domingo, 1 de agosto de 2010

MANIPULAÇÃO DO CÂMBIO?

Recentemente recebi o artigo abaixo, escrito por CELSO MING, com um assunto que merece a nossa reflexão antes de eventual desastre na nossa atual política econômica, o que espera-se não ocorrer, independente de quem vencer a eleição. Isso é possível?

O Tesouro dos Estados Unidos desistiu no dia 8 de julho de declarar a China como país que manipula sua moeda, o yuan. Se tivesse feito essa declaração oficial, o Congresso americano estaria liberado para impor represálias comerciais à China.

Não há nenhum critério objetivo que defina o que seja manipulação em câmbio. O que há são intervenções do governo ou do banco central no câmbio de maneira a obter determinada cotação ou uma certa estabilidade entre as cotações das moedas.

Logo depois da Segunda Grande Guerra, até 1972, os Estados Unidos participaram do sistema de Bretton Woods, que manteve fixas as cotações do dólar entre as principais moedas. E, nem por isso, foram considerados manipuladores da cotação do dólar. Durante a crise da Ásia, em 1998, ao contrário do que vêm repetindo as atuais autoridades econômicas americanas, o então secretário do Tesouro, Robert Rubin, louvava a estabilidade cambial administrada pela China numa paisagem de enorme turbulência.

A base teórica que define o que possam ser as políticas na área do câmbio é o chamado trilema de Mundell-Fleming (referência aos economistas Robert Mundell e Marcus Fleming). Um trilema é a situação em que alguém tem de escolher entre três opções que se excluem uma à outra ou permitem manter apenas duas tendo necessariamente que excluir a terceira.

O trilema em questão diz o seguinte: nenhum governo consegue ao mesmo tempo garantir livre fluxo de capitais, controlar o volume de moeda na economia (taxa de juros) e controlar o câmbio.

Cada uma dessas três opções apresenta inegáveis vantagens na condução de uma economia. O livre fluxo de capitais, por exemplo, facilita o financiamento dos pagamentos externos e o investimento. A administração dos juros (política monetária) garante o controle sobre a inflação. E o câmbio fixo, além de evitar a especulação com moedas, dá estabilidade aos negócios e aos contratos de longo prazo.

O problema é que não é possível ficar com as três opções. Se o banco central quer manter fixa a cotação da moeda, terá de comprar os dólares que excederem a oferta desejável e vendê-los quando faltarem no mercado. E quando compra e vende moeda estrangeira, o banco central injeta ou retira moeda nacional no/do mercado. Ou seja, não consegue manter fixos os juros, que são o preço do dinheiro, e, assim, a inflação fica sem ancoragem.

O Brasil, por exemplo, mantém relativamente livre o fluxo de capitais, controla os juros, mas tem de aceitar que a cotação do dólar flutue (no caso, flutuação suja) no mercado. E é o que também acontece com os Estados Unidos.

A China fez outra escolha. Mantém o câmbio fixo em relação ao dólar, tem um bom domínio sobre a política monetária e sobre os juros, mas teve de adotar rígido controle sobre os fluxos de capital. Os dirigentes americanos e alguns analistas econômicos de peso, como Paul Krugman, poderiam argumentar que o mix de políticas escolhido pela China diante do trilema não é o que mais convém no momento ao jogo dos Estados Unidos, embora possa ter sido conveniente durante a crise da Ásia, como ficou dito. Mas estão equivocados quando dizem que essa escolha seja manipulação do câmbio.

A EDUCAÇÃO ESQUECIDA NA CAMPANHA ELEITORAL.

Este artigo é da FERNANDA TORRES, hoje na FOLHA DE S. PAULO e foi publicado no blog do Senador Cristovam Buarque - http://buarque.org.br/?p=7959.

O Senador Cristovam Buarque declarou à Receita que seu mais precioso bem é uma biblioteca no valor de R$ 400 mil. Fernando Collor de Mello possui o carro mais caro de todo o Congresso: uma Ferrari que custa cerca de R$ 700 mil.

Não condeno o dispendioso gosto automobilístico do ex-presidente. Afinal, Collor teve recursos para adquirir o bólido. O que me comove é o tesouro de Cristovam Buarque.

O senador lembra o herói de "As Invasões Bárbaras", o filme canadense que aborda o fim do humanismo. Nele, um intelectual com câncer em estado terminal se despede do mundo sob os cuidados dos companheiros de juventude, todos eruditos e de esquerda, e do filho, um jovem economista neoliberal.

Pragmático e atencioso, o rapaz administra a morte do pai como quem comanda o fechamento do balanço de uma empresa. Sem o filho, o velho comunista acabaria seus dias em uma versão canadense do SUS. Com ele, morre confortavelmente irritado com a constatação de que todos os seus anseios juvenis de igualdade foram para o ralo. Um abismo separa o idealismo do progenitor da praticidade mercantil do rebento. A mesma discrepância que distancia a Ferrari de Collor da biblioteca de Cristovam Buarque.

Cristovam foi a Marina da última disputa presidencial, na qual se engajou com o objetivo de chamar a atenção para um tema que considerava crucial: a educação. Marina também atrela seu discurso à educação, mas as bandeiras de sua campanha, a ecologia e a sustentabilidade, são os assuntos do momento.

