política.
Ela sempre carregou... ela sempre carregou esse compromisso com o Brasil e com o seu povo. E por isso, esta homenagem é simbólica. Simbólica porque também o Almirante Álvaro Alberto deu a sua contribuição nesse sentido da construção de um país soberano. E simbólica porque o Brasil vive, hoje, ou vive nos últimos anos, nós últimos nove, dez anos, um ponto de mutação na história do seu desenvolvimento. E para a história desse desenvolvimento e para o desenvolvimento foi necessário que nós tivéssemos compreensões, compromissos, idéias e tivéssemos, de uma forma ou de outra, o mapa do caminho.
Nessa questão do mapa do caminho, a nossa professora Maria da Conceição Tavares deu grandes contribuições. Nós, hoje, não admitimos mais a possibilidade de construir um país forte e rico dissociado de melhorias nas condições de vida de nossa população, nem tão pouco acreditamos mais na delegação da condução de nosso crescimento exclusivamente às forças de autorregulação do mercado – crença, aliás, que Maria da Conceição Tavares sempre corretamente criticou.
Não acreditamos mais que nós poderíamos nos desenvolver sem nos libertar das amarras que nos prendiam a interesses nacionais em outras regiões do mundo.
Hoje, nós vivemos uma grande transformação. Uma benigna subordinação da lógica econômica à agenda dos valores indissociáveis da democracia e da inclusão social.
Sabemos que, nos últimos anos, criamos uma série de políticas. Temos hoje ainda alguns entraves a romper, e, magistralmente, a nossa querida Maria da Conceição Tavares sempre manifesta, de uma forma bastante enfática, para mim pelo menos, quais são esses entraves, e como é urgente rompê-los.
Eu agradeço essa sistemática colaboração que eu tenho na minha querida mestra e professora.
Por isso, eu quero dizer para vocês que eu estou hoje, aqui, extremamente orgulhosa, porque posso participar dessa homenagem, que é mais do que uma homenagem, é uma celebração de uma vida digna, ética, de uma vida comprometida com os interesses do nosso país.
Talvez, a Maria da Conceição Tavares seja a mais brasileira de todos nós, porque ela é brasileira por opção. Ela tem, na sua trajetória, um imenso compromisso com o nosso país, por isso, ela já merecia muitos prêmios, além deste que nós estamos aqui dando a ela.
Este prêmio significa uma justiça e um reconhecimento de toda a sua orientação, que influenciou várias gerações de estudantes e de profissionais brasileiros. Reconhece a contribuição inestimável de nossa professora Maria da Conceição Tavares ao nosso país, por meio de obstinada e vitoriosa militância política institucional.
Por isso, eu queria dizer que a Maria da Conceição Tavares é brasileira de coração, de mente e de desígnio. À minha mestra, mais uma vez, com muito carinho.
Dilma Rousseff