segunda-feira, 29 de junho de 2015

John Maynard Keynes - The Universal Man.



Previsões economia brasileira para 2015.

Novamente o boletim Focus do Banco Central desta semana mostrou uma piora das expectativas do mercado em relação à atividade econômica.

Abaixo os principais números:

  • PIB: o consenso do mercado para 2015 recuou de (-) 1,45% para (-) 1,49%.
 
  • Inflação: o IPCA de 2015 passou de 8,97% para 9,00%.
 
  • A Taxa Selic continuou apontando para a taxa básica de juros em 12,00%.
 
  • A Taxa de Câmbio de fechamento de 2015 seguiu em R$3,20/US$.



Enquanto isso, o mundo político continua em mais uma semana com alto teor de crises...    

domingo, 28 de junho de 2015

A setback in Brazil.

Just a couple of years ago, it was widely concluded that Brazil had finally overcome the decades-old gibe about the world’s fifth-largest country: that it would always be “the country of the future.” Exports, particularly to Asia, were booming; a middle class was filling in the once-polarizing gap between the very rich and very poor; and huge offshore oil discoveries appeared to ensure yet another economic acceleration. In seeming confirmation of its new status, Brazil was chosen to host both soccer’s World Cup last year and the 2016 Olympics.
The Rio de Janeiro games are still a year away, but already Brazil’s bubble appears to have burst. The economy is mired in a deepening recession, thanks to the drop in oil and other commodity prices. The state oil company,Petrobras, has triggered the biggest corruption scandal in the country’s history, with dozens of businesspeople and more than 50 members of Congress implicated in some $2 billion in kickbacks. Investments in the vaunted new oil fields have been cut back, even as Brazilians fume over the billions spent on new stadiums.
Most troubling, the setbacks have triggered a crisis for Brazilian democracy, which has flourished in the 30 years since a military government yielded power. Leftist President Dilma Rousseff, who is due in Washington next week for a long-delayed official visit, eked out reelection in October after claiming that her more conservative opponent would surrender to the dictates of bankers and the International Monetary Fund. Now, with Brazil’s credit rating in danger, Ms. Rousseff is imposing the same austerity measures typically favored by the IMF, including cuts in energy subsidies.
Meanwhile, allegations of corruption are pending against dozens of members of Ms. Rousseff’s party, including its treasurer, in connection with the Petrobras scandal. The heads of two huge construction firms, including the largest in Latin America, were arrested June 19. Two days later, a poll showed the president’s popularity had dropped to a record low of 10 percent. The Post’s Dom Phillips reported Ms. Rousseff has stopped appearing on television for fear she will only inspire more anti-government protests.
The president now faces the challenge of surviving in office, and attempting to govern, for another three-and-a-half years. It won’t be easy: She has seen much of her power effectively stripped away by congressional leaders, who diluted some of her austerity measures. Ms. Rousseff’s Workers’ Party objects to her economic corrections, which partly reverse her statist course during her first term.
But Brazil needs more liberalizing reforms. Petrobras’s corruption was in large part the product of Ms. Rousseff’s misguided policies, such as trying to restrict its suppliers to Brazilian firms. The president made much of $53 billion in investment deals she announced with visiting Chinese Premier Li Keqiang last month, including $7 billion in fresh financing for Petrobras. But to get back on track, Brazil needs not just checks from Beijing, but also the removal of disincentives for private domestic and foreign investment. Without it, Brazil’s future will remain on hold.

domingo, 21 de junho de 2015

Contradições trabalhistas e econômicas.

Recente estudo da consultoria de recrutamento Michael Page prevê que neste 2015 55% dos líderes de RH afirmaram ter planos de contratação para os próximos 12 meses, sendo que 63% dessas contratações serão de substituições.

Enquanto isso, o mesmo estudo revela que 76% dos entrevistados querem mudar de empresa nos próximos seis meses.

Conclusão: as empresas vão contratar pouco e os funcionários querem sair.


E isso, com a economia brasileira no hospital...

Fonte: Revista VOCÊ S/A.

sábado, 20 de junho de 2015

A economia brasileira de Reinaldo Azevedo.