Eles estão presentes tanto em filmes-catástrofes de Hollywood como em livros extraordinários como "Colapso", de Jared Diamond. E seu candidato a vice é um empresário que soube transformar o discurso verde e rosa em lucros e dividendos.

Segundo indicam as pesquisas, essas bandeiras, aliadas ao carisma da senadora, podem fazê-la chegar ao primeiro turno com quase 10% do eleitorado. Já Cristovam acabou em quarto lugar na eleição de 2006, chegando atrás até de Heloísa Helena, com apenas dois vírgula nada de votos.

Em 1995, durante seu mandato como governador do Distrito Federal, ele criou o projeto Bolsa Escola. Fernando Henrique nacionalizou a ideia e Lula transformou-a na Bolsa Família. Por meio desse programa, o presidente distribuiu renda, aumentou o poder aquisitivo dos miseráveis e impulsionou a produção de bens de consumo.

Seria miraculoso se o mesmo resultado econômico alcançado com o Bolsa Família se desse agora com o outro objetivo do Bolsa Escola original, o que Cristovam chamava na campanha presidencial de "revolução da educação".

O fato de a melhora do nível do ensino ser um dado não computável em pesquisas de curto prazo é uma das razões de a educação ser a mais frágil das necessidades básicas da União e, imerecidamente, uma das mais esquecidas durante as campanhas eleitorais.

O mito de que Lula teria vencido na vida sem estudar me parece enganoso. O presidente não fez faculdade, mas alcançou notório saber durante anos de prática sindical, política e convivência com intelectuais que lutaram pela democratização. Lula teve acesso à educação.

A figura gentil, sensível e delicada do senador Cristovam Buarque é tão tocante quanto a de Dom Quixote, de Cervantes. Um solitário cavaleiro visionário em meio ao violento jogo de interesses do Planalto Central.

Se homens como Cristovam tivessem a voracidade dos que pilotam Ferraris, talvez o problema educacional brasileiro estivesse mais bem encaminhado.

O Terceiro Milênio requer uma certa dose de brutalidade, de Dom Quixotes de Ferrari.

A TIME DESTE SEMANA!

A TIME desta semana traz na capa uma imagem chocante, resultado do que o ser humano tem de mais cruel. E o que é pior, não estamos na Idade Média, mas em pleno século XXI. Até quando a barbárie vencerá as pessoas de bem?

QUE BRASIL QUEREMOS SER?

Início de Agosto/2010: O PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - divulgou relatório colocando o Brasil no terceiro pior nível de desigualdade de renda do mundo, melancolicamente empatado com o Equador. Está lá na FOLHA DE S. PAULO, na coluna de hoje da ELIANE CANTANHÊDE.

Renato Russo e sua legião do bem continuam certos na clássica canção: Que país é esse?

Enquanto isso, nossos presidenciáveis discutem dossiês, multas, caros apoios, tempo na televisão etc etc etc.

LAMENTÁVEL!

sexta-feira, 30 de julho de 2010

UM SENHOR ECONOMISTA.

Direto do obituário da FOLHA DE S. PAULO, com pesar, postamos a morte nesta semana do excepcional DIONÍSIO DIAS CARNEIRO (1945-2010) - Mentor de grandes economistas

Por 30 anos Dionísio Dias Carneiro deu aulas no Departamento de Economia da PUC-Rio, que ajudou a criar.

Formou alunos que hoje fazem parte do primeiro time da economia brasileira, como Gustavo Franco, Eduardo Loyo e Ilan Goldfajn.

Nas palavras do ex-aluno e ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga: "Foi um grande mentor, um brasileiro com visão pública capaz de pensar os temas mais importantes para o país".

Formado em economia pela UFRJ e considerado um dos grandes macroeconomistas do Brasil, Carneiro era conhecido por análises competentes e equilibradas.

Era sócio-diretor da Galanto Consultoria e um dos fundadores do Instituto de Estudos em Política Econômica da Casa das Garças.

O instituto é um centro de estudos formado por economistas da PUC-Rio destinado ao debate de temas da política econômica nacional e internacional.

Para Edmar Bacha, um dos pais do Plano Real, era um dos principais membros da geração de economistas que revolucionou o ensino de pós-graduação em economia no Brasil.

Além da PUC-Rio, foi professor também da UnB e da FGV e vice-presidente da Finep, Financiadora de Estudos e Projetos do governo federal.

Atuou como conselheiro e consultor de empresas e era membro do Conselho de Administração da Companhia Siderúrgica Nacional.

Morreu ontem, aos 64, no Rio de Janeiro, após sofrer um derrame e ter descoberto um tumor no cérebro. Era viúvo e deixa três filhos e uma neta.

HABEMUS LIVRARIA!

Belém merecia uma livraria e ela chegou: a mega SARAIVA localizada na Av. Visconde de Souza Franco, 776 - Loja 233 já está funcionando. Indispensável a visita!!!

terça-feira, 27 de julho de 2010

PAUL KRUGMAN E AS ELEIÇÕES!

Meu colega de Princeton, Larry Bartels, resume dessa forma: “Condições econômicas objetivas – não propagandas espertas de televisão, desempenho em debates ou outras campanhas efêmeras cotidianas – são a influência mais importante sobre as perspectivas de reeleição do atual presidente”. Se a economia melhorar fortemente nos meses que antecederem a eleição, os detentores do poder se sairão bem; se estiver estagnada ou em retrocesso, eles não se sairão bem.

NÃO, o texto acima NÃO é de minha autoria, mas assino embaixo.

É do colega PAUL KRUGMAN, Professor de Princeton, colunista do New York Times desde 1999 e vencedor do prêmio Nobel de economia em 2008.

Espero que o alerta possa ser útil para a atual campanha eleitoral brasileira.

VIVA O POVO BRASILEIRO!

Lemos que dos 135.800.000 eleitores brasileiros:
  • 5,9% são analfabetos;
  • 14,6% dizem saber ler e escrever, mas não frequentaram a escola;
  • 33% frequentaram a escola mas não chegaram a concluir o 1º grau.
Logo, 53,5% do eleitorado, na melhor das hipóteses, resvalou pela escola, como bem escreveu Roberto Pompeu de Toledo.
  • Diante disso, quando seremos um país desenvolvido?
  • Diante disso, você, meu caro e-leitor, prevê alguma mudança na política brasileira?
  • Diante disso, alguém terá interesse na EDUCAÇÃO do eleitorado brasileiro?

domingo, 25 de julho de 2010

MÍRIAM LEITÃO E OS LIVROS!

Todos os meus quase dois (milhões de) e-leitores conhecem a minha paixão pelos livros. Semana passada a colega Míriam Leitão publicou o seu 1º livro. Em suas palavras "Lancei ontem na livraria Argumento, no Rio de Janeiro, "Convém Sonhar", um livro de colunas que vão além de economia. Nele, também falo sobre ecologia, questões raciais, a questão da mulher, o meio ambiente, crônicas, política e jornalismo, a minha paixão. Os textos foram selecionados da coluna que mantenho há 19 anos no jornal “O Globo. Em sua coluna hoje no Globo, a Míriam escreve com sabedoria e prazer sobre a "misteriosa chama" que é o livro. E estou com ela: ele nunca acabará. Vale a leitura no link abaixo.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

ELEIÇÕES 2010!

Apesar de ser um blog direcionado para o imenso mundo econômico, em épocas especiais também divulgamos o que observamos de melhor no mundo virtual. Diante disso, em época de eleições 2010, somente SINFRÔNIO, lá do nosso DIÁRIO DO NORDESTE, para brilhar nesta noite de chuva.

ENTREVISTA DE ILAN GOLDFAJN NA FSP.

Abaixo, trechos da entrevista de ILAN GOLDFAJN - economista-chefe do Itaú-Unibanco e ex-diretor do Banco Central à Folha de S. Paulo.

Folha - O sr. acha, assim como o FMI, que o Brasil crescerá abaixo dos emergentes em 2011? Ilan Goldfajn - O mundo procura alguém para consumir. Emergentes têm mercado consumidor. É o mesmo na China, na Índia. Os recursos entrarão para financiar o investimento. China e Índia crescem mais porque não temos capacidade de investir tanto. Não temos poupança.

Como aumentar rapidamente a taxa de investimento dos atuais 18% do PIB para 25%, necessários ao crescimento sustentável? Dá para ir para 22%, sem reformas, em 2011. Isso implica um ajuste no governo em 1% do PIB, realocando esse volume, de gastos para investimentos. E permitindo maior deficit em conta-corrente [troca de bens, serviços e rendas do país com o mundo], com algum limite. Não dá para ir para 25% porque temos limitação de oferta na capacidade produtiva. Se fizer mais reformas, é possível conseguir até sem deficit externo. Aí nosso crescimento iria de 4% ou 5% ao ano para 6% ou 7%. Precisamos melhorar o ambiente de negócios, reduzir a burocracia, que trava o crescimento. Não se fala nisso porque é como obra em encanamento: é bom para todos, mas ninguém vê.

O sr. vê alguma ameaça à economia brasileira? A ameaça vem de fora. A Europa ainda tem risco. Não vejo risco no sistema imobiliário. A alta de preço é isolada. As pessoas compram casa para morar, não para especular. A bolha que nos ameaça é a bolha da presunção, achar que já conquistamos o mundo, que não precisamos de reforma, que seremos a bola da vez sempre. Temos muitos problemas: infraestrutura, educação, burocracia, impostos. Ainda somos o décimo pior país em distribuição de renda.

Temos pela frente Copa, Olimpíada, pré-sal. O que fazer para evitar que se gaste e sobrem elefantes brancos? Temos que evitar fazer tudo de última hora. Veja os aeroportos. Há dois anos discutimos, tem gente que acha ruim privatizar. Ruim é não ter aeroporto. Se fizermos tudo minimamente estruturado, dá para fazer coisas que fiquem.

A desaceleração da economia, depois de o PIB ter crescido 9% no primeiro trimestre, é definitiva? O segundo trimestre foi mais fraco. O mundo se desacelerou, o consumo de commodities, as exportações, o investimento, mas isso vai mudar. No Brasil, o consumo arrefeceu porque as pessoas perderam temporariamente a vontade de comprar e a isenção de IPI acabou. Agora, isso vai se reverter, porque as pessoas têm renda.