Reinaldo Azevedo é um crítico do governo Dilma e de tudo que ele avalia incorreto. No entanto, é dono de um estilo de texto que acorda qualquer leitor e enxerga muito bem o que virá por aí. Como economista, sinto-me na obrigação de divulgar um recente post do mesmo sobre a atual situação econômica brasileira. 

Por onde começar? Todos os indicadores econômicos — todos, sem exceção — estão piores do que esperava o mercado. Não há uma boa notícia na economia nem para fazer remédio. 

Vamos ver.

1: Segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregos e Desempregados), o país fechou 115 mil vagas formais de trabalho em maio, o pior número desde 1992 — em 23 anos! Entre janeiro e maio, desapareceram 243.948 postos. No acumulado de 12 meses, 452 mil.

2: Dados do IBC-Br, um índice que é considerado uma prévia do PIB, divulgados pelo Banco Central, indicam que o país registrou uma queda de 0,84%, bem pior do que o 0,4% esperado pelo mercado. Em relação a abril do ano passado, a atividade despencou 3,24%. Isso aponta para uma recessão acima de 2% em 2015.

3: Bem, com a recessão em curso e os juros já na estratosfera, a inflação poderia estar em queda, certo? Ainda não. A prévia de junho, na comparação com maio, aponta uma alta de 0,99%. Em 12 meses, a taxa está em 8,8%.

Pode parecer impressionante, mas eles conseguiram chegar ao estado da arte da incompetência: recessão severa, juros brutais e desemprego tendente a cavalar.


Não pensem que isso se consegue sem determinação. Só se chega aí com muita imodéstia.

Brasil: com o desastre econômico que fechará 2015, esperamos um bom 2016.

Todas as expectativas para 2015 sinalizam que a economia brasileira chegará ao fundo do poço, conforme alguns indicadores relacionados abaixo - base junho:

  • O PIB fechará 2015 em quase 2% "negativo".
  • A taxa de desemprego atingirá quase 7% ao ano.
  • A inflação medida pelo IPCA estará próximo a 9% ao ano.
  • Quanto a taxa Selic, estima-se que 15% não será novidade.
  • A taxa de câmbio será R$ 3,20/US$ e, então, teremos menos brasileiros em NYC.
  • E o governo? Bem, continuará seus gastos, fazendo com que o resultado primário do setor público resulte em R$ 32 bilhões “negativos”.


Isso posto, que chegue logo o ano de 2016.  

Alexandre Tombini: Nos 50 anos do BACEN, o que ele pensa sobre regime de metas para a inflação.

Há várias razões para o sucesso do regime de metas para a inflação na crise:

· Os bancos centrais descobriram que o regime de metas é realmente útil para passar mensagens claras para o público sobre a necessidade e as condições para a adoção de medidas não convencionais.

· Além disso, as metas para inflação contribuíram para a ancoragem das expectativas de inflação, mantendo afastado o risco de deflação apesar dos significativos hiatos de produto que vigoraram no pico da crise. 

· As novas propostas de regimes de política monetária sofrem de uma série de deficiências práticas. Elas são demasiado complexas para o entendimento e acompanhamento do público. E metas para o PIB nominal dependem muito de uma variável não observável, o crescimento potencial do PIB.


· Por fim, a alteração do regime, ou mesmo apenas a elevação da meta, no meio da crise, punha em risco a credibilidade que os bancos centrais haviam angariado anteriormente sob o regime de metas. 

quinta-feira, 18 de junho de 2015

University of São Paulo - USP.