A taxa básica de juros voltou a subir, para segurar a inflação. Podemos sonhar com taxa de novo abaixo de 10%? Mas estamos avançando. Tínhamos juros de 45% em 1999. Vai cair, mas não amanhã. Sem reformas, levaremos de cinco a dez anos; com reformas, cinco. O mercado vai pensar: "O governo terá menos deficit, logo os juros vão cair". Aí compra títulos de longo prazo com juros mais baixos, antecipando a queda.

O senhor identifica risco de o mundo mergulhar de novo em uma crise em 2011? Não. Nos EUA e na Europa, não vai haver recessão nem crescimento como antes. Depois da crise, o crescimento foi rápido e não se manteve, aí veio decepção. Não sejamos bipolares. O que tinha antes era bolha, percepção de riqueza inexistente. Estamos em uma parada para respirar. Os europeus estão rolando dívidas, fazendo ajustes fiscais. E os emergentes vão voltar melhor porque na China, na Índia e no Brasil temos mais projetos.

Qual é sua impressão sobre as propostas econômicas dos candidatos a presidente? O país precisa de mais investimento em infraestrutura, melhorar a educação, fazer a reforma da Previdência. Nossa carga tributária é alta. Em diferentes graus, os candidatos vão procurar no Orçamento espaço para investir e formas de reduzir gastos correntes.

Todos se preocuparão com o gasto? Não, mas em aumentar o investimento, sim, porque haverá pressão. Até porque não tem outra fonte. Poderia ser com recursos externos, mas há o deficit no balanço de pagamentos [saldo de todas as transações do país com o exterior]. Além disso, a população quer menos tributos. Isso será possível porque a arrecadação cresce com a legalização das empresas e a formalização dos trabalhadores. Há pressão contra o exagero dos gastos. E, quanto mais se reduzem os gastos, mais cai o juro.

O sr. vê risco de intervenção no BC? Todo mundo está satisfeito com a autonomia de fato. Mas os governos não querem perder o poder de trocar o técnico se algo estiver errado. A sociedade também não percebeu a vantagem de ter um BC independente. Com autonomia de direito, caem os juros porque as desconfianças do mercado diminuem. Mas não vejo risco de retrocesso, por mais que os candidatos critiquem.

domingo, 18 de julho de 2010

ROTEIRO PARA MELHOR CAPITALISMO.

Recebi neste momento do nosso grupo de Economia Política da UnB uma excepcional aula de DANIEL PIZA nestes tempos eleitorais sobre o ROTEIRO PARA MELHOR CAPITALISMO e não poderia deixar de postar para os meus, espero, ainda quase dois leitores. Vale a leitura e a lição de casa.

O maior problema de Dilma Rousseff e José Serra não é a falta de carisma, é a falta de capitalismo. Toda a melhora do Brasil nos últimos quinze anos está relacionada ao desenvolvimento e à integração que a economia moderna requer, como a abertura comercial, o rigor monetário, a competição criativa, o incentivo financeiro; aquilo, enfim, que Marx chamava de “liberar as forças de produção”. É isso que explica que boa parte do crescimento atual esteja relacionado ao consumo, à expansão da classe média – graças a medidas como fim da inflação alta, as privatizações (lembra quando apenas 10% da população tinha telefone e uma linha custava R$ 5 mil?) e a ampliação do crédito. Mas os dois candidatos mais cotados parecem compreender isso apenas parcialmente.

O que o Brasil vive no momento é um vigor capitalista, no melhor sentido da palavra. Não se trata do capitalismo selvagem, mas do capitalismo democrático, que faz o bolo crescer e ser dividido ao mesmo tempo. No regime militar, Delfim Netto dizia que primeiro o bolo tinha que crescer; a esquerda, antiliberal de outra maneira, respondia que só era possível dividir o bolo tirando-o da boca dos abonados. Com atraso de meio século, o Brasil agora percebeu o que os países desenvolvidos tinham percebido: que uma economia saudável é a que cresce para o máximo possível de pessoas, gerando emprego para que os assalariados possam comprar o que desejam. O Estado não é dono do mercado, mas deve ser seu parceiro (inclusive ao amparar os que não têm renda suficiente para consumo) e seu fiscalizador.

Mas ainda há muito por fazer, e o chato é que o (a) próximo (a) presidente deveria estar ciente disso. Temos uma carga tributária pesada e, mais importante, contraproducente, que pune quem deveria ser estimulado; veja a legislação trabalhista, que obriga o empregador a gastar o dobro do que paga ao funcionário. Temos um dos piores ambientes de negócios do planeta, atravancado por burocracia, corrupção, impunidade e desorganização; abrir ou fechar uma empresa sem ser escorchado por fiscais é um parto, ou mais demorado que uma gestação. E temos uma educação de terceira categoria, que não prepara os jovens para o mundo contemporâneo, deixa metade deles pelo caminho e tem aguda carência de engenheiros, cientistas e técnicos em geral.

Dilma e Serra mal falam disso com as devidas clarezas e ênfases. Ela continua enigmática, cada hora apontando para um lado, mais intelectualmente confusa que seu padrinho político. E é um símbolo do segundo mandato de Lula, ou seja, das tentativas de reforçar o papel do Estado intervencionista, por meio de bancos públicos, criação de estatais (a mais nova é a da área de seguros), controle da informação, fundos de pensão, aumento de servidores, etc. Como os institutos de pesquisa a soldo do governo, defende a gastança crescente do dinheiro do contribuinte com argumentos frouxos sobre a suposta “volta do Estado”, esquecendo que os governos deram dinheiro para as financeiras e não tiraram. E ela representa o modo de pensar e agir do velho PT, como mostram os episódios do programa de governo e do dossiê contra Eduardo Jorge.

Serra é mais experiente e mais informado a respeito de economia e administração, mas volta e meia deixa escapar uma visão pseudo-keynesiana (sempre é bom lembrar que Keynes era um liberal, a favor da economia do mercado, defensor do papel do Estado no socorro das crises, não na sangria dos cidadãos), como em suas declarações sobre o câmbio, com teses obscuras como aquela da “lei de responsabilidade cambial”. Também fez pouco pela redução de impostos e sua campanha no momento está mais concentrada em dizer que fará melhor o mesmo, como se fosse escrever mais um capítulo da política tucano-lulista de capitalismo envergonhado, baseada em estabilidade & assistencialismo, não em reformas sérias. Continuísmo por continuísmo, não espanta que Dilma tenha empatado com ele nas intenções de voto.

Dito cruamente, a maioria da população é capaz de discordar, mas o fato é que quer acima de tudo o capitalismo de consumo – e o quer cada vez mais livre de juros absurdos (11% ao mês no cartão de crédito) e regras cartoriais. O novo governo deveria seguir esse roteiro, sob pena de derrapar na curva ascendente.

ECONOMIA NÃO RIMA COM ELEIÇÃO.

O Brasil está em férias escolares com praias e aviões lotados, o péssimo resultado na Copa do Mundo não foi o fim do país, a campanha eleitoral segue com os candidatos desrespeitando a legislação eleitoral e não é visível uma luz verde no final do túnel da economia. Está claro que o Brasil e outros países, incluindo os do BRIC, não sofreram tanto as conseqüências da crise de setembro de 2008 que atingiu tão fortemente a economia dos Estados Unidos e da União Européia. No entanto, num mundo globalizado e com as movimentações financeiras em tempo real, cabe ao Brasil aplicar com mais seriedade ações que produzam crescimento contínuo, independente das alterações no comando da economia e da presidência da república.

É fato que nos últimos governos – apesar do atual entender que descobriu o Brasil – a população brasileira aumentou o seu poder de consumo, fazendo com que atualmente o país tenha 95 milhões de brasileiros somente na classe C. Trata-se do ingresso de uma classe média com grande poder de consumo, o que, espera-se, colaborará na manutenção crescente do PIB. De um PIB em 2009 de negativos 0,2%, as atuais projeções indicam que para este ano esse número poderá atingir 7,8%. A taxa de desemprego registra sinais de queda, caindo dos 8,1% em 2009 para estimados 6,8% em 2010. Porém o perigo mora ao lado, pois o pesadelo da inflação hoje em dia registra sinais de aumento, subindo dos 4,3% em 2009 para projetados 5,5% em 2010, o que em um país que apenas agora está conseguindo conviver em um nível de inflação normal, é um risco numa economia atualmente muito aquecida. Jim O’Neill, diretor do Goldman Sachs já avisou “O crescimento da economia brasileira está ligado à manutenção da inflação baixa.” Sob críticas dos empresários e até de setores do governo, o Banco Central vem aumentando a taxa de juros, mas a incógnita que traz a eleição de um novo presidente, não faz a economia viajar em vôo de brigadeiro.

Diante disso, causa perplexidade que os principais candidatos à presidência passem a maior parte do tempo discutindo a criação de dossiês, invasões de privacidade, utilização da máquina do governo em causa própria, o que causa ao país uma verdadeira “ética da contravenção”. O Brasil não merece isso. As graves situações que o país tem que enfrentar vão desde o combate a corrupção, a melhoria na educação (onde nossos números, por exemplo, em Matemática, estão no nível do Quirguistão), a perversa burocracia, até a deficiente infraestrutura, onde as péssimas condições das estradas e o alto custo de energia somente tendem a aumentar a perda da competitividade dos produtos aqui fabricados, mas são assuntos relegados a um patamar inferior nos debates eleitorais.

E o país não merece que numa campanha eleitoral esses tipos de assuntos não sejam discutidos. Conforme estudo da revista EXAME, um Brasil que em 2009, obteve de suas 500 maiores empresa um faturamento de 1,06 trilhão de dólares e um lucro superior 20% superior aos 50 bilhões de dólares em 2008, confirma que “o nosso capitalismo ficou mais produtivo.” A economia brasileira é forte, os políticos deve aproveitar este momento especial para discutir mais como melhorar este país e a sociedade não deve permitir que o governo gaste mais do que arrecada, principalmente em programas com viés eleitoral ou outros com custos elevados para construção de obras a ser utilizadas na Copa do Mundo e nas Olimpíadas.

USA: PERIGO À VISTA.

Apenas para melhor entendimento do que ocorre com os Estados Unidos, em um de seus recentes posts, MÍRIAM LEITÃO comentou parte do problema e a TIME conseguiu, em uma única imagem, mostrar a real situação.