Editorial da FOLHA DE S. PAULO e uma ótima notícia. 
A USP deu um pequeno passo que poderá revelar-se precedente de consequências gigantescas para o relativo isolamento do meio universitário brasileiro: autorizou suas primeiras disciplinas de graduação em língua estrangeira. A licença vale só para matérias optativas, mas já é um começo.
Não que a principal instituição superior do país não mantivesse contatos e vínculos com o exterior. Ela nasceu como universidade, em 1934, com a contribuição inestimável de uma missão francesa composta de jovens intelectuais que ganhariam projeção mundial, como o antropólogo Claude Lévi-Strauss (1908-2009) e o historiador Fernand Braudel (1902-1985).
Não foram poucos, desde então, os catedráticos estrangeiros que ajudaram a formar brasileiros. Tampouco era incomum, até o final do século 20, que pesquisadores nacionais cursassem a pós-graduação em países avançados (hoje em dia é mais usual obter mestrado e doutorado no Brasil).
O caminho inverso, no entanto, costuma ser pouco trilhado. A USP atrai escassos estudantes além-fronteiras, em especial para os cursos de graduação: apenas 1.440, segundo registro de janeiro, aí incluídos todos os que afluíram a ela por meio de convênios.
Há na instituição paulista 55.451 alunos, de modo que a parcela de estrangeiros na graduação corresponde a meros 2,6%. Em universidades verdadeiramente internacionalizadas, como a americana Harvard, essa proporção chega a 11%.
Até a recente autorização, uma matéria só poderia ser oferecida na USP em inglês, por exemplo, se apresentada também, simultânea e inviavelmente, em português.
Agora, alunos brasileiros e estrangeiros passam a ter a opção de cursar ao menos algumas disciplinas em outra língua. Para os nacionais, surge a oportunidade de familiarizar-se com o vocabulário técnico e conceitual de sua área de especialidade em outro idioma.
Para atrair estudantes do exterior, contudo, ainda é pouco. A USP deveria considerar o exemplo da Fundação Getulio Vargas (FGV), que anunciou um curso de administração todo ele dado em inglês.
Esse passo mais ousado serviria ainda para fazer a USP ganhar pontos em rankings internacionais que valorizam tais iniciativas.

O principal benefício, porém, viria da volta dos formandos para os países de origem. Os vínculos aqui criados favoreceriam a inserção da USP em redes mundiais de pesquisa e o enraizamento de sua boa reputação em solo estrangeiro.

domingo, 7 de junho de 2015

Delfim Netto e a economia brasileira.

O economista Antonio Delfim Netto, hoje, na FOLHA DE S. PAULOLeia a seguir trechos da entrevista.

Folha - Qual é a sua avaliação sobre o ajuste fiscal?
Antonio Delfim Netto - O ajuste fiscal é necessário. No ano passado, ocorreu uma deterioração fiscal muito profunda. Até dezembro de 2013, a situação era desagradável, mas não tinha gravidade. O desequilíbrio de 2014 foi deliberadamente produzido para a reeleição e atingiu seu objetivo. O PT tirou muito proveito disso, porque continuou com a maior bancada na Câmara. Era visível que precisava fazer um ajuste em 2015.

Houve estelionato eleitoral?
Não tenho dúvida, é um absurdo tentar negar. Dilma fez uma mudança na política econômica equivalente à de são Paulo na estrada de Damasco [Paulo se converteu ao cristianismo em viagem de Jerusalém a Damasco e se tornou apóstolo]. Essa é uma questão moral que abalou a credibilidade do governo, mas o importante é o conserto.

E esse conserto da economia vai no rumo certo?
O ajuste do Levy é bastante razoável. Na parte trabalhista, as reformas foram importantes e corrigiram distorções horrorosas [na concessão de pensão por morte e seguro-desemprego].
Aqui precisamos fazer um pouco de justiça ao Guido [Mantega, ex-ministro da Fazenda]. Ele fez essas medidas e queria que tivessem sido propostas em 2014. Quem não colocou em prática foi a presidente, porque o estrago eleitoral teria sido enorme.
Mas é claro que houve um equívoco na concessão de desconto na Previdência em 56 setores. A desoneração da folha de pagamento tinha lógica para o setor exportador. Agora será difícil voltar atrás.

Qual é o maior defeito do ajuste fiscal?
A rigor, o ajuste é mais eficiente quanto menos aumenta os impostos. Por maior que seja o viés ideológico, ninguém é capaz de dizer que o Estado é mais eficiente que o setor privado. Quando os impostos sobem, transferimos renda do setor privado para o governo. Ou seja, eleva a ineficiência e reduz o crescimento.

As medidas serão suficientes para o Brasil voltar a crescer?
O ajuste fiscal é apenas uma ponte para a retomada do crescimento. Com o protagonismo do Levy, o governo se afastou. No Ministério do Planejamento, estavam sendo avaliadas medidas concretas que não foram anunciadas. Só agora, em junho, que saiu a primeira medida que é o Plano Safra.