Os Estados Unidos voltam a vivenciar um quadro de deterioração das contas externas. Em maio, a balança comercial registrou déficit de US$ -42,3 bilhões, o maior desde novembro de 2008. No ano, o saldo está negativo em US$ -198 bi contra US$ -144 bi em igual período de 2009. No acumulado em 12 meses, piorou de US$ -411 bi em abril para U$ -429 bi em maio.

Enquanto as exportações somaram US$ 152,25 bilhões - alta de 2,4% sobre o mês anterior, as importações fecharam em US$ 194,51 bilhões, o que representa aumento de 2,9%. Houve queda nas compras de petróleo e aviões para uso civil, mas alta nas importações de carros, produtos farmacêuticos e roupas.

- Lentamente, a corrente de comércio se recupera - está em patamar próximo a outubro de 2008, mas as importações, na margem, estão crescendo mais, o que fez o déficit comercial entrar em trajetória de piora novamente - dizem os economista do Banco Fator em relatório enviado ao blog.

E o saldo comercial com a China segue piorando: em maio, foi de US$-22,3 bi. Em 12 meses, já está em US$ -235,5 bi. Isso serviu de argumento para os Estados Unidos pressionarem o país a valorizar sua moeda.

AS PROBABILIDADES DE DELFIM NETTO.

Em 14/07/2010, ANTONIO DELFIM NETTO escreveu na FOLHA DE S. PAULO sobre a crise e cenários econômicos, com as probabilidades de acerto ou erro que a situação atual não nos permite acertar com 100% de sucesso.

As opiniões dos analistas sobre a evolução da conjuntura oscilam pendular e rapidamente do otimismo cauteloso ao pessimismo defensivo.
Mark Twain disse uma vez que agradecia ao bom Deus ter-nos criado ignorantes e que se alegrava quando alguém desafiava os Seus planos a esse respeito, mas devia fazê-lo por sua própria conta e risco.
Tomar risco significa apresentar análises e prognósticos que possam ser rejeitados pelos fatos dentro de um horizonte de tempo delimitado.
Por exemplo, é vazia a proposição que "a economia corre agora o risco de sofrer uma recaída ("double dip") com a probabilidade maior do que 50%". Sem dizer "quando", nunca será rejeitada pela experiência.
A mesma coisa se aplica às análises de cenários "alternativos" (de fato contrafactuais) aos quais se atribuem probabilidades: o cenário A, onde tudo dá certo, tem probabilidade de 20%; o B, onde o câmbio se desvaloriza, tem probabilidade 50%; e o C, onde o câmbio se desvaloriza e a taxa de juro real sobe, tem 30%.
Mas 20%, 50% e 30% de quê? Como dar sentido físico e operacional a tais estimativas subjetivas, por mais competentes que sejam seus autores? E como controlá-las "ex post facto"?
A originalidade desta crise é que ela foi construída nos países desenvolvidos. Para mitigá-la eles substituíram a demanda privada pela demanda pública, envolvendo-se em enormes desequilíbrios fiscais.
O duplo problema é mais complexo do que parece porque ele só pode ser resolvido com um crescimento econômico mais robusto.
Se a retirada da demanda pública não for compensada pela volta da demanda privada, o PIB cairá e os deficit e a dívida/PIB continuarão a crescer.
A solução alternativa de aumentar os impostos debilitará ainda mais o setor privado, reduzirá a produtividade do sistema econômico e a taxa de crescimento, sem nenhuma garantia de que o desequilíbrio fiscal seja, de fato, eliminado.
A única solução plausível é a de um ajuste fiscal crível, inteligente e bem calibrado, capaz de construir expectativas positivas que darão oportunidade à recuperação do "espírito animal" dos empresários e estímulo ao emprego.
A teoria econômica sugere e a história revela muitos casos de choques fiscais acompanhados de desvalorização cambial bem-sucedidos. Eles produziram uma expansão do PIB entre 18 e 24 meses pela retomada da demanda privada interna e externa, ao mesmo tempo em que resolveram o problema fiscal.

A IRRACIONALIDADE DO TREM-BALA.

LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS, escreveu na FOLHA DE S. PAULO sobre “A irracionalidade do trem-bala.” É por essas e outras que continuo afirmando que o Brasil obterá mais prejuízos do que lucros sediando Copa e Olimpíada. Por isso, independentemente de ser a favor ou contra o projeto do trem-bala, a leitura deste artigo é obrigatória para quem deseja, de verdade, entender um pouco como funciona as prioridades do governo.