Mas o que governo pode fazer sem espaço para desonerações ou queda de juros?
Apresentar os projetos de concessões, o que só está previsto para esta semana. Flexibilizar o mercado de trabalho e se antecipar ao desemprego que está por vir, encontrando mecanismos para minimizar o custo social. Avançar na reforma do ICMS, que falta pouco para ser fechada.
O governo precisa dizer: eu existo. Propor programas factíveis que devolvam confiança a sociedade. Economia é só expectativa. Desenvolvimento é um estado de espírito. Nós vamos voltar a crescer. É preciso dar à sociedade um pouco mais de tranquilidade. Essa era a vantagem do Lula. O Lula é um promoter.

Por que o senhor acha que o governo se escondeu?
O início foi complicado, porque ficou muito visível a mudança da política econômica. Foi tão brutal que houve uma desintegração. Esse problema não é apenas econômico, mas também político. A correção de rumo não foi acompanhada pelo PT.
Sabe o que dizia Tancredo Neves? Quando a esperteza é muita, costuma comer o dono. O PT foi tão esperto que está sendo comido por sua esperteza. Vejo muita crítica ao PSDB, partido pelo qual não nutro a menor simpatia. Mas não dá para imaginar que o PT ia fazer um estrago danado e se beneficiar dele aumentando sua bancada, e depois o PSDB ia ser suficientemente idiota para aprovar as medidas.

Quanto tempo o senhor acha que a economia vai demorar para sair da recessão?
Essa recessão vai durar o quanto for necessário para recuperar a indústria. A indústria sofreu o efeito dramático da política cambial. Todos os estímulos foram incapazes de compensar o prejuízo de valorizar o câmbio para controlar a inflação. Nunca faltou demanda para produtos industriais. O que faltou foi demanda para produtos industriais feitos no Brasil.

As importações aumentaram, substituindo produtos brasileiros, e as exportações caíram. Agora isso começa a ser revertido com o novo patamar do câmbio. Sem resolver o problema da indústria, não vamos voltar a crescer.

Zaytoun - O "Zico" brasileiro em Beirute.



Para quem deseja conhecer um pouco mais da relação entre a Palestina e Israel, recomendo o filme ZAYTOUN, para início de uma ótima semana aqui neste quase final de outono brasileiro.  

domingo, 24 de maio de 2015

A morte de John Nash: A Beautiful Mind.

Neste outono brasileiro um triste domingo para o mundo da Matemática e da Economia com a notícia da morte do genial John Forbes Nash, Jr – gênio matemático, inventor da teoria do comportamento racional e visionário da máquina pensante.

Ganhou o Nobel de Economia em 1984 e dele a jornalista e economista Sylvia Nasar escreveu o belo “Uma mente brilhante”, livro que deu origem ao filme de mesmo nome, estrelado por Russell Crowe.   



John Nash dead.

Nobel Prize-winning mathematician John Nash was killed in a car accident on Saturday, New Jersey State Police told The Huffington Post.
The Princeton University scholar was 86 years old. His wife Alicia was also killed in the crash.
According to police, they were riding in a taxi on the New Jersey Turnpike and were ejected from the vehicle. NJ.com reports that Nash and his wife were not wearing seatbelts.
Nash was the subject of the Academy Award-winning film 'A Beautiful Mind'. The film depicted his groundbreaking work in game theory, for which he won the Nobel Prize in Economic Sciences in 1994. He also received the Abel Prize, one of mathematics' most prestigious honors, in March.
'A Beautiful Mind', which starred Russell Crowe, also depicted Nash's struggles with mental illness. Nash suffered from schizophrenia and, after his recovery, became an advocate for improving mental health care.

"Stunned...my heart goes out to John & Alicia & family," Crowe tweeted on Sunday."An amazing partnership. Beautiful minds, beautiful hearts."

A Quarta Revolução: Micklethwait e Wooldridge.

Segundo a Foreign Affairs trata-se de um livro inteligente e com argumentos afiados.  


Correr: Drauzio Varella.



sábado, 16 de maio de 2015

A vida começa todos os dias: doutorado aos 102 anos.


Leio hoje no UOL:

Uma alemã de 102 anos defendeu sua tese de doutorado cerca de 80 anos depois de ter sido impedida de fazê-lo pelo regime nazista por causa de sua ascendência judaica, comunicou nesta sexta-feira (15) o Hospital Universitário de Hamburgo-Eppendorf.

A defesa da pediatra Ingeborg Syllm-Rapoport, ocorrida na quarta-feira, foi bem-sucedida e ela receberá o título de doutora em junho. A tese sobre difteria havia sido escrita entre 1937 e 1938, mas na época ela foi impedida de fazer o exame oral necessário para obter o título de doutora.

Na época, a direção da Faculdade de Medicina justificou a decisão com a chamada lei de raças, que discriminava pessoas judias ou de ascendência judaica. A mãe de Ingeborg era judia.

"Com esse exame de doutorado não podemos desfazer a injustiça cometida, mas contribuímos para a confrontação com o pior lado da história alemã nas universidades e escolas superiores", disse o diretor da Faculdade de Medicina, Uwe Koch-Gromus.

Ingeborg Syllm-Rapoport nasceu em 1912, filha da pianista judia Maria Syllm, e migrou em 1938 para os Estados Unidos, onde trabalhou como pediatra. Lá ela conheceu seu futuro marido, Samuel Mitja Rapoport, com quem teve quatro filhos.

Em 1952, os dois simpatizantes do socialismo se mudaram para Berlim Oriental, na então Alemanha comunista. Em 1969, Ingeborg assumiu, no hospital universitário Charité, a primeira cátedra de neonatologia na Alemanha. Ela era uma das mais renomadas pediatras da Alemanha Oriental.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

O exemplo do general Marshall - Joaquim Levy.


Joaquim Levy, com brilhante memória, na FOLHA. 

Planejamento, persistência, gestão de pessoas e alinhamento com os princípios da missão são elementos essenciais para o sucesso da maior parte das empreitadas.

Um bom exemplo dessa combinação encontra-se na atuação de George Marshall, que liderou o Exército americano durante a Segunda Guerra Mundial, tendo sido indispensável para a sua vitória, especialmente no cenário europeu, alcançada 70 anos atrás.

O general Marshall anteviu a necessidade de o Exército estar preparado para defender o país bem antes de ele ser atacado. Já antes do início do conflito na Europa, ele alertou o presidente americano da imperiosa urgência de reorganizar e dar meios àquela força.

Como tantos, ele propugnava o desenvolvimento da Força Aérea, que era então primitiva e pequena. Mas, fiel ao seu feitio, quando foi proposto um plano de rapidamente se produzirem 10 mil aviões, ele foi contra, preferindo uma quantidade bem menor de unidades, mas acompanhada dos recursos para treinar pilotos e desenvolver o apoio logístico indispensável para a efetividade daquele investimento.

Essa atenção ao equilíbrio e o foco na organização industrial foram cruciais quando o Exército americano passou de menos de 200 mil soldados em 1939 para 4 milhões quatro anos depois.

Para liderar esse vasto contingente em armas, Marshall valeu-se de alguns critérios para selecionar generais que havia alinhavado anos antes, preferindo aqueles que exibissem bom senso, conhecessem seu ofício, estivessem em boa forma física --demonstrando energia--, fossem otimistas (irradiando um espírito positivo) e cuja lealdade fosse acompanhada de determinação.

Essas características, sem nada de especial na aparência, em geral se traduziam na capacidade de trabalhar em grupo, responder sob pressão e não culpar os outros pela adversidade. Elas também permitiram uma ênfase em preservar a vida dos seus comandados, o que era raramente visto antes na condução de um conflito armado.

Esse respeito foi uma regra básica para o bom funcionamento de um Exército de cidadãos, que abraçaram a missão de defender a democracia. Seu impacto no moral dos combatentes contribuiu para o Exército superar diversos reveses e pautar o comportamento da tropa à medida que foram conquistando território, inclusive em relação aos civis que foram encontrando.