Com o fim da Copa do Mundo, os analistas começam a pensar sobre o Brasil pós-Lula. Diria que o correto seria pensar no Brasil pós-Fernando Henrique Cardoso/Lula, mas isso fica a critério de cada um. Sei que muitos defendem a exclusividade do atual presidente na construção do Brasil dos próximos dez anos, mas estou convencido da dupla paternidade de uma economia brasileira nova.
Preocupa-me muito algumas prioridades do governo atual e que, no caso de vitória da candidata do Planalto, certamente farão parte de sua agenda de trabalho. Elas revelam uma guinada em direção a um estatismo que pensava estar fora da agenda política no Brasil.
Uma nova Telebrás pública e uma Seguradora estatal são sinais claros desse movimento. Mas outra fonte de preocupação minha - e esta não tem nada a ver com questões ideológicas - nasce do critério que está por trás da política de investimentos na infraestrutura econômica do país.
A importância desse tema é hoje quase consensual entre os analistas e de seu encaminhamento correto depende a intensidade do crescimento econômico na próxima década. Se forem realizados investimentos racionais que reduzam os custos de logística e evitem a formação de gargalos de oferta na área de energia, o Brasil pode crescer algo como 6% ao ano por um longo período.
Mas alguns sinais da direção do governo Lula - e certamente de sua candidata - apontam para outro lado. Tomemos o caso do chamado trem-bala, cujo leilão de concessão está marcado para dezembro. Sou radicalmente contra essa decisão, que revela uma leitura errada das prioridades para o país.
Afinal, serão mais de R$ 60 bilhões de investimentos - dos quais a maior parte virá do setor público- em um projeto de retorno econômico muito inferior a uma série de outros existentes.
Para ficar apenas no campo das ferrovias, citaria três outros projetos de importância muito superior a esse trem-bala caboclo: um complexo logístico ligando, por ferrovia, o centro de Mato Grosso a um porto na costa do Pacífico - Peru ou Chile - e a complementação de duas ferrovias hoje já existentes: a Ferronorte, em Mato Grosso, e a Norte Sul, no Tocantins.
Esses três projetos, que exigiriam menos recursos do que o trem-bala, se bem estruturados permitiriam a mobilização de investimentos do setor privado sem subsídios e contribuiriam para a redução importante do "custo Brasil" nas exportações de uma série de produtos primários.
Nosso país passaria a contar com uma extensa rede de transporte barato ligando portos - a leste e a oeste do país - com importantes centros de produção. Uma olhada rápida para os benefícios que a ferrovia que liga Carajás ao porto de Itaqui, no Maranhão, trouxe à economia deveria fazer corar os defensores - no governo e fora del e- desse exótico trem-bala. Além disso, a ligação portuária no Pacífico transformaria o Brasil em um ator de peso na Ásia, o polo mais importante do crescimento mundial nas próximas décadas.
Para enfrentar a questão dos aeroportos de São Paulo existem outras alternativas - talvez menos excitantes mas, certamente, mais eficientes economicamente - que serviriam ao mesmo propósito. Essa talvez seja a única motivação racional desse custoso projeto, pois não existe nenhum ganho logístico em uma ligação por trem de alta velocidade entre São Paulo e o Rio de Janeiro. Basta ver o custo de operação da movimentação de carga no sistema TGV na França apesar de sua rede de trilhos ser muitas vezes maior do que a ligação Campinas-Rio de Janeiro.
E não me venham com a história da Copa e da Olimpíada para justificar esse elefante branco que o governo atual quer deixar como herança para o próximo presidente. Para um empreendimento da dimensão de um trem de alta velocidade - e que precisa de várias décadas para se viabilizar -, não será a demanda gerada por empreendimentos esportivos ao longo de poucas semanas que vai ser decisivo para seu sucesso.

REGULAMENTAÇÃO FINANCEIRA.

MICHAEL SPENCE, que ganhou o Nobel de Economia em 2001 e é professor emérito da Universidade Stanford, escreve hoje na FOLHA DE S. PAULO sobre a “regulamentação financeira”.

Em todo o mundo, o debate sobre a regulamentação financeira vem ganhando intensidade. Há diversos argumentos e propostas em discussão, muitas vezes em competição uns contra os outros - e isso resulta em confusão política e do público.
Uma abordagem quanto à retomada da regulamentação financeira mais rígida envolveria limitar o tamanho das instituições. Há quem alegue que entidades menores poderiam quebrar sem com isso prejudicar o sistema, o que evitaria que os contribuintes tivessem de arcar com os custos de um resgate.
Mas, caso surjam riscos sistêmicos de natureza que ainda não compreendemos, os bancos menores podem todos quebrar ou enfrentar dificuldades simultaneamente, o que prejudicaria a economia real.
Um segundo argumento, fortemente contestado, é o de que limitar o tamanho e a área de atuação dos bancos não acarreta custos fortes em termos de desempenho.
Essa alegação é empregada para reforçar um terceiro argumento, o de que as instituições de grande porte exercem influência política indevida e "capturam" as agências que as fiscalizam.
A bem da franqueza, instituições grandes e lucrativas sempre encontrarão um modo de operar sob o sistema regulatório que preferem - um modelo compatível com uma superestrutura de transações de alta lucratividade que vá além das necessidades de "hedge" e busque maximizar os ganhos de curto prazo.
Uma segunda abordagem, sobre a qual existe concordância substancial em termos de princípios, é a limitação do endividamento. O principal argumento em seu favor é que o endividamento elevado contribui fortemente para o risco sistêmico - uma condição na qual os preços dos ativos se movimentam de maneira altamente correlata e os problemas, quando ocorrem, se espalham rapidamente.
O endividamento é causado, em parte, por percepções incorretas quanto a riscos e por uma formação incorreta de preços no que tange à liquidez. Conter o endividamento excessivo é desejável, mas não ao preço de elevar o custo do capital e do investimento.
Além disso, poucos observadores discordariam de que, com o aumento da complexidade do sistema, as disparidades de conhecimento, informação e domínio técnico estão se multiplicando.
Essas assimetrias prejudicam o desempenho do mercado de diversas maneiras, e conflitos de interesse são especialmente perigosos em um ambiente como esse, porque criam um incentivo para que essas vantagens sejam exploradas.
Existem duas maneiras de enfrentar a complexidade e a assimetria. Uma delas, adotada de forma ampla nos países em desenvolvimento, é simplesmente impor restrições a produtos (por exemplo, derivativos e fundos de "hedge"), sob a alegação de que as vantagens que essas restrições oferecem em termos de limitação de risco superam em muito o custo, na forma de acesso reduzido ao capital e distribuição menos ampla de riscos.
A segunda maneira é tentar reduzir a disparidade de informações ou seu impacto, ao regulamentar os conhecimentos especializados e os incentivos relacionados ao processo de classificação de títulos.
Em nível de certo modo mais profundo, existem duas tendências conflitantes que permeiam o debate público quanto à crise. Uma delas é a teoria da "tempestade perfeita": houve muitas falhas, percepções errôneas, assimetrias de informação e complexidades, bem como muitos exemplos de comportamento repugnante, a um só tempo, mas jamais havia ocorrido aos participantes do mercado, autoridades regulatórias ou acadêmicos que seu efeito combinado pudesse ser o quase colapso do sistema.
Agora parece ser universalmente aceito que os governos têm a responsabilidade de definir a estrutura e as regras do sistema financeiro, e que cabe aos agentes financeiros buscar satisfazer seus interesses dentro dos limites assim definidos.
Caso a estrutura seja a correta, o sistema terá bom desempenho. Cabe às regras garantir que o interesse social coletivo na estabilidade, eficiência e justiça do sistema seja defendido.

domingo, 11 de julho de 2010

PARA INVESTIR MAIS, É NECESSÁRIO POUPAR MAIS.

Abaixo, recente editorial do ESTADÃO, registra o momento econômico atual com relação a questão do investimento e da poupança.

O ano de 2010 será dos investimentos. A sondagem da Fundação Getúlio Vargas (FGV) indica que 86% das empresas têm programas de investimentos; estima-se que o consumo de máquinas aumentará 30% neste ano; e sabe-se que o setor que acusa o maior crescimento na indústria é o de bens de capital, junto com um robusto aumento das importações desses bens. E o governo está promovendo, em razão do período eleitoral, um forte aumento dos investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

A sondagem da FGV coloca, em primeiro lugar, como motivação para investir a necessidade de expandir a capacidade de produção (40% neste ano, ante 24% em 2009). Aumentar a eficiência produtiva explica 28% da motivação (ante 36% no ano passado). Com isso, verifica-se que a indústria aposta, com razão, num aumento do consumo das famílias, ao contrário do ano anterior, quando a aposta errada obrigou-a a aumentar suas importações.

No mesmo dia em que era divulgada a sondagem da FGV, o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, declarava que a necessidade de aumentar o nível de poupança interna, como condição para continuar a crescer, era o principal desafio do momento.

Ora, aumentar a poupança significa diminuir o consumo, seja pelas famílias, seja pelo governo enquanto a aposta da indústria é pela elevação da demanda. O presidente do BC explicou que maior formação da poupança "passa pela maior eficiência do Estado e mercado financeiro mais desenvolvido". Nos últimos meses, foram os gastos do governo que estimularam o crescimento da demanda doméstica, fator que, na verdade, continua existindo, porém, fortalecido agora por uma política de "bondades" suscitada pela campanha eleitoral, a ponto de se ter a impressão de que o governo está comprando os eleitores. No entanto, não se verifica, da parte do governo, nenhuma vontade de aumentar sua poupança, isto é, de apresentar um verdadeiro superávit primário, mesmo depois de ter pago os investimentos do PAC.

Seria possível, por meio do programa imobiliário, aumentar a poupança das famílias, mas por enquanto não se nota essa tendência. Na prática, é anulada pelo excesso de crédito fácil, de modo que os compradores de casa própria não encontram dificuldades para honrar esse tipo de compromisso, mantendo sua propensão ao consumo.

Caberia à autoridade monetária tornar mais difícil o acesso das famílias ao crédito. Para investir mais, é necessário poupar mais.

ESPAÑA, REINA DEL MUNDO 2010!!!

ÁFRICA QUE FALA PORTUGUÊS.

Durante o período de 27 de agosto a 05 de setembro de 2010, Belém, capital do estado do Pará, no coração da floresta amazônica, sediará a XIV FEIRA PAN-AMAZÔNICA DO LIVRO. Com o tema “ÁFRICA QUE FALA PORTUGUÊS, teremos a riqueza cultural africana dos países que falam português: Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe.

Trata-se da terceira maior Feira literária brasileira e no ano passado foi visitada por mais de 500.000 pessoas, o que deverá aumentar ainda mais em 2010.

Estaremos visitando com imenso prazer o evento e conhecendo os nossos colegas lusófonos. Para uma região tão carente desse tipo de feira, contamos com a presença de todos.

Publicamos este post também no site http://perspectiva-lusofona.weebly.com./, que é na verdade um Jornal de Opinião, que se caracteriza pelo pensamento livre e independente, sobre questões de índole econômica, política e social dos países lusófonos.

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...