Os princípios de gestão aí ilustrados se aplicam ao grande número de atividades humanas, e suas manifestações não escaparam aos mais argutos participantes da FEB (Força Expedicionária Brasileira), que combateu lado a lado com os Aliados, especialmente os americanos.

Osvaldo Cordeiro de Farias, um dos mais capazes integrantes da FEB, recordava-se de como os americanos souberam aproveitar os talentos de oficiais e soldados das mais diversas origens, transformando, por exemplo, um gerente de supermercado em oficial graduado de logística.

Lembrava-se também de como oficiais com dois ou três anos de experiência se mostravam tão ou mais capazes do que os próprios oficiais de carreira, americanos ou brasileiros.

Isso porque mecanismos que aceleravam a difusão de boas práticas e de experiências malogradas se traduziam no rápido aprendizado a partir de erros iniciais. Essas lições, sem dúvida, auxiliaram esse notável artilheiro brasileiro quando passou para a vida civil e liderou um importante grupo industrial décadas depois.

A confiança na capacidade de pessoas de diversas origens é um dos traços essenciais da democracia e base da inclusão. Ela também esteve presente na visão estratégica do general Marshall, que permitiu dar fundamental contribuição não só para a vitória da guerra mas também para a paz, quando ele idealizou o plano de auxílio para a Europa no pós-Guerra.

Esse plano, que levou seu nome, ao alavancar o potencial do continente, permitiu sua recuperação econômica, culminada com a criação do Mercado Comum Europeu dez anos depois.

Ao se comemorar o fim da maior das guerras no território europeu e merecidamente homenagear os milhares de pracinhas que o Brasil mandou à Itália e que voltaram com tantas e variadas experiências, parece mais atual do que nunca o exemplo desse general que declinou as posições mais visíveis no seu Exército, para garantir o seu bom funcionamento e as grandes escolhas estratégicas que lhe trouxeram a vitória.


domingo, 3 de maio de 2015

Desvendar a trama: Fernando Henrique Cardoso no Estadão.

Eu preferiria não voltar ao tema arquibatido das crises que nos alcançaram. Mas é difícil. Vira e mexe, elas atingem o bolso e a alma das pessoas. Na última semana o início de recessão repercutiu fortemente sobre a taxa de desemprego. Considerando apenas as seis principais metrópoles, ela atingiu 6,2%, a maior taxa desde 2001. A Petrobras, ao tentar virar uma página de sua história recente, pôs em evidência que o “propinoduto”, enorme (R$ 6 bilhões), é incomparavelmente menor do que o “asnoduto”, dos projetos megalômanos e malfeitos: R$ 40 bilhões. São cifras casadas, pois quanto piores ou mais incompletos os projetos de obras, mais fácil se torna aumentar seu custo e desviar o dinheiro para fins pessoais ou partidários.

O setor elétrico foi vítima de males semelhantes (só à Petrobras as “pedaladas” da Eletrobrás custaram R$ 4,5 bilhões) e não é o único no qual os desmandos vêm se tornando públicos. Se algum dia se abrirem as contas da Caixa Econômica, vai-se ver que o FGTS dos trabalhadores deu funding para uma instituição bancária pública fazer empréstimos de salvamento a empreendimentos privados quebrados. No caso do BNDES, a despeito da competência de seus funcionários, emprestou-se muito dinheiro a empresas de solvabilidade discutível, também com recursos do FAT, ou seja, dos trabalhadores (ou dos contribuintes), oriundos do Tesouro.

No afã de “acelerar o crescimento” usando o governo como principal incentivo, as contas públicas passaram a sofrer déficits crescentes. Pior, dada a conjuntura internacional negativa e o pouco avanço da produtividade nacional, também as contas externas apresentam índices negativos preocupantes quando comparados com o PIB brasileiro (cerca de 4%, com viés de alta). Pressionado pelas circunstâncias, o governo atual teve que entregar o comando econômico a quem pensa diferente dos festejados (pelos círculos petistas e adjacentes) autores da “nova matriz econômica”. Esta teria descoberto a fórmula mágica da prosperidade: mais crédito e mais consumo. O investimento, ora, é consequência do consumo… Sem que se precisasse prestar atenção às condições de credibilidade das políticas econômicas.

As consequências estão à vista: chegou a hora de apertar os cintos. Como qualquer governo responsável — antes se diria, erroneamente, neoliberal —, o atual começou a cortar despesas e restringir o crédito. Há menos recursos para empréstimos, mais obras paradas, maior desemprego, e assim vamos numa espiral de agruras, fruto da correção dos desacertos do passado recente. Para datar: esta espiral de enganos começou a partir dos dois últimos anos do governo Lula. Agora, na hora de a onça beber água, embora sem reconhecer os desatinos, volta-se ao bom senso. Mas, cuidado, é preciso que haja senso.

Ajuste fiscal, às secas, sem confiança no governo, sem horizontes de crescimento e, pois, com baixo investimento, é como operação sem anestesia. Pior: política econômica requer dosagem, e nem sempre os bons técnicos avaliam bem a saúde geral do país. Também o cavalo do inglês aprendeu a não comer; só que morreu.

Não quero ser pessimista. Mas o que mais falta faz neste momento é liderança. Gente em quem a gente creia, que não só aponte os caminhos de saída, mas comece a percorrê-los. Não estou insinuando que sem impeachment não há solução. Nem dizendo o contrário, que impeachment é golpe. Estou apenas alertando que as lideranças brasileiras (e escrevo assim no plural) precisam se dar conta de que desta vez os desarranjos (não só no plano econômico, mas no político também) foram longe demais.

Reerguer o país requer primeiro passar a limpo os erros. Não haverá milagre econômico sem transformação política. Esta começa pelo aprofundamento da operação Lava-Jato, para deixar claro por que o país chegou onde chegou. Não dispensa, contudo, profundas reformas políticas.

Não foram os funcionários da Petrobras os responsáveis pela roubalheira (embora alguns nela estivessem implicados). Nenhuma diretoria se mantém sem o beneplácito dos governos, nem muito menos o dinheirão todo que escapou pelo ralo foi apropriado apenas por indivíduos. Houve mais do que apadrinhamento político, construiu-se uma rede de corrupção para sustentar o poder e seus agentes (pessoas e partidos).

Não adianta a presidente dizer que tudo agora está no lugar certo na Petrobras. É preciso avançar nas investigações, mostrar a trama política corrupta e incompetente. Não foi só a Petrobras que foi roubada, o país foi iludido com sonhos de grandeza nacional enquanto a roubalheira corria solta na principal companhia estatal do país.

Quase tudo o que foi feito nos últimos quatro mandatos foi anunciado como o “nunca antes feito neste país”. É verdade, nunca mesmo se errou tanto em nome do desenvolvimento nacional nem jamais se roubou tanto sob a proteção desse manto encantado. Embora os diretores da Petrobras diretamente envolvidos na roubalheira devam ser penalizados, não foram eles os responsáveis maiores.

Quem enganou o Brasil foi o lulopetismo. Lula mesmo encharcou as mãos de petróleo como arauto da falsa autossuficiência. E agora, José? Não há culpabilidade política? Vai-se apelar aos “exércitos do MST” para encobrir a verdade?

É por isso que tenho dito que impeachment é uma medida prevista pela Constituição, pela qual não há que torcer, nem distorcer: havendo culpabilidade, que se puna. Mas a raiz dos desmandos foi plantada antes da eleição da atual presidente. Vem do governo de seu antecessor e padrinho político. O que já se sabe sobre o petrolão é suficientemente grave para que a sociedade repudie as forças e lideranças políticas que teceram a trama da qual o escândalo faz parte. Mas é preciso que a Justiça não se detenha antes que tudo seja posto às claras. Só assim será possível resgatar os nossos mais genuínos sentimentos de confiança no Brasil e no seu futuro.

sábado, 2 de maio de 2015

World War II: The Fall of Nazi Germany May 2, 1945.


On 2 May 1945, after one of the most intense battles in human history, the guns at last stopped firing amongst the ruins of Berlin. According to Soviet veterans, the silence that followed the fighting was literally deafening. Less than four years after his attack on the Soviet Union, Hitler's self-proclaimed thousand-year Reich had ceased to exist. The German Führer himself was dead.

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...